A palavra é agnóstico! É incrivel como eu mudei nos últimos 10 anos...passei de crente a agnóstico, de Direita pura e dura a... nem sei muito bem como descrever o que defendo. Provavelmente sou orfão politico.Túlio escreveu:Tudo viagem isso aí, todo mundo sabe que os humanos foram criados do barro e uma costela há uns milhares de anos num lugar chamado Éden, onde logo começaram a fazer muita josta e putaria (portanto, só podiam ser Brasileiros), o que causou sua expulsão de lá. Como acontece o mesmo em qualquer lugar onde tem Brasileiro (fazem josta e putaria até serem expulsos, até na internet - gamers huehue - tem disso), mesmo no Brasil (mas aí não dá pra expulsar), fica claro que o Éden NÃO ERA aqui mas foi de onde mandaram embora os nossos ancestrais, cujos hábitos e costumes honramos até hoje.J.Ricardo escreveu:P44, não fique colocando essas notícias opressoras e racistas aqui no Forum!
Como vai ficar o discurso sobre a "Mama África" agora?
Quem não concorda comigo é COMUNAZZZ ateu e está, ipso facto, ERRADO!
FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
ARQUEOLOGIA
Na Grande Pirâmide de Gizé foi descoberto um outro enorme espaço vazio
Raios cósmicos serviram para fazer uma espécie de radiografia à famosa pirâmide.
RAQUEL DIAS DA SILVA 2 de Novembro de 2017, 21:00
À esquerda, a Câmara do Rei e à sua direita o grande espaço vazio agora descoberto; por baixo, a Grande Galeria (corredor que conduz até à Câmara do Rei) e a Câmara da Rainha
Há um “grande espaço vazio” por detrás das paredes espessas da Grande Pirâmide de Gizé, no Egipto. A descoberta, anunciada esta quinta-feira, foi possível graças a um método de radiografia com recurso a raios cósmicos, que pode ajudar a desvendar como é que o monumento egípcio, com 4500 anos, foi construído.
Os raios cósmicos são partículas altamente energéticas, que atravessam o espaço em todas as direcções a uma velocidade muito próxima à da luz. Quando essas partículas interagem com as camadas mais altas da atmosfera, chocando com as moléculas que aí estão, isso origina uma chuva de partículas secundárias, que depois atinge a superfície da Terra. São os chamados muões, semelhantes aos electrões, mas com uma massa muito maior.
E foi através de uma tomografia de muões – que são capazes de penetrar milhares de metros de pedra sem serem completamente absorvidos – que os cientistas descobriram um espaço vazio nunca antes visto. Com cerca de 30 metros de comprimento, esse espaço está situado por cima da já conhecida Grande Galeria, que é um corredor que sobe até à Câmara do Rei. Além disso, tem um volume e altura semelhantes a esse corredor.
A descoberta – a primeira desde o século XIX de um novo e importante espaço dentro desta pirâmide – foi realizada no âmbito de um projecto chamado ScanPyramids, que recorre a tecnologia não invasiva de obtenção de imagens para averiguar a estrutura interna das pirâmides do Antigo Egipto e procurar desvendar como foram construídas.
A Grande Pirâmide de Gizé foi construída – com blocos de pedra calcária e granito – durante o reinado do Faraó Quéops, e por isso também é conhecida como Pirâmide de Quéops. Com 139 metros de altura e 230 de comprimento, tem no seu interior pelo menos três câmaras – além da Câmara do Rei, a Câmara da Rainha e uma câmara subterrânea inacabada – e ainda o tal grande corredor. É a mais antiga e a maior das pirâmides egípcias. Mas ainda guarda muitos mistérios.
https://www.publico.pt/2017/11/02/cienc ... io-1791198
Na Grande Pirâmide de Gizé foi descoberto um outro enorme espaço vazio
Raios cósmicos serviram para fazer uma espécie de radiografia à famosa pirâmide.
RAQUEL DIAS DA SILVA 2 de Novembro de 2017, 21:00
À esquerda, a Câmara do Rei e à sua direita o grande espaço vazio agora descoberto; por baixo, a Grande Galeria (corredor que conduz até à Câmara do Rei) e a Câmara da Rainha
Há um “grande espaço vazio” por detrás das paredes espessas da Grande Pirâmide de Gizé, no Egipto. A descoberta, anunciada esta quinta-feira, foi possível graças a um método de radiografia com recurso a raios cósmicos, que pode ajudar a desvendar como é que o monumento egípcio, com 4500 anos, foi construído.
Os raios cósmicos são partículas altamente energéticas, que atravessam o espaço em todas as direcções a uma velocidade muito próxima à da luz. Quando essas partículas interagem com as camadas mais altas da atmosfera, chocando com as moléculas que aí estão, isso origina uma chuva de partículas secundárias, que depois atinge a superfície da Terra. São os chamados muões, semelhantes aos electrões, mas com uma massa muito maior.
E foi através de uma tomografia de muões – que são capazes de penetrar milhares de metros de pedra sem serem completamente absorvidos – que os cientistas descobriram um espaço vazio nunca antes visto. Com cerca de 30 metros de comprimento, esse espaço está situado por cima da já conhecida Grande Galeria, que é um corredor que sobe até à Câmara do Rei. Além disso, tem um volume e altura semelhantes a esse corredor.
A descoberta – a primeira desde o século XIX de um novo e importante espaço dentro desta pirâmide – foi realizada no âmbito de um projecto chamado ScanPyramids, que recorre a tecnologia não invasiva de obtenção de imagens para averiguar a estrutura interna das pirâmides do Antigo Egipto e procurar desvendar como foram construídas.
A Grande Pirâmide de Gizé foi construída – com blocos de pedra calcária e granito – durante o reinado do Faraó Quéops, e por isso também é conhecida como Pirâmide de Quéops. Com 139 metros de altura e 230 de comprimento, tem no seu interior pelo menos três câmaras – além da Câmara do Rei, a Câmara da Rainha e uma câmara subterrânea inacabada – e ainda o tal grande corredor. É a mais antiga e a maior das pirâmides egípcias. Mas ainda guarda muitos mistérios.
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
Cientistas explicam porque é impossível existir vida para lá da morte
Tem tudo a ver com as leis da física, garantem os cientistas.
Embora seja um assunto há muito discutido, um grupo de cientistas vem agora pôr termo à discussão e provar porque é que é impossível existir vida depois da morte.
O grupo de investigadores esclarece que as leis da física impossibilitam essa hipótese, uma vez que para existir vida depois da morte seria necessário que a nossa consciência se separasse do nosso corpo físico, algo que não acontece.
A consciência, explica, consiste numa série de átomos e eletrões que compõem a nossa mente. As leis do universo não permitem que estes continuem a operar depois do corpo morrer.
"Alegações de que uma parte da nossa consciência persiste após a morte encontra pela frente um grande e insuperável obstáculo: as leis da física subjacentes ao quotidiano", afirma o professor Carroll do Instituto Tecnológico da California, citado pelo Metro.
https://www.noticiasaominuto.com/mundo/ ... a-da-morte
Tem tudo a ver com as leis da física, garantem os cientistas.
Embora seja um assunto há muito discutido, um grupo de cientistas vem agora pôr termo à discussão e provar porque é que é impossível existir vida depois da morte.
O grupo de investigadores esclarece que as leis da física impossibilitam essa hipótese, uma vez que para existir vida depois da morte seria necessário que a nossa consciência se separasse do nosso corpo físico, algo que não acontece.
A consciência, explica, consiste numa série de átomos e eletrões que compõem a nossa mente. As leis do universo não permitem que estes continuem a operar depois do corpo morrer.
"Alegações de que uma parte da nossa consciência persiste após a morte encontra pela frente um grande e insuperável obstáculo: as leis da física subjacentes ao quotidiano", afirma o professor Carroll do Instituto Tecnológico da California, citado pelo Metro.
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
A afirma é complicada.
Os caras usam uma estrutura básica dentro do que conhecem e de simplificações teóricas. No entanto, não quer dizer que sejam efetivas. O motivo é que a compreensão sobre a física é muito superficial e está cheia de áreas cinzas ou sombrias. As pesquisas e avanços para desvendá-las também são superficiais e com muito mais dúvidas, ataques e contra-ataques, do que consensos.
A resposta mais adequada para a questão de se há vida após a morte é "não sei, precisamos de mais dados e evidências". O Neil deGrasse Tyson fala mais o menos isso. De ateu migrou para agnóstico na medida em que viu muita coisa que não sabe explicar e não tem uma teoria consistente. Não tem a ver com acreditar ou não, mas sim não saber e não condições de verificar o que acontece na realidade.
Lá no fundo o universo pode ser uma frande simulação e nada faz sentido.
Os caras usam uma estrutura básica dentro do que conhecem e de simplificações teóricas. No entanto, não quer dizer que sejam efetivas. O motivo é que a compreensão sobre a física é muito superficial e está cheia de áreas cinzas ou sombrias. As pesquisas e avanços para desvendá-las também são superficiais e com muito mais dúvidas, ataques e contra-ataques, do que consensos.
