DESAER ATL-100

[FCarvalho]

Volto a frisar o seguinte: FAB e Embraer estão em processo de divórcio, e litigioso. E se a coisa não azedar mais ainda do que já está, não tenho dúvidas de que os projetos da Desaer estão sendo observados de perto pela instituição.
Acredito que ninguém em sã consciência tira dinheiro do próprio bolso para desenvolver e lançar um projeto que sabe de antemão não irá dar em nada. Ainda mais em se tratando de ex-funcionários da Embraer.
Esses caras podem ser tudo, menos burros ou alienados ao mercado em que se propõe atuar.
Neste caso, me permito pensar que se lançaram o ATL-100, e continuam investindo nele, e agora lançam mais um projeto com o ATL-300, no Brasil, sabendo como as coisas são por aqui, com certeza é porque tem um dedo do Estado por trás disso.
Para quem viu as falas do pessoal da Embraer na entrega do radar do exército deu para entender muito bem como as coisas não estão entre a empresa e a FAB. E pode piorar.
Bem, o EB como cliente recente da Embraer pode muito bem se favorecer desta parceria para muito além do campo dos radares. E o tipo de relação - e visão - que o EB tem com a indústria nacional é bem diferente da FAB.
Mas vamos ver como as coisas ficam. Eu torço para que dê certo. Como já aludi neste tópico, demanda não nos falta. Vontade e capacidade de investir é outra história a parte.

[FCarvalho]

Apenas a título de ilustração.

O ATL-100 atualmente está cotado, segundo a DESAER, em US$ 5,5 milhões a unidade. O ATL-300, ainda segundo a empresa, está cotado em US$ 21 milhões a unidade.
Hoje a FAB possui 6 ETA distribuídos ao longo do país e que operam primariamente C-95/97/98.
Como os números de dotação dos esquadrões não são fechados, mas variam de acordo com a disponibilidade da frota de aeronaves que a FAB possui, e tomando por base que o esquadrão pode variar entre 12 a 18 unidades, no papel, temos o seguinte para o futuro próximo:

ETA a 12 unidades = 72 aviões > 5,5 x 72 = US$ 396 milhões;
ETA a 06 unidades = 36 aviões > 5,5 x 36 = US$ 198 milhões;

Estes valores seriam o investimento mínimo aplicado pela FAB a fim de substituir apenas os C-95 Bandeirante. Além destes valores teriam que ser acrescidos outros como CLS, treinamento, etc.

No caso dos C-97 Brasília que são 21 aviões na frota da FAB, divididos pelos vários ETA temos:

ETA a 04 unidades = 24 aviões > 21 x 24 = US$ 504 milhões;

Já os C-98 Caravan tenho dúvidas de que o ATL-100 seja visto como um substituto para este modelo. Mas não temos nada no mercado internacional que esteja em desenvolvimento ou existente que se compare a ele e que traga um melhor custo x benefício. Essa será, me parece, a substituição mais difícil de fazer pelo tipo de trabalho que estes aviões realizam, principalmente na região norte e centro oeste.

De qualquer forma, caso a FAB resolva investir nos projetos da DESAER terá que retirar do bolso pelo menos US$ 600 a 700 milhões de dólares a fim de substituir a frota de transporte atual, ou ao menos parte dela, até o fim desta década. Se isto se tornará uma opção concreta, só o tempo irá nos dizer.

[FCarvalho]

"O ATL-100 será uma aeronave com trem de pouso fixo, 2 motores com 1.000SHP de potência cada um, painel totalmente digital com 3 telas de 14" (Rockwell Collins é uma das empresas que concorrem ao sistema de aviônicos da aeronave)..."

https://portalclubedeengenharia.org.br/ ... no-brasil/

Além da Rockwell Collins, também concorrem para fornecer o painel de comando do ATL-100 a AEL, a Honeywell.

