General do EB faz avião da TAM voltar
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- VICTOR
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Realmente, a estória mais provável parece ser que o General fez um barraco, e algum assessor dele pressionou ainda mais os funcionários, que acabaram resovendo chamar o avião de volta, já que devem ter notado que o cara era importante mesmo. Mas acredito que ele realmente não tinha a intenção de fazer o avião voltar.
Mais notícias (Estadão):
Alencar age para preservar general que parou avião da TAM
Senado poderá convocar comandante do Exército se explicações à Comissão de Ética não forem claras
BRASÍLIA
O comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, negou ontem em entrevista à rádio CBN que tenha cometido abuso de poder para embarcar num avião da TAM, no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, com destino a Brasília, na Quarta-Feira de Cinzas. O avião já estava na pista para decolar, mas teve de voltar ao local de embarque para pegar o general e sua mulher.
Albuquerque argumentou que precisava voltar a Brasília por causa de compromisso inadiável. Afirmou que foi ao aeroporto e cumpriu todos os prazos previstos pela TAM -sem mencionar embora a empresa tenha . "Eu até confirmei a passagem com 12 dias de antecedência, porque não poderia faltar ao meu compromisso na quarta-feira à tarde. Ao chegarmos lá, notamos que estava operando o chamado overbooking", contou.
Ele disse que um auxiliar fez o check-in com 1 hora e 15 minutos de antecedência. "Minha bagagem foi etiquetada e recolhida. Depois, recebemos a bagagem de volta, sob a alegação de que, em razão do overbooking, o vôo estava lotado e eu não poderia embarcar." O general explicou que procurou outra companhia, mas não encontrou vagas. Assim, voltou ao balcão da TAM em busca de alternativa.
"Como as soluções apresentadas não eram viáveis, eu procurei os órgãos responsáveis pelo aeroporto e relatei meu caso. Depois que fiz minhas colocações, permaneci no aeroporto aguardando uma solução." Albuquerque garantiu que não sabia quais seriam os procedimentos da empresa para resolver o problema. "Soube, depois, que ela (a TAM) tentou comprar bilhetes de outros passageiros para que abdicassem da viagem. Eu não pedi isso, foi a própria companhia que deu essa solução. Também não sabia que o avião já estava se preparando para a decolagem."
Ele disse que só foi informado de que havia dois lugares no avião e ele e sua mulher deveriam embarcar. "Portanto, não houve por parte do general Albuquerque nenhuma atitude autoritária determinando que a aeronave parasse e, de maneira forçada, voltasse. Isso não ficou claro e me deixou triste porque esse não é o meu comportamento nem o dos outros militares."
Quanto à reação dos outros passageiros, o general confirmou que houve mesmo um constrangimento e nem poderia ser diferente. "Eu me coloco no lugar desses passageiros. Houve um certo atraso na decolagem do avião e eu entendo a situação deles. Agora, o que também não estava certo era eu não poder viajar e perder meu compromisso", argumentou. "Por tudo isso, eu teria de me deslocar de Viracopos para outro aeroporto, Congonhas ou Guarulhos. A outra solução era pegar outro vôo no dia seguinte, mas em ambos os casos eu não atenderia ao meu compromisso."
Ontem a Infraero culpou o Departamento de Aviação Civil (DAC) pela paralisação do vôo. "A partir do momento em que a porta do avião se fecha, a responsabilidade deixa de ser da Infraero e passa a ser do DAC. Se ele achou melhor o avião voltar, nós obedecemos", afirmou o superintendentes de Comunicação da Infraero, Nunzio Brigúlio. O órgão informou que o caso é inédito. O DAC, porém, garantiu que o procedimento é comum e todo passageiro que se sentir preterido pela companhia aérea, pode fazer o mesmo que o general, reclamando a um fiscal do departamento.
Em entrevista por e-mail ao Estado, o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, evitou ontem comentar a possibilidade de deixar o cargo por causa da decisão do Departamento de Aviação Civil (DAC) de interromper a decolagem de um avião da TAM para que ele e a mulher embarcassem, na Quarta-Feira de Cinzas. Ele respondeu a quatro das seis perguntas enviadas - não quis dizer se continuaria à frente do Exército e se já havia passado por situação de constrangimento como a vivida a bordo, quando foi hostilizado.
Albuquerque conversou sobre o assunto por telefone com o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar. Diante da situação delicada, Alencar montou uma operação para tentar mantê-lo no cargo e recomendou que o militar se manifestasse logo sobre ocaso. E sugeriu, ainda, que ele dê explicações à Comissão de Ética do governo e à Comissão de Defesa do Consumidor, na Câmara.
Ao Estado, Albuquerque insistiu em que agiu no episódio como "cidadão comum". E alegou que só usou a estrutura do Exército para se manifestar, por nota, porque a imprensa "se referiu ao comandante do Exército, não ao cidadão".
