Cuba
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Re: As três mentiras de Cuba
Nossa mídia fica em polvorosa! Basta dar uma sacaneada básica para que o discurso pronto vindo de Miami aparece igual em todos os panfletos, oops, jornais!
O discurso está certo, nossa princípio diplomático é claro, não intervenção nos assuntos internos de outros países. Não somos juízes de governo legitimamente constituídos, podemos não reconhecer países que tenham governos ilegítimos, que chegaram ao poder em conflito claro com suas próprias leis.
Sou a favor de interferir em Cuba, só também fizéssemos o mesmo com os EUA em Guantânamo.
[]´s
O discurso está certo, nossa princípio diplomático é claro, não intervenção nos assuntos internos de outros países. Não somos juízes de governo legitimamente constituídos, podemos não reconhecer países que tenham governos ilegítimos, que chegaram ao poder em conflito claro com suas próprias leis.
Sou a favor de interferir em Cuba, só também fizéssemos o mesmo com os EUA em Guantânamo.
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- marcelo l.
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Re: As três mentiras de Cuba
Concordo com a Oabilda...falou bobagem mesmo...ele mesmo sabe disso...rodrigo escreveu:Comparação de Lula sobre dissidentes cubanos é "despropósito", critica OAB
Brasília, 10/03/2010 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, classificou hoje (10) como "uma comparação despropositada" a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista, condenando a greve de fome por dissidentes cubanos e comparando-os a criminosos comuns. "A comparação é despropositada, pois tenta banalizar um recurso extremo que é, ao mesmo tempo, um símbolo de resistência a um regime autoritário que não admite contestações", afirmou Ophir, para quem o regime cubano é repudiado pela sociedade brasileira que, historicamente, fez sua opção pela democracia.
Sobre os presos brasileiros - citados por Lula na comparação com os presos políticos cubanos -, o presidente nacional da OAB disse que "mais razoável seria se o governo brasileiro se preocupasse com as péssimas condições carcerárias a que estão submetidos".
Na entrevista em que condenou o recurso usado por dissidentes cubanos contra o regime castrista, o presidente Lula, após afirmar que a greve de fome "não pode ser utilizada como um pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas", acrescentou: "Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade".
http://www.oab.org.br/noticia.asp?id=19237
Prick, mas o Brasil condenou guantanamo...qual é o problema de utilizar os mesmos termos...a Espanha investe forte em Cuba, apoia o regime e crítica o problema dos direitos humanos da Ilha.
Como já escrevi, se algumas pessoas desse governo não tivessem coragem de critica-lo, hoje talvez a aprovação do Lula fosse outra, o mesmo vale para qualquer país demonstrar erros não é pecado, o pecado é criticar aqui e não ali, principalmente.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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- Paisano
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Re: As três mentiras de Cuba
O caso Fidel*
Fonte: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... aso-fidel/
Fonte: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... aso-fidel/
A discussão política tornou-se tão previsível, enfadonha, tão repetitiva que às vezes cansa. É um jogo pequeno, miúdo, menor, de pegar cada frase, cada declaração, montar uma interpretação sobre o que fulano quis dizer e pautar a discussão pública com essa interpretação.
Às vezes me dou o direito de me poupar de alguns desses temas, tal a quantidade diária de pautas novas e irrelevantes levantadas pela velha mídia.
Mas não tem jeito. Um leitor, o Roberto, me cobrou insistente e educadamente posição sobre a tal declaração do Lula a respeito da greve de fome do preso cubano.
Então repito a resposta que lhe dei, um pouco mais elaborada do que a que enviei.
*Luis NassifPrezado Roberto,
Há uma tradição na diplomacia brasileira de não interferência nos assuntos internos de outro país. É tradição antiga.
Lula apenas expressou essa opinião, de um modo que abre margem a interpretações de quem não quer entender o contexto das declarações. Disse que a pessoa foi presa de acordo com as leis cubanas. E se cada greve de fome desse ao preso o direito de ser libertado, todos os bandidos brasileiros estariam soltos. Exagerou na imagem, possivelmente porque não existem presos políticos brasileiros.
O Brasil tem interesses maiores na Venezuela (país com quem o Brasil mantém o maior superávit comercial entre todos), em Cuba (poderá abrir um grande espaço para empresas brasileiras participarem da reconstrução econômica do país pós-Fidel). Manifestações oficiais sobre problemas de direitos humanos em outros países, além de inócuas, servem apenas para enfraquecer a posição nacional (de qualquer país) frente a outros rivais diplomáticos e comerciais.
Não é por outro motivo que jamais EUA ou outras potências condenaram posições políticas de países onde havia interesses estratégicos maiores.
O que não impede que a opinião pública proteste contra abusos. Mas a velha mídia, com sua ideia fixa, protesta contra o não protesto do governo brasileiro. Fidel é apenas álibi. A referência é sempre o governo, sempre o Estado, sempre o bolivarismo, o chavismo, o fidelismo, ectoplasmas que não tem a menor relevância para a vida política interna – mas têm para as estratégias externas do país.
Não externei minha posição por algumas razões. Há uma discussão relevante sobre as estratégias diplomáticas do país. Nem digo que a realpolitik tenha que ser o único mote da diplomacia. Mas a discussão tem que ser em torno dessa estratégia – para mostrar ou não sua eficácia, entendendo as suas razões. Então é algo que vai além do mero julgamento moral da posição brasileira.
Da maneira como a mídia pauta, tudo fica reduzido a um maniqueísmo, a uma forma de fazer oposição sem precisar avançar em discussões mais aprofundadas. E tudo com o objetivo de fazer oposição sem precisar apresentar ideias.
Quando o Merval cita Aristóteles e decreta que a imagem internacional do Lula acabou por conta desse episódio, eu que não tenho acesso a Obama, Sarkozy, Merkel e Brown como ele – para ter tanta certeza assim – poupo a minha insignificância para temas menos candentes.
