EXCLUSIVO: MB terá prioridade para até seis fragatas Type 23 a partir de 2023
Por Roberto Lopes. Este e um jornalista de fato bem informado!
Por enquanto, o que existe acerca da presença de fragatas britânicas classe Duke – Tipo 23 –, na Esquadra brasileira, a partir de meados da próxima década, são… dúvidas.
De concreto mesmo, apenas o compromisso da Marinha Real de conferir prioridade ao Brasil, no momento em que esses navios, de 133 m de comprimento e 4.900 toneladas de deslocamento, forem colocados em disponibilidade – o que está previsto para acontecer no período de 2023 a 2035.
Os chefes navais ingleses já informaram aos colegas brasileiros que todas as Tipo 23 serão oferecidas às marinhas amigas dentro de um mesmo padrão de modernidade operacional, mas é claro que, no espaço dos próximos cinco anos, essas embarcações – com mais de 30 anos no mar –, irão apresentar distintos níveis de desgaste.
Uma fonte da Marinha do Brasil (MB), que acompanha as negociações sobre as Tipo 23, fez ao Poder Naval, nesta sexta-feira (16.03), análise cautelosa da situação, sem um pingo de entusiasmo:
“Acho muito prematuro fazer qualquer avaliação destas fragatas em 2018”, começa dizendo. “Não sabemos como [elas] estarão em 5 anos, quando começarão a ser negociadas”. E conclui: “Acho que somente existiria alguma vantagem para a MB adquirir esses meios, se unidades já modernizadas estivessem disponíveis agora, e se houvesse recursos para obtenção por parte da MB”.
Na verdade, tal raciocínio abriga outras interrogações que não foram claramente explicitadas: nos próximos cinco anos haverá alguma boa oportunidade para a MB no rol das fragatas canadenses Tipo Halifax, que tão bem impressionam os oficiais da corporação?
Em 2023 ao menos dois navios dessa classe, de 134,1 m de comprimento, 4.770 toneladas de deslocamento (carregadas) e velocidade superior a 30 nós, terão completado 30 anos em operação. Serão eles disponibilizados para as nações bem relacionadas com o Canadá?
O Poder Naval apurou que, no caso específico das Halifax, a posição do Brasil é mais difícil.
O mais provável é que algumas delas (duas ou três) sejam transferidas à Armada do Chile, e isso tem um motivo. Nos últimos anos, os chefes navais chilenos têm cedido o navio Almirante Montt, de 42.000 toneladas, sua principal unidade de apoio logístico, às manobras da frota militar canadense – o que aproximou, consideravelmente, as duas marinhas.
Investimentos – A Armada chilena já opera três unidades Tipo 23, negociadas em 2005, e poderá, eventualmente, ficar com mais duas ou três.
Se essa escolha será feita antes ou depois da esperada encomenda da Marinha do Brasil, não se sabe ao certo.
Atualmente, a previsão é de que a MB possa, no futuro, ficar com um mínimo de quatro, e um máximo de seis fragatas da classe Duke.
O preço, ao que parece, não representará problema incontornável.
Em 2005, a Marinha chilena pagou cerca de 248,18 milhões de dólares por suas três fragatas classe “Duke”. Os navios foram entregues no biênio 2007-2008, e, dez anos depois, se mantém perfeitamente operacionais.
Na Esquadra brasileira, a questão é como manter a rotina de compromissos da Força de Superfície com ao menos três fragatas classe Niterói e duas Tipo 22 no fim de sua vida útil, além de um nível de exigência exageradamente alto para as três unidades da classe Amazonas e para a corveta Barroso (V34).
Nos últimos cinco anos, como forma de amenizar essas deficiências, as gestões Moura Neto e Leal Ferreira investiram (1) na preparação para a construção dos quatro navios classe Tamandaré (que eram tratados como corvetas mas agora já são considerados fragatas leves) e (2) na recuperação de duas corvetas classe Inhaúma (Jaceguai e Júlio de Noronha).
Mais recentemente, o almirante Eduardo Leal Ferreira autorizou a reabilitação da fragata Defensora (F41).
A questão é que os prazos para o atendimento dessas metas vêm, por diversos motivos, sendo frustrados.
Os problemas técnicos nas embarcações são importantes, as carências variadas, e há poucos recursos para todos os reparos e pequenas modernizações que elas reclamam (por exemplo, no campo de habitabilidade).
Fontes da Marinha mantém, contudo, a expectativa de que a corveta Jaceguai (V-31) seja devolvida ao setor operativo da Marinha ainda este ano, e que os outros dois navios voltem a operar regularmente no ano que vem (previsões que, é forçoso dizer, vem sendo renovadas desta forma desde o ano de 2015…)
Forças distritais – Outro problema importante que subsiste na Esquadra é o do compartilhamento, da maneira mais adequada possível, dos préstimos dos três navios-patrulha oceânicos classe Amazonas, entre os compromissos em mar alto (mais indicados para fragatas) e as missões típicas de embarcações das forças distritais.