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Alencar age para preservar general que parou avião da TAM
Senado poderá convocar comandante do Exército se explicações à Comissão de Ética não forem claras
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O comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, negou ontem em entrevista à rádio CBN que tenha cometido abuso de poder para embarcar num avião da TAM, no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, com destino a Brasília, na Quarta-Feira de Cinzas. O avião já estava na pista para decolar, mas teve de voltar ao local de embarque para pegar o general e sua mulher.
Albuquerque argumentou que precisava voltar a Brasília por causa de compromisso inadiável. Afirmou que foi ao aeroporto e cumpriu todos os prazos previstos pela TAM -sem mencionar embora a empresa tenha . "Eu até confirmei a passagem com 12 dias de antecedência, porque não poderia faltar ao meu compromisso na quarta-feira à tarde. Ao chegarmos lá, notamos que estava operando o chamado overbooking", contou.
Ele disse que um auxiliar fez o check-in com 1 hora e 15 minutos de antecedência. "Minha bagagem foi etiquetada e recolhida. Depois, recebemos a bagagem de volta, sob a alegação de que, em razão do overbooking, o vôo estava lotado e eu não poderia embarcar." O general explicou que procurou outra companhia, mas não encontrou vagas. Assim, voltou ao balcão da TAM em busca de alternativa.
"Como as soluções apresentadas não eram viáveis, eu procurei os órgãos responsáveis pelo aeroporto e relatei meu caso. Depois que fiz minhas colocações, permaneci no aeroporto aguardando uma solução." Albuquerque garantiu que não sabia quais seriam os procedimentos da empresa para resolver o problema. "Soube, depois, que ela (a TAM) tentou comprar bilhetes de outros passageiros para que abdicassem da viagem. Eu não pedi isso, foi a própria companhia que deu essa solução. Também não sabia que o avião já estava se preparando para a decolagem."
Ele disse que só foi informado de que havia dois lugares no avião e ele e sua mulher deveriam embarcar. "Portanto, não houve por parte do general Albuquerque nenhuma atitude autoritária determinando que a aeronave parasse e, de maneira forçada, voltasse. Isso não ficou claro e me deixou triste porque esse não é o meu comportamento nem o dos outros militares."
Quanto à reação dos outros passageiros, o general confirmou que houve mesmo um constrangimento e nem poderia ser diferente. "Eu me coloco no lugar desses passageiros. Houve um certo atraso na decolagem do avião e eu entendo a situação deles. Agora, o que também não estava certo era eu não poder viajar e perder meu compromisso", argumentou. "Por tudo isso, eu teria de me deslocar de Viracopos para outro aeroporto, Congonhas ou Guarulhos. A outra solução era pegar outro vôo no dia seguinte, mas em ambos os casos eu não atenderia ao meu compromisso."
Ontem a Infraero culpou o Departamento de Aviação Civil (DAC) pela paralisação do vôo. "A partir do momento em que a porta do avião se fecha, a responsabilidade deixa de ser da Infraero e passa a ser do DAC. Se ele achou melhor o avião voltar, nós obedecemos", afirmou o superintendentes de Comunicação da Infraero, Nunzio Brigúlio. O órgão informou que o caso é inédito. O DAC, porém, garantiu que o procedimento é comum e todo passageiro que se sentir preterido pela companhia aérea, pode fazer o mesmo que o general, reclamando a um fiscal do departamento.
Em entrevista por e-mail ao Estado, o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, evitou ontem comentar a possibilidade de deixar o cargo por causa da decisão do Departamento de Aviação Civil (DAC) de interromper a decolagem de um avião da TAM para que ele e a mulher embarcassem, na Quarta-Feira de Cinzas. Ele respondeu a quatro das seis perguntas enviadas - não quis dizer se continuaria à frente do Exército e se já havia passado por situação de constrangimento como a vivida a bordo, quando foi hostilizado.
Albuquerque conversou sobre o assunto por telefone com o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar. Diante da situação delicada, Alencar montou uma operação para tentar mantê-lo no cargo e recomendou que o militar se manifestasse logo sobre ocaso. E sugeriu, ainda, que ele dê explicações à Comissão de Ética do governo e à Comissão de Defesa do Consumidor, na Câmara.
Ao Estado, Albuquerque insistiu em que agiu no episódio como "cidadão comum". E alegou que só usou a estrutura do Exército para se manifestar, por nota, porque a imprensa "se referiu ao comandante do Exército, não ao cidadão".
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JANIO DE FREITAS
A hora do general
Duas atitudes vêm aumentar a dimensão e a gravidade do episódio revelado por Elio Gaspari e protagonizado pelo general Francisco Albuquerque, comandante do Exército, ao se fazer embarcar em avião comercial que já iniciara a operação de partida do aeroporto de Campinas, na Quarta-Feira de Cinzas.
