26/08/2005 - 20h27
Brasil reduz em quase 50% ritmo do desmatamento na Amazônia Brasília, 26 ago (EFE).- O Governo calculou nesta sexta-feira que o ritmo de desflorestamento na Amazônia foi reduzido em quase 50%, embora reconheça que nos últimos 11 meses desapareceram do país 9.106 quilômetros quadrados de matas.
As ministras da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do Meio Ambiente, Marina Silva, explicaram em entrevista coletiva os resultados obtidos com os novos programas de controle sobre o território amazônico, com os quais melhoraram a vigilância e a repressão às atividades ilegais no maior pulmão do planeta.
Embora sejam números baseados em projeções, afirmaram que entre agosto de 2003 e julho de 2004 haviam sido desmatados cerca de 18.724 quilômetros quadrados, e que essa quantidade caiu para 9.106 quilômetros quadrados entre agosto de 2004 e julho de 2005.
(mesmo assim 9.106km é área pra caramba!!!)
Os números serão reavaliados até o final do ano mas, segundo o Governo, estes dados demonstram uma nova tendência.
Rousseff afirma que essa redução é resultado do Plano de Ação para a Prevenção e o Controle do Desflorestamento Amazônico, que o Governo pôs em prática no ano passado. Segundo a ministra, se trata de um plano estrutural, que leva em consideração as atividades produtivas legais e o desenvolvimento sustentável da região amazônica.
Marina Silva admitiu que os resultados obtidos por seu Ministério no combate ao desflorestamento até o momento são escassos, e que vem recebendo duras críticas de movimentos sociais, mas afirmou que já estão sendo dados passos firmes na direção oposta, o que começa a ser provado pelos novos dados.
"Houve críticas pertinentes, mas o plano estava sendo implementado e era cedo para julgá-lo. Agora há resultados e parece que estamos no caminho certo", afirmou.
A ministra disse ainda que, além dos resultados obtidos na repressão ao desmatamento, a relação com as forças policiais também se tornou mais próxima e constante.
Ela afirmou que nos últimos 11 meses foram presas cerca de 300 pessoas por delitos ambientais e que a vigilância permanente permitiu a preservação de enormes regiões da selva amazônica.Segundo a ministra, entre 2001 e 2002 o desmatamento cresceu a um ritmo de 27%, mas desde então foi sendo reduzido, em uma tendência que está sendo reafirmada agora. Há grandes partes da floresta, inclusive, nas quais a devastação está praticamente paralisada.
Marina Silva observou que, embora o desaparecimento da floresta continue, já começa a se perceber uma "forte tendência em direção a uma paralisação dessas ações".
Os dados do Governo foram reconhecidos por organizações ecológicas como o Greenpeace, que os atribuiu à "maior presença do Estado na região amazônica".
A organização também considerou que o assassinato, em fevereiro, da missionária americana Dorothy Stang, uma veterana defensora da Amazônia, "levou o Governo a adotar uma série de medidas para conter a escalada da violência e a destruição ambiental".
A organização Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês) emitiu um comunicado no qual disse que "se trata de uma boa notícia", embora considere que o "esfriamento do mercado agrícola internacional" pode ter contribuído para esses números.
Segundo a WWF, "a queda de 36% no preço da soja, a mais importante 'commodity' (matéria-prima) brasileira, e a desvalorização do dólar no país" ajudaram a conter o avanço da fronteira agrícola na Amazônia.
Isso pode ser observado nas estatísticas apresentadas hoje pelo Governo, que indicam uma forte redução na taxa de desmatamento no Mato Grosso, o grande produtor de soja do país.
Segundo esses dados, entre os anos de 2004 e 2005, os índices de devastação florestal no Mato Grosso caíram 33%. No entanto, a maior redução foi observada no Pará, onde a queda foi de 88%.