- Bolovo
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Re: As três mentiras de Cuba
A diplomacia brasileira é boa, mas sofre um sério problema geográfico. Na mesma ilha utiliza duas versões. Critica Guantanamo na questão dos direito dos manos, mas diz nada sobre o mesmo assunto quanto o governo cubano. É sempre assim. Se for criticar, que se critique os dois, pelo menos é isso que eu faria.
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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- suntsé
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Re: As três mentiras de Cuba
Isto tem um nome: "2 PESOS e 2 MEDIDAS" essa diplomacia é especialista nisso.Bolovo escreveu:A diplomacia brasileira é boa, mas sofre um sério problema geográfico. Na mesma ilha utiliza duas versões. Critica Guantanamo na questão dos direito dos manos, mas diz nada sobre o mesmo assunto quanto o governo cubano. É sempre assim. Se for criticar, que se critique os dois, pelo menos é isso que eu faria.
Re: As três mentiras de Cuba
Esse apego patológico da esquerda brasileira ao regime cubano e suas barbaridades é questão a ser estudada pela psiquiatria. No dia que o mesmo cair, vai ter muita gente cometendo suicídio. Vai ser muito engraçado! É delicioso ver esse pessoal encalacrado entre defender os direitos humanos no Brasil e ao mesmo tempo baterem palmas para fuzilamentos na ilha dos Castro. Caso clássico de esquizofrenia.
- Sterrius
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Re: As três mentiras de Cuba
Esse apego patológico da esquerda brasileira ao regime cubano e suas barbaridades é questão a ser estudada pela psiquiatria.
Concordo. Alguns comentaram superam todos os limites do razoavel!
Re: As três mentiras de Cuba
É, quando foi isso? Quando os jornais deram os mesmos destaques? Todo mundo sabe que o regime cubano não é uma democracia, como existem tantos outros no mundo, só que alguns são sistematicamente noticiados, e outros são sistematicamente esquecidos. Por isso, o governo age compensando, sabendo que esses jornalecos não estão defendendo a democracia, nem a liberdade em Cuba, mas sim fazendo política partidária no Brasil. Eles estão pouco ligando para a democracia.marcelo l. escreveu:Concordo com a Oabilda...falou bobagem mesmo...ele mesmo sabe disso...rodrigo escreveu:Comparação de Lula sobre dissidentes cubanos é "despropósito", critica OAB
Brasília, 10/03/2010 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, classificou hoje (10) como "uma comparação despropositada" a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista, condenando a greve de fome por dissidentes cubanos e comparando-os a criminosos comuns. "A comparação é despropositada, pois tenta banalizar um recurso extremo que é, ao mesmo tempo, um símbolo de resistência a um regime autoritário que não admite contestações", afirmou Ophir, para quem o regime cubano é repudiado pela sociedade brasileira que, historicamente, fez sua opção pela democracia.
Sobre os presos brasileiros - citados por Lula na comparação com os presos políticos cubanos -, o presidente nacional da OAB disse que "mais razoável seria se o governo brasileiro se preocupasse com as péssimas condições carcerárias a que estão submetidos".
Na entrevista em que condenou o recurso usado por dissidentes cubanos contra o regime castrista, o presidente Lula, após afirmar que a greve de fome "não pode ser utilizada como um pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas", acrescentou: "Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade".
http://www.oab.org.br/noticia.asp?id=19237
Prick, mas o Brasil condenou guantanamo...qual é o problema de utilizar os mesmos termos...a Espanha investe forte em Cuba, apoia o regime e crítica o problema dos direitos humanos da Ilha.
Como já escrevi, se algumas pessoas desse governo não tivessem coragem de critica-lo, hoje talvez a aprovação do Lula fosse outra, o mesmo vale para qualquer país demonstrar erros não é pecado, o pecado é criticar aqui e não ali, principalmente.
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- Ilya Ehrenburg
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Re: As três mentiras de Cuba
Caro estudante Bolovo,Bolovo escreveu:A diplomacia brasileira é boa, mas sofre um sério problema geográfico. Na mesma ilha utiliza duas versões. Critica Guantanamo na questão dos direito dos manos, mas diz nada sobre o mesmo assunto quanto o governo cubano. É sempre assim. Se for criticar, que se critique os dois, pelo menos é isso que eu faria.
criticando a todos, creio, terás um bom futuro entre os asseclas do PSDB.
Pelo menos, em São Paulo, feudo político desta sigla infernal, terás caminhos livres, para ascensão!
Quando lá chegar, diga a Cristo que o inferno não é tão quente, por favor.
Não se tem razão quando se diz que o tempo cura tudo: de repente, as velhas dores tornam-se lancinantes e só morrem com o homem.
Ilya Ehrenburg
Uma pena incansável e combatente, contra as hordas imperialistas, sanguinárias e assassinas!
Ilya Ehrenburg
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- Bolovo
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Re: As três mentiras de Cuba
Meu caro amigo, em claro português: o que tem a ver o cu com as calças, por obséquio?Ilya Ehrenburg escreveu:Caro estudante Bolovo,Bolovo escreveu:A diplomacia brasileira é boa, mas sofre um sério problema geográfico. Na mesma ilha utiliza duas versões. Critica Guantanamo na questão dos direito dos manos, mas diz nada sobre o mesmo assunto quanto o governo cubano. É sempre assim. Se for criticar, que se critique os dois, pelo menos é isso que eu faria.
criticando a todos, creio, terás um bom futuro entre os asseclas do PSDB.
Pelo menos, em São Paulo, feudo político desta sigla infernal, terás caminhos livres, para ascensão!
Quando lá chegar, diga a Cristo que o inferno não é tão quente, por favor.
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Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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- Marino
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Re: As três mentiras de Cuba
Chocados, dissidentes veem presidente como cúmplice
Para eles, Lula vira as costas ao movimento pró-democracia
Ângela Góes, Christine Lages e Mariana Timóteo da Costa
Dissidentes do regime cubano ouvidos pelo GLOBO reagiram com espanto e revolta às declarações - segundo eles "lamentáveis" - dadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, defendendo o sistema judicial do país e comparando presos políticos a bandidos comuns. O porta-voz da Comissão de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), Elizardo Sanchez, está surpreso com "o grau de cumplicidade ao qual o presidente do Brasil chegou com o regime totalitário dos irmãos Castro", ao ponto de "faltar com o respeito e ofender o movimento de direitos humanos e pró-democracia de Cuba".
