Enviado: Ter Mar 27, 2007 10:55 am
INVESTIGAÇÃO
Devassa nas contas da Infraero
Conselho Administrativo da estatal discutirá denúncias sobre irregularidades na empresa, como a falta de repasses para a Aeronáutica de recursos vindos de tarifas aeroportuárias, que chegam a R$ 582 milhões
Claudio Dantas Sequeira
Da equipe do Correio
As graves falhas no sistema de arrecadação da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), denunciadas ontem pelo Correio, soaram o alerta no Conselho de Administração da estatal. Os integrantes desse órgão colegiado — presidido pelo ministro da Defesa, Waldir Pires — querem conhecer a extensão do problema e decidiram incluí-lo na pauta de sua próxima reunião, marcada para a semana que vem. A falta de confiabilidade no sistema que registra a cobrança de tarifas aeroportuárias lançou suspeitas sobre os repasses feitos à Aeronáutica. E, agora, poriam em dúvida o balanço anual de 2006, divulgado pela empresa na última sexta-feira.
A Infraero informou que obteve no ano passado desempenho superior ao exercício de 2005. As receitas operacionais teriam crescido 16,4%, chegando a R$ 2 bilhões. Mas o lucro líquido foi menor em R$ 135,3 milhões, informou em nota. O Tribunal de Contas da União acredita que a Infraero tenha deixado de repassar à Aeronática R$ 582 milhões, relativos à arrecadação das taxas de embarque, pouso e auxílio a vôo dos últimos seis anos. A Força Aérea Brasileira estima que o valor seja ainda maior, mas o presidente da estatal não reconhece a dívida.
“Estamos convencidos de que a Aeronáutica não tem direito a coisa nenhuma daquele dinheiro. Proponho a fazer um acordo daqui para frente, mas pagar essa dívida nem pensar”, disse ao Correio o presidente da Infraero, José Carlos Pereira. Diplomático, ele considera “excelente” o debate do assunto no conselho. Mas para o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), trata-se de um “escândalo que não pode ser abafado.”
Desvio
“Me causou espécie essa denúncia, que lança um véu de suspeitas sobre as contas da Infraero”, disse o tucano. Virgílio defenderá hoje na reunião da bancada investigações independentes sobre as irregularidades da estatal e o apagão aéreo. O brigadeiro descarta problemas no balanço da empresa, mas admite que a fragilidade do sistema dá margens a desvios. “As falhas são graves porque permitem desvios. As pessoas acham que a informatização resolve tudo, mas depende do programador”, afirmou. Ele se referiu aos escândalos envolvendo a gestão do antecessor, o deputado Carlos Wilson (PT-PE).
Na época, a Superintendência de Tecnologia da Informação (TI) da Infraero estava nas mãos de José Francisco de Moraes Ferreira, que respondia ao diretor financeiro Adenhauer Figueira Nunes. Seguidas denúncias de irregularidades levaram o Conselho de Administração a afastar Adenhauer, José Francisco e Marcos Augusto de Abreu Rangel, então gerente de Suporte, Produção e Redes. Com orçamento pesado, a área de “tecnologia da informação” se tornou um dos grandes filões na Infraero.
Ontem a reportagem mostrou que a gestão de Carlos Wilson movimentou R$ 625 milhões em 1.078 contratos de serviços de informática e gastos com publicidade — estes representariam apenas 20% do total. Ao assumir a presidência da Infraero, José Carlos Pereira fez uma reviravolta na área. Demitiu quatro pessoas, colocou a Superintendência de TI subordinada diretamente a seu gabinete e readmitiu José Francisco e Marcos Augusto. “Eu blindei o setor de TI, agora está tudo sob meu comando”, garante. Ele não vê problema em readmitir funcionários que são alvo de investigação. “Enquanto não provarem as denúncias, não vejo problema. Mas é claro que não vou botar a mão no fogo. Não confio em ninguém”, emendou.
