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Re: Revanchismo sem fim

Enviado: Ter Dez 23, 2014 6:30 pm
por Bolovo
Viktor Reznov escreveu:Deviam ter matado o resto.
Orra heim, que exemplo de democrata. Nem nos EUA foi assim.

Re: Revanchismo sem fim

Enviado: Ter Dez 23, 2014 7:44 pm
por Viktor Reznov
Bolovo escreveu:
Viktor Reznov escreveu:Deviam ter matado o resto.
Orra heim, que exemplo de democrata. Nem nos EUA foi assim.
Passe um tempo perto de índios que possuem contato constante com brancos e você será tão apaixonado por eles quanto eu. Só tenho respeito mesmo por aqueles que insistem em viver isolados no meio do mato e buscam a qualquer custo evitar todo o tipo de contato com nossa sociedade, o resto são uns malas que vivem de tomar terra de gente trabalhadora graças à Funai.

Re: Revanchismo sem fim

Enviado: Qui Dez 25, 2014 2:54 pm
por FCarvalho
Mais um excelente texto do ministro do STF Marco Aurélio Mello.

ANISTIA, PAZ SOCIAL


Marco Aurélio Mello
Ministro do Supremo Tribunal Federal


Revisitar a anistia implica desprezo à escolha legislativa. O Brasil deve aprender com o passado, mas há de ter os olhos no presente e no futuro

A história, com os acontecimentos e circunstâncias vivenciados, conduz à reflexão, à formação de ideias, à prática de atos na vida em sociedade. É comum dizer que o passado serve de alerta, de luz, visando à correção de rumos, ao fortalecimento da unidade nacional.

Conhecer os erros, os equívocos, os procedimentos conflitantes com a postura que se aguarda do homem médio com a ordem jurídica, com o direito posto, é da maior valia para que não se repitam, norteando a arte de atuar das gerações.

Em 1979, os olhos da nação direcionaram-se ao restabelecimento da paz social. O momento era de abandono de toda sorte de paixão extremada, de busca da abertura sociopolítica, do entendimento, consideradas as diversas correntes ideológicas.

A mudança de contexto, pouco importando o enquadramento que se dê hoje, veio a ser viabilizada, surgindo uma lei aprovada pelos representantes do povo. Acionou-se o que se pode denominar como justiça de transição. A anistia retratou, de forma linear, bilateral, os sentimentos reinantes. Bendita Lei da Anistia, cuja eficácia constitucional foi declarada pelo Supremo Tribunal Federal.

Alterar esse quadro por meio de revisão judicial, revisitando-se o conteúdo, a extensão da anistia, implica desprezo à escolha legislativa, à segurança jurídica, renegando-se o avanço cultural alcançado. O Brasil pode e deve aprender com o passado, mas há de ter os olhos no presente, planejando o futuro.

Entre punições de toda ordem e reconciliação, a opção recaiu sobre a segunda, que se revelou certa e eficiente à pacificação. Perdão em sentido maior, reconstrução da democracia e afirmação do Estado de Direito foram escolhas associadas à época. O abandono desse enfoque gera preocupação.

O pronunciamento do Supremo, em 2010, a partir do voto sábio do ministro Eros Grau, calcado em insuplantável equidistância, homenageou o que decidido em termos de normatividade, afastando de vez surpresas, sobressaltos, de consequências imprevisíveis e indesejáveis. Incluamo-nos, sim, entre os que se embalam pelo idealismo e dele retiram a força para construir uma realidade transformadora.

Mais e mais indignados com os acontecimentos que assolam a nação, devemos manter o desejo de testemunhar o dia em que se terão abolido obtusas mentalidades e viciadas práticas, que deságuam na perniciosa junção do privado e do público, usando-se o segundo como meio de fazer crescer o primeiro, quando deveria ocorrer justamente o contrário: cada um dar o melhor de si em proveito da sociedade, jamais pretendendo beneficiar-se, privativa e ilicitamente, da coisa pública, dos bens que a todos pertencem.