- Nenhum outro estadista da América Latina nem da Europa foi capaz de fazer declarações como essas. Logo Lula, um ex-líder operário, um ex-perseguido político, que visita constantemente nosso país: nunca disse uma palavra para perguntar por que os trabalhadores cubanos estão submetidos a um grau tão alto de exploração e por que os trabalhadores não têm direito de organizar sindicatos independentes - cobrou Sanchez.
Manuel Cuesta Morúa, da organização Arco Progressista, disse que declarações como as do presidente só deixam os dissidentes cubanos mais isolados. Segundo ele, como chefe de Estado, Lula cumpre o seu papel de manter boas relações com o governo de Cuba.
- Mas ele poderia ouvir os dois lados, para ter uma ideia melhor do que acontece aqui. Chamamos Lula para o diálogo, enviamos cartas para ele, e ele nos ignora. Acho isso uma atitude equivocada e que não condiz com seu papel de principal líder da América Latina. Um grande líder não vira as costas para violações aos direitos humanos como as que sofremos atualmente em Cuba - criticou.
Morúa lembra que, enquanto Lula diz que não pode contestar a Justiça de um outro país, já o fez recentemente em pelo menos duas situações: opondo-se à extradição de Cesare Battisti para a Itália e contrariando a Justiça hondurenha sobre o afastamento de Manuel Zelaya.
Os dois dissidentes relatam sensação de desamparo e citam como aliados políticos da União Europeia, o presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, que "fez uma declaração muito clara, colocando-se ao lado do povo cubano e pedindo a liberdade dos presos de consciência", como lembrou Elizardo Sanchez. Outros governantes da América Latina, como o presidente da Costa Rica, Óscar Arias, e do Peru, Alan García, além de muitas organizações internacionais, também defendem a causa, segundo eles.
Guillermo Fariñas está desidratado e com taquicardia
O jornalista e psicólogo cubano Guillermo Fariñas, que iniciou uma greve de fome no dia 24 de fevereiro para protestar contra a morte do também dissidente Orlando Zapata, não conseguiu, ontem, comentar as declarações de Lula.
- Guillermo está muito fraco para dar entrevistas. Depois de duas semanas sem se alimentar, está desidratado e com taquicardia - informou sua porta-voz, Liset Zamora. - Mas ele está a par das declarações. Lula é cúmplice do governo cubano. E, ironicamente, esta parceria teve início quando ele próprio era perseguido político da ditadura brasileira.
Segundo a porta-voz, as declarações, que para muitos foram espantosas, não surpreenderam Fariña.
- Ele é um presidente que responde aos interesses do governo cubano. Veio a Cuba firmar convênios enquanto Orlando Zapata morria. Ele estava reunido com Raúl Castro quando este se pronunciou a respeito, e o máximo que fez foi dizer que não sabia de nada. Lula mentiu. Sinto pelos brasileiros, mas Lula não é nada honesto.
Para eles, Lula vira as costas ao movimento pró-democracia
Ângela Góes, Christine Lages e Mariana Timóteo da Costa
Dissidentes do regime cubano ouvidos pelo GLOBO reagiram com espanto e revolta às declarações - segundo eles "lamentáveis" - dadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, defendendo o sistema judicial do país e comparando presos políticos a bandidos comuns. O porta-voz da Comissão de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), Elizardo Sanchez, está surpreso com "o grau de cumplicidade ao qual o presidente do Brasil chegou com o regime totalitário dos irmãos Castro", ao ponto de "faltar com o respeito e ofender o movimento de direitos humanos e pró-democracia de Cuba".
- Nenhum outro estadista da América Latina nem da Europa foi capaz de fazer declarações como essas. Logo Lula, um ex-líder operário, um ex-perseguido político, que visita constantemente nosso país: nunca disse uma palavra para perguntar por que os trabalhadores cubanos estão submetidos a um grau tão alto de exploração e por que os trabalhadores não têm direito de organizar sindicatos independentes - cobrou Sanchez.
Manuel Cuesta Morúa, da organização Arco Progressista, disse que declarações como as do presidente só deixam os dissidentes cubanos mais isolados. Segundo ele, como chefe de Estado, Lula cumpre o seu papel de manter boas relações com o governo de Cuba.
- Mas ele poderia ouvir os dois lados, para ter uma ideia melhor do que acontece aqui. Chamamos Lula para o diálogo, enviamos cartas para ele, e ele nos ignora. Acho isso uma atitude equivocada e que não condiz com seu papel de principal líder da América Latina. Um grande líder não vira as costas para violações aos direitos humanos como as que sofremos atualmente em Cuba - criticou.
Morúa lembra que, enquanto Lula diz que não pode contestar a Justiça de um outro país, já o fez recentemente em pelo menos duas situações: opondo-se à extradição de Cesare Battisti para a Itália e contrariando a Justiça hondurenha sobre o afastamento de Manuel Zelaya.
Os dois dissidentes relatam sensação de desamparo e citam como aliados políticos da União Europeia, o presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, que "fez uma declaração muito clara, colocando-se ao lado do povo cubano e pedindo a liberdade dos presos de consciência", como lembrou Elizardo Sanchez. Outros governantes da América Latina, como o presidente da Costa Rica, Óscar Arias, e do Peru, Alan García, além de muitas organizações internacionais, também defendem a causa, segundo eles.
Guillermo Fariñas está desidratado e com taquicardia
O jornalista e psicólogo cubano Guillermo Fariñas, que iniciou uma greve de fome no dia 24 de fevereiro para protestar contra a morte do também dissidente Orlando Zapata, não conseguiu, ontem, comentar as declarações de Lula.