No caso dos motores, o PT6 e o Catalyst da GE são os interessados. No caso deste último, ele é o mais novo e moderno motor da classe de 1 mil HP no mercado hoje.



https://www.geaviation.com/bga/engines/ge-catalyst

[FCarvalho]

Revendo alguns poucos dados sobre o ATL-300, a introdução operacional do avião segundo a DESAER está agendada para 2028. São 6 anos para desenvolver, atestar e homologar a aeronave.
A FAB recentemente afirmou que irá começar a planejar a substituição dos C-95 e C-97 no curto prazo.
Entenda-se curto prazo algo no horizonte de até 5 anos. Ou seja, 2027.
Não há qualquer menção a modelo em específico para estudos da DESAER, e nem menção sobre colaboração com a Embraer no desenvolvimento do STOUT.
A mim me parece que quanto mais mais se prolongar este imbróglio ao redor do KC-390 pior para a Embraer, e para a FAB também. Por outro lado, a DESAER aparece como uma solução de oportunidade para esta última, de forma que o pessoal de São José dos Campos deve estar com a orelha em pé neste negócio da substituição dos seus Bandeirante.
Pelos números postados acima, o que se pode esperar sobre a eventual compra de quantidades expressivas destes aviões é mais que suficiente para tirar a DESAER da salinha do ITA ou devolver a paz às relações entre Embraer e FAB. Ou não.

[Cassio]

Ou para a Desaer ir para as mãos da Embraer ..

[FCarvalho]

Ou para a Desaer ir para as mãos da Embraer ..

Embora seja também uma probabilidade, espero que isto não aconteça. Não por causa da Embraer e nem nada de especial, mas porque entendo que ter outras iniciativas no campo da indústria aeroespacial no Brasil só faria bem para nós como um todo, e não apenas para a Embraer.
Assim, espero e desejo que os caras da Desaer tenham muita sorte - para quem acredita nisto - e possam auferir neste ano as melhores notícias possíveis.
Me parece que a empresa ser absorvida pela Embraer significaria, em tese, mas muito provavelmente, o fim antecipado dos projetos da empresa, o que na minha ignóbil opinião seria mais que lastimável.
A ver.

[Cassio]

Ou para a Desaer ir para as mãos da Embraer ..

Embora seja também uma probabilidade, espero que isto não aconteça. Não por causa da Embraer e nem nada de especial, mas porque entendo que ter outras iniciativas no campo da indústria aeroespacial no Brasil só faria bem para nós como um todo, e não apenas para a Embraer.
Assim, espero e desejo que os caras da Desaer tenham muita sorte - para quem acredita nisto - e possam auferir neste ano as melhores notícias possíveis.
Me parece que a empresa ser absorvida pela Embraer significaria, em tese, mas muito provavelmente, o fim antecipado dos projetos da empresa, o que na minha ignóbil opinião seria mais que lastimável.
A ver.

Não significaria necessariamente o fim dos projetos, até poderia ser o oposto. Quem sabe?

[Pablo Maica]

Volto a frisar o seguinte: FAB e Embraer estão em processo de divórcio, e litigioso...

Acho que não é o caso, FAB e Embraer estão tendo um percalço na sua parceria, coisa mais que natural e que acontece com muita frequência mundo afora.

A FAB atualmente e por umas boas décadas vindouras, não pode nem pensar em dar ataque de pelanca com a Embraer, se ela quiser ser uma força minimamente atualizada e independente (sem coleira).

E diga-se de passagem, a Embraer já teve muita, mas muita, mas muuuuuiiita paciência com as ingerências da FAB, e os egos de brigadeiros.


Um abraço e t+

[FCarvalho]

Não significaria necessariamente o fim dos projetos, até poderia ser o oposto. Quem sabe?

Se for o caso de absorverem a empresa, só entendo este movimento da Embraer neste sentido. Até porque não há nenhuma razão concreta para vocês se sentirem ameaçados.
Se os estudos de mercado dos donos da empresa tiverem paridade com a realidade, e acredito que tenham, senão não estariam colocando dinheiro do próprio bolso nesta aventura, então, ATL-100/300 tem boas chances de serem bem sucedidos.
A ver.