O Exército, como instituição, foi agora envolvido em um episódio que deveria se restringir à pessoa do seu comandante, com emissão de uma nota oficial incabível porque nenhum ato ou palavra do general Albuquerque em Campinas decorreu do cumprimento de deveres do seu cargo.
Não bastando esse comprometimento da instituição por interesse pessoal, a nota do Exército o faz a partir da adulteração dos fatos, com o propósito de conformá-los a uma normalidade de conduta que não existiu.
Diz a nota, entre os seus cinco pontos: "1 - O comandante do Exército cumpriu os prazos previstos pela companhia aérea e, inclusive, confirmou a viagem com 12 dias de antecedência. 2 - Está comprovado que havia passageiros em excesso".
O próprio general Albuquer- que, em entrevista que o seu agradecimento sugeriu ser de iniciativa sua, disse ontem a uma rádio duas frases principais: "Eu atendi a todos os prazos da companhia" e "eu estava completamente correto".
Todo o episódio no aeroporto decorreu de um só fato: o casal Albuquerque apresentou-se ao balcão da companhia, para o check-in pessoal de passagens e a conseqüente autorização de acesso à sala de embarque, entre 20 e 15 minutos antes da hora marcada, nos seus bilhetes, para a partida do avião. Houve, portanto, descumprimento aos "prazos previstos pela companhia aérea" e, supõe-se que devesse ser mais importante para um militar, às normas fixadas pelo Ministério da Aeronáutica por intermédio da Diretoria de Aeronáutica Civil. Além daquelas com que a Infraero coordena a atividade das companhias nos salões de despacho e embarque. O general não "estava completamente correto", não o estava nem o mínimo necessário.
É de conhecimento público, por parte de todos os que alguma vez embarcaram em aeroporto, a norma original de que a apresentação do passageiro deve dar-se com o mínimo de duas horas de antecedência, para os vôos internacionais, e de uma hora para os vôos domésticos. Com as novas providências a pretexto de segurança, a partir do ataque às torres de Nova York, muitas empresas e muitos aeroportos alteraram a antecedência exigida, mas sempre para aumentá-la.
Mesmo no caso de antecedência excepcional, nunca seria de menos de meia hora. Por fim, na falta de apresentação do pretendido passageiro no prazo-limite, a companhia não está obrigada a deixar vago o seu lugar, daí a existência, freqüente e autorizada pelas normas, de fila de espera. Como houve em Campinas.
O recurso à deformação dos fatos não defende o general Francisco Albuquerque: acrescenta-lhe outra atitude imprópria para o seu cargo, e já deveria sê-lo para sua condição de militar. A nota oficial do Exército é como uma carteirada da carteirada, ao valer-se da instituição Forças Armadas para servir à opinião pública a versão reformada dos fatos, nos quais a responsabilidade não foi institucional, mas individual. Ou assim parece ser, se não mais estivermos, mesmo, no tempo em que um militar é, só por sê-lo, ele próprio uma instituição acima de todas as demais.
Se os tempos são outros, o general Francisco Albuquerque tem satisfações a prestar -por si e por seus atos pessoais, sem o comprometimento intimidatório da sua instituição. Porque não poderia ser outra e melhor a finalidade da nota que nada acrescentou, como informação e "esclarecimento", ao que o general disse de viva-voz.
Folha de S. Paulo
A hora do general
Duas atitudes vêm aumentar a dimensão e a gravidade do episódio revelado por Elio Gaspari e protagonizado pelo general Francisco Albuquerque, comandante do Exército, ao se fazer embarcar em avião comercial que já iniciara a operação de partida do aeroporto de Campinas, na Quarta-Feira de Cinzas.
O Exército, como instituição, foi agora envolvido em um episódio que deveria se restringir à pessoa do seu comandante, com emissão de uma nota oficial incabível porque nenhum ato ou palavra do general Albuquerque em Campinas decorreu do cumprimento de deveres do seu cargo.
Não bastando esse comprometimento da instituição por interesse pessoal, a nota do Exército o faz a partir da adulteração dos fatos, com o propósito de conformá-los a uma normalidade de conduta que não existiu.
Diz a nota, entre os seus cinco pontos: "1 - O comandante do Exército cumpriu os prazos previstos pela companhia aérea e, inclusive, confirmou a viagem com 12 dias de antecedência. 2 - Está comprovado que havia passageiros em excesso".
O próprio general Albuquer- que, em entrevista que o seu agradecimento sugeriu ser de iniciativa sua, disse ontem a uma rádio duas frases principais: "Eu atendi a todos os prazos da companhia" e "eu estava completamente correto".
Todo o episódio no aeroporto decorreu de um só fato: o casal Albuquerque apresentou-se ao balcão da companhia, para o check-in pessoal de passagens e a conseqüente autorização de acesso à sala de embarque, entre 20 e 15 minutos antes da hora marcada, nos seus bilhetes, para a partida do avião. Houve, portanto, descumprimento aos "prazos previstos pela companhia aérea" e, supõe-se que devesse ser mais importante para um militar, às normas fixadas pelo Ministério da Aeronáutica por intermédio da Diretoria de Aeronáutica Civil. Além daquelas com que a Infraero coordena a atividade das companhias nos salões de despacho e embarque. O general não "estava completamente correto", não o estava nem o mínimo necessário.