A resposta mais adequada para a questão de se há vida após a morte é "não sei, precisamos de mais dados e evidências". O Neil deGrasse Tyson fala mais o menos isso. De ateu migrou para agnóstico na medida em que viu muita coisa que não sabe explicar e não tem uma teoria consistente. Não tem a ver com acreditar ou não, mas sim não saber e não condições de verificar o que acontece na realidade.
Lá no fundo o universo pode ser uma frande simulação e nada faz sentido.
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
Gaúcha vence na Justiça batalha para recuperar bens doados à Igreja Universal: 'Lavagem cerebral'
https://www.terra.com.br/noticias/brasi ... powi2.html
Infelizmente tem muita gente que ainda cai nesse canto de sereia.
https://www.terra.com.br/noticias/brasi ... powi2.html
Infelizmente tem muita gente que ainda cai nesse canto de sereia.
Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
Nova chaminé gigante vai limpar poluição do ar
O excesso de poluição atmosférica nas áreas metropolitanas chinesas não é novidade, tanto que várias cidades chinesas estão a criar medidas para tentar resolver o problema. Normalmente, chaminés industriais contribuem para exacerbar o problema, expelindo fumo, mas na cidade de Xian apareceu uma chaminé que funciona ao contrário, retirando elementos poluentes do ar.
O sistema chama-se SALSCS (em português, Sistema de Limpeza em Larga Escala assistido por Energia Solar) e foi proposto em 2015 num artigo publicado na revista científica Aerosol & Air Quality Research. O primeiro protótipo foi finalmente construído e está agora em fase de testes. A chaminé tem 60 metros de altura e custou 1,6 milhões de euros, enquanto o seu funcionamento é alimentado por painéis solares. O objetivo do seu criador, Junji Cao, é montar seis chaminés idênticas na cidade de Xian, de 300 a 500 metros de altura.
O SALSCS vai limpar uma área de 10 quilómetros quadrados, concentrando-se na extração de partículas com menos de 2,5 micrómetros (0,0025 milímetros), que podem causar sérios problemas respiratórios, e estão relacionados com 1,1 milhões de casos de morte prematura na China. O protótipo conseguiu reduzir a concentração destas partículas na área de ensaio em 19 por cento em relação ao valor normal encontrado noutras partes da cidade. Potencialmente, a chaminé pode limpar até 22,4 quilómetros de ar por dia.
https://www.motor24.pt/tech/nova-chamin ... -da-china/
O excesso de poluição atmosférica nas áreas metropolitanas chinesas não é novidade, tanto que várias cidades chinesas estão a criar medidas para tentar resolver o problema. Normalmente, chaminés industriais contribuem para exacerbar o problema, expelindo fumo, mas na cidade de Xian apareceu uma chaminé que funciona ao contrário, retirando elementos poluentes do ar.
O sistema chama-se SALSCS (em português, Sistema de Limpeza em Larga Escala assistido por Energia Solar) e foi proposto em 2015 num artigo publicado na revista científica Aerosol & Air Quality Research. O primeiro protótipo foi finalmente construído e está agora em fase de testes. A chaminé tem 60 metros de altura e custou 1,6 milhões de euros, enquanto o seu funcionamento é alimentado por painéis solares. O objetivo do seu criador, Junji Cao, é montar seis chaminés idênticas na cidade de Xian, de 300 a 500 metros de altura.
O SALSCS vai limpar uma área de 10 quilómetros quadrados, concentrando-se na extração de partículas com menos de 2,5 micrómetros (0,0025 milímetros), que podem causar sérios problemas respiratórios, e estão relacionados com 1,1 milhões de casos de morte prematura na China. O protótipo conseguiu reduzir a concentração destas partículas na área de ensaio em 19 por cento em relação ao valor normal encontrado noutras partes da cidade. Potencialmente, a chaminé pode limpar até 22,4 quilómetros de ar por dia.
https://www.motor24.pt/tech/nova-chamin ... -da-china/
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
Catherine Nixey: “Os cristãos tinham medo do sexo e portanto não gostavam de nada que o celebrasse”
A jornalista e escritora esteve na semana passada em Lisboa para o lançamento deste livro, que aborda o lado menos conhecido do “triunfo cristão”
Catherine Nixey não esconde o fascínio que nutre pela Antiguidade Clássica, principalmente pelo período tardio. Filha de um ex-monge e de uma ex-freira, criada num ambiente católico, acabou por ir para Cambridge, onde se formou em Estudos Clássicos. Durante vários deu aulas, mas acabou por se tornar jornalista no “The Times”. Durante todo este tempo, não parou de reunir informação para o livro que a trouxe agora a Portugal. “A Chegada das Trevas: Como os Cristãos Destruíram o Mundo Clássico” conta como o triunfo do cristianismo num mundo pagão - um processo que, segundo a maioria dos livros de História, parece ter corrido quase sem incidentes - não se fez sem uma bela dose de opressão e destruição dos antigos cânones.
O título é, de certa forma, bastante dramático. Foi fácil para si chegar a esta fórmula ou é suposto chocar?
Ah, estou a ver. De uma certa forma soa mais chocante porque a ênfase está colocada nos cristãos e na destruição cristã. O livro refere-se a um determinado ponto da História, não quer dizer que eles tenham destruído tudo. Só que o mundo clássico foi destruído e alguma dessa destruição foi feita às mãos dos cristãos. Sou filha de um ex-monge e de uma ex-freira e para mim foi chocante quando comecei a ler essa parte da História. Não está muito estudado, não há muito para ler sobre esse período. Os cristãos suprimiram tanto a literatura que 90% de toda a literatura clássica foi perdida.
E quando se confrontou com isto, quando começou a interessar-se por este período?
Quando estava na universidade. Fui educada de uma forma católica, fui estudar os clássicos e a minha mãe sempre me tinha ensinado que os cristãos preservaram o mundo clássico, o conhecimento, falando-me dos monges virtuosos - os copistas - que se dedicaram a escrever a história para que não fosse perdida. Quando fui para Cambridge e comecei a estudar percebi que o processo não podia ter sido assim tão suave. E, claro, não foi: os cristãos odiavam todo o sexo, a diversão, as bebedeiras, os deuses, a homossexualidade. Odiavam a filosofia, Santo Agostinho escreveu sobre isso: todas aquelas vozes, quem estaria certo?
Sentiu que tinha sido, de alguma forma, induzida em erro?
Não pela minha mãe, mas pelo que aprendi na escola, claro que senti! Só ouvimos uma versão. A História é escrita pelos vencedores, e a vitória cristã foi absoluta. Hoje há dois mil milhões de cristãos no mundo e não há uma única pessoa realmente pagã. A história da cristianização da Europa foi contada quase inteiramente a partir de fontes cristãs, fontes simpáticas. No passado, chegou a escrever-se sobre a destruição dos templos por parte dos cristãos, mas isso ficou fora de moda, a sociedade deixou de querer ouvir falar sobre isso.
Mas primeiros os romanos perseguiram os cristãos.
Temos esta ideia de que os romanos eram obcecados pelos cristãos, que os queriam tirar completamente de cena, e isso não pode estar mais longe da realidade. Muitas vezes, os cristãos pediam para ser mortos porque era uma forma de chegarem ao céu, de serem vistos como mártires. E os governadores romanos ficavam intrigados com isto, haver alguém que quisesse morrer voluntariamente. Havia um desejo muito, muito forte na cristandade pela vida que estava para vir, pelo martírio. Havia grupos de homens que cometiam suicídio porque pensavam que as recompensas pelo martírio eram mil vezes melhores do que podiam experienciar em vida, e pensavam que dessa forma não só chegariam ao céu como seriam as melhores pessoas de lá e ainda famosos na terra.
E os romanos não conseguiam compreender esses pensamentos?
Não. Pensavam: “Mas o que estás a fazer, por que estás a desperdiçar a tua vida?”. Desprezavam os homens que faziam isto. Usavam barba, vestes pretas, eram pouco educados.
A estátua que aparece na capa foi destruída em Palmira, certo?
Não, esta é uma Afrodite que foi destruída em Atenas. É interessante porque lhe fizeram esta cruz na testa, o que não era habitual. O mais normal era cortarem o nariz, destruírem os olhos - como também lhe fizeram. Atacaram a beleza dela, e isto é um ponto importante: os cristãos não gostavam de nudez, tinham medo do sexo, que era visto como um pecado, como algo malévolo. E portanto não gostavam de coisas que o celebrassem - e Afrodite é, como sabemos, o símbolo de tudo isso. Havia imensas estátuas dela nua nas termas e foi uma das divindades mais atacadas, porque para a nova religião não era suposto haver a exposição do corpo despido. Neste caso a cruz era para afastar um demónio, era uma forma de a batizarem.
Também faziam o mesmo a estátuas masculinas?
Sim, cortavam os pénis, a cara também era danificada - a Apolo, outro símbolo da beleza, aconteceu bastante, era uma forma de conter a sua sexualidade.
