Olá João Mendes,Alagoano escreveu:Ao meu ver o Brasil tem que comprar o que lhe parecer melhor e mais vantajoso do ponto-de-vista militar, político e estratégico e ponto. Essa discussão de que a política isso, que a mídia aquilo, só mostra o quanto está enraizada a nossa "subserviência" com relação aos americanos, mostra o quanto esse assunto nos afeta ou nos ameaça. Quando deveria ser apenas uma discussão técnica e estratégica sobre os meios.
Sobre a mídia estar "esperneando", ou fulano ou sicrano não gostarem, problema deles. Se eles já estão sofrendo da síndrome de abstinência americana pois que vão procurar tratamento. É para os doentes que existem os médicos...e os remédios.
E deixo claro que a minha postura não é nada anti-americana, mas é anti-visão-estreita, contra aqueles que não respeitam uma decisão soberana, seja ela qual for, e buscam dos meios mais inescrupulosos para buscar fazer uma pressão com o intuito de forçar um resultado que não seja o mais satisfatório para o país.
Todos os caças cumprem requisitos satisfatórios para o que se está propondo no FX2, por isso são finalistas, só espero que a decisão venha a ser soberana visando o melhor para o país, no curto, médio e longo prazos.
Saudações.
compreendo tudo o que disse, concordo com a parte de seu post, porém tem coisas que não se consegue facilmente. Por exemplo, qual o significado de "o Brasil tem que comprar o que lhe parecer melhor"? Isto parece óbvio, mas está longe de ser. A FAB poderia querer o F-35, mas conseguir comprá-lo. Outro: do ponto de vista de balança comercial seria muito mais interessante o Brasil comprar equipamentos militares (em mass!) da Rússia, mas não foi bem assim que aconteceu.
Uma coisa é querer e até ser interessante/conveniente, outra coisa é conseguir o que é possível dentro do que se pretende. No caso dos caças, por exemplo, todos vendem e praticamente tudo, mas se as propostas em todos os sentidos fossem boas, então não precisava mais esperar por nada. Por isso que sempre disse que o melhor equipamento para um dado país não é necessariamente o melhor que existe no mercado. Digo isso simplesmente porque as variáveis mais importantes não são aquelas atreladas às especificações técnicas do tal equipamento e não apenas a utilização estratégica do mesmo. Estratégia, neste caso, tem uma conotação muito mais ampla, digamos, é a arte de escolher onde, quando e com que travar uma "batalha". Batalha aqui também em sentido amplo, digamos, esforço, empenho para se conseguir algo, discussão acalorada, prevendo e se esquivando das controvérsias.
É exatamente isso que está acontecendo, controvérsias nos interesses de vários países envolvidos e preocupados com nosso reaparelhamento, controvérsias na mídia, controvérsias entre os políticos, controvérsias até entre os entusiastas, e muito naturalmente entre os militares. Tudo isso é uma grande batalha, mas diferente da forma usual, aqui os amigos e os inimigos são "invisíveis",
Veja a batalha que se trava com certos segmentos da imprensa: a questão dos subs francês X alemão. Não se pode de forma alguma deixar de ouvir o que a imprensa está dizendo, gostando ou não, dizendo besteiras ou não. A imprensa é formadora de opinião por natureza e ela atinge em cheio o cidadão comum, aquele que paga os impostos de forma direta e indireta e que pagará tais compras. A imprensa não apenas leva a informação ao cidadão, como influência diretamente com sua opinião disfarçada ou não de informação. Como imaginar que o Governo possa comprar os submarinos (ou o que for) e ignorar tal "apelo"? Tem que ouvir, tem que explicar muito bem, na verdade tem que convencer. Nestas horas não basta ser sério, honesto e transparente, tem que parecer sério, honesto e transparente; não podem restar dúvidas. Por outro lado, não se pode permitir que a imprensa compre os subs, caças, hélis, etc., como se ela fosse as FFAA, o MD, Governo e tudo mais, há limites e que precisam ficar muito bem demarcados.
No final você diz que todos os caças cumprem satisfatoriamente o que está proposto no FX-2. Sim, concordo, mas em partes. Explico: do ponto de vista de hardware (especificação técnica), está corretíssimo, os caças "são iguais" (guardadas as devidas proporções). Porém no campo político, geopolítico e diplomático os caças são radicalmente diferentes, digamos, "de categorias muito distintas". E é justamente neste quesito que as batalhas estão sendo travadas, é devido a estes quesitos que a divulgação do FX-2 vencedor foi postergada. E por mais estranho que possa parecer é justamente através da mídia que estas coisas se revelam, seja informando, seja influindo, seja criando factóides, seja o que for. Portanto, conviver com tudo isso é uma necessidade, gostemos ou não disso.
Grande abraço,
Orestes