É de conhecimento público, por parte de todos os que alguma vez embarcaram em aeroporto, a norma original de que a apresentação do passageiro deve dar-se com o mínimo de duas horas de antecedência, para os vôos internacionais, e de uma hora para os vôos domésticos. Com as novas providências a pretexto de segurança, a partir do ataque às torres de Nova York, muitas empresas e muitos aeroportos alteraram a antecedência exigida, mas sempre para aumentá-la.
Mesmo no caso de antecedência excepcional, nunca seria de menos de meia hora. Por fim, na falta de apresentação do pretendido passageiro no prazo-limite, a companhia não está obrigada a deixar vago o seu lugar, daí a existência, freqüente e autorizada pelas normas, de fila de espera. Como houve em Campinas.
O recurso à deformação dos fatos não defende o general Francisco Albuquerque: acrescenta-lhe outra atitude imprópria para o seu cargo, e já deveria sê-lo para sua condição de militar. A nota oficial do Exército é como uma carteirada da carteirada, ao valer-se da instituição Forças Armadas para servir à opinião pública a versão reformada dos fatos, nos quais a responsabilidade não foi institucional, mas individual. Ou assim parece ser, se não mais estivermos, mesmo, no tempo em que um militar é, só por sê-lo, ele próprio uma instituição acima de todas as demais.
Se os tempos são outros, o general Francisco Albuquerque tem satisfações a prestar -por si e por seus atos pessoais, sem o comprometimento intimidatório da sua instituição. Porque não poderia ser outra e melhor a finalidade da nota que nada acrescentou, como informação e "esclarecimento", ao que o general disse de viva-voz.
Folha de S. Paulo
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Na mesma Folha, o Luís Nassif, que é dado a assuntos de Defesa, defende o General:
LUÍS NASSIF
O vôo do general
O sábio recluso com quem converso periodicamente está perplexo com o estardalhaço provocado pelo vôo do general Francisco de Albuquerque, comandante do Exército. Como se sabe, um avião da TAM foi parado no aeroporto de Viracopos, em Campinas, e dois passageiros trocaram de lugar com o general, para que não perdesse um compromisso em Brasília.
Ora, diz o sábio, o general estava em suas funções, não é reformado e sem encargos, tampouco estava de férias. Como qualquer comandante de um Exército nacional, é responsável pela segurança do país e cabe-lhe perfeitamente a prerrogativa de requisitar não só assento em vôos que o levem à capital do país como o avião inteiro, não só em tempos de guerra como de paz (relativa, já que se vive uma guerra urbana no país, com intervenção do próprio Exército).
Alguém imaginaria que o comandante do Exército dos Estados Unidos, precisando ir de Nova York a Washington, submeta-se a uma lista de espera em busca de vaga, ficando sentado pacientemente no aeroporto La Guardia, como um turista qualquer?
Ou aqui perto, para sermos mais modestos -continua o sábio-, acreditar que o general Reinaldo Castellanos, comandante do Exército da Colômbia, necessitando ir de Medellín a Bogotá, fique na fila do check-in para ver se tem algum lugar para ele?
São fatos elementares, diz ele, mas fez-se um estardalhaço confundindo prerrogativas militares clássicas e tradicionais, de requisição de meios de transporte, com atentando à democracia, mesmo se estando em um país pacífico.
O general Albuquerque deveria estar em Brasília na primeira hora de quinta-feira, aquele era o ultimo vôo de quarta, ele tinha passagem confirmada, exigiu seu lugar.
Cometeu dois deslizes nesse episódio, na opinião do sábio. Primeiro, poderia ter chegado meia hora, e não 15 minutos antes, apesar de ter mandado um sargento despachar a bagagem antes. Se tivesse feito isso, não haveria o problema de mandar o avião voltar da pista. Provavelmente, o atraso do general deve-se à sua mulher, Maria Antonina, que tem personalidade forte. Na fechada corporação militar, mulheres de comandantes às vezes são peças decisivas ou complicadoras nas carreiras dos maridos.
Segundo, embora não obrigatório em um fim de semana, a posição especial do comandante do Exército ficaria mais bem servida se o general usasse uniforme militar nos seus deslocamentos, continua o sábio. Oficiais em funções de alto comando precisam ser bem reconhecidos, e os americanos tem o maior orgulho de usar a farda, mesmo quando dispensados dela.
Nos aviões e hotéis dos Estados Unidos, vêem-se muitos militares uniformizados e com todos seus galões.
Quando entrou no avião, o general teve o dissabor de ser vaiado. Provavelmente nenhum dos passageiros sabia quem ele era e dificilmente teriam vaiado se estivesse fardado. Fora isso, o incidente foi mais lamentável pela reação desproporcional do que pela sua real importância.
