Marechal-do-ar escreveu:AR-18
Exato. Logo na primeira vez em que desmontei o IA-2 (2013), ao soltar a mola e olhar com calma para o ferrolho, me veio a imagem do usado no AR-18. As diferenças são quase que puramente estéticas (mas é meio enganoso, há razões práticas para algumas coisas); já se olharmos para o da família AR-15, só achei parecida a "cabeça", com seus ressaltos. O resto é nadavê.
Tá, e daí?
Daí que a citada peça foi desenvolvida originalmente para trabalhar com uma munição
muito diferente da atual e um raiamento com "passo" bem mais "aberto". A M193 atua melhor com 12:1 (projétil 55 grains), a M855 com 7:1 (projétil de 62 a 77 grains), e uma coisa das mais básicas em mecânica de armamentos é que
projétil mais pesado em raiamento mais "apertado" resulta em maior pressão e momentum mais longo para o destrancamento do ferrolho. E isso dá numa equação das mais brabas, porque cheia de variáveis. Um erro
para menos (tornando o
momentum ligeiramente mais curto que o ideal) resulta em destrancamento prematuro e, devido à pressão no interior da câmara ainda estar acima do que se poderia considerar seguro, o mecanismo interno acaba sendo invadido por gases muito quentes e sob pressão; a intensidade deste fenômeno e, se for baixa, sua repetição, acabará ocasionando falha catastrófica. Por outro lado, se a gente "esticar" o citado
momentum, arriscamos a ter outro tipo de falha: quando o ferrolho finalmente for destrancado, restará tão pouca pressão que mal o empurrará para trás, sem condições de efetuar a ciclagem completa. Ele pode até terminar seu curso atrás da munição mas, pouco comprimida, sua mola não terá força suficiente para empurrar corretamente o próximo cartucho para o interior da câmara. Teremos então aquela pane comum ao IA-2, que é o cartucho "atravessar" na rampa.
E, como vimos, isso não é "herança maldita" do FAL! Há outras que realmente o são, como o eixo de desmontagem no centro ao invés de à frente, a cobertura plástica quebradiça da alavanca do ferrolho, aquele curso absurdo de 180º para sair de S, passar por I e chegar a A & quetales, mas não isso. Aliás, até desconfio (por falta de tempo, não pude pedir para trazerem um FAL da armaria, desmontar e comparar) de "heranças benditas", como o gatilho que, de tão gostoso, me lembrou não só do citado FAL mas da Bushmaster M-4 e até do AK-103. Não faz feio diante de nenhuma das citadas armas, e disparei
todas (exceto, curiosamente, o próprio IA-2 mas, para testar gatilho, basta uns acionamentos "a seco").
Assim, e
apenas a meu ver, o principal problema do IA-2 nem é o que copiaram do FAL, mas do AR-18! Se fosse eu e
tivesse que copiar, pediria emprestado um HK-416 aos Comandos ou sei lá quem os tenha em boa quantidade e copiaria o conjunto do ferrolho + o cilindro-mola-pistão da arma Alemã, fazendo apenas as mesmas modificações cosméticas para mascarar a cópia. Isso me pouparia de exotismos como raiamento 10:1 e problemas com panes diversas...