Isso porque os quatro patrulheiros da classe Bracuí (antigos navios varredores britânicos classe River), de 720 toneladas (carregados), distribuídos no fim dos anos de 1990 aos Distritos Navais, foram construídos na metade inicial da década de 1980, e, agora, apresentam desgaste relevante em função do seu tempo de operação.
Nesse caso das tarefas demandadas às chamadas “forças distritais”, o sacrifício recai sobre os 12 navios-patrulha costeiros da classe Grajaú, produzidos entre 1994 e 2000 em quatro estaleiros do Brasil e da Alemanha, cujas 217 toneladas (a plena carga) impedem que sejam empregados muito longe da costa.
Tudo seria mais fácil se a Marinha brasileira ainda estivesse recebendo os 27 navios-patrulha de 500 toneladas cuja construção foi aprovada na gestão do almirante Moura Neto (2007-2015). Como se sabe, não foi isso que aconteceu.
Maracanã – Das 27 plataformas destinadas à vigilância das águas jurisdicionais brasileiras, apenas duas, da classe Macaé (Macaé e Macau), saíram do papel, nos anos de 2009 e 2010.
Uma terceira da mesma classe – de casco registrado com o nº 137 –, foi resgatada pela Marinha, em novembro do ano passado, de dentro do Estaleiro Ilha S.A. (EISA), que fechou as portas.
Dois outros cascos de navios Macaé, pertencentes às unidades Mangaratiba e Miramar, permanecem no EISA em estágios menos avançados de produção. O Comando da Marinha planeja que também eles sejam transferidos para o AMRJ, mas sua prontificação ainda não tem previsão.
O Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) recebeu o casco 137 a 27 de novembro de 2017.
A operação de translado durou cinco dias e teve início com o “Load Out” do casco, seguido de seu transporte, por via marítima, até o AMRJ – em uma sequência de procedimentos que transcorreram sem intercorrências importantes.
Caberá aos especialistas do Arsenal de Marinha a tarefa de terminar o navio – empreendimento que, de acordo com apuração feita pelo Poder Naval, só estará concluído no segundo semestre de 2019 – caso, é claro, haja verbas e disponibilidade de mão-de-obra qualificada para o serviço.
A docagem do casco 137 para a primeira grande avaliação do estágio (ou do estado) de construção do navio, aconteceu no Dique Almirante Régis, do AMRJ, com o objetivo de atestar suas condições de flutuação.
Mas antes mesmo de ir ao dique o Maracanã já havia sido inspecionado de forma a que pudessem ser tiradas conclusões sobre a estanqueidade do casco.
Foram realizadas inspeções de solda das uniões do chapeamento do casco, dos tanques, da proteção catódica (anti-corrosão) e da pintura. Nessa fase houve ainda a reinstalação das válvulas de costado e fundo, e o tamponamento de aberturas nas obras vivas.
A flutuação do Maracanã ocorreu com sucesso na manhã da terça-feira, 12 de dezembro.
Na manhã de 28 de fevereiro último, o diretor-geral do Material da Marinha (DGMM), almirante de esquadra Luiz Henrique Caroli, visitou as instalações do navio-patrulha, cujo casco está atracado no Cais Sul interno do AMRJ.
Na ocasião ele assistiu a palestras do diretor de Engenharia Naval, contra-almirante (EN) Ivan Taveira Martins, e do diretor do AMRJ, contra-almirante (EN) Liberal Enio Zanelatto, que apresentaram o histórico relativo ao casco e a situação atual do navio.
Escolhas – O Maracanã (futuro P72) terá 54,2 m de comprimento e deslocamento, a plena carga, de 500 toneladas. Como os seus predecessores já foram terminados há quase dez anos, o setor de Material da Marinha se vê obrigado a, praticamente, começar do zero a seleção dos sensores e sistemas de navegação e comunicações que irão a bordo.
De qualquer forma, os sistemas escolhidos para as duas primeiras Macaés – Sperry Marine Vision-Master, de navegação e de informação, além do radar de navegação Sperry Marine Vision Master FT-250 – serão considerados no novo processo eletivo.
O patrulheiro Maracanã deveria ter sido entregue ao Comando do 4º Distrito Naval, em Belém, há quase dois anos, mas ao menos o plano de remetê-lo à costa Norte do país está mantido.
Em julho de 2017, uma nota encaminhada pelo Centro de Comunicação Social da Marinha a este jornalista explicava: “A forte expectativa do crescimento das atividades de exploração/explotação de óleo e gás nas costas do Amapá e do Maranhão trará uma demanda maior para a realização de patrulha naval, com o emprego de NPa Classe “Macaé” e navios-patrulha oceânicos”.