LUÍS NASSIF
O vôo do general
O sábio recluso com quem converso periodicamente está perplexo com o estardalhaço provocado pelo vôo do general Francisco de Albuquerque, comandante do Exército. Como se sabe, um avião da TAM foi parado no aeroporto de Viracopos, em Campinas, e dois passageiros trocaram de lugar com o general, para que não perdesse um compromisso em Brasília.
Ora, diz o sábio, o general estava em suas funções, não é reformado e sem encargos, tampouco estava de férias. Como qualquer comandante de um Exército nacional, é responsável pela segurança do país e cabe-lhe perfeitamente a prerrogativa de requisitar não só assento em vôos que o levem à capital do país como o avião inteiro, não só em tempos de guerra como de paz (relativa, já que se vive uma guerra urbana no país, com intervenção do próprio Exército).
Alguém imaginaria que o comandante do Exército dos Estados Unidos, precisando ir de Nova York a Washington, submeta-se a uma lista de espera em busca de vaga, ficando sentado pacientemente no aeroporto La Guardia, como um turista qualquer?
Ou aqui perto, para sermos mais modestos -continua o sábio-, acreditar que o general Reinaldo Castellanos, comandante do Exército da Colômbia, necessitando ir de Medellín a Bogotá, fique na fila do check-in para ver se tem algum lugar para ele?
São fatos elementares, diz ele, mas fez-se um estardalhaço confundindo prerrogativas militares clássicas e tradicionais, de requisição de meios de transporte, com atentando à democracia, mesmo se estando em um país pacífico.
O general Albuquerque deveria estar em Brasília na primeira hora de quinta-feira, aquele era o ultimo vôo de quarta, ele tinha passagem confirmada, exigiu seu lugar.
Cometeu dois deslizes nesse episódio, na opinião do sábio. Primeiro, poderia ter chegado meia hora, e não 15 minutos antes, apesar de ter mandado um sargento despachar a bagagem antes. Se tivesse feito isso, não haveria o problema de mandar o avião voltar da pista. Provavelmente, o atraso do general deve-se à sua mulher, Maria Antonina, que tem personalidade forte. Na fechada corporação militar, mulheres de comandantes às vezes são peças decisivas ou complicadoras nas carreiras dos maridos.
Segundo, embora não obrigatório em um fim de semana, a posição especial do comandante do Exército ficaria mais bem servida se o general usasse uniforme militar nos seus deslocamentos, continua o sábio. Oficiais em funções de alto comando precisam ser bem reconhecidos, e os americanos tem o maior orgulho de usar a farda, mesmo quando dispensados dela.
Nos aviões e hotéis dos Estados Unidos, vêem-se muitos militares uniformizados e com todos seus galões.
Quando entrou no avião, o general teve o dissabor de ser vaiado. Provavelmente nenhum dos passageiros sabia quem ele era e dificilmente teriam vaiado se estivesse fardado. Fora isso, o incidente foi mais lamentável pela reação desproporcional do que pela sua real importância.
- Guilherme
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Se eu tivesse confirmado um vôo com vários dias de antecedência, e ao chegar 15 minutos antes da decolagem, o vôo estivesse lotado, eu ia armar um barraco legal. Não iriam fazer o avião voltar, pois não tenho o mesmo poder de influência do general, mas eu ia querer um lugar em outro vôo no mesmo dia e um reembolso parcial no que eu paguei pela passagem. Isso sem falar numa reclamação que eu formalizaria no DAC e a contratação de um advogado para processar a companhia aérea.
- Einsamkeit
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o Negocio é usar a TAB mesmo, ja que o cara usar aviao nao da certo
Somos memórias de lobos que rasgam a pele
Lobos que foram homens e o tornarão a ser
ou talvez memórias de homens.
que insistem em não rasgar a pele
Homens que procuram ser lobos
mas que jamais o tornarão a ser...
Moonspell - Full Moon Madness
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- Vinicius Pimenta
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O Luis Nassif está correto. É incrível esse estardalhaço. O overbooking existe? Sempre vai existir? Bom, então a empresa que se vire para realocar os passageiros em outros vôos. Seria inadmissível que um Comandante do Exército fique fora de um vôo que já estava PAGO. Assim como é inadmissível que outras 12 pessoas tenham ficado sem viajar. Isso é uma falta de respeito das empresas aéreas. Deve ser por isso que estão quebrando...
Qualquer um de nós teria feito todo o possível para embarcar naquele vôo. O General não mandou o avião voltar.
Só estamos comentando isso porque o cara é militar. Se fosse um artista, um político ou jogador de futebol, isso não iria nem aparecer na mídia.
Qualquer um de nós teria feito todo o possível para embarcar naquele vôo. O General não mandou o avião voltar.
