Bourne escreveu: Dom Abr 21, 2019 10:37 am
Jovem, todo mundo que tem curso superior, trabalha no mercado formal e tem perspectiva de se aposentar com mais de mínimo é privilegiado. A realidade do Brasil é essa.
As reformas dos últimos 30 anos estão desmontando essa casta privilegiada. No setor privado reduziram o teto, estão aumentando o tempo de contribuição que força a quem quiser se aposentar tem outros investimentos. O que já acontece uma ou duas décadas. As vantagens de ser funcionários público (diferencial de salário, aposentadoria integral e jovem, entre outros) estão acabando e tendem a convergir para mesma situação do setor privado. Ou até pior porque tem uma massa gigantesca de pensões e aposentadorias integrais que o governo não tem como pagar. E logo pegam os militares, justiça e estados. Não vão ficar como está. O ambiente conspira para que o congresso empurre uma reforma dura sobre eles. Em particular, militares da reserva que tem muito mais benefícios do que similares de países desenvolvidos como EUA e Inglaterra.
Os terraplanistas são que dizem que não precisa de reforma.O modelo de seguridade social e previdência no Brasil mudou profundamente e mudará muito mais. Porque não funciona, cria distorções e sai caro. Essa não é a questão, mas como desenhar a reforma. No desenho da reforma da previdência dois pontos fundamentais:
Contribuição previdenciária sobre mercado formal de trabalho é insuficiente. Portanto, é necessário que a seguridade social seja financiada por outros tipos de impostos, especialmente renda e propriedade para não elevar distorções e assimetrias na economia. Porque o mercado de trabalho é informal e existe a proliferação das "PJtinhas" para fugir de impostos. O problema é identificado em países que tem sistemas de previdência sólidos como na Europa.
Seguridade social com foco nos mais pobres. Isto é, dar benefícios sociais e de seguridade para aqueles que não estão no mercado formal ou não tem contribuições suficientes. Nesse ponto que entra a aposentadoria rural ou beneficio continuado a partir de determinada idade. Eles não podem ser excluídos porque fazem parte da sociedade e o custo é uma mixaria.
O resto de colocar capitalização e outros elementos estranhos é só para complicar. Isso pode ser regulamentado depois. Por exemplo, a reforma do Temer (que era da Dilma) era bem mais modesta e realista jogava uma redução potencial de despesas da ordem de R$ 400 bi que poderia aumentar com legislações adicionais (reestruturação de carreiras do setor públicos e militares, nos estados e municípios, formas de contratação). Todos itens com dados e simulações, muito bem fundamentado e condensado em um documentos de 27 páginas.
Voltando ao Paulo Guedes e o projetos mágico. Ele não tem projeto, chuta números e quer ganhar no grito. Parou de estudar na década de 1980 depois que fez o doutorado. É, ainda que com muita boa vontade, é mero político. Todo mundo sabe. Inclusive gente como Gustavo Franco, Elena Landau, Alexandre Schwartsman, Marcos Lisboa, entre outros. Nenhum terraplanista. E todos com ótimos doutorados no exterior.
O que causa estranheza é que a reforma do temer foi jogada fora. E colocaram no lugar um livrão de 77 páginas cheia de coisas estranhas que insiste em um modelo de capitalização que não diz como é. Se vende como novo, mas que na real é um problema de país rico para classes que querem se aposentar acima do mínimo. Não é a prioridade do Brasil. Mas da Suécia, Dinamarca, Alemanha que incorporaram a capitalização no sistema previdenciário e é muito com o que parecem quererem fazer aqui. Parece porque não mostram qual o modelo e os detalhes.
Pegar só o ponto da capitalização não tem sentido. Para implantar o modelo sobre a base atual é um custo impagável porque o INSS perde arrecadação e que piora na medida em que os trabalhadores atuais se aposentam. E foca em trabalhadores de alta renda, mas não nos mais pobres. Estranho? E ignora que a reforma da Dilma lançou as bases para empurrar o funcionalismo público para fundos de previdência. Poderia ser válido só para os que vão entrar no mercado de trabalho. Só que aí é uma transição de 30/40anos.
Outra aberração é o imposto sobre é sobre transições financeiras. Porque onera todos os agentes que usam sistema financeiro. E quanto mais usa, mais paga. É muito pior que imposto sobre consumo e corporativos. Por isso não passa.
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Sim. Falta demanda. Não tem demanda do governo (corte de gasto em tudo, especialmente investimentos e está paralisado), das famílias que não consomem, das empresas que não investem, exportações que estão paradas. Faz o quê? No momento chorar porque não tem perceptiva. O que se esperava nos tempos do Presidento Temer é que com as reformas iria aumentar o consumo das famílias e o investimento das empresas para o pais crescer. Não aconteceu.
A falta de demanda é por questões de como funciona a economia brasileira. A bolha que estourou em 2015 é muito mais destrutiva do que parecia. Além da demanda está afetando a estrutura da economia com baixo investimento, como funcionam os mercados, alocação de mão de obra, etc... que afetam a produtividade e potencial de crescimento. O motor precisa de uma retífica como disse Armínio Fraga. O resultado pode ser daqui três-quatro anos tenha um espetáculo de crescimento tipo a Turquia na década de 2000/2010 ou vira a Argentina com inflação, estagnação e tudo mais.