MITOS E VERDADES SOBRE O SU-35 SUPER FLANKER
Fornecimento de Material Aeronáutico da Rússia
AS CRÍTICAS
01 - Trata-se de material desconhecido. Como saber em que estamos nos envolvendo.
02 - O material é descartável. Não fazem nenhuma manutenção.
03 - A tecnologia é toda diferente. Os padrões também. Usam o sistema métrico o que não é de nossa cultura.
04 - Não têm literatura e o pouco que têm está toda em russo.
05 - Não teremos garantia do fornecimento de peças para reposição. O país é muito longe.Não tem capacidade de prestar apoio logístico.
06 - A Rússia está numa enorme instabilidade. Pode acabar.Poderá não estar em posição de fornecer assistência de qualquer tipo muito em breve.
07 - A aeronave é o de menos. A cauda logística é o perigo. Vamos ter que mudar toda nossa logística para nos adaptarmos à deles. E os equipamentos de solo e pista? Vamos ter que jogar fora os que temos?
08 - Não importa que a aeronave Sukhoi tenha inigualável capacidade aerodinâmica. Isso não conta mais. O que conta são os aviônicos, mesmo porque combate aéreo como antigamente não existe mais. De longe, “beyond visual range”, os mísseis são lançados e acabou-se o combate.
09 - E por falar em aviônicos os russos não os têm e os que possuem são anacrônicos e não se comparam aos ocidentais. Falta-lhes eletrônica avançada.
10 - Tudo no cockpit vai estar em russo. Como entender?11 - Os equipamentos são mal acabados. Falta-lhes refinamento de acabamento.
12 - E como se pode confiar nos russos? Veja o que aconteceu no Peru. Equipamento russo jogado abandonado por todo lado. Ninguém mais compra isso.
13 - É melhor continuarmos com os fornecedores que já conhecemos que partir para novos e desconhecidos. Há também uma questão de alinhamento.
OS FATOS
Todas essas críticas aproveitam-se do desconhecimento quase que generalizado do equipamento russo e na insegurança que nos causa o que não é de rotina. De fato e na realidade:
01 - Claro que é material desconhecido e sem tradição no país. A única maneira de ter tradição é iniciá-la. Também eram desconhecidos os Gloster Meteors, os Mirages, os F-5 enfim, todas as aeronaves que um dia foram compradas. Também não se sabia em que “estávamos nos metendo”, mas uma confiança estranhamente profunda bordejando fé, naqueles fornecedores estrangeiros levou à compra. Com isso eles dominaram o mercado e só eles passaram a vender e só deles era a perspectiva implantada.
02 - Isso é puro folclore. Como disse um técnico russo ao Cel. Sued (delegação chefiada pelo Brig. Veiga em visita à Rússia em 1995): ”claro que consertamos tudo. Só os árabes podem se dar ao luxo de não consertar nada, jogar fora e comprar tudo novo”. A delegação teve a oportunidade de verificar esse ponto em detalhe numa visita a um parque da Força Aérea Russa.
03 - A tecnologia só é diferente no que ela é mais avançada (especialmente aerodinâmica, materiais compostos, radar e controle). No mais os problemas são os mesmos que todo mundo enfrenta. Como poderia ser tão diferente? De fato usam o sistema métrico. Mas o Brasil também é um país que adotou o sistema métrico. A Europa é toda métrica e a Grã-Bretanha converte-se a passos largos. Os USA, por razões puramente econômicas retardam o passo. Nossa cultura não ser métrica, como afirmado, diz muito de nossa intensa dependência. Entretanto não há qualquer problema em todas as indicações dos instrumentos serem no sistema não métrico se assim for desejado. E, com todas as indicações em Português, ou, se mais conveniente, em inglês.
04 - Completamente falso. Há literatura abundante, ordens de serviço (atualizações) e em várias línguas pois o caça está sendo fornecido a muitos países. Inglês e espanhol, por exemplo, são amplamente usados na literatura do caça.