http://www.fab.mil.br/imprensa/enotimp/enotimp_capa.htm
Devassa nas contas da Infraero
Conselho Administrativo da estatal discutirá denúncias sobre irregularidades na empresa, como a falta de repasses para a Aeronáutica de recursos vindos de tarifas aeroportuárias, que chegam a R$ 582 milhões
Claudio Dantas Sequeira
Da equipe do Correio
As graves falhas no sistema de arrecadação da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), denunciadas ontem pelo Correio, soaram o alerta no Conselho de Administração da estatal. Os integrantes desse órgão colegiado — presidido pelo ministro da Defesa, Waldir Pires — querem conhecer a extensão do problema e decidiram incluí-lo na pauta de sua próxima reunião, marcada para a semana que vem. A falta de confiabilidade no sistema que registra a cobrança de tarifas aeroportuárias lançou suspeitas sobre os repasses feitos à Aeronáutica. E, agora, poriam em dúvida o balanço anual de 2006, divulgado pela empresa na última sexta-feira.
A Infraero informou que obteve no ano passado desempenho superior ao exercício de 2005. As receitas operacionais teriam crescido 16,4%, chegando a R$ 2 bilhões. Mas o lucro líquido foi menor em R$ 135,3 milhões, informou em nota. O Tribunal de Contas da União acredita que a Infraero tenha deixado de repassar à Aeronática R$ 582 milhões, relativos à arrecadação das taxas de embarque, pouso e auxílio a vôo dos últimos seis anos. A Força Aérea Brasileira estima que o valor seja ainda maior, mas o presidente da estatal não reconhece a dívida.
“Estamos convencidos de que a Aeronáutica não tem direito a coisa nenhuma daquele dinheiro. Proponho a fazer um acordo daqui para frente, mas pagar essa dívida nem pensar”, disse ao Correio o presidente da Infraero, José Carlos Pereira. Diplomático, ele considera “excelente” o debate do assunto no conselho. Mas para o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), trata-se de um “escândalo que não pode ser abafado.”
Desvio
“Me causou espécie essa denúncia, que lança um véu de suspeitas sobre as contas da Infraero”, disse o tucano. Virgílio defenderá hoje na reunião da bancada investigações independentes sobre as irregularidades da estatal e o apagão aéreo. O brigadeiro descarta problemas no balanço da empresa, mas admite que a fragilidade do sistema dá margens a desvios. “As falhas são graves porque permitem desvios. As pessoas acham que a informatização resolve tudo, mas depende do programador”, afirmou. Ele se referiu aos escândalos envolvendo a gestão do antecessor, o deputado Carlos Wilson (PT-PE).
Na época, a Superintendência de Tecnologia da Informação (TI) da Infraero estava nas mãos de José Francisco de Moraes Ferreira, que respondia ao diretor financeiro Adenhauer Figueira Nunes. Seguidas denúncias de irregularidades levaram o Conselho de Administração a afastar Adenhauer, José Francisco e Marcos Augusto de Abreu Rangel, então gerente de Suporte, Produção e Redes. Com orçamento pesado, a área de “tecnologia da informação” se tornou um dos grandes filões na Infraero.
Ontem a reportagem mostrou que a gestão de Carlos Wilson movimentou R$ 625 milhões em 1.078 contratos de serviços de informática e gastos com publicidade — estes representariam apenas 20% do total. Ao assumir a presidência da Infraero, José Carlos Pereira fez uma reviravolta na área. Demitiu quatro pessoas, colocou a Superintendência de TI subordinada diretamente a seu gabinete e readmitiu José Francisco e Marcos Augusto. “Eu blindei o setor de TI, agora está tudo sob meu comando”, garante. Ele não vê problema em readmitir funcionários que são alvo de investigação. “Enquanto não provarem as denúncias, não vejo problema. Mas é claro que não vou botar a mão no fogo. Não confio em ninguém”, emendou.
http://www.fab.mil.br/imprensa/enotimp/enotimp_capa.htm