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Mensagem
por rodrigo » Seg Mar 19, 2012 7:08 pm
Amazônia: A Defesa com as armas que temos
Por Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Essa estória inacabada para boi dormir de comprar caças, construir de submarinos que só ficarão prontos até 2030 e adquirir helicópteros para o Exército, tudo com transferência “duvidosa” de tecnologia, já se transformou de há muito em ”discussão sobre o sexo dos anjos”, quiçá uma enfadonha “conversa de ébrios” sem objetivos definidos e nenhum resultado palpável. A nação não pode esperar mais. O que se pode fazer hoje, agora, com o menor custo para lutar, já que assinamos o atestado de incompetência para dispormos de um poder nuclear de caráter defensivo?
As idéias que serão expostas são fruto de meticuloso amadurecimento e já vêm sendo ventiladas, comentadas e discutidas por especialistas reconhecidos, com os quais não há como discordar. O cidadão brasileiro, entretanto, por diversas razões, ainda não se flagrou, o que é de se lamentar porque sem aviso, principalmente o natural da grande região norte, vai se ver mergulhado até o pescoço, junto com o Exército, no combate de resistência aos “soldados universais de uma coalizão internacional” quando menos esperar.
A Força Terrestre, particularmente, terá que negar-se ao enfrentamento em batalhas convencionais, elegendo a selva, os morros e as cidades como suas arenas preferidas. Deve ser priorizada, com a ênfase que se faz tiranicamente necessária, a dotação de suas unidades, de combate, apoio ao combate e logísticas, de mísseis para enfrentar o inimigo alado que, fatalmente, terá a primazia da superioridade aérea. Que se diga, quanto mais cedo melhor, deve se adestrar o cidadão civil do entorno dos aquartelamentos a manejar este tipo de armamento, fazendo-se a propaganda pela mídia deste procedimento para que os próximos oponentes passem a temer o que vão enfrentar.
O aprofundamento do domínio do emprego das minas e das armas acionadas à distância por controle remoto ou sensores deve ter o seu lugar, isto sem esquecer que a pesquisa detalhada sobre as formas de comunicação utilizadas pelos maquis/vietkongs/afegãos, para compensar a dificuldade de manutenção das ligações necessárias entre os escalões de comando da resistência, é fundamental.
Desde já, nos entornos das unidades de selva, o tempo perdido deve ser recuperado: programando o adestramento de pequenos efetivos de valor pelotão, que seriam o embrião das forças subterrâneas para reforço às ações do Exército, assim como de um grupo logístico, embrionário das forças de sustentação; iniciando agora o recrutamento do que chamaríamos de “Voluntários da Pátria”, de preferência nas faculdades e escolas de nível médio para estas frações; aproveitando o nível deste recrutamento para transformá-los em combatentes exímios nas técnicas de explosivos e destruições, minas e armadilhas e eliminação de militares inimigos, particularmente de oficiais e graduados.
Esses pelotões seriam recrutados para, por um dia na semana em unidade incumbida do adestramento, serem instruídos à noite. Seus relacionamento e licenciamento se fariam após a conclusão de período determinado. Assim, pela repetição do processo, se disporia de massa crítica capaz de, para missões especiais de maior envergadura, serem constituídas companhias/subunidades, se fosse o caso. Essas providências, de fácil implementação, poderiam ser postas em execução ostensivamente, em curto prazo, e exploradas amiúde pela mídia, aliada vital com que se contaria para efeito de ação psicológica dissuasória no exterior.
Aviões, helicópteros, lanchas superartilhadas, aquelas dos filmes do “Rambo”, serão utilizadas à larga ao longo das calhas dos rios pelo inimigo. Para abatê-los torna-se vital, para ontem, que a AViBRÁS assuma de pronto a fabricação dos mísseis pertinentes para se bater os diferentes alvos, inclusive no que se refere às minas e explosivos acionados por controle remoto. Atenção! Um fuzil novo com coronha rebatida para substituir o “velho modelo automático leve fabricado em 1965”! Cidadão, a 6ª potência econômica ainda usa mosquetões do século XX!?
Sem desprezar essas providências, todavia, uma reengenharia do tratado nuclear com a Argentina, evoluindo para um projeto defensivo estratégico binacional cairia como uma luva.
Paulo Ricardo da Rocha Paiva é Coronel de Infantaria e Estado-Maior na reserva. Originalmente publicado no “DIÁRIO DO AMAZONAS” em 14 de março de 2012
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa