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Mensagem
por eu sou eu » Sex Set 30, 2005 7:07 pm
/2005 - 16h44
Chávez provoca bate-boca ao final de cúpula em DF
da BBC, em Londres
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, deu início a um inesperado bate-boca nesta sexta-feira, durante o encerramento da reunião de cúpula da Comunidade Sul-Americana de Nações.
Quando as delegações presentes estavam prestes a aprovar a declaração final do encontro, Chávez reclamou do documento, que, na opinião dele, definia a estrutura institucional da Comunidade sem que o assunto tivesse sido discutido na reunião.
"A Venezuela não dá como aprovado, e nem se debateu, a estrutura institucional da comunidade", disse o líder venezuelano. "Não aceitamos que se diga que há uma estrutura aprovada."
O motivo da insatisfação de Chávez era o fato de uma proposta apresentada em uma carta enviada por ele e pelo presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, aos outros líderes sul-americanos não ter sido discutida durante a cúpula.
Chávez e Vázquez defendiam a criação de um órgão chamado Comissão Sul, com o objetivo de elaborar um plano estratégico para promover a integração da América do Sul entre 2005 e 2010.
O assunto, no entanto, não foi abordado na reunião em Brasília, e a declaração final do encontro dizia que "a Comunidade Sul-Americana de Nações estabelecer-se-á com base na institucionalidade existente".
Confiança
Diante do protesto de Chávez, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que o documento era uma "declaração política", e não um tratado. Por isso, acrescentou Amorim, o texto precisava ser aprovado para que os trabalhos da Comunidade pudessem ter seqüência.
O ministro, então, pediu que Chávez confiasse no Brasil, que, como secretaria temporária da Comunidade, assumiria o compromisso de avaliar as propostas de Venezuela e Uruguai junto com todos os membros da entidade.
O argumento do chanceler brasileiro, no entanto, não convenceu o presidente da Venezuela, que parecia disposto a rejeitar a aprovação da declaração final.
"É minha visão, chanceler. Respeito a sua", disse Chávez. "Eu não disse que não confio no Brasil, mas não posso aprovar. Creio que estamos começando muito mal. Repetimos esquemas fracassados."
Conciliação
Em tom conciliador, o presidente Lula sugeriu que o líder venezuelano aceitasse a aprovação do documento e, em contrapartida, os outros países da Comunidade concordariam em se reunir dentro de 90 dias para discutir as propostas de Chávez e Vázquez.
O presidente do Peru, Alejandro Toledo, também resolveu intervir. Fez um apelo "ao amigo Hugo" para que evitasse uma "atitude de confrontação" e aceitasse a proposta de Lula.
A palavra voltou, então, para Chávez, que respondeu ao comentário de Toledo dizendo que a reclamação não era "uma atitude de confrontação", e sim "um debate".
"A falta de debate causa prejuízos à integração", afirmou. Mas, em seguida, o líder venezuelano recuou e, finalmente, resolveu aceitar um acordo.
"Estou de acordo com a última proposta de Lula, mas não damos por estabelecida a institucionalidade da comunidade", disse Chávez. "Posso ir em qualquer momento a uma reunião. Debate é vital. Então, dou por aprovado."
Duhalde
Ao encerrar a polêmica, Lula aproveitou o gancho de Chávez e pediu que as reuniões de cúpula entre líderes da região sejam reformuladas para permitir um debate maior entre os presidentes.
"Nem sempre nós conseguimos fazer o debate político porque começamos a reunião com 12 presidentes e terminamos com quatro", afirmou o presidente.
A afirmação de Lula soou como um recado para o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, que esteve em Brasília na noite de quinta-feira para um jantar com os participantes da cúpula, mas foi embora antes da reunião desta sexta.
Mais tarde, Lula separou um trecho de seu discurso no encerramento da cúpula para elogiar o ex-presidente argentino Eduardo Duhalde, membro de uma comissão permanente do Mercosul.
"Poucas vezes, vi um dirigente político tão despojado, com vontade de fazer as coisas sem perguntar por que e pra quê", disse Lula. "Os meus mais sinceros parabéns (a Duhalde) pelos serviços prestados à Argentina e ao Mercosul."
De acordo com a imprensa argentina, Kirchner foi embora mais cedo de Brasília exatamente para evitar um encontro com Duhalde, que chegaria à cidade na manhã desta sexta.
Ex-aliados, Duhalde e Kirchner são hoje adversários políticos na Argentina, que vive um período de campanha com a proximidade das eleições legislativas marcadas para o mês que vem.
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