- Guillermo está muito fraco para dar entrevistas. Depois de duas semanas sem se alimentar, está desidratado e com taquicardia - informou sua porta-voz, Liset Zamora. - Mas ele está a par das declarações. Lula é cúmplice do governo cubano. E, ironicamente, esta parceria teve início quando ele próprio era perseguido político da ditadura brasileira.
Segundo a porta-voz, as declarações, que para muitos foram espantosas, não surpreenderam Fariña.
- Ele é um presidente que responde aos interesses do governo cubano. Veio a Cuba firmar convênios enquanto Orlando Zapata morria. Ele estava reunido com Raúl Castro quando este se pronunciou a respeito, e o máximo que fez foi dizer que não sabia de nada. Lula mentiu. Sinto pelos brasileiros, mas Lula não é nada honesto.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: As três mentiras de Cuba
Lula se cala sobre Cuba e Amorim tenta justificar gafe de presidente
Chanceler diz que líder fez ''autocrítica'' sobre greve de fome e responsabiliza EUA por falta de democracia na ilha
Denise Chrispim Marin
Depois de dizer que não se sentiu "constrangido" com as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que anteontem comparou os dissidentes cubanos em greve de fome a "bandidos de São Paulo", o chanceler Celso Amorim responsabilizou ontem os EUA pelo regime ditatorial de Havana.
Para o ministro, o Brasil não pode "sair dando apoio a tudo quanto é dissidente no mundo. Isso não é (nosso) papel", afirmou. Lula - que ontem cumpriu compromissos em Cubatão e na capital de São Paulo - evitou falar sobre o tema.
As declarações do chanceler foram feitas depois de receber, em visita oficial ao Brasil, o ministro do Exterior da Alemanha, Guido Westerwelle. Quando indagado sobre a comparação de Lula, Amorim afirmou: "Eu não estou constrangido." E acrescentou: "Se alguém está interessado em uma evolução política em Cuba, eu tenho a receita rápida: acabe com o embargo. Isso vai trazer grandes mudanças em Cuba", disse o chanceler, referindo-se ao bloqueio econômico imposto pelos EUA desde 1962.
Na terça-feira, Lula afirmou que não poderia questionar as razões pelas quais o governo cubano havia prendido os opositores do regime, da mesma forma como não gostaria que Cuba questionasse as prisões no Brasil. O presidente qualificou a única forma de protesto não reprimido em Cuba, a greve de fome, de uma "insanidade". "Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrassem em greve de fome e pedissem libertação", disse.
"FALAR DISCRETAMENTE"
Amorim ainda tentou justificar as declarações de Lula como uma autocrítica do presidente - que fez uma greve de fome nos anos 80 - a essa forma de protesto. "(Ele) estava exprimindo apenas algo sobre a greve de fome", defendeu. Mas distinguiu ainda duas atitudes requeridas do governo brasileiro. "Uma coisa é defender a democracia, os direitos humanos, o direito de falar, como fazemos. Outra coisa é você sair dando apoio a tudo quanto é dissidente no mundo. Isso não é (nosso) papel."
A alternativa adotada pelo Brasil, segundo Amorim, é falar "discretamente" com o governo cubano sobre esses temas e evitar as condenações públicas, que "não têm efeito prático". Para ele, a mudança na orientação política de Havana será produto do desenvolvimento econômico e do bem-estar da população. A melhor contribuição do Brasil, disse, será o aumento do investimento e a realização de obras de infraestrutura. "Essas condições melhores para o povo cubano trarão, naturalmente, melhora nos aspectos políticos de Cuba."
EXPLICAÇÕES
Celso AmorimChanceler brasileiro
"O Brasil não pode sair dando apoio a tudo quanto é dissidente no mundo. Isso não é (nosso) papel"
"Se alguém está interessado em uma evolução política em Cuba, eu tenho a receita rápida: acabe com o embargo. Isso vai trazer grandes mudanças em Cuba"
"Essas condições melhores para o povo cubano trarão, naturalmente, melhora nos aspectos políticos de Cuba"
Chanceler diz que líder fez ''autocrítica'' sobre greve de fome e responsabiliza EUA por falta de democracia na ilha
Denise Chrispim Marin
Depois de dizer que não se sentiu "constrangido" com as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que anteontem comparou os dissidentes cubanos em greve de fome a "bandidos de São Paulo", o chanceler Celso Amorim responsabilizou ontem os EUA pelo regime ditatorial de Havana.
Para o ministro, o Brasil não pode "sair dando apoio a tudo quanto é dissidente no mundo. Isso não é (nosso) papel", afirmou. Lula - que ontem cumpriu compromissos em Cubatão e na capital de São Paulo - evitou falar sobre o tema.
As declarações do chanceler foram feitas depois de receber, em visita oficial ao Brasil, o ministro do Exterior da Alemanha, Guido Westerwelle. Quando indagado sobre a comparação de Lula, Amorim afirmou: "Eu não estou constrangido." E acrescentou: "Se alguém está interessado em uma evolução política em Cuba, eu tenho a receita rápida: acabe com o embargo. Isso vai trazer grandes mudanças em Cuba", disse o chanceler, referindo-se ao bloqueio econômico imposto pelos EUA desde 1962.
Na terça-feira, Lula afirmou que não poderia questionar as razões pelas quais o governo cubano havia prendido os opositores do regime, da mesma forma como não gostaria que Cuba questionasse as prisões no Brasil. O presidente qualificou a única forma de protesto não reprimido em Cuba, a greve de fome, de uma "insanidade". "Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrassem em greve de fome e pedissem libertação", disse.
"FALAR DISCRETAMENTE"
Amorim ainda tentou justificar as declarações de Lula como uma autocrítica do presidente - que fez uma greve de fome nos anos 80 - a essa forma de protesto. "(Ele) estava exprimindo apenas algo sobre a greve de fome", defendeu. Mas distinguiu ainda duas atitudes requeridas do governo brasileiro. "Uma coisa é defender a democracia, os direitos humanos, o direito de falar, como fazemos. Outra coisa é você sair dando apoio a tudo quanto é dissidente no mundo. Isso não é (nosso) papel."