Uma das primeiras histórias no livro passa-se em Palmira, por volta de 385 d.C. Hoje estamos a ver a história a repetir-se?
É difícil não ver paralelos. No meu livro escrevo sobre essa estátua de Atena que é atingida com tanta força com uma espada que é decapitada por um grupo de cristãos. Depois ainda lhe arrancam os braços. Os arqueólogos encontraram as diversas partes e reconstituíram-na. Depois veio o Daesh e, em 2015, vimos fotografias do que fizeram em Palmira. E o que foi? Cortaram a cabeça e os braços à mesma estátua - exatamente as mesmas feridas. Em ambos os casos é porque acham que o símbolo malévolo que Atena representa deve ser destruído.
Os livros de história falam muitas vezes de um triunfo cristão e uma das coisas que explica no seu livro é que o verdadeiro triunfo à maneira romana era uma aniquilação total.
Hoje em inglês a maneira como usamos a palavra triunfo é sempre positiva, e nos tempos romanos era um termo preciso e absolutamente militar que significava, primeiro, que se tinha morto um certo número de oponentes. Mas também era uma celebração da repressão, com todos os despojos, com a exibição dos líderes conquistados agrilhoados a que se seguiam execuções - e tudo isto significava que se tinha esmagado o inimigo. Quando falamos do triunfo cristão temos que ter em conta também essa imagem, e não apenas o sentimento simpático que hoje associamos à palavra triunfo. Era uma vitória militar em que os inimigos eram esmagados e muitas vezes aniquilados - mas os cristãos não mataram os pagãos, pelo menos no início, e merecem créditos por isso. Mas tiraram-lhes as posses, humilharam-nos, apagaram o conhecimento. Pilharam e destruíram os templos e substituíram os líderes religiosos pagãos por padres.
Essa apropriação de que fala - e também a destruição - não é, de todo, uma invenção cristã e ao longo da História sucessivas religiões e tribos adotaram esse tipo de comportamentos. Estou a lembrar-me de um exemplo português em que uma vila romana foi destruída, não por cristãos, mas por suevos e visigodos: Conímbriga.
Sim, isto foi comum. Contudo os cristãos foram diferentes por dois motivos: a primeira, é que o fizeram com tanto sucesso que nos esquecemos completamente que houve sequer alguma oposição a esta a apropriação; e a segunda é que a História hoje diz que toda a gente estava disposta a aceitar esta mudança, que todos o queriam. E isso não é verdade. Nos livros é contado que o domínio cristão foi uma libertação - e mesmo agora, os livros escritos em Inglaterra no século XXI chamam a este período “o fim da perseguição”. Não foi - nessa altura, no máximo, 10% do império era cristão. E em pouco mais de 120 anos já não havia mais não-cristãos. Com exceção dos judeus, viram-se livres de todas as outras religiões. Havia 60 milhões de pessoas neste império, todos se converteram em pouco mais de cem anos - isto não acontece porque és simpático...
Foi uma guerra metafísica?
Sim, uma guerra do bem contra o mal de certa forma. Os genuinamente cristãos acreditavam que apenas os cristãos estavam a salvo, mas não foi só metafísica, também foi terrena. Constantino, o primeiro imperador cristão, antes de ter tido uma visão da cruz tinha tido uma visão de Apolo. E converteu-se ao cristianismo não por dizer “uau, Jesus!”, mas porque queria ganhar uma guerra! Os biógrafos dele escreveram isto - que ele sabia que não tinha tropas suficientes e para agregar o império vira-se para o Deus cristão e... vence, porque havia soldados cristãos a travar uma guerra.
Nas cruzadas, ver-se-á o mesmo fenómeno.
Exatamente. Exércitos de cristãos numa guerra de conversão. Mas antes disto, como estávamos a falar, houve também a tal guerra metafísica entre o bem e o mal, em que os cristãos acreditavam que o seu dever era livrar do mal e dos demónios todos os pagãos, convertê-los através de todos os meios que conseguissem. Acreditavam que estes atos eram legítimos porque estavam a salvar estas pessoas de morrer acreditando no ‘lado mau’,, o que faria com que ficassem eternamente no inferno a ser torturados.
Essa guerra metafísica era assente também em palavras?
Um ponto que está sempre a aparecer neste livro é a virtude das muitas vozes - e pensamentos - daquele tempo [da Antiguidade Clássica]. Na Grécia, os filósofos eram famosos pelas suas discussões. Em Roma, a mesma coisa, mas ninguém chegava ao ponto de acreditar que podia esmagar os pensamentos de outro. Havia pessoas em Roma que eram muito religiosas, ao lado de outras que achavam que a religião era lixo, uns que acreditavam na vida depois da morte, filósofos que diziam que isso era um disparate. Uns que acreditavam que éramos unicamente feitos de átomos e que, por isso, não havia nenhum Deus criador. E todas estas ideias conseguiam sobreviver até chegar uma ideia que as varre e passa a ser só permitido pensar de uma forma.
Os cristãos também se apropriaram do calendário pagão, por exemplo, na data de celebração do Natal. Vê isto como mais uma forma de supremacia ou acha que foi um ato de respeito?
Acho que foi pragmatismo. Os grandes festivais pagãos eram divertidos, não havia como dar volta a isso, pelo que foram essas as datas escolhidas para o Natal assim como para a Páscoa e as festividades de Ano Novo.
Como é que os seus pais, que já pertenceram à estrutura da Igreja, receberam o seu livro?
A minha mãe morreu há muitos anos, o meu pai gostou. Não conhecia grande parte dos factos, o que, pelo percurso dele, me surpreendeu. Ele foi um monge beneditino - uma ordem mais liberal, com muita educação, que circulava livremente.
Ainda é católico?
Não, deixou de acreditar de todo.
Escrever um livro deste género deve ser duplamente difícil - primeiro por causa das falta de fontes; e por outro lado há a supremacia milenar da Igreja. Sentiu estas dificuldades, recebeu alguma crítica mais dura?
Não fico chateada com as críticas - faz parte. As críticas tornam os autores melhores. Mas sim, quem me dera que houvesse mais fontes! Quando lemos sobre o império romano desde 100 a.C. até por volta de 180 d.C. há tanta coisa. Depois chegamos a este ponto e é um vazio, foi quase tudo perdido.
No livro cita, por exemplo, São Crisóstomo, que deixou escritos a gabar-se de que todos os manuscritos dos filósofos gregos tinham sido apagados - e que isso hoje é uma fonte para o que aconteceu.
E Santo Agostinho também, o que é deveras chocante. Eles genuinamente odiavam os filósofos, especialmente os tais que defendiam que éramos feitos de átomos. A filosofia pagã era uma ameaça real porque descrevia a mensagem cristã como lixo, pelo que eles ficaram encantados quando foi destruída.
Se parar para pensar num monge hoje, a primeira imagem que vem à sua cabeça é a de um guardião do conhecimento ou a de alguém que o apagou?
Essa é uma boa questão. Posso responder os dois? Acho que são os dois, duas faces - uma que preservou, a outra, a dos palimpsestos [manuscritos medievais reescritos].
Consegue imaginar um mundo sem estes acontecimentos, onde pensa que a humanidade estaria, por exemplo, no campo científico?
Sempre me perguntei isso. Por um lado é impossível não pensar que estaríamos mais desenvolvidos cientificamente. Por outro, quem sabe se não destruiríamos o mundo três séculos mais cedo com as alterações climáticas? (risos). Se pensarmos em todas as pessoas que passaram tantas e tantas horas a estudar e a dedicar-se à teologia cristã e, intelectualmente, o que teriam feito se não tivesse havido este domínio de pensamento...
Foi difícil encontrar um equilíbrio entre o rigor dos factos e uma escrita que fosse apelativa ao leitor?
Acho que devia aos leitores a civilidade de não escrever um livro chato. E também há outra coisa: há uma forma covarde de escrever História que é a seguinte: no ano 200 a.C., aconteceu isto, no ano 50 d.C. aconteceu aquilo e por aí fora. E isto parece absolutamente verídico, indiscutível. Mas 200 a.C. nunca se chamou assim - tudo o que se escreve na História foi fabricado através de um ponto de vista tardio, muito posterior ao próprio acontecimento. O que quero dizer é que tentei ligar os factos de uma maneira legível. É preciso falar dos sentidos e não apenas de uma lista seca de datas. Foi isso que tentei fazer e trabalhei muito para encontrar dados para isso. Quão escuro era um templo, quantas luzes tinha, a que cheirava... E de repente esse mundo torna-se vivo.
E como preencheu esses espaços em branco, usando a sua imaginação?
Não - em cada descrição concreta que faço, tenho uma nota de rodapé a explicar de onde veio. Cada vez que digo que em sítio x cheirava assim, usei uma fonte. Por exemplo, descrevo que em Alexandria havia brisas refrescantes e há duas fontes que dizem que a cidade foi especificamente construída para as proporcionar aos habitantes, e quando digo que a cidade era de um branco ofuscante não são palavras minhas, são de um historiador da época que a descreveu assim. Veio tudo de fontes históricas.
Qual foi o monumento ou o bem destruído que mais a chocou?
A grande biblioteca de Alexandria. Foi uma dupla destruição. Quando um bispo mandou destruir o lindo templo de Serápis, o que restava da biblioteca - que se guardava dentro do templo - foi atrás.
Se entrasse numa máquina do tempo, seria a biblioteca de Alexandria o local que gostaria de visitar?
Definitivamente. Eles tinham a ambição de colecionar todos os livros, escritos em qualquer parte do mundo, que traduziam e guardavam. Foi a primeira a ter uma tradução em grego do Antigo Testamento: estavam abertos a todo o tipo de conhecimento, queriam perceber tudo. E, a partir daí, só se passaram a guardar os livros que não perturbassem as mentes cristãs.
Encontrou cristãos que, à época, estavam preocupados com a destruição do património?
Sim, em Espanha, por exemplo, foi descrito que os ornamentos das cidades romanas estavam a ser destruídos e que isso tinha que parar porque as cidades começavam a parecer pilhadas, e foram os próprios cristãos que o disseram. Nesses casos, em vez de destruírem os templos removeram as estátuas dos velhos deuses e encheram-nas de cruzes.
Que mensagem gostaria que as pessoas retirassem do seu livro?
Somos muito críticos de outras religiões, vemos hoje a violência religiosa e parece-nos chocante, mas esquecemo-nos de que a Europa, a par dos ensinamentos de amor cristãos, também foi fundada com violência, repressão. Gostava de lembrar as pessoas de que os romanos eram muito mais liberais do que pensamos hoje em dia. E que antes do monoteísmo havia o pluralismo, que hoje é visto quase como uma desordem moderna. Antes de o cristianismo dizer que havia apenas um caminho, havia pessoas que diziam continuamente: “Mas o que importa? Vivemos todos os dias com o mesmo céu”.
https://ionline.sapo.pt/artigo/614885/c ... cao=Mais_i
A jornalista e escritora esteve na semana passada em Lisboa para o lançamento deste livro, que aborda o lado menos conhecido do “triunfo cristão”
Catherine Nixey não esconde o fascínio que nutre pela Antiguidade Clássica, principalmente pelo período tardio. Filha de um ex-monge e de uma ex-freira, criada num ambiente católico, acabou por ir para Cambridge, onde se formou em Estudos Clássicos. Durante vários deu aulas, mas acabou por se tornar jornalista no “The Times”. Durante todo este tempo, não parou de reunir informação para o livro que a trouxe agora a Portugal. “A Chegada das Trevas: Como os Cristãos Destruíram o Mundo Clássico” conta como o triunfo do cristianismo num mundo pagão - um processo que, segundo a maioria dos livros de História, parece ter corrido quase sem incidentes - não se fez sem uma bela dose de opressão e destruição dos antigos cânones.
O título é, de certa forma, bastante dramático. Foi fácil para si chegar a esta fórmula ou é suposto chocar?
Ah, estou a ver. De uma certa forma soa mais chocante porque a ênfase está colocada nos cristãos e na destruição cristã. O livro refere-se a um determinado ponto da História, não quer dizer que eles tenham destruído tudo. Só que o mundo clássico foi destruído e alguma dessa destruição foi feita às mãos dos cristãos. Sou filha de um ex-monge e de uma ex-freira e para mim foi chocante quando comecei a ler essa parte da História. Não está muito estudado, não há muito para ler sobre esse período. Os cristãos suprimiram tanto a literatura que 90% de toda a literatura clássica foi perdida.
E quando se confrontou com isto, quando começou a interessar-se por este período?
Quando estava na universidade. Fui educada de uma forma católica, fui estudar os clássicos e a minha mãe sempre me tinha ensinado que os cristãos preservaram o mundo clássico, o conhecimento, falando-me dos monges virtuosos - os copistas - que se dedicaram a escrever a história para que não fosse perdida. Quando fui para Cambridge e comecei a estudar percebi que o processo não podia ter sido assim tão suave. E, claro, não foi: os cristãos odiavam todo o sexo, a diversão, as bebedeiras, os deuses, a homossexualidade. Odiavam a filosofia, Santo Agostinho escreveu sobre isso: todas aquelas vozes, quem estaria certo?
Sentiu que tinha sido, de alguma forma, induzida em erro?
Não pela minha mãe, mas pelo que aprendi na escola, claro que senti! Só ouvimos uma versão. A História é escrita pelos vencedores, e a vitória cristã foi absoluta. Hoje há dois mil milhões de cristãos no mundo e não há uma única pessoa realmente pagã. A história da cristianização da Europa foi contada quase inteiramente a partir de fontes cristãs, fontes simpáticas. No passado, chegou a escrever-se sobre a destruição dos templos por parte dos cristãos, mas isso ficou fora de moda, a sociedade deixou de querer ouvir falar sobre isso.
Mas primeiros os romanos perseguiram os cristãos.
Temos esta ideia de que os romanos eram obcecados pelos cristãos, que os queriam tirar completamente de cena, e isso não pode estar mais longe da realidade. Muitas vezes, os cristãos pediam para ser mortos porque era uma forma de chegarem ao céu, de serem vistos como mártires. E os governadores romanos ficavam intrigados com isto, haver alguém que quisesse morrer voluntariamente. Havia um desejo muito, muito forte na cristandade pela vida que estava para vir, pelo martírio. Havia grupos de homens que cometiam suicídio porque pensavam que as recompensas pelo martírio eram mil vezes melhores do que podiam experienciar em vida, e pensavam que dessa forma não só chegariam ao céu como seriam as melhores pessoas de lá e ainda famosos na terra.
E os romanos não conseguiam compreender esses pensamentos?
Não. Pensavam: “Mas o que estás a fazer, por que estás a desperdiçar a tua vida?”. Desprezavam os homens que faziam isto. Usavam barba, vestes pretas, eram pouco educados.
A estátua que aparece na capa foi destruída em Palmira, certo?
Não, esta é uma Afrodite que foi destruída em Atenas. É interessante porque lhe fizeram esta cruz na testa, o que não era habitual. O mais normal era cortarem o nariz, destruírem os olhos - como também lhe fizeram. Atacaram a beleza dela, e isto é um ponto importante: os cristãos não gostavam de nudez, tinham medo do sexo, que era visto como um pecado, como algo malévolo. E portanto não gostavam de coisas que o celebrassem - e Afrodite é, como sabemos, o símbolo de tudo isso. Havia imensas estátuas dela nua nas termas e foi uma das divindades mais atacadas, porque para a nova religião não era suposto haver a exposição do corpo despido. Neste caso a cruz era para afastar um demónio, era uma forma de a batizarem.
Também faziam o mesmo a estátuas masculinas?
Sim, cortavam os pénis, a cara também era danificada - a Apolo, outro símbolo da beleza, aconteceu bastante, era uma forma de conter a sua sexualidade.
Uma das primeiras histórias no livro passa-se em Palmira, por volta de 385 d.C. Hoje estamos a ver a história a repetir-se?
É difícil não ver paralelos. No meu livro escrevo sobre essa estátua de Atena que é atingida com tanta força com uma espada que é decapitada por um grupo de cristãos. Depois ainda lhe arrancam os braços. Os arqueólogos encontraram as diversas partes e reconstituíram-na. Depois veio o Daesh e, em 2015, vimos fotografias do que fizeram em Palmira. E o que foi? Cortaram a cabeça e os braços à mesma estátua - exatamente as mesmas feridas. Em ambos os casos é porque acham que o símbolo malévolo que Atena representa deve ser destruído.
Os livros de história falam muitas vezes de um triunfo cristão e uma das coisas que explica no seu livro é que o verdadeiro triunfo à maneira romana era uma aniquilação total.
Hoje em inglês a maneira como usamos a palavra triunfo é sempre positiva, e nos tempos romanos era um termo preciso e absolutamente militar que significava, primeiro, que se tinha morto um certo número de oponentes. Mas também era uma celebração da repressão, com todos os despojos, com a exibição dos líderes conquistados agrilhoados a que se seguiam execuções - e tudo isto significava que se tinha esmagado o inimigo. Quando falamos do triunfo cristão temos que ter em conta também essa imagem, e não apenas o sentimento simpático que hoje associamos à palavra triunfo. Era uma vitória militar em que os inimigos eram esmagados e muitas vezes aniquilados - mas os cristãos não mataram os pagãos, pelo menos no início, e merecem créditos por isso. Mas tiraram-lhes as posses, humilharam-nos, apagaram o conhecimento. Pilharam e destruíram os templos e substituíram os líderes religiosos pagãos por padres.
Essa apropriação de que fala - e também a destruição - não é, de todo, uma invenção cristã e ao longo da História sucessivas religiões e tribos adotaram esse tipo de comportamentos. Estou a lembrar-me de um exemplo português em que uma vila romana foi destruída, não por cristãos, mas por suevos e visigodos: Conímbriga.