[FCarvalho]

Volto a frisar o seguinte: FAB e Embraer estão em processo de divórcio, e litigioso...

Acho que não é o caso, FAB e Embraer estão tendo um percalço na sua parceria, coisa mais que natural e que acontece com muita frequência mundo afora.
A FAB atualmente e por umas boas décadas vindouras, não pode nem pensar em dar ataque de pelanca com a Embraer, se ela quiser ser uma força minimamente atualizada e independente (sem coleira).
E diga-se de passagem, a Embraer já teve muita, mas muita, mas muuuuuiiita paciência com as ingerências da FAB, e os egos de brigadeiros.
Um abraço e t+

Concordo quanto à tolerância da Embraer com os egos de certas personas da FAB, mas dentro da instituição é praticamente uma cultura o pessoal insistir em tratar a Embraer como se ainda fosse a menina dos olhos dela, e portanto, que só se mantém apenas debaixo da barra saia da força. E isto está longe da realidade atual.
A Embraer cresceu, amadureceu e tornou-se independente. Só que tem gente na FAB que não até hoje não aceita - ou não entende, sei lá - muito bem isso. Aí temos esse tipo de imbróglio, que se as relações fossem mais profissionais e menos passionais, teria sido resolvida até mais rápida e internamente. Mas resolveram jogar merda no ventilador... e não foi por acaso.
Só espero honestamente que toda essa confusão pública armada não sei por quem se resolva o mais rápido possível. Porque se queriam pressionar a empresa de alguma forma, bem, o tiro saiu literalmente pela culatra. A não ser, também, que toda essa panacéia não passe de cortina de fumaça com vistas a outros objetivos. O que não se pode deixar de pensar, também.
A ver.

[Cassio]

Acho que não é o caso, FAB e Embraer estão tendo um percalço na sua parceria, coisa mais que natural e que acontece com muita frequência mundo afora.
A FAB atualmente e por umas boas décadas vindouras, não pode nem pensar em dar ataque de pelanca com a Embraer, se ela quiser ser uma força minimamente atualizada e independente (sem coleira).
E diga-se de passagem, a Embraer já teve muita, mas muita, mas muuuuuiiita paciência com as ingerências da FAB, e os egos de brigadeiros.
Um abraço e t+

Concordo quanto à tolerância da Embraer com os egos de certas personas da FAB, mas dentro da instituição é praticamente uma cultura o pessoal insistir em tratar a Embraer como se ainda fosse a menina dos olhos dela, e portanto, que só se mantém apenas debaixo da barra saia da força. E isto está longe da realidade atual.
A Embraer cresceu, amadureceu e tornou-se independente. Só que tem gente na FAB que não até hoje não aceita - ou não entende, sei lá - muito bem isso. Aí temos esse tipo de imbróglio, que se as relações fossem mais profissionais e menos passionais, teria sido resolvida até mais rápida e internamente. Mas resolveram jogar merda no ventilador... e não foi por acaso.
Só espero honestamente que toda essa confusão pública armada não sei por quem se resolva o mais rápido possível. Porque se queriam pressionar a empresa de alguma forma, bem, o tiro saiu literalmente pela culatra. A não ser, também, que toda essa panacéia não passe de cortina de fumaça com vistas a outros objetivos. O que não se pode deixar de pensar, também.
A ver.

Não foi a primeira, nem a segunda, e não será a última vez em que Embraer e FAB batem de frente. Mas as coisas sempre se resolvem e a vida segue. Esse desentendimento é natural. O pessoal da imprensa e dos fóruns (inclusive este) é que ficam fazendo uma enorme tempestade em copo d´água.

Agora quanto ao tal Desaer... não vou dizer se acho a ideia boa ou ruim, se acho que tem mercado ou não. O que quero é ver a coisa real, acontecendo, porque por enquanto foi só Powerpoint... e quero ver a cor da grana para fazer ele sair do computador para o mundo real. Por enquanto não apresentaram nada de concreto... e de boas ideias o inferno está cheio!!!

