Dall escreveu:Dizem os “entendidos” que o MIG-29 foi o vencedor do FX, segundo a óptica de que todos os caças que enviaram proposta nas duas fases da disputa, o MIG-29 foi o que não gastou nada em marketing, logo foi o que não deu prejuízo a seu fabricante.
Existem varias formas de se olhar o MIG-29. Eu acho que sua célula é fantástica, um avião cujo projeto original não contemplava estabilidade artificial e que em desempenho cinético era igual ou superior ao F-16, este sim FBW.
A “mágica” do MIG-29 acaba quando analisamos sua manutenção, não que ela não seja boa, mas quando ele foi projetado estava dentro do contexto soviético, isto é, seus processos de fabricação eram simplificados seus componentes tinham vida útil reduzida.
Baixo custo de aquisição, baixo custo de operação, facilidade de manutenção e visão quantitativa.
Porem existia uma enorme estrutura industrial e logística que permitia a reposição manter os caças disponíveis para vôo com eficiência e confiabilidade.
O MIG-29 porem acabou operando “fora do esquema”, poucos anos depois do seu IOC, como sabem a URSS acabou, sua estrutura de apoio precisou ser revista e sua função no mercado externo de caças era servir de avião “Mach-2” de forças aéreas digamos “suspeitas”, países como Eritréia, Cuba, Peru, Coréia do Norte, Argélia, Sérvia, Iraque, Sudão, Siria, Iemen, Mongólia, não são exemplos de forças aéreas cuja doutrina de manutenção e segurança de vôo parecem ser paradigmas para alguém.
Outro “azar” do MIG-29 foi que após o fim da URSS a Rússia passou a priorizar a família Su-27 no desenvolvimento deste para os mercados internos e externos, o MIG-29 não recebeu investimos em melhorias como F-16 e Mirage-2000, seus equivalentes ocidentais receberam.
O MIG-35 no papel é um caça ótimo, acredita-se que ele passou pelo mesmo processo de amadurecimento da família Su-27 cuja estrutura de manutenção se não é exatamente ao gosto ocidental, ao menos não é no modelo clássico da URSS, seus componentes principais foram redesenhados, seus sistemas de bordo são estado da arte e sua arquitetura aberta, se cumprir o que promete é uma ótima aeronave para quem já opera sistemas russos e portando não precisa investir em uma calda logística totalmente nova.
Este avião tem um ponto fraco porem. Parece ter chegado tarde ao mercado, quando seu fabricante enfrenta uma situação econômica conturbada e pouca coisa de confiável sabe-se sobre seus planos futuros.
Nas milhares de paginas escritas sobre caças no Brasil nos últimos 20 anos em revistas especializadas e fóruns de internet, nosso foco parece que se fechou demais em cima de trivialidades como modernização de F-5, caças franceses x suecos x americanos, este foco estreito não nos permite enxergar muito sobre aviação de caça que não seja esta questão FX, que vamos combinar, já se exauriu.
No mundo pelo menos 75 forças aéreas operam aviões de mach-2, somando Mig-21 e F-5, os “fuscas supersônicos” soviéticos e americanos temos pelo menos 90 países que operam (ou operaram caças supersônicos).
Destas forças aéreas pelo menos metade delas são países com economias pequenas e forças aéreas modestas e como hoje um pais que não tem condições para pagar por um caça novo de quarta geração tem mantido adquirido caças?
No cenário ocidental, nos últimos 15 anos, tivemos uma “sobra” de caças F-16, Mirage-2000, Gripen, Kfir, que permite comprar um caça usado e relativamente moderno a preços módicos, no cenário oriental existiam (e ainda existe) opções de compra na Rússia e em ex republicas soviéticas de caças Mig-29, Su-27, Su-25, Su-24 em condições parecidas.
E no futuro, qual vai ser o caça da força aérea da Coréia do Norte? Do equador? Do Iêmen? Da Bulgária? Da Tunísia? Da Síria? E de mais duas ou três dúzias de países que operam aviões supersônicos e que não irão comprar um caça estado da arte?
Esta é uma das visões por de trás do Mig-35. Há boas chances do projeto não vingar por questões financeiras e políticas, mas esta necessidade de algumas forças aéreas que não são por um eurocanard, Super Hornet, F-16 Block-60 ou Su-35 também pode vir a ser preenchida em parte por um outro competidor, a China.
Até o começo da década de 90 ninguém imaginava um avião chinês sendo exportado para algum pais umbilicalmente único ao governo de Pequin, hoje o JL-8 é o treinador de 13 forças aéreas, no futuro, talvez na próxima década tenhamos caças como o J-10 sendo o avião de “mach-2” de uma dúzia de forças aéreas de pequeno porte pelo mundo, mercado este que seria disputado pelo MIG-35, caso ele sobreviva.
O MiG-29 sempre foi barato por ser um caça LEVE e produzido aos MILHARES.
Da mesma forma o F-16 sempre foi barato.
A Rússia possui mão-de-obra mais barata que a Europa e os EUA.
Possuem empresas estatais que não visam lucro, pelo menos, não aquele lucro absurdo que inclui grana extra para campanha política.
O MiG-35 terá mercado porque a Rússia pretende adquiri-lo.
E já foi adquirido uma versão (que é da mesma família) o MiG-29K pela marinha da Índia.
Inclusive, já aumentaram a encomenda.
Um general russo já declarou que o MiG-35 é a resposta russa ao caça F-35 americano. E que visa derrotá-lo possuindo uma combinação de LO em vez de VLO, porém com ALTA capacidade de combate.
Os mesmos argumentos utilizados pelo pessoal da Eurofighter....