Continuemos a almejar um Brasil livre da corrupção, dos desmandos, do uso desregrado da máquina administrativa.

Essa visão não é utópica. É possível e viável. Para tanto, mostra-se suficiente que ao menos a maioria esteja decidida a seguir o caminho por vezes mais difícil e tortuoso, evitando os atalhos falaciosos que conduzem ao abismo da imoralidade, ilegalidade e abuso de poder. Já passou, e muito, da hora de dar um basta aos escândalos, aos roubos, aos desvios de dinheiro, ao aparelhamento do Estado, ao desgoverno.

ossa tão rica nação é hoje mal vista no exterior, sendo objeto de investigação por entidades internacionais, desmoralizada naquilo que deveria ser nosso orgulho e pelo qual se deveria zelar: a ética, sinônimo da arte de bem proceder na vida social.

Cabe o grito de protesto pela desfaçatez com que se rouba às instituições nacionais, o inconformismo com a apatia demonstrada por quem tem a obrigação de coibir procedimentos infames e, às vezes, acaba seduzido pela vantagem política, pelo lucro fácil advindo de dinheiro sujo. Clamemos por mudanças profundas na mentalidade dos detentores do poder.

Tantas decepções não podem minar o otimismo. Reafirmemos a profissão de fé nas virtudes dos brasileiros, no brio de homens e mulheres que ousarão levantar-se contra o torpor em que está mergulhado o país, arregaçando as mangas e cobrando as transformações necessárias. Entre passado, presente e futuro, a escolha é única, visando dias melhores nesta sofrida República.

http://www.defesanet.com.br/dita/notici ... az-social/

Re: Revanchismo sem fim

Enviado: Qui Dez 25, 2014 3:14 pm
por FCarvalho
17 de dezembro de 2014
Governo não retaliará general que criticou relatório da CNV

O governo não vai tomar nenhuma atitude contra o general de Exército da ativa Sérgio Etchegoyen, chefe do Departamento Geral do Pessoal, que divulgou uma nota, em conjunto com a sua família, repudiando o relatório divulgado pela Comissão Nacional da Verdade e classificando o trabalho como “leviano”. A carta de Etchegoyen e sua família respondia à Comissão que responsabilizou o pai do atual chefe do DGP, o general Leo Guedes Etchegoyen, e outros 376 civis e militares, por violações de diretos humanos durante o governo militar, sem apontar os fatos que teriam levado às acusações.

O descontentamento com atribuição de responsabilidades pela violação de direitos humanos, sem apontar fatos que levariam a isso, irritaram não só militares do Exército, se estendendo às duas outras Forças. Na Aeronáutica, as maiores queixas foram com a inclusão do nome do ex-ministro Eduardo Gomes, o patrono da Força Aérea, pela Comissão da Verdade, em seu relatório. O Marechal-do-ar e ministro da Aeronáutica de abril de 1965 a março de 1967, Eduardo Gomes, foi apontado como um dos responsáveis político-institucional por violação dos direitos humanos durante o governo militar.

Desde cedo, a decisão do Exército era de que não havia motivo para enquadrar o general Etchegoyen no Regulamento Disciplinar do Exército, que proíbe militares da ativa de fazerem “manifestação de caráter político”. O entendimento era que ele falava “em caráter familiar”, sem entrar na área institucional. O próprio ministro da Defesa entendeu que a declaração do general teve “forte conotação emocional” e que “o melhor é deixar a poeira baixar”, conforme afirmou.