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Informações do jornalista Pedro Paulo Rezende na lista Aerofans (grifos meus):
Conversei com a turma do Cecomsaer sobre o assunto. Alguns pontos:
1. O DAC determinou que o avião esperasse uma solução para o caso.
2. O piloto da TAM iniciou o procedimento de taxi sem autorização
3. Ele foi ordenado que retornasse ao ponto de apoio e esperasse uma decisão final para o caso
4. Os passageiros que aceitaram ceder o lugar para o general e a esposa foram compensados.
5. Em off, alguns oficiais da Aeronáutica reclamam da falta de competência do Cecomsex, que se nega a oferecer informações palpáveis sobre o caso
Vinicius Pimenta
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Estado de S. Paulo, via Notimp
General falou com militar do DAC para obter lugar no vôo
Relato da Infraero sobre o caso diverge do que diz o comandante Albuquerque
Gabriel Manzano Filho
Um relato da Infraero sobre o modo como o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, conseguiu lugar em um avião da TAM, em Viracopos, na Quarta-feira de Cinzas, diverge inteiramente de sua versão e informa que um suboficial do Departamento de Aviação Civil (DAC) "recebeu determinação" do militar de que "deveria estar a bordo, pois tinha compromissos inadiáveis em Brasília." O general tem sustentado que um auxiliar já havia feito seu check-in para o vôo, que a bagagem já estava despachada e que ele não se valeu do cargo para obter tratamento especial.
Esse informe - que é habitualmente preparado pelo supervisor da Infraero cada vez que termina seu plantão de 8 horas - foi anexado a uma sindicância que está sendo realizada pelo Comando Aéreo (Comar) de São Paulo e que deverá estar pronta na semana que vem.
Segundo ele, o general não fez check-in - apenas confirmou seu vôo, por telefone, de manhã - e não teve nenhuma bagagem embarcada antes por algum auxiliar. Por fim, não confirma sua alegação de que não fez pressão para conseguir os lugares para ele e para sua mulher, Maria Antonina.
O relato, do próprio dia, informa que o general "apresentou-se para o check-in no vôo JJ-3874, juntamente com sua esposa, sendo a reserva efetivada no dia 16 de fevereiro e confirmada na manhã de hoje, com os assentos 13B e 13C". Quando se iniciava o despacho das bagagens, "o processo foi interrompido pelo sr. Alejandro Viniegra Figueiroa, recepcionista da TAM." Como havia overbooking (excesso de passageiros), este avisou que "não embarcaria a autoridade e sua esposa." Mas "(foi) acionado imediatamente o fiscal do DAC (Departamento de Aviação Civil), suboficial Agostini, que recebeu determinação do general Albuquerque, de que deveria estar a bordo, pois tinha compromissos inadiáveis em Brasília." Depois desse contato, "Agostini ligou para a torre, com o objetivo de impedir a saída da aeronave PT-MZQ". Nesse momento, o aparelho "já havia iniciado o push-back", mas "retornou para a marca R-17" (o ponto de onde começou a taxiar). O informe menciona depois as negociações com dois passageiros, Erasmo Pinto Jr. e Sandra Oliveira, que "cederam seus assentos com a finalidade de embarcar a autoridade e sua esposa".
O suboficial Agostini não quis comentar seu encontro com o general. "Estamos aguardando uma nota do Serviço de Comunicação da Aeronáutica (SecomSAer), que dará todas as explicações", afirmou ele ontem, em Viracopos. Essa nota, provavelmente, se baseará nos resultados da sindicância do Comar e só será divulgada quando o comandante Albuquerque voltar do Chile.
Na TAM, o funcionário Alejandro Figueiroa também se calou. "Só a empresa, em São Paulo, pode falar desse assunto", defendeu-se. No momento em que o general chegou ao balcão da TAM, por volta de 17h10, o vôo (que sairia às 17h30) não só estava lotado e os portões do avião fechados, como havia outras 14 pessoas na fila - o comandante e sua mulher, Maria Antonina, seriam os de números 15 e 16.
Comandante diz que não pretende deixar o cargo
Militar afirma que não deu "carteiraço" nem abusou de sua posição para embarcar
Denise Chrispim Marin
O general Francisco Albuquerque disse ontem, no Chile, que não vai pedir para deixar o cargo por causa do episódio envolvendo o vôo da TAM. Ele afirmou ao Estado que não costuma fugir de situações adversas. "Fui formado para enfrentá-las", disse.
Albuquerque já havia admitido que, ao reclamar por não ter embarcado, se apresentou como comandante do Exército. Ontem, ele disse que nem foi fardado ao aeroporto para não causar constrangimentos.