[FCarvalho]

Não foi a primeira, nem a segunda, e não será a última vez em que Embraer e FAB batem de frente. Mas as coisas sempre se resolvem e a vida segue. Esse desentendimento é natural. O pessoal da imprensa e dos fóruns (inclusive este) é que ficam fazendo uma enorme tempestade em copo d´água.
Agora quanto ao tal Desaer... não vou dizer se acho a ideia boa ou ruim, se acho que tem mercado ou não. O que quero é ver a coisa real, acontecendo, porque por enquanto foi só Powerpoint... e quero ver a cor da grana para fazer ele sair do computador para o mundo real. Por enquanto não apresentaram nada de concreto... e de boas ideias o inferno está cheio!!!

Não tenho tanta certeza assim de que este embate por causa do KC-390 foi apenas mais uma rusga trivial Cassio, porque creio que não foi. E se não fosse assim, por quê a FAB na pessoa do seu cmte se daria o trabalho de jogar a público uma mera questão jurídico-comercial entre empresa e governo?
Tem várias coisas que não batem nesta história, ou que estão muito mal contadas. E duvido que saibamos de todos os detalhes um dia. De qualquer forma, faço votos que tudo acabe bem para o bem de todos os envolvidos.

Quanto a Desaer, sigo na torcida. Pelo pouco que consigo encontrar e ler sobre os projetos da empresa, bem, há ao mesmo tempo apreensão e emoção para que a empresa vingue, e seus projetos junto com ela. Temos espaço aqui na aviação regional para ambos como já afirmaram várias personalidades do campo da aviação civil. Mas, o problema da empresa é arrumar clientes de risco que topem investir nos projetos. Mas isso no Brasil de ontem, de hoje e de amanha é quase impossível. Tomara eles tenham sorte de encontrar alguém lá fora com um pouco menos de temeridade.

[Lucubus]

E a Desaer continua no seu intento de conseguir algumas "verdinhas" de algum desavisado....

Desaer se une à magniX para desenvolver aeronaves elétricas híbridas no Brasil




https://aeroin.net/desaer-se-une-a-magn ... no-brasil/

[Cassio]

Agora pode ser um híbrido elétrico???

Ué mas não tinham acabado de selecionar um motor?

Soa como um certo desespero em atrair atenção e conseguir $$$$ não é? Continuar "inventando" para tentar atrair investidores que, ao que parece, não se animaram até agora.

Tomara que dê certo e que consigam produzir aeronave na mesma velocidade com a qual fazem e apresentam ppts.

[Túlio]

Agora pode ser um híbrido elétrico???

Ué mas não tinham acabado de selecionar um motor?

Soa como um certo desespero em atrair atenção e conseguir $$$$ não é? Continuar "inventando" para tentar atrair investidores que, ao que parece, não se animaram até agora.

Tomara que dê certo e que consigam produzir aeronave na mesma velocidade com a qual fazem e apresentam ppts.

O @Lucubus também entendeu, tanto que já postou duvidando. Os caras estão começando a parecer cada vez mais PATÉTICOS: se é uma startup com um produto que vale a pena desenvolver (mas logo uma cópia mal feita do STOUT? ), por que não faz como as suas homólogas de sucesso? Começa com Crowdfunding e, no que o bicho já estiver voando e mostrando que é dos buenos, faz uma IPO estrondosa e vira o mais novo Unicórnio Brasileiro.

Do jeito que tá indo, parece que logo teremos outra vez o @FCarvalho reclamando que o GF malvado não faz nada para salvar os "pobres brasileirinhos injustiçados"...


CURIOSIDADE: por que todo mundo aqui no Brasil se encarniça tanto em enfrentar logo A EMBRAER mas nunca a Cessna ou a Piper? São produtos mais fáceis e baratos de desenvolver e num mercado onde a EMB não mostra o menor intere$$e...