Coube ao ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, por determinação da presidente Dilma Rousseff, conversar com o ministro Amorim, sobre o caso da crítica do general. A decisão do Planalto era de “botar panos quentes” nessa questão. O entendimento geral foi de que punir o general levaria a um movimento de solidariedade nas Forças Armadas. Chegaram ao Planalto informações de que o sentimento de revolta nos quartéis, com grande parte do teor do relatório da comissão, era enorme. Portanto, punir Etchegoyen seria transformá-lo em mártir e “botar lenha na fogueira”, conseguindo novas adesões e manifestos de insatisfação com a comissão, assinado por inúmeros militares, podendo deflagrar uma crise.

No caso de Etchegoyen, chegou a ser reconhecido por auxiliares da Presidente que incluir o nome do pai do general como um dos “autores de graves violações de direitos humanos” foi um “excesso desnecessário” da comissão, já que não havia crime ou fato que pudesse levar a tal ilação. Além disso, consideraram que a carta do general foi “respeitosa” e que em momento algum atacou o governo.

Apesar de outros generais da ativa não terem se manifestado oficialmente, a solidariedade a Etchegoyen era feita em todos os segmentos das Forças Armadas, da ativa e da reserva. Os militares parabenizavam a “coragem” do companheiro que externou a insatisfação com a unilateralidade do documento. Um dos generais da ativa consultados pelo Grupo Estado ironizou a conclusão do relatório, lembrando que ao responsabilizar a cadeia de comando pelos crimes cometidos durante o regime militar, o Planalto endossa a tese do “domínio do fato”, ou seja, de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff podem ser responsabilizados pelo Mensalão e pelos desvios na Petrobras.

FONTE: www.jornalacidade.com.br/Estadão

http://www.forte.jor.br/2014/12/17/gove ... io-da-cnv/

Re: Revanchismo sem fim

Enviado: Sex Dez 26, 2014 11:58 am
por Marino
As vítimas das vítimas
Jaime Edmundo Dolce
Quando ouço falar em revisão da Lei da Anistia, fico enojado. Se ela for revista, minha mãe terá a chance de ver julgados os assassinos de meu pai?
A divulgação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade veio à tona no último dia 10 comovendo muitas pessoas, inclusive a presidente da República, Dilma Rousseff. Para minha família e eu, no entanto, a emoção se transformou em um misto de revolta e indignação. Esse documento não dedica um capítulo sequer às pessoas que, como meu pai, foram brutalmente assassinadas por terroristas de esquerda.
Meu pai, Cardênio Jayme Dolce, nasceu em Dom Pedrito (RS), em 1914. Ainda pequeno, mudou-se para Porto Alegre onde fez o Colégio Militar. Na década de 1930, foi morar no Rio de Janeiro, onde serviu na Escola Naval. Saiu da Marinha como aspirante porque não queria prosseguir na carreira militar, seu desejo era ser policial civil.
Foi da Polícia Civil até 1968, quando se aposentou como agente federal de primeira classe, cargo que hoje equivale ao de um delegado da polícia civil. Em 1969, começou a trabalhar como chefe de segurança da Casa de Saúde Dr. Eiras, instituição privada que atendia doentes mentais em Botafogo, no Rio.
Lá trabalhou até 2 de setembro de 1971, quando foi cruel e covardemente morto a tiros de metralhadora disparados por terroristas da ALN (Aliança Libertadora Nacional).
Na época eu tinha 10 anos e meus irmãos, 13, 12 e 8. O grupo terrorista invadiu a clínica onde ele trabalhava para roubar cerca de 100 mil cruzeiros, que seriam pagos aos funcionários. Para realizar o assalto, mataram meu pai e outros dois colegas, Silvino Amancio dos Santos e Demerval Ferreira. O enfermeiro Almir Rodrigues de Morais e o médico foram feridos.
Meus irmãos e eu nos tornamos quatro das 21 crianças que ficaram órfãs de pai depois da chacina promovida pelos terroristas da ALN.
Pouco tempo depois do atentado, soubemos pela televisão que havia sido feito um ataque terrorista à Casa de Saúde Dr. Eiras e que meu pai e outros colegas tinham sido baleados. Ou seja, fomos os últimos a saber do atentado.
Depois de 2 de setembro de 1971, nossa rotina se transformou completamente. Meu pai deixou algum patrimônio e uma boa pensão da polícia, mas, apesar disso, minha mãe teve que se desdobrar para sustentar meus três irmãos e eu.
Hoje, aos 79 anos, mamãe continua esperando um pedido de desculpas do Estado.
Minha família nunca entrou na Justiça, pois sabíamos que eram pequenas as chances de haver algum reparo. O dono da Casa de Saúde Dr. Eiras era Leonel Miranda, que tinha sido ministro da Saúde no governo do general Artur da Costa e Silva (1967-1969). Ele prometeu dar amparo às famílias das vítimas.
No final das contas, não fomos amparados por ninguém, nem pela Casa de Saúde Dr. Eiras nem pelo governo militar. Minha família recebeu apenas os direitos trabalhistas do meu pai. Só isso.
Dos terroristas que assassinaram meu pai, dois estão vivos: Sônia Hipólito, servidora da Câmara dos Deputados, e Flávio Augusto Neves Leão Salles, que vive hoje no Pará.
Minha família, apesar de todo o estrago que foi feito, hoje vive em paz. Eu espero apenas que não se faça a revisão da Lei da Anistia, como querem aqueles que defendem os terroristas de esquerda.
Meu pai não era agente da ditadura, não torturou ninguém, não caçou comunistas. Teve o azar de estar no lugar errado, na hora errada. Quando ouço alguém falar em revisão da Lei da Anistia, fico enojado. Se a lei for revista, minha mãe, aos 79 anos, terá a chance de ver julgados os assassinos de meu pai?
Jaime Edmundo Dolce, 53, é comerciante em Varginha (MG)