A alternativa adotada pelo Brasil, segundo Amorim, é falar "discretamente" com o governo cubano sobre esses temas e evitar as condenações públicas, que "não têm efeito prático". Para ele, a mudança na orientação política de Havana será produto do desenvolvimento econômico e do bem-estar da população. A melhor contribuição do Brasil, disse, será o aumento do investimento e a realização de obras de infraestrutura. "Essas condições melhores para o povo cubano trarão, naturalmente, melhora nos aspectos políticos de Cuba."
EXPLICAÇÕES
Celso AmorimChanceler brasileiro
"O Brasil não pode sair dando apoio a tudo quanto é dissidente no mundo. Isso não é (nosso) papel"
"Se alguém está interessado em uma evolução política em Cuba, eu tenho a receita rápida: acabe com o embargo. Isso vai trazer grandes mudanças em Cuba"
"Essas condições melhores para o povo cubano trarão, naturalmente, melhora nos aspectos políticos de Cuba"
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: As três mentiras de Cuba
A ditadura justificada
O presidente Lula, que tanto admira o cubano Fidel Castro, devia saber que certa vez ele disse: "Os tiranos tremem na presença de homens capazes de morrer por seus ideais." Essas palavras datam de maio de 1981, quando o ativista irlandês Bobby Sands morreu depois de 66 dias de greve de fome em protesto contra as condições carcerárias a que eram submetidos os seus companheiros e pelo direito de ser considerado prisioneiro político. Hoje, quando a tirania castrista se vê confrontada pela morte do preso político Orlando Zapata Tamayo, depois de 85 dias de jejum, e pela greve similar, que já dura 16 dias, do dissidente Guillermo Fariñas, Lula descortina o lado mais tenebroso de sua personalidade política, ao condenar os "homens capazes de morrer por seus ideais" e, pior ainda, ao sair em defesa dos seus algozes.
A morte de Tamayo, em 23 de fevereiro passado, coincidiu com a presença do brasileiro em Cuba. Já então, instado pelos jornalistas que o acompanhavam a se manifestar sobre a tragédia, lamentou "que uma pessoa se deixe morrer por uma greve de fome", calando sobre as razões que a levaram a esse extremo. Um dos 75 condenados da infame leva de 2003, o pedreiro de 42 anos tinha sido adotado pela Anistia Internacional como "prisioneiro de consciência". À maneira de Bobby Sands, deixou de se alimentar para pressionar o governo a melhorar as condições dos mais de 200 presos políticos cubanos. De seu lado, o jornalista e psicólogo Fariñas, de 48 anos, que vive em Santa Clara, a 280 quilômetros de Havana, iniciou a sua greve pela causa de Tamayo e para pedir a libertação dos 26 daqueles detentos em pior estado de saúde.
Como se sabe, Lula recorreu à ferramenta política da fome quando, líder sindical, foi preso pela ditadura militar. Teoricamente, portanto, estaria à vontade para considerar o ato uma "insanidade", como disse anteontem numa entrevista à agência noticiosa americana Associated Press. Mas, salvo engano, nunca antes ele se pôs a verberar o autossacrifício praticado, entre tantos outros, por Nelson Mandela. Inspirado pelo exemplo de Sands, o líder sul-africano, então confinado na ilha onde o regime de supremacia branca mantinha os seus opositores, liderou uma greve de fome pelo direito dos presos de serem visitados por seus filhos menores. Depois de seis dias, a reivindicação foi atendida. Ainda que se tentasse fazer de conta que as atuais objeções de Lula a tal modalidade de protesto não têm relação com os casos cubanos, ele próprio tomou a iniciativa de desmanchar essa interpretação ingênua.
Na citada entrevista, reiterou que "a greve de fome não pode ser utilizada como pretexto de direitos humanos (sic) para libertar as pessoas". E, com palavras das quais jamais se libertará, sugeriu: "Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade." Para ele, "temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos de deter as pessoas em função da legislação de Cuba" que autoriza a prisão de pessoas tidas como suspeitas de vir a cometer o que o regime considera crimes. Disse mais Lula: "Gostaria que não ocorressem (as detenções), mas não posso questionar as razões pelas quais Cuba os deteve, como tampouco quero que Cuba questione as razões pelas quais há pessoas presas no Brasil" nenhuma delas, como bem sabe, por motivos políticos. Ou seja, leis repressivas não devem ser contestadas, nem quando baixadas por governos ditatoriais ou autoritários.
Na filosofia lulista do direito, a Lei de Segurança Nacional brasileira que condenou a militante Dilma Rousseff a 6 anos de prisão (das quais cumpriu três) ou a legislação do apartheid que aprisionou Nelson Mandela por 27 anos, por exemplo, não são menos legítimas do que as provisões das democracias. Se violam os direitos humanos, não há nada que líderes de outros países possam fazer, salvo afirmar que gostariam que isso não ocorresse. Eis por que o Brasil de Lula se distingue no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas pela leniência com as denúncias das práticas brutais de governos como os de Cuba e do Irã, enquanto reluta em reconhecer o novo governo hondurenho escolhido em eleições livres. Outros países também adotam esse duplo padrão, mas os seus dirigentes ao menos se guardam de escarnecer das vítimas das ditaduras.
O presidente Lula, que tanto admira o cubano Fidel Castro, devia saber que certa vez ele disse: "Os tiranos tremem na presença de homens capazes de morrer por seus ideais." Essas palavras datam de maio de 1981, quando o ativista irlandês Bobby Sands morreu depois de 66 dias de greve de fome em protesto contra as condições carcerárias a que eram submetidos os seus companheiros e pelo direito de ser considerado prisioneiro político. Hoje, quando a tirania castrista se vê confrontada pela morte do preso político Orlando Zapata Tamayo, depois de 85 dias de jejum, e pela greve similar, que já dura 16 dias, do dissidente Guillermo Fariñas, Lula descortina o lado mais tenebroso de sua personalidade política, ao condenar os "homens capazes de morrer por seus ideais" e, pior ainda, ao sair em defesa dos seus algozes.