Sim, isto foi comum. Contudo os cristãos foram diferentes por dois motivos: a primeira, é que o fizeram com tanto sucesso que nos esquecemos completamente que houve sequer alguma oposição a esta a apropriação; e a segunda é que a História hoje diz que toda a gente estava disposta a aceitar esta mudança, que todos o queriam. E isso não é verdade. Nos livros é contado que o domínio cristão foi uma libertação - e mesmo agora, os livros escritos em Inglaterra no século XXI chamam a este período “o fim da perseguição”. Não foi - nessa altura, no máximo, 10% do império era cristão. E em pouco mais de 120 anos já não havia mais não-cristãos. Com exceção dos judeus, viram-se livres de todas as outras religiões. Havia 60 milhões de pessoas neste império, todos se converteram em pouco mais de cem anos - isto não acontece porque és simpático...
Foi uma guerra metafísica?
Sim, uma guerra do bem contra o mal de certa forma. Os genuinamente cristãos acreditavam que apenas os cristãos estavam a salvo, mas não foi só metafísica, também foi terrena. Constantino, o primeiro imperador cristão, antes de ter tido uma visão da cruz tinha tido uma visão de Apolo. E converteu-se ao cristianismo não por dizer “uau, Jesus!”, mas porque queria ganhar uma guerra! Os biógrafos dele escreveram isto - que ele sabia que não tinha tropas suficientes e para agregar o império vira-se para o Deus cristão e... vence, porque havia soldados cristãos a travar uma guerra.
Nas cruzadas, ver-se-á o mesmo fenómeno.
Exatamente. Exércitos de cristãos numa guerra de conversão. Mas antes disto, como estávamos a falar, houve também a tal guerra metafísica entre o bem e o mal, em que os cristãos acreditavam que o seu dever era livrar do mal e dos demónios todos os pagãos, convertê-los através de todos os meios que conseguissem. Acreditavam que estes atos eram legítimos porque estavam a salvar estas pessoas de morrer acreditando no ‘lado mau’,, o que faria com que ficassem eternamente no inferno a ser torturados.
Essa guerra metafísica era assente também em palavras?
Um ponto que está sempre a aparecer neste livro é a virtude das muitas vozes - e pensamentos - daquele tempo [da Antiguidade Clássica]. Na Grécia, os filósofos eram famosos pelas suas discussões. Em Roma, a mesma coisa, mas ninguém chegava ao ponto de acreditar que podia esmagar os pensamentos de outro. Havia pessoas em Roma que eram muito religiosas, ao lado de outras que achavam que a religião era lixo, uns que acreditavam na vida depois da morte, filósofos que diziam que isso era um disparate. Uns que acreditavam que éramos unicamente feitos de átomos e que, por isso, não havia nenhum Deus criador. E todas estas ideias conseguiam sobreviver até chegar uma ideia que as varre e passa a ser só permitido pensar de uma forma.
Os cristãos também se apropriaram do calendário pagão, por exemplo, na data de celebração do Natal. Vê isto como mais uma forma de supremacia ou acha que foi um ato de respeito?
Acho que foi pragmatismo. Os grandes festivais pagãos eram divertidos, não havia como dar volta a isso, pelo que foram essas as datas escolhidas para o Natal assim como para a Páscoa e as festividades de Ano Novo.
Como é que os seus pais, que já pertenceram à estrutura da Igreja, receberam o seu livro?
A minha mãe morreu há muitos anos, o meu pai gostou. Não conhecia grande parte dos factos, o que, pelo percurso dele, me surpreendeu. Ele foi um monge beneditino - uma ordem mais liberal, com muita educação, que circulava livremente.
Ainda é católico?
Não, deixou de acreditar de todo.
Escrever um livro deste género deve ser duplamente difícil - primeiro por causa das falta de fontes; e por outro lado há a supremacia milenar da Igreja. Sentiu estas dificuldades, recebeu alguma crítica mais dura?
Não fico chateada com as críticas - faz parte. As críticas tornam os autores melhores. Mas sim, quem me dera que houvesse mais fontes! Quando lemos sobre o império romano desde 100 a.C. até por volta de 180 d.C. há tanta coisa. Depois chegamos a este ponto e é um vazio, foi quase tudo perdido.
No livro cita, por exemplo, São Crisóstomo, que deixou escritos a gabar-se de que todos os manuscritos dos filósofos gregos tinham sido apagados - e que isso hoje é uma fonte para o que aconteceu.
E Santo Agostinho também, o que é deveras chocante. Eles genuinamente odiavam os filósofos, especialmente os tais que defendiam que éramos feitos de átomos. A filosofia pagã era uma ameaça real porque descrevia a mensagem cristã como lixo, pelo que eles ficaram encantados quando foi destruída.
Se parar para pensar num monge hoje, a primeira imagem que vem à sua cabeça é a de um guardião do conhecimento ou a de alguém que o apagou?
Essa é uma boa questão. Posso responder os dois? Acho que são os dois, duas faces - uma que preservou, a outra, a dos palimpsestos [manuscritos medievais reescritos].
Consegue imaginar um mundo sem estes acontecimentos, onde pensa que a humanidade estaria, por exemplo, no campo científico?
Sempre me perguntei isso. Por um lado é impossível não pensar que estaríamos mais desenvolvidos cientificamente. Por outro, quem sabe se não destruiríamos o mundo três séculos mais cedo com as alterações climáticas? (risos). Se pensarmos em todas as pessoas que passaram tantas e tantas horas a estudar e a dedicar-se à teologia cristã e, intelectualmente, o que teriam feito se não tivesse havido este domínio de pensamento...
Foi difícil encontrar um equilíbrio entre o rigor dos factos e uma escrita que fosse apelativa ao leitor?
Acho que devia aos leitores a civilidade de não escrever um livro chato. E também há outra coisa: há uma forma covarde de escrever História que é a seguinte: no ano 200 a.C., aconteceu isto, no ano 50 d.C. aconteceu aquilo e por aí fora. E isto parece absolutamente verídico, indiscutível. Mas 200 a.C. nunca se chamou assim - tudo o que se escreve na História foi fabricado através de um ponto de vista tardio, muito posterior ao próprio acontecimento. O que quero dizer é que tentei ligar os factos de uma maneira legível. É preciso falar dos sentidos e não apenas de uma lista seca de datas. Foi isso que tentei fazer e trabalhei muito para encontrar dados para isso. Quão escuro era um templo, quantas luzes tinha, a que cheirava... E de repente esse mundo torna-se vivo.
E como preencheu esses espaços em branco, usando a sua imaginação?
Não - em cada descrição concreta que faço, tenho uma nota de rodapé a explicar de onde veio. Cada vez que digo que em sítio x cheirava assim, usei uma fonte. Por exemplo, descrevo que em Alexandria havia brisas refrescantes e há duas fontes que dizem que a cidade foi especificamente construída para as proporcionar aos habitantes, e quando digo que a cidade era de um branco ofuscante não são palavras minhas, são de um historiador da época que a descreveu assim. Veio tudo de fontes históricas.
Qual foi o monumento ou o bem destruído que mais a chocou?
A grande biblioteca de Alexandria. Foi uma dupla destruição. Quando um bispo mandou destruir o lindo templo de Serápis, o que restava da biblioteca - que se guardava dentro do templo - foi atrás.
Se entrasse numa máquina do tempo, seria a biblioteca de Alexandria o local que gostaria de visitar?
Definitivamente. Eles tinham a ambição de colecionar todos os livros, escritos em qualquer parte do mundo, que traduziam e guardavam. Foi a primeira a ter uma tradução em grego do Antigo Testamento: estavam abertos a todo o tipo de conhecimento, queriam perceber tudo. E, a partir daí, só se passaram a guardar os livros que não perturbassem as mentes cristãs.
Encontrou cristãos que, à época, estavam preocupados com a destruição do património?
Sim, em Espanha, por exemplo, foi descrito que os ornamentos das cidades romanas estavam a ser destruídos e que isso tinha que parar porque as cidades começavam a parecer pilhadas, e foram os próprios cristãos que o disseram. Nesses casos, em vez de destruírem os templos removeram as estátuas dos velhos deuses e encheram-nas de cruzes.
Que mensagem gostaria que as pessoas retirassem do seu livro?
Somos muito críticos de outras religiões, vemos hoje a violência religiosa e parece-nos chocante, mas esquecemo-nos de que a Europa, a par dos ensinamentos de amor cristãos, também foi fundada com violência, repressão. Gostava de lembrar as pessoas de que os romanos eram muito mais liberais do que pensamos hoje em dia. E que antes do monoteísmo havia o pluralismo, que hoje é visto quase como uma desordem moderna. Antes de o cristianismo dizer que havia apenas um caminho, havia pessoas que diziam continuamente: “Mas o que importa? Vivemos todos os dias com o mesmo céu”.