Re: Revanchismo sem fim

Enviado: Qua Dez 31, 2014 12:21 pm
por J.Ricardo
Matéria muito interessante do site cavok de como a ditadura acabou com a PanAir do Brasil:

http://www.cavok.com.br/blog/?p=82192#more-82192

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Re: Revanchismo sem fim

Enviado: Qui Jan 01, 2015 12:34 pm
por FCarvalho
Uma das histórias mais dantescas que a história da aviação comercial brasileira já vivenciou.

Só no Brasil mesmo para o governo jogar contra si mesmo e contra o país por causa de ideologias A, B ou C... :?

abs

Re: Revanchismo sem fim

Enviado: Qua Fev 18, 2015 11:02 am
por Clermont
Até no Carnaval! Império da Tijuca teve diretores perseguidos pela ditadura. Só que não!

Blog do Montedo - 17 de fevereiro de 2015.

Talvez tentando inserir um componente de luta politica em sua história, a escola de samba Império da Tijuca, do RJ, insere uma informação falsa em sua página oficial. Sobre o carnaval de 1964, quando a escola conquistou seu primeiro título, vencendo o grupo de acesso, o site da agremiação informa que: "Em 1964, vale um registro histórico. Por conta do Golpe Militar que culminou na ditadura militar brasileira, componentes do Império foram proibidos pelo Ato AI 1 de assumirem a direção da escola. Por conta disso, Ismael Silva, respeitado pela criação da 1ª Escola de Samba do Brasil, assumiu a presidência da escola e entregou a direção da agremiação à Sebastião Vicente da Silva, o querido Sr. Tião, que hoje é componente da Velha Guarda da Tijuca."

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É mentira! o Carnaval de 1964 foi de 8 a 11 de fevereiro. A Império da Tijuca desfilou no dia 9 (domingo). Jango seria derrubado 51 dias depois, no dia 31 de março e o Ato Institucional Nº 1 editado somente em 9 de abril.

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E assim, vai se reescrevendo a história!

Re: Revanchismo sem fim

Enviado: Qua Fev 18, 2015 2:02 pm
por Wingate
FCarvalho escreveu:Uma das histórias mais dantescas que a história da aviação comercial brasileira já vivenciou.

