Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Enviado: Ter Abr 05, 2016 3:57 am
por gingerfish
Fico preocupado, politicamente dizendo. O pessoal do Espiritismo que sabe da imortalidade da alma, da evolução do espírito, a gente aprende que a evolução é construída pelas nossas mãos. Nós evoluímos através de atos, de práticas, de pensamentos, de comportamentos.
Um perigo enorme é assumirmos uma posição comodista e entregamos a outras pessoas como se elas tivessem a responsabilidade de resolver todos os nossos problemas, inclusive os sociais.
A política é assim: eu voto, e ele que resolva os problemas.
Mas o pensamento ideal é: o que eu posso fazer pelo meu bairro, pela minha rua, pela minha cidade? Isso está dentro do conceito de cidadania. E, a partir desse conceito de cidadania, quem eu vou eleger para me representar? A pessoa tem uma proposta clara? Tem uma proposta séria? Quando a gente se insere na responsabilidade da construção de um "mundo melhor", começamos a adotar uma posição ativa, sem devaneios, sem exageros, sem excessos.
O mundo não vai ser mudado pelo seu partido, pelo seu ponto de vista. A história já provou que não, que nenhuma mudança vem de um grupo exclusivo. Todas as mudanças sustentáveis é coletiva, é plural. Tem que partir de um arranjo de várias perspectivas, de várias visões. O excesso de militância é prejudicial, porque nos deixa "cegos" para as virtudes de outros. Temos que dialogar.
O maior problema do Brasil hoje é pensar no bem coletivo. Os interesses de grupos isolados se sobrepõem ao interesse da nação.
A "pena" para a nossa indiferença é ter horríveis governantes.
Os escândalos são uma resposta para a nossa indiferença enquanto indivíduos, porque, se tivéssemos escolhido, se tivéssemos pressionado para reformas políticas, se tivéssmos exigido seriedade, não só na escolha, mas na condução dos cargos, isso não estaria acontecendo.
Nosso povo tem que ter bravura de ser um povo exigente, um povo que cobra, que usa os elementos para exigir. É uma força para a mudança. Assim, vamos forçar chegar ao poder pessoas sérias, bem como assumir cargos públicos pessoas sérias.
Sabe, acho que ninguém precisa se engajar, se filiar a um partido político para ser "cidadão ativo". Há os espaços de exercício da cidadania. Por exemplo, a hora de votar... eleição é um grande momento de cidadania. Num ano nós não temos um dia para dedicar a esse momento tão importante? Tem que pesquisar sobre o candidato, tem que pesquisar o partido do candidato. Procurar saber se ele já teve algum problema com a justiça, quem ele foi? Ele já teve alguma falha na gestão? Um dia em um ano, isso é um espaço importante de cidadania.
Mas há outros espaços, por exemplo, quando se discutem projetos de leis.
Jesus, por exemplo, fala a um político, o Pilatos, que exercia um cargo político a mando do imperador. Acho que três anos depois da morte de Cristo ele foi retirado do poder. E Jesus fala a ele: nenhum poder terias se de cima não te fosse dado. Mensagem divina para quem tem o "poder na mão". O poder é temporal, tem início, meio e fim. Seria interessante que, nessa época, os homens que detêm o poder de mando, de produzir leis, de comandar instituições, de comandar tribunais, de comandar países, pudessem ter todos na mente a recomendação de Jesus - nenhum poder terias se não tivesses sido concedido do Alto. É Deus que nos concede a parcela de poder para que possamos produzir dentro do nosso campo de atuação o melhor que podemos fazer em prol de todos, e não em prol de nós mesmos. Se o poder está aí, do ponto de vista espiritual, é para que façamos o melhor, extendendo o Reino de Deus à Terra.
