Túlio escreveu:Curto e grosso: para quê um 155 AP na Cav Mec? Não vi nada na Doutrina - o Mestre Bacchi vai chiar - ...
Interessante. Hoje a discussão na artilharia é saber qual calibre seria o ideal para situar esta arma à altura dos desafios deste início de século. A coisa paira entre a permanência do uso do tradicional 105mm, como reza a atual doutrina, ou uma potencial evolução para o 155mm, que em geral no EB realiza o apoio a nível divisionário.
Neste meio tempo, configurou-se um embate entre a doutrina atual e o conflito gerado pelo aprendizado das inúmeras lições que os conflitos das duas últimas décadas tem trazido a instituição, onde aquele maior calibre vem sendo utilizado frequentemente a nível de bgda. A isto, pode ser somado o fato da adoção do nível Bgda como sendo o modelo organizacional operativo de referência como grande unidade só muito muito recentemente no EB.
Neste mesmo sentido, também, o advento das bgdas de infantaria mecanizada trouxe, ou está trazendo, uma nova complexidade a questão, visto o exército não dispor de doutrina a despeito da organização, uso e disposição desta nova formatação, estranha, e ao mesmo tempo tão inovadora, a sua atual estrutura organizacional. Complexidade que não se refere somente à infantaria da bgda, propriamente dita, mas e, consequentemente, as suas om de apoio também, como a artilharia.
Até onde pude verificar, parece existir uma tendência, a partir dos estudos doutrinários e de caso realizados por artilheiros nas escolas de estado maior do EB a que pude ter acesso a leitura, de se afirmar o calibre 155 como sendo o ideal para o apoio das novas formações de combate do EB, por suas qualidades, capacidades e flexibilidades que não cabem explicitação aqui.
Se assim for, caso o 155 venha a ser adotado como base para as bgdas de cavalaria e infantaria mec, urge saber anteriormente sobre quais bases e princípios, haja vista até o presente momento, não haver nada na doutrina do EB que disponha sobre o uso deste calibre neste nível de unde militar. Fato este que aliás, trará impressões sobre as demais OM's de artilharia, no caso do apoio as bgdas bldas e mesmo das undes de infantaria leve.
Assim, em avançando este conceito, antes de se pensar em adotar este ou aquele modelo de obuseiro que se pense ser o ideal, deverá haver a necessária e urgente evolução da doutrina de uso sobre a artilharia de campanha no nível bgda, a fim de vislumbrar-se todas as perspectivas e possibilidades que sua adoção poderá trazer, ou não, à tropa e sua disposição no TO. E esta, penso, será a parte mais difícil e complexa na definição dos novos padrões e modelos da artilharia de campanha do exército.
Em todo caso, acho que vale apenas repetir o que penso nesta questão, que a meu ver, partindo-se do princípio de que o EB indicou como valores de referência para a definição da capacidade das bgdas de infantaria mecanizada como sendo a mobilidade e pronto deslocamento, penso que a manutenção do calibre 105 seja o ideal para as mesmas, com a adoção sobre o chassis 8x8 do Gurani, por exemplo, da torre T-7 da Denel Land System, já mostrada aqui antes, por uma questão de coerência logistica e operacional. D'outra forma, como o Bacchi já argumentou anteriormente, há também a possibilidade da adoção de um obuseiro 155 montado sobre caminhão, que a depender do modelo a ser adquirido, poderá utilizar desde um caminhão nacional, até modelo importado, num conjunto já pronto. Esta última opção obrigatoriamente imporá ao modelo adotado a capacidade de transporte aéreo, via KC-390.
Visto tais implicações, resta-nos saber se haverá ou não possibilidade de adoção de uma mesma família de obuseiros 155 sob várias bases, para toda a artilharia, ou não. E em se adotando o 105 nas bgdas de inf. mec, o mesmo poderá ser feito na cav mec também, ou se esta precisa necessariamente incorporá um novo calibre. Enfim, existem mais perguntas do que respostas.
Bom, creio eu, que até chegarmos a uma que nos seja conveniente, ainda veremos muitos tiros de M-101/-109/114 serem dados no EB até lá.
Em todo caso, acho melhor esperar sentado então. Ou seria melhor aproveitar e continuar deitado em nosso berço esplêndido?
abs.