Só no Brasil mesmo para o governo jogar contra si mesmo e contra o país por causa de ideologias A, B ou C... :?

abs

http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio ... e_Simonsen

A raiva do governo militar de então era contra os Simonsen que eram pela democratização após 1964 e apoiavam uma futura candidatura de Juscelino. Entre as empreas fechadas estava a All Aces (nome fantasia da Cia. Comercial Brasileira), fábrica de televisores onde meu falecido pai trabalhou.

Entre outras fechadas estão:

-TV Excelsior - Canal 9 em SP (não aguentou o "cerco" que lhe fizeram);
-Supermercados Sirva-se (primeira rede de supermercados do Brasil).

A empresa CELMA, citada várias vezes no DB, pertencia ao Grupo Simonsen e foi criada para prestar manutenção aos motores e turbinas dos aviões da PANAIR e outras empresas, como também para aviões da FAB.

Justiça poética?: a VARIG lucrou imensamente com o desaparecimento da PANAIR. E onde está a VARIG hoje?

Tudo isso por razões políticas. :roll:

Wingate

Logotipo da All Aces (o "W" é de Wallace Simonsen).

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Re: Revanchismo sem fim

Enviado: Qua Fev 18, 2015 6:08 pm
por FCarvalho
É meu caro amigo Wingate, a política no Brasil tem razões que nem ela mesmo explica. :roll:
Como diz o cito popular, "pau que dá em chico, também bate em francisco."

abs.

Re: Revanchismo sem fim

Enviado: Sex Abr 03, 2015 4:39 pm
por Wingate
O QUE FOI O 31 DE MARÇO DE 1964

Por Alexandre Paz Garcia

Gostaria de dizer algumas coisas sobre o que aconteceu no dia 31/03/1964 e nos anos que se seguiram. Porque concluo, diante do que ouço de pessoas em quem confio intelectualmente, que há algo muito errado na forma como a história é contada. Nada tão absurdo, considerando as balelas que ouvimos... sobre o "descobrimento" do Brasil ou a forma como as pessoas fazem vistas grossas para as mortes e as torturas perpetradas pela Igreja Católica durante séculos.

Mas, ainda assim, simplesmente não entendo como é possível que esse assunto seja tão parcial e levianamente abordado pelos que viveram aqueles tempos e, o que é pior, pelos que não viveram. Nenhuma pessoa dotada de mediano senso crítico vai negar que houve excessos por parte do Governo Militar. Nesta seara, os fatos falam por si e por mais que se tente vislumbrar certos aspectos sob um prisma eufemístico, tortura e morte são realidades que emergem de maneira inegável.

Ocorre que é preciso contextualizar as coisas. Porque analisar fatos extirpados do substrato histórico-cultural em meio ao qual eles foram forjados é um equívoco dialético (para os ignorantes) e uma desonestidade intelectual (para os que conhecem os ditames do raciocínio lógico). E o que se faz com relação aos Governos Militares do Brasil é justamente ignorar o contexto histórico e analisar seus atos conforme o contexto que melhor serve ao propósito de denegri-los.


Poucos lembram da Guerra Fria, por exemplo. De como o Mundo era polarizado e de quão real era a possibilidade de uma investida comunista em território nacional. Basta lembrar de Jango e Jânio; da visita à China; da condecoração de Guevara, este, um assassino cuja empatia pessoal abafa sua natureza implacável diante dos inimigos.
Nada contra o Comunismo, diga-se de passagem, como filosofia. Mas creio que seja desnecessário tecer maiores comentários sobre o grau de autoritarismo e repressão vivido por aqueles que vivem sob este sistema, porque algumas pessoas adoram Cuba, idolatram Guevara e celebram Chavez, até. Mas esquecem do rastro de sangue deixado por todos eles; esquecem as mazelas que afligem a todos os que ousam insurgir-se contra esse sistema tão "justo e igualitário". Tão belo e perfeito que milhares de retirantes aventuram-se todos os anos em balsas em meio a tempestades e tubarões na tentativa de conseguirem uma vida melhor.