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
KINDERHARVARD: DO BERÇO À UNIVERSIDADE
NÓS LÁ FORA
Inês Batalha Mendes
SANTIAGO, CHILE - O traumático processo de escolher (ou ser escolhido) uma escola no Chile
Creio já ter comentado nestas minhas crónicas que estive em lista de espera para conseguir uma vaga na creche do meu filho mais velho e que tinha feito os contactos ainda estava grávida. Tal deveria ter servido de alerta premonitório, mas a fase seguinte, a tal pré-primária ou prekinder, como lhe chamam por cá, parecia algo distante. Março de 2019.
O nosso pediatra disse-nos numa ocasião que, infelizmente, o Chile era ainda um país muito classista, estratificado do ponto de vista social e que pela maternidade onde uma criança nascia se podia prever, com alguma exatidão, como iria ser o seu percurso ao longo dos próximos 20 anos. A vida traçada do berço até à universidade... quando estas são as regras do jogo, a pressão aumenta. E foi assim como, chegados a Março de 2018, começaram os dois meses mais traumáticos destes nossos cinco anos de vida chilensis.
Primeiro conselho: não basta candidatar-se a uma escola. Devemos escolher pelo menos três, para garantir que ao menos a criança é aceite numa delas. Ouvem-se histórias de terror de crianças que não entram em nenhuma e que repetem a creche à espera de entrar no ano seguinte... Os putos podem chumbar na creche?! Capitalizando neste temor dos pais, alguns colégios começaram a criar o nível “playgroup”, uma espécie de creche dentro do colégio para assim aliciar os pais com um processo de seleção mais suave e a garantia de uma vaga a futuro no temido prekinder.
No Chile, há uma divisão básica no momento da escolha das escolas que tem que ver fundamentalmente com a filosofia de ensino que se pretende. Religioso ou laico? Por arrastre, a segunda pergunta é: segregado ou misto? E depois para os mais progressistas: bilingue? Para a tribo do “laico, misto, bilingue” as escolhas começam a reduzir-se e se quisermos ser realmente exigentes com o “bilingue”, não apenas um colégio chileno onde se dão muuuiitas aulas de inglês; se estivermos a falar de bilinguismo como a transmissão dos valores de uma determinada cultura, para além da aprendizagem do idioma, bom, então estamos a falar de uns quatro ou cinco colégios em Santiago. Pode parecer uma exigência meio snob, mas nós vemo-nos uma família culturalmente diversa, entre pais e filhos viajamos com passaportes de nacionalidades diferentes, vivemos num país que não é o nosso, mas que é o deles. Quando me perguntam qual é a língua materna dos meus filhos, fico na dúvida. Para a nossa família, a diversidade cultural tornou-se tão importante como os idiomas ou as matemáticas.
Até parece que somos nós a escolher a escola, a realidade pode não ser bem assim...
Nas várias sessões informativas começamos a perceber que os números podem ser bem desanimadores, em média, de um total de 150 vagas, somente 30, por vezes 10 vagas vão para as famílias novas. Existe um sistema de prioridades, miúdos com irmãos na escola, o playgroup quando existe, filhos de ex-alunos, filhos de funcionários e lá no fim da lista, as famílias novas. Nós! Espreitamos pelo rabinho do olho e no anfiteatro estão presentes pais suficientes para umas 300 candidaturas. A realidade, é que para tão poucas vagas e tão alta procura, são as escolas quem realmente escolhe. Entrevistam os pais e avaliam as crianças.
São miúdos de três anos a três anos e meio que estão a ser avaliados para o próximo ano letivo. Pelas instruções que as escolas dão relativamente aos dias das provas, coisas do tipo: não lhes minta dizendo que vai a uma festa de anos, não os mande doentes e medicados... deve haver de tudo. Vê-se de tudo. Miúdos a chorar, que não querem entrar na sala, ou que acabam por ser mandados embora a meio da prova. A cara de angústia desses pais. A cara de angústia de todos os pais enquanto ficamos ali no pátio durante aquela hora e meia das provas a olhar uns para os outros. Não conseguimos que o nosso filho nos contasse muitos detalhes do que raio faziam nessas avaliações. Brincaram, suponho, numa havia um comboio de madeira no meio da sala, noutra contaram-lhe uma história de que gostou muito. Para ele, tudo isto foi como se o tivessem convidado para ir brincar a uma escola nova com brinquedos novos. Foi isso, de facto, o que lhe contámos, que tínhamos ouvido que uma escola de meninos crescidos estava a convidar meninos de outras escolas a irem lá brincar no pátio deles. E como ele gostou, depois dissemos que íamos procurar mais escolas que estivessem também a convidar para ir lá brincar. Mais do que saber formas geométricas ou identificar as cores, que é o que muitos pensam que devem preparar os filhos para este tipo de provas (e há quem contrate tutores extra para o efeito!!), pareceu-me que o que as escolas estão a avaliar são coisas como a ansiedade de separação, seguir instruções, capacidade de prestar atenção, autonomia.
Para mim, o maior choque cultural foi, de facto, perceber que para os pais chilenos o que se está aqui a decidir não é realmente o prekinder, mas o tal percurso que vai levar estas crianças até à universidade, como nos contou o pediatra. Nas sessões informativas, os pais chilenos praticamente não perguntavam nada sobre a rotina ou os métodos do prekinder, de como iria ser a vida dos seus filhos no próximo ano letivo. Perguntavam, isso sim, sobre matemática, sobre o ensino do inglês, se o enfoque da escola era mais de ciências ou humanidades e quais os cursos que os ex-alunos da escola mais seguiam uma vez na universidade. Perguntavam sobre politicas antibullying e programas de voluntariado. Aliás, uma das entrevistas de pais de que participamos, consistia precisamente num caso prático para discutir em grupo como abordaríamos uma situação de bullying entre miúdos de 10 anos... Para estes pais, quem eles têm lá em casa são já os seus futuros filhos adolescentes. Ora, nós lá em casa temos um piolho pequeno que nem os quatro anos cumpriu e que ainda acha que se tapar a cabeça fica escondido, mesmo com as pernas de fora.
Eu quero cartolinas, papeis pintados e areia do pátio nos sapatos. Eu quero uma certa liberdade criativa nesta etapa, lá terá o tempo para aprender sobre matemáticas e, mesmo então, o que espero realmente da minha escola ideal é que lhe ensinem espirito crítico e ética de trabalho – Sim! Este lindo discurso hippie saiu-me da alma a meio de uma entrevista. Palavra por palavra. É bonito ter o discurso hippie, outra coisa seria atuar em consequência. Quero afinal criar um bom cidadão? Não deveria a sociedade ser mais igualitária? Barimbar-me nos colégios, neste processo absurdo, e matricular o meu filho na escola pública? Essa escola pública focalizada em memorizar em vez de aprender, que no Chile tem greves, barricadas e por vezes instalações vandalizadas pelo menos uma vez por ano... não tenho coragem. Sou uma hippie de salão.
Quando digo às pessoas que passei mal durante este processo das candidaturas, não é força de expressão. Desculpem-me o excesso de informação, eu tive diarreia durante um mês e no mês seguinte a minha pálpebra esquerda começou a tremer descontroladamente. Aquela culpa, cada vez que passava de fininho à frente dos Recursos Humanos, todas as vezes em que cheguei tarde e saí cedo, para entregar papeis, ir a entrevistas, avaliações a horas absurdas. Vão-me descontar dias de certeza, pensava! E depois a longa espera pelos resultados. Com o desgaste físico e emocional e mais o ranho constante do meu filho mais novo, apanhei uma pneumonia.
Resumindo estes dois meses, candidatamos o nosso filho a seis escolas, levámos duas negas, conseguimos participar em quatro processos de seleção. Desistimos de um depois da entrevista com os pais e, dos três processos que fizemos até ao final, em todos obtivemos uma resposta positiva. Contas feitas: três vagas e uma pneumonia!
As escolas escolheram o nosso filho, mas nós também tivemos o privilégio de poder escolher a nossa escola no final. Uma escola que o levará nesse percurso certinho chilensis, do berço até à universidade, mas também aquela escola que, por agora, lhe vai dar cartolinas, papeis pintados e areia nos sapatos.
VISTO DE FORA
Dias sem ir a Portugal: 1 ano e 2 meses aproximadamente...
Nas notícias por aqui: Criminalidade aumenta por quarto ano consecutivo desde 2013.
Sabia que por cá…. Os postais de Natal podem chegar em Maio! E um postal de Natal demora mais a chegar de Santiago a São Paulo do que de Santiago a Nova Iorque!
Um número surpreendente: Uma farmácia em cada esquina. Literalmente.
Inês Batalha Mendes
SANTIAGO, CHILE Vive fora de Portugal desde 2004. É licenciada em Direito, mas trabalha como analista de risco, uma combinação improvável que é o terror dos head-hunters mais arrumadinhos. Avessa a definições e curiosa por natureza, vai acumulando várias vidas como um gato. Já chamou casa a Madrid, São Paulo e a Santiago do Chile onde reside actualmente. Sente-se turista em Lisboa e estrangeira lá fora. Da vida do outro lado do mundo aprendeu que as castanhas comem-se em Maio e as cerejas em Novembro... e que se deve sempre ter um garrafão de 5L em casa por causa dos terremotos.
http://visao.sapo.pt/nos-la-fora/2018-0 ... iversidade
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SANTIAGO, CHILE - O traumático processo de escolher (ou ser escolhido) uma escola no Chile
Creio já ter comentado nestas minhas crónicas que estive em lista de espera para conseguir uma vaga na creche do meu filho mais velho e que tinha feito os contactos ainda estava grávida. Tal deveria ter servido de alerta premonitório, mas a fase seguinte, a tal pré-primária ou prekinder, como lhe chamam por cá, parecia algo distante. Março de 2019.