No Chile, onde participou da Reunião de Comandantes de Exército dos Países do Mercosul e Membros Associados, Albuquerque concedeu entrevista com os trechos a seguir:
RELATO
Eu estava em Itu (SP), onde passei o carnaval com minha mulher, e deveria voltar a Brasília na Quarta-Feira de Cinzas para uma reunião inadiável. Meus assessores confirmaram nosso lugar no avião com 12 dias de antecipação. Tenho os comprovantes. Portanto, eu tinha o meu lugarzinho ali reservado. No dia 1º, meu assessor chegou a Viracopos com uma hora e quinze minutos de antecedência e entrou na fila para fazer meu check-in. Quando chegou sua vez, ainda faltavam 56 minutos para o vôo sair. Nossas bagagens chegaram a ser despachadas e etiquetadas. Mas uma funcionária da companhia aérea voltou e disse que o vôo já estava completo.
Nesse momento, eu já havia chegado ao aeroporto. Fomos ao guichê de outra companhia, mas seu avião estava também completo. A alternativa proposta pela companhia seria ir para o Aeroporto de Guarulhos ou embarcar no dia seguinte. Disse que não poderia perder minha reunião - na qual fiquei preso até as 21 horas daquele dia - e falei aos responsáveis pelo aeroporto que gostaria que eles encontrassem uma solução.
Pouco depois, a companhia me informou que havia dois lugares disponíveis. Só quando entrei no avião soube que haviam feito a aeronave retornar e tinham oferecido benefícios para que duas pessoas cedessem seus lugares para nós. Outros passageiros reclamaram.
No meio do avião, pedi desculpas pelo transtorno causado. Mas não sou o culpado por esse episódio. Como cidadão, fui prejudicado pelo overbooking.
AUTORITARISMO
Fiquei muito triste com esse incidente. Meu perfil não é autoritário. Procuro exercer a liderança na base da conquista dos corações e das mentes.
Há um livro muito interessante, O Monge e o Executivo, de O. James C. Hunter, cuja leitura eu recomendo porque contribui muito para o aprimoramento do espírito de liderança. Ele diz que o líder existe para servir. Acredito nisso.
CARTEIRAÇO
Eu não dei nenhum carteiraço nem abusei da minha posição. Quem conhece a minha história de vida sabe que não sou adepto de atitudes autoritárias nem de privilégios nem do uso de minhas atribuições para conseguir vantagens.
DEMISSÃO
Não vou me aposentar. Ficar zangado e jogar o boné não é o meu estilo. Eu não fujo de situações adversas. Fui formado para enfrentá-las.
General falou com militar do DAC para obter lugar no vôo
Relato da Infraero sobre o caso diverge do que diz o comandante Albuquerque
Gabriel Manzano Filho
Um relato da Infraero sobre o modo como o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, conseguiu lugar em um avião da TAM, em Viracopos, na Quarta-feira de Cinzas, diverge inteiramente de sua versão e informa que um suboficial do Departamento de Aviação Civil (DAC) "recebeu determinação" do militar de que "deveria estar a bordo, pois tinha compromissos inadiáveis em Brasília." O general tem sustentado que um auxiliar já havia feito seu check-in para o vôo, que a bagagem já estava despachada e que ele não se valeu do cargo para obter tratamento especial.
Esse informe - que é habitualmente preparado pelo supervisor da Infraero cada vez que termina seu plantão de 8 horas - foi anexado a uma sindicância que está sendo realizada pelo Comando Aéreo (Comar) de São Paulo e que deverá estar pronta na semana que vem.
Segundo ele, o general não fez check-in - apenas confirmou seu vôo, por telefone, de manhã - e não teve nenhuma bagagem embarcada antes por algum auxiliar. Por fim, não confirma sua alegação de que não fez pressão para conseguir os lugares para ele e para sua mulher, Maria Antonina.
O relato, do próprio dia, informa que o general "apresentou-se para o check-in no vôo JJ-3874, juntamente com sua esposa, sendo a reserva efetivada no dia 16 de fevereiro e confirmada na manhã de hoje, com os assentos 13B e 13C". Quando se iniciava o despacho das bagagens, "o processo foi interrompido pelo sr. Alejandro Viniegra Figueiroa, recepcionista da TAM." Como havia overbooking (excesso de passageiros), este avisou que "não embarcaria a autoridade e sua esposa." Mas "(foi) acionado imediatamente o fiscal do DAC (Departamento de Aviação Civil), suboficial Agostini, que recebeu determinação do general Albuquerque, de que deveria estar a bordo, pois tinha compromissos inadiáveis em Brasília." Depois desse contato, "Agostini ligou para a torre, com o objetivo de impedir a saída da aeronave PT-MZQ". Nesse momento, o aparelho "já havia iniciado o push-back", mas "retornou para a marca R-17" (o ponto de onde começou a taxiar). O informe menciona depois as negociações com dois passageiros, Erasmo Pinto Jr. e Sandra Oliveira, que "cederam seus assentos com a finalidade de embarcar a autoridade e sua esposa".