A grande verdade é que o golpe ou revolução de 1964, chame como queira, talvez tenha livrado seus pais, avós, tios e até você mesmo, e sua família, de viver essa realidade. E digo talvez, porque jamais saberemos se isso, de fato, iria acontecer. Porém, na dúvida, respeito a todos os que não esperaram sentados para ver o Brasil virar uma Cuba.


Respeito, da mesma forma, quem pegou em armas para lutar contra o Governo Militar. Tendo a ver nobreza nos que renunciam ao conforto pessoal em nome de um ideal. Respeito, honestamente. Mas não respeito a forma como esses "guerreiros" tratam o conflito. E respeito menos ainda quem os trata como heróis e os militares como vilões. É uma simplificação que as pessoas costumam fazer. Fruto da forma dual como somos educados a raciocinar desde pequenos. Ainda assim, equivocada e preconceituosa.


Numa guerra não há heróis. Menos ainda quando ela é travada entre irmãos. E uma coisa que se aprende na caserna é respeitar o inimigo. Respeitar o inimigo não é deixar, por vezes, de puxar o gatilho. Respeitar o inimigo é separar o guerreiro do homem. É tratar com nobreza e fidalguia os que tentam te matar, tão logo a luta esteja acabada. É saber que as ações tomadas em um contexto de guerra não obedecem à ética do dia-a-dia. Elas obedecem a uma lógica excepcional; do estado de necessidade, da missão acima do indivíduo, do evitar o mal maior.

Os grandes chefes militares não permanecem inimigos a vida inteira. Mesmo os que se enfrentam em sangrentas batalhas. E normalmente se encontram após o conflito, trocando suas espadas como sinal de respeito. São vários os exemplos nesse sentido ao longo da história. Aconteceu na Guerra de Secessão, na Segunda Guerra Mundial, no Vietnã, para pegar exemplos mais conhecidos. A verdade é que existe entre os grandes Generais uma relação de admiração.


A esquerda brasileira, por outro lado, adora tratar os seus guerrilheiros como heróis. Guerreiros que pegaram em armas contra a opressão; que seqüestraram, explodiram e mataram em nome do seu ideal. E aí eu pergunto: os crimes deles são menos importantes que os praticados pelos militares? O sangue dos soldados que tombaram é menos vermelho do que o dos guerrilheiros?

Ações equivocadas de um lado desnaturam o caráter nebuloso das ações praticadas pelo outro? Penso que não. E vou além. A lei de Anistia é um perfeito exemplo da nobreza a que me referi anteriormente. Porque o lado vencedor (sim, quem fica 20 anos no poder e sai porque quer, definitivamente é o lado vencedor) concedeu perdão amplo e irrestrito a todos os que participaram da luta armada. De lado a lado. Sem restrições. Como deve ser entre cavalheiros. E por pressão de Figueiredo, ressalto, desde já. Porque havia correntes pressionando por uma anistia mitigada.

Esse respeito, entretanto, só existiu de um lado. Porque a Esquerda, amargurada pela derrota e pela pequenez moral de seus líderes, nada mais fez nos anos que se seguiram, do que pisar na memória de suas Forças Armadas. E assim seguem fazendo. Jogando na lama a honra dos que tombaram por este país nos campos de batalha. E contaminando a maneira de pensar daqueles que cresceram ouvindo as tolices ditas pelos nossos comunistas. Comunistas que amam Cuba e Fidel, mas que moram nas suas coberturas e dirigem seus carrões. Bem diferente dos nossos militares, diga-se de passagem.
Graças a eles, nossa juventude sente repulsa pela autoridade. Acha bonito jogar pedras na Polícia e acha que qualquer ato de disciplina encerra um viés repressivo e antilibertário. É uma total inversão de valores. O que explica, de qualquer forma, a maneira como tratamos os professores e os idosos no Brasil.