A morte de Tamayo, em 23 de fevereiro passado, coincidiu com a presença do brasileiro em Cuba. Já então, instado pelos jornalistas que o acompanhavam a se manifestar sobre a tragédia, lamentou "que uma pessoa se deixe morrer por uma greve de fome", calando sobre as razões que a levaram a esse extremo. Um dos 75 condenados da infame leva de 2003, o pedreiro de 42 anos tinha sido adotado pela Anistia Internacional como "prisioneiro de consciência". À maneira de Bobby Sands, deixou de se alimentar para pressionar o governo a melhorar as condições dos mais de 200 presos políticos cubanos. De seu lado, o jornalista e psicólogo Fariñas, de 48 anos, que vive em Santa Clara, a 280 quilômetros de Havana, iniciou a sua greve pela causa de Tamayo e para pedir a libertação dos 26 daqueles detentos em pior estado de saúde.
Como se sabe, Lula recorreu à ferramenta política da fome quando, líder sindical, foi preso pela ditadura militar. Teoricamente, portanto, estaria à vontade para considerar o ato uma "insanidade", como disse anteontem numa entrevista à agência noticiosa americana Associated Press. Mas, salvo engano, nunca antes ele se pôs a verberar o autossacrifício praticado, entre tantos outros, por Nelson Mandela. Inspirado pelo exemplo de Sands, o líder sul-africano, então confinado na ilha onde o regime de supremacia branca mantinha os seus opositores, liderou uma greve de fome pelo direito dos presos de serem visitados por seus filhos menores. Depois de seis dias, a reivindicação foi atendida. Ainda que se tentasse fazer de conta que as atuais objeções de Lula a tal modalidade de protesto não têm relação com os casos cubanos, ele próprio tomou a iniciativa de desmanchar essa interpretação ingênua.
Na citada entrevista, reiterou que "a greve de fome não pode ser utilizada como pretexto de direitos humanos (sic) para libertar as pessoas". E, com palavras das quais jamais se libertará, sugeriu: "Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade." Para ele, "temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos de deter as pessoas em função da legislação de Cuba" que autoriza a prisão de pessoas tidas como suspeitas de vir a cometer o que o regime considera crimes. Disse mais Lula: "Gostaria que não ocorressem (as detenções), mas não posso questionar as razões pelas quais Cuba os deteve, como tampouco quero que Cuba questione as razões pelas quais há pessoas presas no Brasil" nenhuma delas, como bem sabe, por motivos políticos. Ou seja, leis repressivas não devem ser contestadas, nem quando baixadas por governos ditatoriais ou autoritários.
Na filosofia lulista do direito, a Lei de Segurança Nacional brasileira que condenou a militante Dilma Rousseff a 6 anos de prisão (das quais cumpriu três) ou a legislação do apartheid que aprisionou Nelson Mandela por 27 anos, por exemplo, não são menos legítimas do que as provisões das democracias. Se violam os direitos humanos, não há nada que líderes de outros países possam fazer, salvo afirmar que gostariam que isso não ocorresse. Eis por que o Brasil de Lula se distingue no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas pela leniência com as denúncias das práticas brutais de governos como os de Cuba e do Irã, enquanto reluta em reconhecer o novo governo hondurenho escolhido em eleições livres. Outros países também adotam esse duplo padrão, mas os seus dirigentes ao menos se guardam de escarnecer das vítimas das ditaduras.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: As três mentiras de Cuba
Passou do limite
Ao defender mais uma vez a ditadura cubana, e equiparar presos políticos a comuns, Lula escar
nece dos valores democráticos
Não parece demais, em nome do registro histórico, reproduzir mais uma vez as palavras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista à Associated Press: "Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos de deter as pessoas em função da legislação de Cuba. A greve de fome não pode ser utilizada como pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade".
A declaração é escandalosa -mesmo para os padrões de Lula, que habituou os brasileiros a seus disparates. Lembre-se, por exemplo, quando disse, ainda em 2003: "Quem chega a Windhoek [capital da Namíbia], não parece que está num país africano. Poucas cidades do mundo são tão limpas e bonitas arquitetonicamente quanto esta".
Desta vez, porém, a manifestação não se reveste de nenhuma graça, tosca que seja. E não pode ser atribuída a mais um entre tantos deslizes de quem abusa dos improvisos, não esconde o orgulho por falar errado e se diverte com as gafes que comete. Não. Lula, este personagem satisfeito com as suas próprias precariedades, desta vez passou dos limites na agressão aos valores democráticos.
Vejamos mais de perto a escalada de impropriedades: Lula endossa uma ditadura que reprime a divergência de opinião. Prega "respeito" pela legislação cubana, que autoriza a prisão de pessoas cujo crime é dar sinais de "conduta manifestamente em contradição com as normas da moralidade socialista".
A seguir, avança outra casa ao qualificar os direitos humanos de "pretexto" dos presos políticos que fazem greve de fome. Pretexto? Em 2003, o governo cubano fuzilou três dissidentes que tentaram fugir do país. Outros 75 opositores foram presos, entre os quais Orlando Zapata. Condenado inicialmente a três, ele teve sua pena ampliada para mais de 25 anos de prisão. Morreu após uma greve de fome, no dia em que Lula chegou à ilha, semanas atrás, para visitar Fidel Castro pela quarta vez.
Surpreendido por jornalistas, primeiro alegou desconhecer o apelo que entidades defensoras dos direitos humanos haviam feito para que intercedesse por Zapata. Limitou-se, a seguir, a lamentar que "um preso se deixe morrer por greve de fome".
Como disse ontem à Folha o jornalista e dissidente cubano Guillermo Fariñas, também em greve de fome: "Lula demonstra seu comprometimento com a ditadura dos Castro e seu desprezo com os presos políticos".
