cabeça de martelo escreveu:O que fica no ar é que a Ucrânia está a entrar em colapso.
Total desorganização resultado de uma confluência de fatores. Qualquer país nestas circunstâncias teria os mesmos problemas.
No mundo real, a manutenção de uma força militar é muito complicada. Mesmo fazer avançar um simples batalhão por uma estrada e garantir que os homens ficam no lugar pre-destinado por 72 horas é uma tremenda dor de cabeça.
Os exércitos ocidentais são mais complicados que os exércitos do leste, é verdade, mas mesmo assim é preciso uma estrutura.
Até já vi imagens de uma tanque T-64 que vadiava sozinho no meio do campo, com terreno semi-alagado após o degelo.
Sem proteção, sem uma viatura blindada de artilharia, nada...
E depois há já as famosas imagens de um BMD capturado pelo russos a fazer ski ...
Por alguma razão eles acharam que era preciso uma guarda-nacional.
Neste momento, não é sequer possível pensar em enviar material militar para a Ucrânia porque é impossível saber quem é quem, quem vai largar as armas e quem vai lutar se vir um russo.
Do outro lado, ao contrário do que os fan-boys retratam, a situação não é assim tão boa.
O exército ucrâniano rapou o fundo do tacho para enviar uma força suficientemente capaz que neste momento cerca a região de Kramatorsk-Sloviansk.
Como força de oposição há forças ligeiras russa e tropas especiais que tomaram edificios públicos. São os agentes russos (como na Crimeia) que estão a controlar a situação, embora haja ucrânianos de origem russa entre eles, que normalmente servem de carne para canhão.
Os ucrânianos pró-russos ficam no lado de fora ao frio, e têm que receber comida da família.
Já os russos ficam do lado de dentro, e aparenta existir um sistema organizado para lhes enviar comida.
O problema é que eles estão a ficar cercados e se a coisa der para a guerra, os russos têm que enviar tropas para a região de Kramatorsk-Slovioansk.
Mas para chegar lá, os russos têm que entrar 200km dentro da Ucrânia, numa região onde têm muitos apoios, mas onde existem ucrânianos armados.
A Russia tem uma clara superioridade em homens e material, mas a capacidade de projeção de forças russa está limitada a um número relativamente reduzido de tropas, que no máximo atingem 15.000 homens.
E esses homens terão que combater a 200km da fronteira russa.
Neste momento há pesquisas de opinião que começam a mostrar uma realidade que não deve deixar o Putin dormir.
O apoio à Russia entre os ucrânianos de língua russa do leste, é mínimo. Muitos não gostam do atual governo, mas não querem nem ouvir falar de russos na Ucrânia.
O problema para o Putin, é que mínimo, quer dizer entre 2% a 3%.
Podemos claro dizer que são sondagens da Gallup, mas mesmo assim duvido que arriscassem um número de apoiantes tão reduzido.
Praticamente os problemas estão no eixo Kramatorsk-Sloviansk (a 10km uma da outra) e depois há forças em Lugansk que podem complicar a movimentação dos ucrânianos.
O problema para os ucrânianos neste momento, é se eles terão sequer capacidade para enfrentar uma força movel de 15.000 russos armados de tanques T-72 e viaturas BTR-80. A Ucrânia é um bom terreno para movimentação de tanques, mas os tanques consomem muito combustível. Por isso tanto russos quanto ucrânianos movem os tanques por via férrea.
O que transforma a força de 15.000 russos que está na fronteira, é o treino militar, a capacidade de comunicação, e um sistema de apoio logístico mais capaz que o normal entre as tropas russas.
Nos dias de hoje, o número de tanques, viaturas blindadas, aviões, infantaria, não são fatores tão importantes como o sistema de comunicação, a informação sobre onde está o inimigo, a comida que se dá às tropas, a existência de camiões de combustível e um sistema de reparação de viaturas eficiente.
Mesmo 15.000 homens podem fazer a diferença.