Wikipedia escreveu:Segundo a lenda grega, Prometeu criou o homem de argila e roubou a chama sagrada de Hélio (Deus Sol) para dar-lhe o sopro da vida. O intuito era criar um ser que ajudaria a cuidar de sua mãe Gáia (Terra). O homem, porém, também era imortal e assexuado, reproduzindo-se de forma rápida.
Por ordem de Zeus, Prometeu foi preso e condenado a ficar acorrentado no alto de uma montanha, onde todos os dias um corvo gigante vem comer-lhe as vísceras que são regeneradas à noite, ficando fadado a sentir dores por toda eternidade. Antes, porém, ele deixou uma caixa contendo todos os males que poderiam atormentar o homem com seu irmão Epmeteu, pedindo-lhe que não deixasse ninguém se aproximar dela.
Os homens começaram a desvastar a Terra e, a fim de castigá-los, os deuses reuniram-se e criaram a primeira mulher, a qual foi batizada como Pandora e incumbida de seduzir Epmeteu e abrir a caixa. Naquela época os deuses ainda não moravam no Olimpo mas em cavernas. Epmeteu colocara duas gaiolas com gralhas no fundo da caverna e a caixa entre elas. Caso alguém se aproximasse, as gralhas fariam um barulho insuportável, alertando Epmeteu.
Seduzindo-o, Pandora conseguiu convencê-lo a tirar as gralhas da caverna sob o pretexto de que tinha medo delas. Após terem-se amado, Epmeteu caiu em sono profundo. Pandora foi até a caixa e a abriu: um vortéx de males tais como mentira, doenças, inveja, velhice, guerra e morte saíram da caixa de forma tão assustadora que ela teve medo e fechou antes que saisse a última delas: o mal que acaba com a esperança.
Retirado de "http://pt.wikipedia.org/wiki/Pandora"
A caixa de Pandora. A famosa caixa de Pandora.
Nunca entendi direito aquele famoso ditado "a esperança é a última que morre". Acho que agora, pelo menos, sei de onde ele saiu. Da mitologia grega e a caixa de Pandora.
De qualquer forma, a palavra esperança é importante, na maioria das pessoas. Pensava eu, antes de ler este ecerto, que a esperança era a última que morre pois, após a sua morte, nada mais importa. Você vive por inércia, sem alegria e nem objetivos(pelo fato de que, para se ter objetivos factíveis, é necessário haver um plano e a esperança de que ele dará certo e o objetivo será alcançado).
Tinha esperanças no Brasil. Quando criança eu sonhava que ele seria um grande país, o país do futuro. Todos aqueles velhos argumentos vinham a minha cabeça e parecia fazer sentido. "Somos grandes, temos muita riqueza. Temos muita água, o 'ouro negro' do futuro. Este país está predestinado a ser o país do futuro."
Realmente, ele está predestinado a ser o país do futuro, mas nunca será o país do presente. O buraco de nossa pobreza e, até, insignificância é bem, bem mais embaixo. Não é possível termos esperança quando se vê que as instituições públicas estão preocupadas apenas com o salário de seus integrantes, e não com o país. Ao olhar para todos os lados, e ver que qualquer motivo é razão para greve, protestos, quebra-quebra e discursos retóricos.
Não é possível ver futuro quando percebe-se que a corrupção, condenada de forma drástica nos países ricos e lá fortemente combatida, aqui é tolerada e até aceita como algo natural. Que o respeito às leis, a propriedade e aos direitos de outrem vem depois do "jeitinho" pra sempre levar a melhor e ainda sair com boa fama. Fama de malandro, aqui, não é ruim. É, ao contrário, admirada e incentivada.
Como haverá futuro, se não o construiremos na base do diálogo, mas sim na base da imposição? Na clara e irrestrita intolerância a idéias e propostas contrárias existentes em todos os lados, em todas as linhas políticas e classes sociais. É evidente o "cada um por si e Deus por todos" que vejo todos os dias. Estudantes só pensam em si mesmo quando querem passe livre, e estão se lixando que, ao bloquearem ruas, possam impedir o trânsito de doentes aos hospitais; os políticos, magistrados, empresários, só se importam com os seus benefícios, e o impõem, nem que pra isso tenham que quebrar e sugar a riqueza do país até a última gota.
Pandora abriu a sua caixa, mas a fechou antes que o mal que acaba com a esperança saísse. Estou começando a achar que isso é mentira, ao menos pra mim. Abriu-se uma caixa de Pandora pessoal, e todos os males, junto com o destruidor de esperanças, saíram e estão bastante ativos. Não acredito que haja solução.
Pouco tempo atrás, eu ficava profundamente revoltado com algumas ações. Furioso. Invasões do MST, expropriação na Bolívia, atentados terroristas no oriente médio e Estados Unidos. A exaltação desses mesmos terroristas como autênticos "guerreiros da liberdade" por anti-americanos radicais que, como todas as outras pessoas, só pensam em si e vêem aqueles mortos por esses terroristas FDP apenas como números ou, até, uma "baixa" necessária(como já me disse um integrante do passe livre, a respeito de possíveis doentes que morressem em engarrafamentos causados pelo grupo).
Isso era há algum tempo atrás. Hoje estou diferente. Estou inerte, não reajo mais com fúria a esses absurdos, pois sei que de nada adianta. De que adianta eu tentar conscientizar as pessoas de que isso é errado, se elas estão comprometidas com suas ideologias, e não mais com outras pessoas? De que adianta eu falar em tolerância, se isso cairá em ouvidos surdos, mergulhados no mar do fanatismo? Por que eu deveria gastar as minhas energias exaltando o valor inestimável da vida humana, se na primeira esquina que eu andar eu ver pixado "Viva a heróica resistência iraquiana", responsável pelo massacre insdiscriminado de civis? Sabendo que, não importa a minha revolta, nada mudará, pra que se revoltar?
Hoje estou mais Zen. Os maiores absurdos continuam estourando o tempo todo: os deputados e juízes continuam aumentando os seus salários; os estudantes continuam bloqueando ruas e gritando palavras anti-imperialistas; os sem-terra continuam invadindo e destruindo; os Estados Unidos continuam com suas políticas destastrosas e burras, enquanto os anti-americanos continuam acreditando piamente que a vida de um palestino vale mais que a de um Israelense, quando deveriam valer a mesma coisa.
Tudo isso ocorre, mas estou inerte. Não me importa mais, pois a minha esperança acabou. A minha caixa de Pandora, de certa forma, me salvou de um colapso. É melhor encarar a realidade, parar de sonhar com tempos melhores, no Brasil e no mundo, e fazer aquilo que se gosta.
Perdi a minha esperança no Brasil, mas ainda o amo. E amor se dá sem querer nada em troca. Continuo querendo o melhor pra ele, e continuo, dentro das minhas possibilidades, tentando ajudá-lo. Mas não mais acredito que ele será uma grande potência, com o seu povo vivendo bem e onde exista o império da lei, e não o do malandro.
A minha esperança morreu, pois os fatos a contradizem diariamente, incessantemente. E, se essa há essa contradição, é a minha esperança, e não a realidade, que está errada.
Abraços
César