Nada supera, porém, o escárnio da conclusão presidencial: os presos políticos da ditadura cubana são equiparáveis aos presos comuns de um país democrático, no caso o Brasil. "Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade."
Imaginemos, nós, com mais razão, que tal aberração a serviço da defesa de um regime homicida não seja apenas um tropeço, mas, antes, a revelação do real apreço de Lula pela democracia.
Ao defender mais uma vez a ditadura cubana, e equiparar presos políticos a comuns, Lula escar
nece dos valores democráticos
Não parece demais, em nome do registro histórico, reproduzir mais uma vez as palavras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista à Associated Press: "Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos de deter as pessoas em função da legislação de Cuba. A greve de fome não pode ser utilizada como pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade".
A declaração é escandalosa -mesmo para os padrões de Lula, que habituou os brasileiros a seus disparates. Lembre-se, por exemplo, quando disse, ainda em 2003: "Quem chega a Windhoek [capital da Namíbia], não parece que está num país africano. Poucas cidades do mundo são tão limpas e bonitas arquitetonicamente quanto esta".
Desta vez, porém, a manifestação não se reveste de nenhuma graça, tosca que seja. E não pode ser atribuída a mais um entre tantos deslizes de quem abusa dos improvisos, não esconde o orgulho por falar errado e se diverte com as gafes que comete. Não. Lula, este personagem satisfeito com as suas próprias precariedades, desta vez passou dos limites na agressão aos valores democráticos.
Vejamos mais de perto a escalada de impropriedades: Lula endossa uma ditadura que reprime a divergência de opinião. Prega "respeito" pela legislação cubana, que autoriza a prisão de pessoas cujo crime é dar sinais de "conduta manifestamente em contradição com as normas da moralidade socialista".
A seguir, avança outra casa ao qualificar os direitos humanos de "pretexto" dos presos políticos que fazem greve de fome. Pretexto? Em 2003, o governo cubano fuzilou três dissidentes que tentaram fugir do país. Outros 75 opositores foram presos, entre os quais Orlando Zapata. Condenado inicialmente a três, ele teve sua pena ampliada para mais de 25 anos de prisão. Morreu após uma greve de fome, no dia em que Lula chegou à ilha, semanas atrás, para visitar Fidel Castro pela quarta vez.
Surpreendido por jornalistas, primeiro alegou desconhecer o apelo que entidades defensoras dos direitos humanos haviam feito para que intercedesse por Zapata. Limitou-se, a seguir, a lamentar que "um preso se deixe morrer por greve de fome".
Como disse ontem à Folha o jornalista e dissidente cubano Guillermo Fariñas, também em greve de fome: "Lula demonstra seu comprometimento com a ditadura dos Castro e seu desprezo com os presos políticos".
Nada supera, porém, o escárnio da conclusão presidencial: os presos políticos da ditadura cubana são equiparáveis aos presos comuns de um país democrático, no caso o Brasil. "Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade."
Imaginemos, nós, com mais razão, que tal aberração a serviço da defesa de um regime homicida não seja apenas um tropeço, mas, antes, a revelação do real apreço de Lula pela democracia.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: As três mentiras de Cuba
Palavras ao Lula
JOSÉ CARLOS DIAS
Presidente Lula, ex-preso político, como é possível submeter a filtro ideológico a questão do direito de oposição, de contestação?
Pela primeira vez escrevo algumas palavras que eu gostaria que fossem lidas pelo Lula presidente -Lula que conheci quando ele veio ao meu escritório, na década de 1970, para que eu defendesse seu irmão, meu amigo até hoje, conhecido como Frei Chico, então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, que estava preso.
Após esse episódio, encontramo-nos muitas vezes naquela época em que ele era o grande líder sindical dos metalúrgicos, e eu, advogado de muitos perseguidos políticos e presidente da Comissão Justiça e Paz de São Paulo.
Lembro-me especialmente de uma madrugada na sua casa, e isso ocorreu durante a greve dos metalúrgicos de São Bernardo, em 1980. Lá estava Frei Betto, e a casa tinha sido rodeada por policiais à paisana que esperavam para prendê-lo, o que viria a ocorrer ao amanhecer. Logo depois, também Dalmo Dallari foi preso em sua casa.
Ao sair de casa em direção ao escritório, onde pretendia preparar um habeas corpus para ambos, eu também vim a ser preso, na praça Panamericana, de forma espalhafatosa.
Ficamos no Dops com cerca de 20 prisioneiros. Dalmo, Lula e eu ficamos isolados numa sala. Algumas horas depois, após interrogatório, Dalmo e eu fomos libertados. Lula permaneceu preso por muitos dias mais.
Essas cenas afloraram à memória e lembro que a sua história merece respeito e reverência, mesmo por parte dos que se opõem ao seu governo e às suas posições de hoje.
E por isso mesmo me espanta a notícia de que Lula se solidariza com o governo cubano, não somente naquilo que historicamente representa de importante e positivo mas também naquilo que tem de abjeto, que é o desrespeito aos direitos humanos daqueles que se opõem ao regime.
O nosso presidente chegou ao desplante de comparar os presos políticos de Cuba aos criminosos comuns. Condenou Lula a greve de fome ali utilizada, instrumento também adotado por tantos brasileiros que se opuseram à ditadura.
Frei Betto, nosso querido Frei Betto, um dos que heroicamente optaram por se expor à morte, descreve o que foi a greve de fome na penitenciária de Presidente Venceslau (SP).
E, por falar em Frei Betto, lembro-me de frei Tito, morto pela memória da tortura, de frei Giorgio Callegari e de todos aqueles mortos na cadeira do dragão, como Vladimir Herzog e Manuel Fiel Filho.
A indignação contra a violência, que levou tantos heróis à morte ou que os expôs à morte, é a mesma que deve estar presente quando os mesmos métodos são adotados por fundamentação ideológica diversa.