05 - Um país que mobilizava, armava e sustentava 17 outros países para confrontar os USA (Pacto de Varsóvia) dificilmente seria incapaz de fazer o mesmo, em tempo de paz ou de guerra muito limitada, a um único país como o Brasil. Quanto a ser longe, distância é qualificada pelo meio de transporte. Qualquer peça pode ser transportada de Moscou ao Rio em menos de 48 horas (há uma diferença de fuso de 7 horas). Afinal, não fazemos também negócios com o Japão? E Moscou fica a somente 3,5 horas de vôo de Frankfurt. É quase que o mesmo tempo de vôo do Rio a Manaus.
06 - A Rússia tem mais de 1000 anos. Moscou mais de 800. Nós temos pouco mais de 500. É uma potência. Outros países têm muito mais chances de entrarem em instabilidade e se destruírem que a Rússia. Há aqui a questão de visibilidade externa, como um país é visto pelos que estão do lado de fora . A imprensa condensa, concentra tudo em poucas páginas e a impressão que causa pode levar a imagens terríveis em nada correspondendo corretamente à realidade. Isso sabemos e sentimos no caso do Brasil.
07 - A cauda logística existe para toda e qualquer aeronave. Mas os problemas enfrentados por todas as Forças Aéreas são semelhantes. Porque a cauda logística seria tão diferente? Claro que o equipamento de pista e hangar hoje existentes seriam na maior parte aproveitáveis. Afinal os tratos que os aviões necessitam são basicamente os mesmos. Isso em particular foi verificado pela delegação chefiada pelo Brig. Veiga quando lá esteve.
08 - Isso não é opinião de piloto de caça... Se colocarmos indivíduos com essas idéias para pilotar os aviões perderemos todas as guerras. As ações e os combates aéreos são muito mais complexos do que um jogo de vídeo game. “Lançam-se os mísseis “beyond visual range” e acabou-se o combate”, revela muita ingenuidade e falta de experiência significativa.
09 - Bem, a Mir, primeiro e único “hotel no cosmos” certamente não foi feita com eletrônica elementar. Os atuais mísseis (ex. R-77E) não são gerados por eletrônica elementar. Nem os atuais radares que não encontram competidores. O que não há em abundância é a eletrônica comercial, radinhos e walkie-talks de tanta penetração junto à população. E a razão é simples: eles não têm aplicação para a guerra e aqui fala-se em equipamento bélico, não de entretenimento.
10 -
No cockpit tudo poderá estar em russo se assim for desejado. Ou em qualquer outra língua sem qualquer problema. Poderá ser em Português ou em Inglês se não se desejar mudanças no status quo.11 - Acabamento refinado pode não ser útil para combate. Pode também ser prejudicial se os custos forem elevados, constituindo-se em recursos desviados do objetivo principal que é ter uma arma eficaz. O acabamento russo é plenamente adequando para equipamento de emprego militar. Talvez para fins de entretenimento não seja realmente refinado o suficiente. A ênfase é em robustez e confiabilidade. Ser capaz de desferir e agüentar ataques. Esforço e dinheiro foram aplicados também em medidas protetoras ao combatente. O assento ejetor do Sukhoi por exemplo, já deu demonstrações públicas reais de sua eficácia.
12 - No Peru não aconteceu nada que pudesse desmerecer o equipamento russo fornecido. Deve-se ouvir os oficiais brasileiros que serviram lá e fizeram muito uso de helicópteros russos entre outros. Após a queda do presidente, Gen Meza, entrou um governo que não deu continuidade ao relacionamento com a Rússia e com isso a manutenção e fornecimento de sobressalentes ficaram extremamente prejudicados. Com os outros governos tudo voltou a normalidade e hoje o Peru tem enorme quantidade de material russo, em especial na sua Força Aérea. O Equador e vários países da América Central têm comprado quantidade significativa de equipamento militar russo. Há aviões leves Sukhoi voando na Argentina e também em aeroclubes do Brasil. Como se pode confiar nos russos? Da mesma maneira que nos outros países com que negociamos. Vale observar que os russos não tendo investimentos significativos no Brasil não tem capacidade de nos pressionar em comprar o que não nos serve.
13 - Os fornecedores que hoje temos foram um dia desconhecidos. Hoje os conhecemos até em demasia. Não é uma desvantagem ter um leque maior de escolha de fornecedores. Quanto a alinhamento a situação mundial de globalização e outras nuances, falam por si só. Alinhamento é uma expressão de outras épocas geopolíticas.
L.M.Vianna Camargo
Rosoboronexport
Agente Autorizado
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