Então, neste dia 31 de março, celebrarei aqueles que se levantaram contra o mal iminente. Celebrarei os que serviram à Pátria com honra e abnegação. Celebrarei os que honraram suas estrelas e divisas e não deixaram nosso país cair nas mãos da escória moral que, anos depois, o povo brasileiro resolveu por bem colocar no Poder.
Bem feito. Cada povo tem os políticos que merece.


Se você não gosta das Forças Armadas porque elas torturaram e mataram, então, seja, pelo menos, coerente. E passe a nutrir o mesmo dissabor pela corja que explodiu, seqüestrou e justiçou, do outro lado.
Mas tenha certeza de que, se um dia for necessário sacrificar a vida para defender nosso território e nossas instituições, você só verá um desses lados ter honradez para fazê-lo.


http://folhapovoitauna.com/noticia/o-qu ... 964-1.html

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Wingate

Re: Revanchismo sem fim

Enviado: Qui Ago 20, 2015 8:57 am
por Clermont
Não há ditadura boa, Haddad.

Rogério Gentile - Folha de São Paulo, 20.08.15.

Fernando Haddad resolveu mudar o nome de todas as vias de São Paulo que, direta ou indiretamente, prestam homenagem à ditadura militar –o Minhocão, por exemplo, deixará de prestar continência para Costa e Silva, o marechal que assinou o AI-5 e tinha como grande passatempo na Presidência fazer palavras cruzadas.

Segundo o prefeito, a iniciativa "é um resgate importante, uma reafirmação do compromisso de São Paulo com os valores democráticos". De fato, deve ser desagradável morar num lugar que faz deferência a alguém como o delegado Sérgio Fleury (Vila Leopoldina), símbolo da tortura e do Esquadrão da Morte.

Mas, a despeito do mérito da proposta, Haddad meteu-se numa contradição sobre a qual não poderá alegar desconhecimento histórico. Por que o prefeito, que diz preferir "celebrar a vida daqueles que se dedicaram à democracia, daqueles que lutaram pelas liberdades individuais", rejeita uma ditadura, mas aceita que a cidade lisonjeie outras?

São Paulo não reverencia apenas o regime militar. Na cidade há homenagens para ditaduras das mais variadas práticas arbitrárias.

O Estado Novo, chamado por Graciliano Ramos de "o nosso pequenino fascismo tupinambá", está presente com distinções a Francisco Campos (no Pari), ministro da Justiça a quem é atribuída a reveladora frase "governar é prender", a Lourival Fontes (em Sapopemba), chefe do departamento de censura, e ao próprio Getúlio Vargas (em três bairros, São Miguel, Jabaquara e Bela Vista), em cujo governo a tortura correu mais do que solta.

Também há na cidade honrarias aos ditadores Marechal Tito (São Miguel) e Abdel Nasser (Vila Mariana) e até a Lenin, na, por sinal, agradabilíssima rua Leningrado (Interlagos).

Ao contrário do que faz parecer o prefeito Haddad com seu revisionismo seletivo, não existem ditadura boa e ditadura má. Ditadura é sempre ditadura.

Re: Revanchismo sem fim

Enviado: Dom Out 09, 2016 5:03 pm
por Wingate
Aproveitando o tema para perguntar outra vez: qual foi o resultado da análise dos restos mortais do ex-presidente João Goulart?

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Procuradoria começa a investigar morte de Marighella


http://noticias.uol.com.br/ultimas-noti ... ghella.htm

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Só agora, 47 anos depois, o MPF (Ministério Público Federal) abriu uma investigação sobre a morte do guerrilheiro Carlos Marighella, fundador da ALN (Ação Libertadora Nacional), em 4 de novembro de 1969. Essa é ainda a primeira vez que a equipe de policiais do delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), que foi o símbolo da repressão na ditadura, será investigada por um crime político.