O suboficial Agostini não quis comentar seu encontro com o general. "Estamos aguardando uma nota do Serviço de Comunicação da Aeronáutica (SecomSAer), que dará todas as explicações", afirmou ele ontem, em Viracopos. Essa nota, provavelmente, se baseará nos resultados da sindicância do Comar e só será divulgada quando o comandante Albuquerque voltar do Chile.
Na TAM, o funcionário Alejandro Figueiroa também se calou. "Só a empresa, em São Paulo, pode falar desse assunto", defendeu-se. No momento em que o general chegou ao balcão da TAM, por volta de 17h10, o vôo (que sairia às 17h30) não só estava lotado e os portões do avião fechados, como havia outras 14 pessoas na fila - o comandante e sua mulher, Maria Antonina, seriam os de números 15 e 16.
Comandante diz que não pretende deixar o cargo
Militar afirma que não deu "carteiraço" nem abusou de sua posição para embarcar
Denise Chrispim Marin
O general Francisco Albuquerque disse ontem, no Chile, que não vai pedir para deixar o cargo por causa do episódio envolvendo o vôo da TAM. Ele afirmou ao Estado que não costuma fugir de situações adversas. "Fui formado para enfrentá-las", disse.
Albuquerque já havia admitido que, ao reclamar por não ter embarcado, se apresentou como comandante do Exército. Ontem, ele disse que nem foi fardado ao aeroporto para não causar constrangimentos.
No Chile, onde participou da Reunião de Comandantes de Exército dos Países do Mercosul e Membros Associados, Albuquerque concedeu entrevista com os trechos a seguir:
RELATO
Eu estava em Itu (SP), onde passei o carnaval com minha mulher, e deveria voltar a Brasília na Quarta-Feira de Cinzas para uma reunião inadiável. Meus assessores confirmaram nosso lugar no avião com 12 dias de antecipação. Tenho os comprovantes. Portanto, eu tinha o meu lugarzinho ali reservado. No dia 1º, meu assessor chegou a Viracopos com uma hora e quinze minutos de antecedência e entrou na fila para fazer meu check-in. Quando chegou sua vez, ainda faltavam 56 minutos para o vôo sair. Nossas bagagens chegaram a ser despachadas e etiquetadas. Mas uma funcionária da companhia aérea voltou e disse que o vôo já estava completo.
Nesse momento, eu já havia chegado ao aeroporto. Fomos ao guichê de outra companhia, mas seu avião estava também completo. A alternativa proposta pela companhia seria ir para o Aeroporto de Guarulhos ou embarcar no dia seguinte. Disse que não poderia perder minha reunião - na qual fiquei preso até as 21 horas daquele dia - e falei aos responsáveis pelo aeroporto que gostaria que eles encontrassem uma solução.
Pouco depois, a companhia me informou que havia dois lugares disponíveis. Só quando entrei no avião soube que haviam feito a aeronave retornar e tinham oferecido benefícios para que duas pessoas cedessem seus lugares para nós. Outros passageiros reclamaram.
No meio do avião, pedi desculpas pelo transtorno causado. Mas não sou o culpado por esse episódio. Como cidadão, fui prejudicado pelo overbooking.
AUTORITARISMO
Fiquei muito triste com esse incidente. Meu perfil não é autoritário. Procuro exercer a liderança na base da conquista dos corações e das mentes.
Há um livro muito interessante, O Monge e o Executivo, de O. James C. Hunter, cuja leitura eu recomendo porque contribui muito para o aprimoramento do espírito de liderança. Ele diz que o líder existe para servir. Acredito nisso.
CARTEIRAÇO
Eu não dei nenhum carteiraço nem abusei da minha posição. Quem conhece a minha história de vida sabe que não sou adepto de atitudes autoritárias nem de privilégios nem do uso de minhas atribuições para conseguir vantagens.
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Não vou me aposentar. Ficar zangado e jogar o boné não é o meu estilo. Eu não fujo de situações adversas. Fui formado para enfrentá-las.
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VICTOR escreveu:LUÍS NASSIF
Segundo, embora não obrigatório em um fim de semana, a posição especial do comandante do Exército ficaria mais bem servida se o general usasse uniforme militar nos seus deslocamentos, continua o sábio. Oficiais em funções de alto comando precisam ser bem reconhecidos, e os americanos tem o maior orgulho de usar a farda, mesmo quando dispensados dela.
Nos aviões e hotéis dos Estados Unidos, vêem-se muitos militares uniformizados e com todos seus galões.
Quando entrou no avião, o general teve o dissabor de ser vaiado. Provavelmente nenhum dos passageiros sabia quem ele era e dificilmente teriam vaiado se estivesse fardado. Fora isso, o incidente foi mais lamentável pela reação desproporcional do que pela sua real importância.
Na época que isso ocorreu, eu fiquei com raiva do general, pois odeio "carteiradas". Mas os argumentos de Luís Nassif são incontestáveis. Inclusive, com sugestões para que, doravante, altos chefes militares tomem medidas mais adequadas para evitar situações semelhantes.