Revendo a história, eu acho que nós temos muito mais experiência no Absolutismo, na imposição, no massacre, na porrada, do que na democracia. A democracia ainda é uma experiência, embora apaixonante, pelo menos por alguns, mas ela é uma experiência historicamente recente. Se for comparada à história em curso, o que foi a Revolução Francesa? O que foi a Revolução Americana? O que são 200 aninhos para uma história milenar. A infância democrática não é só no Brasil. Ainda está em treinamento, a democracia não se implantou de forma verdadeira. A gente vê isso na relação entre os países onde não existe democracia. A democracia vai ser uma resposta... ela ainda está em curso. Mas ela precisa ser apriomorada. Precisamos até mesmo treinar a democracia, porque, embora vivamos numa democracia, como cidadãos somos súditos, pelo ponto de vista comportamental, porque entregamos as coisas aos governantes e deixamo-los resolverem as coisas, e isso aí não é uma democracia. Democracia é quando todo mundo assume a responsabilidade pela sua vida, pela vida da sua comunidade, do seu país.
A democracia se trata de elementos que vão ser somados. Voto, participação etc. Mas a democracia é mais do que tudo isso. Basicamente passa pela ideia de que não pode ser uma pessoa só, ou um pequeno grupo que dite as regras para todo um país. As soluções têm que ser construídas considerando o plural, a participação de todos.
Ora, o Estado tem que defender os mais fracos. Isso foi um desenvolvimento posterior à Revolução Francesa e a Revolução Americana, que é a ideia do Estado Social, um Estado que se importe com as questões sociais, que faça interferências de modo a manter um equilíbrio.
Agora, já era, estamos indo a outras propostas que não são a do Estado Social, mas é bom, porque pode ser a proposta do Estado participativo. Tipo assim, o que o Estado pode e deve fazer para a sociedade e para as minorias, mas o que os cidadãos para o Estado e também para as minorias, como uma parceria público-privada, uma distribuição de responsabilidades "mais bonita".
Caso contrário, a postura vai ser paternalista, em que um governante resolva as questões sociais, e aí vai todo mundo para o Facebook ou assistir à TV...
A Constituição traz que a segurança pública é um DEVER do cidadão. Existe na lei, mas não foi implementado. Nos Estados Unidos, por exemplo, as associações de moradores fazem uma escala de vigilância em que todo dia um morador, eguindo uma escala, faz a vigilância do bairro, do condomínio. Se der alguma alteração, ela aciona o Xerife. Nós não temos essa tradição no Brasil. E, se não tiver essa tradição no Brasil, podem trazer muitos policiais. Se a sociedade não se envolver, se não criarmos uma tradição de "parceria público-privada", em que o que o Estado pode fazer e mais o que nós, da sociedade, podemos fazer? Se isso não for criado, não vai haver solução.
Movimentos sociais são legais e tal, mas muitos deles que se colocam, ou colocam determinados ideais que não compartilhamos. Há movimentos sociais que acreditam que a transformação vai ser feita pela porrada. Eu não acredito em nenhuma transformação pela violência. Outros vêm e dizem que a transformação é pela anarquia, um completo desrespeito a leis, a instituições onde trabalham pessoas sérias, a cargos, e eu não acredito nisso. Acredito, sim, que precisamos de organizações, de mobilização social, sim, mas com respeito, com ideias claras, com inteligência, com articulação política inteligente, por exemplo, o Movimento das "Diretas Já", o impeachment do Collor. Foram movimentos bonitos, pacíficos, como foi Ghandi libertando a Índia, que foram movimentos conscientes que trouxeram avanços e transformações sociais, mas sem bandalheiras, porque eu não consegui entender o link entre o envolvimento em organizações sociais com a transformação disso em um criminoso. Ora, se começar a praticar crimes e justificar isso com ideias de transformação social, eu não acredito nisso.
O respeito às instituições é muito importante porque existem tantas leis fantásticas aqui no Brasil, o nosso Estatuto da Criança e do Adolescente é uma das leis mais avançadas do mundo. E não funciona porque nós mesmos não cumprimos a lei. Quantas instituições existem no Brasil e não funcionam? O primeiro passo no Brasil seria fazer com que as leis e as instituições funcionem. Para que transformar antes de fazer funcionar?! Vai criar outra? Criar outra lei, se já existe uma excelente. Não... temos que fazer essa lei ser aplicada. Criar outra instituição? Pra quê? Vamos fazer a que já existe funcionar. Acho que o problema do Brasil é fazer funcionar o que já existe.