Fleury comandou a operação que matou Marighella. Ela foi realizada por 43 homens, entre civis e militares. A decisão de apurar é do procurador da República Andrey Borges de Mendonça, que já começou a tomar depoimentos de testemunhas.

"É sempre importante que a verdade seja descoberta", disse o procurador aposentado Hélio Bicudo, que denunciou Fleury pelos crimes comuns em ações do Esquadrão da Morte - bando de policiais que executava bandidos nos anos 1960 e 1970.

Uma das testemunhas ouvidas pelo procurador foi o jornalista do jornal "O Estado de S.Paulo" José Maria Mayrink, o primeiro repórter a chegar ao local da emboscada que vitimou Marighella. Mayrink conhecia os dominicanos Yves do Amaral Lesbaupin, o Frei Ivo, e Fernando de Brito, que esperavam Marighella em um Fusca quando o Dops o encurralou. Eles haviam sido presos dias antes e obrigados a participar da cilada.

"Quem matou o Marighella foi o Tralli (o investigador José Carlos Tralli)", disse o investigador R.A., 68, um dos policiais que participaram da ação.

Para o jornalista Ivan Seixas, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, a investigação do MPF é importante para que se "saiba o que aconteceu". "É fundamental investigar essa história." Naquele dia, contou Seixas, quatro quarteirões estavam cercados por policiais. Marighella ia se encontrar com os frades. Ele não sabia que os dois haviam sido presos. Estava desarmado e sozinho. "Houve uma execução, e o Estado é responsável por ela", afirmou Seixas.

O MPF deve ouvir os depoimentos de Ivo e de Fernando. Também vai ouvir antigos militantes da ALN que foram torturados por Fleury em busca de informações que levassem até Marighella, como o economista Paulo de Tarso Venceslau, além de policiais e militares envolvidos.

"Vão ter de fazer muita diligência em cemitério e em mesa branca", disse o investigador R.A.. Dos delegados da operação, Raul Ferreira, o Raul Pudim, Tucunduva e Fleury já estão mortos. Também morreram investigadores como Tralli e José Campos Correa Filho, o Campão. Laudos e documentos do Dops também serão analisados.

A iniciativa dos procuradores da República se baseia no argumento de que, como esses delitos foram crimes contra a humanidade, eles são imprescritíveis e insuscetíveis de graça ou anistia. Quase duas dezenas de denúncias já foram feitas pelo MPF à Justiça Federal contra agentes da ditadura. Em todas, a Justiça decidiu que as ações não podem prosperar em razão da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que manteve a Lei de Anistia, de 1979.

As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
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Wingate

Re: Revanchismo sem fim

Enviado: Seg Out 10, 2016 8:58 pm
por vargasem
Túlio escreveu:
Viktor Reznov escreveu: Todo mundo ia ter que cortar o cabelo igual à Dilma, e beber igual ao Lula, pelo menos a produção de cachaça ia atingir recordes nunca visto, mas pra foder tudo ia morrer uma média de 10 milhões de brasileiros por década graças às políticias agriculturais administradas pelo MST.

Pensando bem, o comunismo pode NÃO SER TÃO RUIM... [085] [085] [085] [085]
Essa é a única parte aceitável. Kkkkkk

Re: Revanchismo sem fim

Enviado: Ter Out 11, 2016 2:13 pm
por Grep
FCarvalho escreveu:É meu caro amigo Wingate, a política no Brasil tem razões que nem ela mesmo explica. :roll:
Como diz o cito popular, "pau que dá em chico, também bate em francisco."

abs.

Você não consegue mesmo entender o motivo das empresas da familia Simonsen terem sido destruídas?

Doutrina Wolfowitz, foi criada na década de 90, mas os princípios já eram seguidos e continuam sendo.