Editorial
http://www.forcaaerea.com.br/atual.asp
“Qualquer um dos caças que vencer a concorrência F-X2, elevará a qualidade operacional da FAB...”
É verdade.
Mas não é o suficiente. Se fosse, não seria necessário haver concorrência.
O Programa F-X2 formará a espinha dorsal da Força Aérea Brasileira dos próximos 30 anos. É ele que escolherá a aeronave que garantirá a defesa do espaço aéreo brasileiro e que proverá todas as opções estratégicas do país em caso de emergência militar.
Ele é muito importante. Muito importante mesmo.
Na verdade, o F-X2 é tão importante, que sua escolha influenciará todo o futuro da Força Aérea, porque por enquanto as aeronaves de combate são a ponta de lança que determina a capacidade de vitória ou derrota não só da Força, mas do país todo. Na guerra de hoje, quem perde o céu perde a terra logo depois.
O avião de combate é tão importante, que na maioria dos casos sistemas inteiros são montados para apoiá-lo, a força em questão desenvolvendo inclusive uma filosofia operacional para maximizar suas qualidades como máquina de guerra.
Numa realidade assim, um caça precisa garantir que todo esse esforço montado para suportá-lo seja contemplado com uma atuação fluida, econômica e, acima de tudo, eficiente. Assim como o sistema precisa garantir que ele, a peça máxima, tenha toda a condição de operar, o caça tampouco pode deixar de se encaixar com perfeição nessa imensa engrenagem de guerra que é uma força aérea. Nenhuma força aérea vence uma guerra sem um excelente avião de caça, e nenhum avião de caça consegue ser eficiente sem que integre um sistema cuidadosamente montado.
E desse importante sistema fazem parte não somente as unidades operacionais e de apoio da própria força aérea que o opera, mas as indústrias que garantem a sua independência fazendo com que peças, componentes, sensores e armamentos estejam disponíveis na rampa, quando forem demandados. Ou que avanços tecnológicos, hoje cada vez mais frequentes, não estejam indisponíveis para aqueles vetores por mero desconhecimento.
Para que o sistema funcione, é preciso que o novo caça possua um preço acessível não somente no momento de sua aquisição, mas ao longo de toda a sua vida. Caso contrário, abafará o restante do sistema absorvendo como um monstro insaciável todos os recursos disponíveis num fenômeno que os norte-americanos descrevem como “...o rabo abanando o cachorro...”.
Para evitar escolhas desinformadas, baseadas em elementos que não fazem parte de seu sistema operacional, a FAB utiliza uma metodologia cujo objetivo é especificar como deve ser planejado, adquirido, mantido e encerrado o ciclo de vida de qualquer novo equipamento da força. Trata-se da Diretriz DMA 400-6, uma série de regras extremamente rígidas e complexas que orienta o planejamento e a execução de um processo que parte de um requisito operacional, passa pelo entendimento das opções existentes para supri-lo, segue para a análise desses equipamentos, desemboca na orientação das melhores soluções para o órgão decisor no governo federal, e em seguida pauta sua utilização e sua desativação ao término de seu ciclo de vida.
As recomendações resultantes do processo de escolha para o F-X2 estão prestes a serem enviadas pela FAB aos tomadores de decisão na área do Executivo e do Legislativo. Tendo vindo do competente comando exercido pelo Tenente-Brigadeiro Juniti Saito, temos a certeza de que se trata de uma recomendação calçada numa análise que levou em conta todos os fatores que pesam numa escolha como esta. Uma escolha que somente a Força Aérea tem a capacidade técnica de realizar. Torçamos então para que nossos governantes a acolham mostrando que, assim como nós, confiam a defesa do país aos homens que a executam. O futuro da defesa aérea do país depende desta decisão.