Se a gente fizer funcionar o que já existe, o Brasil vai dar um salto de séculos! É por isso que eu não acredito e nem concordo com a bandalheira. Acredito num "envolver" com as instituições e fazer com que elas funcionem. O Estatuto da Criança e do Adolescente, por exemplo, prevê que em todas as cidades haja um Conselho Tutelar. Mas a maioria não tem (e isso é até um problema mais profundo, porque o critério que o Brasil adota para que um município seja considerado um município é ele ter uma prefeitura, esta é a regra). Mas temos que nos envolver para que as coisas funcionem. Depois que a gente fizer tudo funcionar, aí a gente vê o que a gente precisa mudar. Por que mudar se a gente não consegue, ainda, aplicar o que já existe?
O pessoal fica no "vamos mudar tudo, vamos mudar tudinho!", mas mudar tudo o quê?
Um momento bíblico Jesus diz a Pôncio Pilatos, é um momento bíblico bonito.
Como uma pessoa espírita, as pessoas às vezes me perguntam como a espiritualidade interfere no campo político... mas sinceramente eu acho que não é assim. Eu acho que a espiritualidade interfere no ser humano. E toda transformação parte e deve partir do ser humano. Eu, por exemplo, aprendi com a Doutrina Espírita que não existe transformação que começa na sociedade e vem para o indivíduo, eu acho que isso não funciona. Se meu exemplo fosse 1914 eu estaria sendo generoso... nos milênios de história da humanidade isso está registrado. Acho que a mudança está de fora para dentro. Acredito que pessoas transformadas transformam suas comunidades e podem vir a mudar até o mundo. Acredito que a espiritualização do ser humano faça com que a pessoa passe a enxergar a vida de uma forma diferente. Aí ela passa a pensar que dinheiro não é o maior valor da vida, que existem coisas mais bonitas e mais importantes que o dinheiro. Que nós precisamos cuidar das pessoas, que as pessoas são mais importantes, e que nós somos seres imortais. Se a pessoa se transformar, ela gera em cascata uma transformação social. Nisso eu entendo que a Doutrina Espírita pode contribuir para a transformação social, não porque ele vai criar movimentos sociais, mas porque ele vai transformar pessoas. E pessoas transformadas transformam até o mundo.
Imagine um Ghandi em cada cidade do mundo... sem querer puxar sardinha para o Espiritismo, mas imagine um Francisco Cândido Xavier em uma cidade do mundo, tenho certeza de que o mundo seria outro. Chico Xavier, goste dele ou não, mas o homem deveria ser santificado pela Igreja Católica!
Em se tratando de reencarnação, por exemplo, para quem é objetivo e gosta de exemplos concretos, você pode ver uma pessoa investidora de bolsa, um materialista, sem princípios morais, do cara que acha que pode tudo, e que provoca caos em países por causa de especulações financeiras feitas por ele. Aí, pensa hoje numa pessoa como o Bill Gates. O cara saiu da Microsoft, pegou a fortuna e está num grande envolvimento em atividades educacionais, atividades de ajuda a pessoas, a instituição, colocando sua fortuna em QAP em benefício de outras pessoas. A parte empresarial dele ele já cumpriu. E se todos os empresários do mundo pensassem como pensa o Bill Gates? Não estou falando para o cara largar a empresa dele, não... mas criar uma empresa social, uma empresa que se preocupa com as pessoas, com os funcionários, que invista num projeto social, que ajude a melhorar as cidades nas quais elas estão inseridas. Um dos enormes problemas do Brasil hoje é o quão mal são administradas as cidades, deixando as pessoas carentes à mercê, sem dignidade, vivendo em escombros.
Isso é muito bonito, pode discordar da crença, mas é bonito, e eu aprendi no Espiritismo, que diz que só há uma forma de ir para o Céu, que é criando o Céu onde você está, porque o Céu é um estado de alma que você transfere para onde você vive. Quando interiormente se atinge o Céu, começa-se a criar o Céu em torno de si.
Poxa, a gente vê um sem noção de um político levando dinheiro da saúde, que sacanagem, de creche, poxa, as legislações garantem segurança à infância. Isso é uma barbaridade que nos torna animais. Cara, se bobear, nem animal se comporta assim, vou colocar como "bicho bizonho raivoso". Quando a política é invadida pelo egoísmo, ela trai suas bases, sua função primordial - o bem comum. Deveria ter que haver diálogo com as diferenças.