Acompanhei, com visitas diárias, vários clientes que sentiram que a greve de fome era o último recurso para que fossem respeitados os direitos mínimos que lhes eram sistematicamente negados. Acaso poderiam ser rotulados de criminosos comuns também nossos heróis?
Então, presidente Lula, ex-preso político, como é possível submeter a um filtro ideológico a questão do direito de oposição, de contestação?
Por que não usou o presidente Lula, pelo respeito à sua história, a força de seu prestígio e de seu carisma para influenciar os irmãos Castro a dar um basta à tortura e às violências contra os opositores do regime?
Se queremos apresentar ao mundo o rosto de um país que preserva a democracia, não podemos ser tolerantes nem lenientes com a violação de direitos humanos, trocando afagos com os dirigentes de um país que adota a tortura ao mesmo tempo em que é enterrado um opositor do regime, morto de inanição como derradeira forma de protesto.
Tive que escrever estas poucas linhas para sentir-me coerente com o compromisso de respeito aos direitos humanos que devem ser preservados -qualquer que seja a ideologia do preso e do detentor do poder.
Os tempos mudaram. Um operário corajoso de ontem representa esta República, uma conquista pelo voto democrático. Mas o coração que batia em seu peito de metalúrgico deve continuar a bater no mesmo ritmo no peito do presidente.
A coerência impõe o dever de expressar com mesmo ímpeto a indignação contra a violência quando ela é praticada contra qualquer preso, seja comum, seja político, seja qual for a vertente política do ordenante e do carrasco.
JOSÉ CARLOS DIAS , 70, advogado criminal, foi secretário da Justiça do Estado de São Paulo (governo Montoro) e ministro da Justiça (governo FHC).
JOSÉ CARLOS DIAS
Presidente Lula, ex-preso político, como é possível submeter a filtro ideológico a questão do direito de oposição, de contestação?
Pela primeira vez escrevo algumas palavras que eu gostaria que fossem lidas pelo Lula presidente -Lula que conheci quando ele veio ao meu escritório, na década de 1970, para que eu defendesse seu irmão, meu amigo até hoje, conhecido como Frei Chico, então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, que estava preso.
Após esse episódio, encontramo-nos muitas vezes naquela época em que ele era o grande líder sindical dos metalúrgicos, e eu, advogado de muitos perseguidos políticos e presidente da Comissão Justiça e Paz de São Paulo.
Lembro-me especialmente de uma madrugada na sua casa, e isso ocorreu durante a greve dos metalúrgicos de São Bernardo, em 1980. Lá estava Frei Betto, e a casa tinha sido rodeada por policiais à paisana que esperavam para prendê-lo, o que viria a ocorrer ao amanhecer. Logo depois, também Dalmo Dallari foi preso em sua casa.
Ao sair de casa em direção ao escritório, onde pretendia preparar um habeas corpus para ambos, eu também vim a ser preso, na praça Panamericana, de forma espalhafatosa.
Ficamos no Dops com cerca de 20 prisioneiros. Dalmo, Lula e eu ficamos isolados numa sala. Algumas horas depois, após interrogatório, Dalmo e eu fomos libertados. Lula permaneceu preso por muitos dias mais.
Essas cenas afloraram à memória e lembro que a sua história merece respeito e reverência, mesmo por parte dos que se opõem ao seu governo e às suas posições de hoje.
E por isso mesmo me espanta a notícia de que Lula se solidariza com o governo cubano, não somente naquilo que historicamente representa de importante e positivo mas também naquilo que tem de abjeto, que é o desrespeito aos direitos humanos daqueles que se opõem ao regime.
O nosso presidente chegou ao desplante de comparar os presos políticos de Cuba aos criminosos comuns. Condenou Lula a greve de fome ali utilizada, instrumento também adotado por tantos brasileiros que se opuseram à ditadura.
Frei Betto, nosso querido Frei Betto, um dos que heroicamente optaram por se expor à morte, descreve o que foi a greve de fome na penitenciária de Presidente Venceslau (SP).
E, por falar em Frei Betto, lembro-me de frei Tito, morto pela memória da tortura, de frei Giorgio Callegari e de todos aqueles mortos na cadeira do dragão, como Vladimir Herzog e Manuel Fiel Filho.
A indignação contra a violência, que levou tantos heróis à morte ou que os expôs à morte, é a mesma que deve estar presente quando os mesmos métodos são adotados por fundamentação ideológica diversa.
Acompanhei, com visitas diárias, vários clientes que sentiram que a greve de fome era o último recurso para que fossem respeitados os direitos mínimos que lhes eram sistematicamente negados. Acaso poderiam ser rotulados de criminosos comuns também nossos heróis?
Então, presidente Lula, ex-preso político, como é possível submeter a um filtro ideológico a questão do direito de oposição, de contestação?
Por que não usou o presidente Lula, pelo respeito à sua história, a força de seu prestígio e de seu carisma para influenciar os irmãos Castro a dar um basta à tortura e às violências contra os opositores do regime?
Se queremos apresentar ao mundo o rosto de um país que preserva a democracia, não podemos ser tolerantes nem lenientes com a violação de direitos humanos, trocando afagos com os dirigentes de um país que adota a tortura ao mesmo tempo em que é enterrado um opositor do regime, morto de inanição como derradeira forma de protesto.
Tive que escrever estas poucas linhas para sentir-me coerente com o compromisso de respeito aos direitos humanos que devem ser preservados -qualquer que seja a ideologia do preso e do detentor do poder.
Os tempos mudaram. Um operário corajoso de ontem representa esta República, uma conquista pelo voto democrático. Mas o coração que batia em seu peito de metalúrgico deve continuar a bater no mesmo ritmo no peito do presidente.
A coerência impõe o dever de expressar com mesmo ímpeto a indignação contra a violência quando ela é praticada contra qualquer preso, seja comum, seja político, seja qual for a vertente política do ordenante e do carrasco.
JOSÉ CARLOS DIAS , 70, advogado criminal, foi secretário da Justiça do Estado de São Paulo (governo Montoro) e ministro da Justiça (governo FHC).
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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