O nosso pediatra disse-nos numa ocasião que, infelizmente, o Chile era ainda um país muito classista, estratificado do ponto de vista social e que pela maternidade onde uma criança nascia se podia prever, com alguma exatidão, como iria ser o seu percurso ao longo dos próximos 20 anos. A vida traçada do berço até à universidade... quando estas são as regras do jogo, a pressão aumenta. E foi assim como, chegados a Março de 2018, começaram os dois meses mais traumáticos destes nossos cinco anos de vida chilensis.
Primeiro conselho: não basta candidatar-se a uma escola. Devemos escolher pelo menos três, para garantir que ao menos a criança é aceite numa delas. Ouvem-se histórias de terror de crianças que não entram em nenhuma e que repetem a creche à espera de entrar no ano seguinte... Os putos podem chumbar na creche?! Capitalizando neste temor dos pais, alguns colégios começaram a criar o nível “playgroup”, uma espécie de creche dentro do colégio para assim aliciar os pais com um processo de seleção mais suave e a garantia de uma vaga a futuro no temido prekinder.
No Chile, há uma divisão básica no momento da escolha das escolas que tem que ver fundamentalmente com a filosofia de ensino que se pretende. Religioso ou laico? Por arrastre, a segunda pergunta é: segregado ou misto? E depois para os mais progressistas: bilingue? Para a tribo do “laico, misto, bilingue” as escolhas começam a reduzir-se e se quisermos ser realmente exigentes com o “bilingue”, não apenas um colégio chileno onde se dão muuuiitas aulas de inglês; se estivermos a falar de bilinguismo como a transmissão dos valores de uma determinada cultura, para além da aprendizagem do idioma, bom, então estamos a falar de uns quatro ou cinco colégios em Santiago. Pode parecer uma exigência meio snob, mas nós vemo-nos uma família culturalmente diversa, entre pais e filhos viajamos com passaportes de nacionalidades diferentes, vivemos num país que não é o nosso, mas que é o deles. Quando me perguntam qual é a língua materna dos meus filhos, fico na dúvida. Para a nossa família, a diversidade cultural tornou-se tão importante como os idiomas ou as matemáticas.
Até parece que somos nós a escolher a escola, a realidade pode não ser bem assim...
Nas várias sessões informativas começamos a perceber que os números podem ser bem desanimadores, em média, de um total de 150 vagas, somente 30, por vezes 10 vagas vão para as famílias novas. Existe um sistema de prioridades, miúdos com irmãos na escola, o playgroup quando existe, filhos de ex-alunos, filhos de funcionários e lá no fim da lista, as famílias novas. Nós! Espreitamos pelo rabinho do olho e no anfiteatro estão presentes pais suficientes para umas 300 candidaturas. A realidade, é que para tão poucas vagas e tão alta procura, são as escolas quem realmente escolhe. Entrevistam os pais e avaliam as crianças.
São miúdos de três anos a três anos e meio que estão a ser avaliados para o próximo ano letivo. Pelas instruções que as escolas dão relativamente aos dias das provas, coisas do tipo: não lhes minta dizendo que vai a uma festa de anos, não os mande doentes e medicados... deve haver de tudo. Vê-se de tudo. Miúdos a chorar, que não querem entrar na sala, ou que acabam por ser mandados embora a meio da prova. A cara de angústia desses pais. A cara de angústia de todos os pais enquanto ficamos ali no pátio durante aquela hora e meia das provas a olhar uns para os outros. Não conseguimos que o nosso filho nos contasse muitos detalhes do que raio faziam nessas avaliações. Brincaram, suponho, numa havia um comboio de madeira no meio da sala, noutra contaram-lhe uma história de que gostou muito. Para ele, tudo isto foi como se o tivessem convidado para ir brincar a uma escola nova com brinquedos novos. Foi isso, de facto, o que lhe contámos, que tínhamos ouvido que uma escola de meninos crescidos estava a convidar meninos de outras escolas a irem lá brincar no pátio deles. E como ele gostou, depois dissemos que íamos procurar mais escolas que estivessem também a convidar para ir lá brincar. Mais do que saber formas geométricas ou identificar as cores, que é o que muitos pensam que devem preparar os filhos para este tipo de provas (e há quem contrate tutores extra para o efeito!!), pareceu-me que o que as escolas estão a avaliar são coisas como a ansiedade de separação, seguir instruções, capacidade de prestar atenção, autonomia.
Para mim, o maior choque cultural foi, de facto, perceber que para os pais chilenos o que se está aqui a decidir não é realmente o prekinder, mas o tal percurso que vai levar estas crianças até à universidade, como nos contou o pediatra. Nas sessões informativas, os pais chilenos praticamente não perguntavam nada sobre a rotina ou os métodos do prekinder, de como iria ser a vida dos seus filhos no próximo ano letivo. Perguntavam, isso sim, sobre matemática, sobre o ensino do inglês, se o enfoque da escola era mais de ciências ou humanidades e quais os cursos que os ex-alunos da escola mais seguiam uma vez na universidade. Perguntavam sobre politicas antibullying e programas de voluntariado. Aliás, uma das entrevistas de pais de que participamos, consistia precisamente num caso prático para discutir em grupo como abordaríamos uma situação de bullying entre miúdos de 10 anos... Para estes pais, quem eles têm lá em casa são já os seus futuros filhos adolescentes. Ora, nós lá em casa temos um piolho pequeno que nem os quatro anos cumpriu e que ainda acha que se tapar a cabeça fica escondido, mesmo com as pernas de fora.
Eu quero cartolinas, papeis pintados e areia do pátio nos sapatos. Eu quero uma certa liberdade criativa nesta etapa, lá terá o tempo para aprender sobre matemáticas e, mesmo então, o que espero realmente da minha escola ideal é que lhe ensinem espirito crítico e ética de trabalho – Sim! Este lindo discurso hippie saiu-me da alma a meio de uma entrevista. Palavra por palavra. É bonito ter o discurso hippie, outra coisa seria atuar em consequência. Quero afinal criar um bom cidadão? Não deveria a sociedade ser mais igualitária? Barimbar-me nos colégios, neste processo absurdo, e matricular o meu filho na escola pública? Essa escola pública focalizada em memorizar em vez de aprender, que no Chile tem greves, barricadas e por vezes instalações vandalizadas pelo menos uma vez por ano... não tenho coragem. Sou uma hippie de salão.
Quando digo às pessoas que passei mal durante este processo das candidaturas, não é força de expressão. Desculpem-me o excesso de informação, eu tive diarreia durante um mês e no mês seguinte a minha pálpebra esquerda começou a tremer descontroladamente. Aquela culpa, cada vez que passava de fininho à frente dos Recursos Humanos, todas as vezes em que cheguei tarde e saí cedo, para entregar papeis, ir a entrevistas, avaliações a horas absurdas. Vão-me descontar dias de certeza, pensava! E depois a longa espera pelos resultados. Com o desgaste físico e emocional e mais o ranho constante do meu filho mais novo, apanhei uma pneumonia.
Resumindo estes dois meses, candidatamos o nosso filho a seis escolas, levámos duas negas, conseguimos participar em quatro processos de seleção. Desistimos de um depois da entrevista com os pais e, dos três processos que fizemos até ao final, em todos obtivemos uma resposta positiva. Contas feitas: três vagas e uma pneumonia!
As escolas escolheram o nosso filho, mas nós também tivemos o privilégio de poder escolher a nossa escola no final. Uma escola que o levará nesse percurso certinho chilensis, do berço até à universidade, mas também aquela escola que, por agora, lhe vai dar cartolinas, papeis pintados e areia nos sapatos.
VISTO DE FORA
Dias sem ir a Portugal: 1 ano e 2 meses aproximadamente...
Nas notícias por aqui: Criminalidade aumenta por quarto ano consecutivo desde 2013.
Sabia que por cá…. Os postais de Natal podem chegar em Maio! E um postal de Natal demora mais a chegar de Santiago a São Paulo do que de Santiago a Nova Iorque!
Um número surpreendente: Uma farmácia em cada esquina. Literalmente.
Inês Batalha Mendes
SANTIAGO, CHILE Vive fora de Portugal desde 2004. É licenciada em Direito, mas trabalha como analista de risco, uma combinação improvável que é o terror dos head-hunters mais arrumadinhos. Avessa a definições e curiosa por natureza, vai acumulando várias vidas como um gato. Já chamou casa a Madrid, São Paulo e a Santiago do Chile onde reside actualmente. Sente-se turista em Lisboa e estrangeira lá fora. Da vida do outro lado do mundo aprendeu que as castanhas comem-se em Maio e as cerejas em Novembro... e que se deve sempre ter um garrafão de 5L em casa por causa dos terremotos.
http://visao.sapo.pt/nos-la-fora/2018-0 ... iversidade
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
Teoria distinguida com Nobel da Química em 1956 foi agora invalidada por cientistas de Coimbra
A teoria que explica a transferência de eletrões em reações químicas, distinguida com um Prémio Nobel, foi invalidada por uma equipa de cientistas da Faculdade de Ciências de Coimbra.
A teoria de Marcus, que explica a transferência de eletrões em reações químicas, distinguida com um Prémio Nobel, foi invalidada por uma equipa de cientistas da Faculdade de Ciências de Coimbra, liderada por Luís Arnaut, anunciou a instituição esta quinta-feira.
https://observador.pt/2018/07/26/teoria ... e-coimbra/
A teoria que explica a transferência de eletrões em reações químicas, distinguida com um Prémio Nobel, foi invalidada por uma equipa de cientistas da Faculdade de Ciências de Coimbra.
A teoria de Marcus, que explica a transferência de eletrões em reações químicas, distinguida com um Prémio Nobel, foi invalidada por uma equipa de cientistas da Faculdade de Ciências de Coimbra, liderada por Luís Arnaut, anunciou a instituição esta quinta-feira.
...Sem margem para dúvidas, o artigo científico acabado de publicar na conceituada ‘Nature Communications’, do grupo Nature, prova que a teoria desenvolvida em 1956 por Rudolph Arthur Marcus”, que lhe valeu a atribuição do Nobel da Química em 1992, “está errada”, afirma a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), numa nota enviada à agência Lusa.
https://observador.pt/2018/07/26/teoria ... e-coimbra/
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
Vídeo mostra exorcismos de ex-padre preso por violar mulher
mplamente conhecido pela prática de supostos exorcismos e pelo confronto com a Igreja Católica, o ex-padre Humberto Gama, de 79 anos, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) de Leiria, por suspeita de ter violado uma cliente, na passada quarta-feira, em Fátima. A vítima teve de receber tratamento hospitalar.
O ex-padre passou a noite na cadeia e deverá ser apresentado a um juiz de instrução criminal do Tribunal de Santarém, este sábado, a fim de lhe serem aplicadas medidas de coação, que podem chegar a prisão preventiva.
Natural de Trás-os-Montes, a residir na zona de Murça, há vários anos que Humberto Gama também atendia clientes na zona de Fátima, distrito de Leiria. Inclusivamente, mantinha páginas na rede social Facebook, nas quais promovia os seus serviços, mostrando como chamariz uma foto sua antiga ao lado do falecido Papa João Paulo II.
Gama vinha também sendo referenciado há anos por crimes sexuais. Porém, nunca fora detido. Ainda assim, mantinha uma atividade aparentemente credível, também por força da anunciada condição de "padre" e pelas vestes religiosas que usava diariamente.
Segundo informou a PJ quanto ao caso que motivou a sua detenção, o suspeito, "aproveitando-se da sua atividade de exorcista e explorando a fragilidade da vítima, especialmente vulnerável, constrangeu-a à prática de atos sexuais de relevo, após a ter colocado na impossibilidade de resistir". Ou seja, manietou-a, pela força.
Como se fazia passar por padre, "levando inúmeras pessoas em dificuldades a consultá-lo, cobrando honorários", a PJ está também a recolher elementos de prova que possam indiciá-lo por burla.
Instalado numa vivenda de três pisos junto à estrada que liga Fátima a Minde, Marcelino Humberto Gama, que foi expulso do sacerdócio em 1972, dedicava-se ao "exorcismo", sem, contudo, despir as vestes de "padre".
O processo de expulsão foi confirmado pelo Vaticano. Em fevereiro de 2011, o vigário-geral da diocese Leiria-Fátima, Jorge Guarda, alertava que Gama não tinha legitimidade "para as atividades religiosas ou de exorcismo" e alertava que era "igualmente abusiva a divulgação de uma sua fotografia com João Paulo II, para tentar legitimar e provar a sua condição de padre e para servir de cartão de visita para ser contactado nos arredores de Fátima".
"Claro que ponho a mão"
Relativamente a queixas de abusos sexuais em consultas, foram sendo noticiados casos em 2004, 2006 e 2009, que chegaram à justiça. Em reação a um caso concreto, na edição de 9 de fevereiro de 2006 do JN, Humberto Gama negou ter tocado na paciente. Mas não desmentiu que, em algumas situações, chega a tocar nos órgãos genitais dos seus pacientes, homens ou mulheres.
"O exorcismo é uma energia que tanto pode dar na cabeça, como na barriga ou em qualquer outra parte do corpo. Ora, se a dor for nas costas, não vou apalpar a cabeça", afirmou então o ex-padre ao JN, sublinhando: "Não vou tirar a cueca à mulher, mas se for preciso, claro que ponho a mão". E até questionou: "Os médicos não fazem todos isso?", lembrando que, "afinal, as pessoas querem é ser curadas".
Clientes "malucos"
"São todos malucos", chegava a dizer o ex-padre, quando confrontado com as queixas das pessoas que recorreram aos seus alegados exorcismos. E realçava não estar incomodado com as denúncias vindas a público, afirmando que tal publicidade lhe traz mais clientes, do Norte ao Sul do país.
https://www.jn.pt/justica/videos/interi ... 77776.html
mplamente conhecido pela prática de supostos exorcismos e pelo confronto com a Igreja Católica, o ex-padre Humberto Gama, de 79 anos, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) de Leiria, por suspeita de ter violado uma cliente, na passada quarta-feira, em Fátima. A vítima teve de receber tratamento hospitalar.
O ex-padre passou a noite na cadeia e deverá ser apresentado a um juiz de instrução criminal do Tribunal de Santarém, este sábado, a fim de lhe serem aplicadas medidas de coação, que podem chegar a prisão preventiva.
Natural de Trás-os-Montes, a residir na zona de Murça, há vários anos que Humberto Gama também atendia clientes na zona de Fátima, distrito de Leiria. Inclusivamente, mantinha páginas na rede social Facebook, nas quais promovia os seus serviços, mostrando como chamariz uma foto sua antiga ao lado do falecido Papa João Paulo II.
Gama vinha também sendo referenciado há anos por crimes sexuais. Porém, nunca fora detido. Ainda assim, mantinha uma atividade aparentemente credível, também por força da anunciada condição de "padre" e pelas vestes religiosas que usava diariamente.
Segundo informou a PJ quanto ao caso que motivou a sua detenção, o suspeito, "aproveitando-se da sua atividade de exorcista e explorando a fragilidade da vítima, especialmente vulnerável, constrangeu-a à prática de atos sexuais de relevo, após a ter colocado na impossibilidade de resistir". Ou seja, manietou-a, pela força.
Como se fazia passar por padre, "levando inúmeras pessoas em dificuldades a consultá-lo, cobrando honorários", a PJ está também a recolher elementos de prova que possam indiciá-lo por burla.
Instalado numa vivenda de três pisos junto à estrada que liga Fátima a Minde, Marcelino Humberto Gama, que foi expulso do sacerdócio em 1972, dedicava-se ao "exorcismo", sem, contudo, despir as vestes de "padre".
O processo de expulsão foi confirmado pelo Vaticano. Em fevereiro de 2011, o vigário-geral da diocese Leiria-Fátima, Jorge Guarda, alertava que Gama não tinha legitimidade "para as atividades religiosas ou de exorcismo" e alertava que era "igualmente abusiva a divulgação de uma sua fotografia com João Paulo II, para tentar legitimar e provar a sua condição de padre e para servir de cartão de visita para ser contactado nos arredores de Fátima".
"Claro que ponho a mão"
Relativamente a queixas de abusos sexuais em consultas, foram sendo noticiados casos em 2004, 2006 e 2009, que chegaram à justiça. Em reação a um caso concreto, na edição de 9 de fevereiro de 2006 do JN, Humberto Gama negou ter tocado na paciente. Mas não desmentiu que, em algumas situações, chega a tocar nos órgãos genitais dos seus pacientes, homens ou mulheres.
"O exorcismo é uma energia que tanto pode dar na cabeça, como na barriga ou em qualquer outra parte do corpo. Ora, se a dor for nas costas, não vou apalpar a cabeça", afirmou então o ex-padre ao JN, sublinhando: "Não vou tirar a cueca à mulher, mas se for preciso, claro que ponho a mão". E até questionou: "Os médicos não fazem todos isso?", lembrando que, "afinal, as pessoas querem é ser curadas".
Clientes "malucos"
"São todos malucos", chegava a dizer o ex-padre, quando confrontado com as queixas das pessoas que recorreram aos seus alegados exorcismos. E realçava não estar incomodado com as denúncias vindas a público, afirmando que tal publicidade lhe traz mais clientes, do Norte ao Sul do país.
https://www.jn.pt/justica/videos/interi ... 77776.html