Carioca escreveu:Baixa auto-estima, derrotismo. Ainda bem que, imagino, talvez não seja generalizado ainda, mas, certamente, é contagioso.
Vamos levantar a moral pessoal!
Vejam o quanto melhorou nesses dois anos desde que se lamentaram tanto!
Pode ser baixa estima, derrotismo, etc..., mas o fato é que o Brasil no espaço só faz passar vergonha mesmo.
Os componentes que seriam de responsabilidade do Brasil na ISS nunca saíram do papel, embora a maior parte do orçamento inicial previsto tenha sim saído dos cofres do governo, sendo o dinheiro usado para bancar diversas viagens e reuniões de autoridades para discutir orçamentos e cronogramas cambiantes. O resultado final é que
O BRASIL FOI CONVIDADO A SE RETIRAR DO PROGRAMA, e os componentes foram produzidos nos Estados Unidos.
Por este motivo o treinamento do astronauta Marcos Pontes na NASA foi encerrado, já que o vôo dele no ônibus espacial para a ISS teria por objetivo justamente a instalação destes componentes. Para não ficar muito feio o governo
PAGOU para ele ir até a ISS como qualquer turista em uma nave Soyuz. Os russos foram camaradas e só cobraram a metade do preço, então o passeio ficou por apenas US$10 milhões (só para constar, um lançamento do VLS custa menos que isso, isto é claro se o foguete funcionar).
Agora estamos envolvidos em um programa com a Ucrânia, em que nós forneceríamos parte da infra-estrutura de solo e eles os foguetes. Mas embora o primeiro lançamento esteja previsto para 2010, por mais que eu procure informações sobre este assunto só encontro notícias sobre declarações de autoridades e assinaturas de documentos, pelo que sei nem mesmo um saco de cimento já foi comprado para construir a tal base de lançamentos do foguete Cyclone. Os ucranianos também pensavam em lançar de Alcântara uma versão mais aperfeiçoada do foguete que hoje lançam de uma plataforma flutuante americana, mas parece que este desenvolvimento também está tendo dificuldades.
O programa do VLS se arrasta desde a explosão da última tentativa de lançamento lá atrás em 2003, e a reconstrução da base de lançamento ainda não começou. Mas um motor principal com alterações do sistema de ignição foi testado em banco de provas há poucas semanas. Ainda é o mesmo programa que começou lá em 1985, e até agora não teve nenhuma novidade importante fora as três tentativas fracassadas.
Em paralelo o pessoal do IAE está iniciando as pesquisas para dominar o projeto e a construção de foguetes de combustível líquido. Mas ainda é uma fase de estudos basicamente acadêmicos, e o maior motor que já foi anunciado para desenvolvimento teria apenas 50 KN, na faixa de potência dos motores que Von Braun estava desenvolvendo na Alemanha na década de 30. Fala-se em algum dia talvez quem sabe utilizar motores deste tipo para aperfeiçoar o VLS, mas não existe cronograma nem planos definidos para isso.
E isso é tudo na área de foguetes. A área de satélites (INPE) tem um pouco mais para mostrar, mas sem um lançador nacional fica difícil, não vale à pena desenvolver muita coisa já que não dá para justificar gastos com lançamento em foguetes estrangeiros para colocar no espaço satélites que não tenham aplicação imediata. Programas interessantes como o ECO-8 morreram, e o SARA não pode avançar. Então o progresso aí acaba também sendo mais lento do que poderia ser.
Enquanto não se definirem afinal objetivos para o programa espacial brasileiro além dos genéricos “dominar a tecnologia” (qual afinal?) ou “alcançar a auto-suficiência” (em quê afinal?), não passaremos muito disso. A questão não é de competência técnica, é de foco.
Abraços à todos,
Leandro G. Card