Tks,
camarada Leandro!
A resenha foi muito bem feita mas vou ter mesmo que comprar o livro (afinal, uma resenha é a opinião de alguém
sobre a opinião de alguém; por mais que me agrade, prefiro formar
a minha, além de, como já afirmei acima, ler Bobbio é um grande prazer). De qualquer modo, e apenas com base no texto que indicaste, creio que eu, Túlio, deveria me definir como centro-direita (mas isso me parece
camuflagem porque a pergunta não é essa, assim, se tenho mesmo que escolher um "lado", então que seja, me autoproclamo como sendo provavelmente
DE DIREITA*), mesmo que no diagrama citado na resenha - e que já apareceu aqui no DB, como tópico, inclusive - parece que saí como centro-esquerda, o que me deixou meio confuso. Como perguntado no tópico, não basta dizer O QUÊ mas também O PORQUÊ:
Bueno, a meu ver o Estado tem seu papel (e é importante) mas deve ser contido sempre que sua concorrência com a iniciativa privada for monopolista¹ ou mesmo oligopolista. Estado não tem que ter banco de varejo tipo BB, Caixa, Banrisul (é o Central e talvez algum de fomento, tipo BNDES, apesar do seu histórico desabonatório, e fim), mineradora, siderúrgica & quetales e sim órgãos de Regulamentação/Regulação e Fiscalização/Arrecadação. Ou seja, deve impor regras e controles e a partir daí fiscalizá-los, além de arrecadar. O resto é com a iniciativa privada, daí eu ser favorável a praticamente
toda privatização, a ponto de não cair nessa lorota de "nossa Petrobrás": qual "nossa", cara-pálida? Acaso posso ir a um posto, abastecer e não pagar porque sou um dos que
já pagam para isso existir? Alguém me repassa dividendo? Então não é "nossa", é
deles!
Estado,
a meu ver, deve estar presente - como
concorrente, servindo idealmente como "fiel da balança" - na Saúde, Educação (até o EM, porque em Universidade pública a coisa mais braba de achar é pobre
estudando, a esmagadora maioria que estuda ali pode pagar para estudar onde quiser) Previdência e Infraestrutura; como
monopolista, na Governação, que se traduz em Segurança (aqui talvez apenas parcialmente, pois creio que uma parte bem razoável do Sistema Prisional, bem como outras áreas da SegPub, poderia ser privatizada²) Pública, Defesa, Legislação, Justiça e, como já dito, Regulação (serviços como o Sistema Bancário e Financeiro, p ex, que se deixados por conta própria quebram qualquer País), Fiscalização e Arrecadação. Passou daí já me parece excesso.
Sobre a questão social, sou contra as "bolsas" - e aqui entra uma curiosidade: me considero Keynesiano, ao menos em parte, mas apenas por ter lido sobre alegados resultados de suas ideias (
New Deal), porque jamais li um só livro de JMK, está na lista mas não sei qual título seria mais interessante para começar - pela sua falta de sustentabilidade. Não se pode extrair o infinito daquilo que é finito e o crescimento da quantidade de pessoas necessitadas sempre será maior do que o daquelas que não o são e ainda têm que sustentar, além de si próprias, aquelas do primeiro grupo. O desequilíbrio será inevitável e, prosseguindo assim, catastrófico para todos. Roosevelt pelo menos fazia as pessoas trabalharem para receber o dinheiro do Estado - ou seja, "cumpra primeiro o Dever para só então ter acesso ao Direito" - o que tinha o condão de, tão logo os empregos aparecessem, largassem da teta dos cofres públicos e se incorporassem ao mercado "normal" de trabalho. Também discordo disso de "cotas raciais" - o que, convenhamos, é puro
racismo - por descrer que algumas pessoas, pela simples cor da pele, sejam
mais humanas e aptas à sobrevivência do que as outras, dentro das mesmas condições
objetivas. O resto me parece
coitadismo de quem não está nem aí para progredir e, principalmente, de quem usa pessoas assim como mera massa de manobra.
As supramencionadas
condições objetivas, no entanto, deveriam ser criadas pelo mesmo Estado, ao menos até não haver mais diferença significativa: não há igualdade de oportunidade quando uma pessoa "bem nascida" tem acesso a um tipo muito bom de Educação e outra, "mal nascida", tem que se contentar com outro inferior ou mesmo nenhum; sem querer partidarizar, reconheço aí um grande mérito do tão execrado - e com razão, mas por outros motivos - PT, que, sempre
a meu ver (mas acho brabo de contrariar) realmente
democratizou o acesso ao Ensino Superior, mesmo que com o custo de uma expansão desenfreada e desregulada da oferta, a ponto de grande parte dos formandos, ao invés de buscar um emprego na área em que estudou por anos, sair "papirando" para concurso público (o que eu vi de AP formado(a) em áreas como Direito, Psicologia, Engenharia e até
Medicina não tá no gibi, e faziam o mesmo serviço que eu), tale a pobreza da instrução recebida em instituição "caça-níqueis", e que os(as) impede de competir no mercado de trabalho com quem estudou desde criança em escola particular e depois ainda teve tempo e dinheiro do papai e da mamãe para fazer cursinho e a tale de imersão, caminho reto e certo para uma Federal ou mesmo particular mas "de elite". Sério que um cara com um diplominha da ULBRA (PQP, quem não sabe a fria que é?) tem como encarar um da UFSM para
trainee de uma multinacional? Bobear e nem passa da primeira entrevista...
Tem muito mais mas creio que já dei algumas razões, o post encompridou (para variar
).
* - Uma das minhas maiores dificuldades em me declarar "de direita" é a questão religiosa: se supõe que uma pessoa assim seja religiosa (fundamentalista até, como bem sabes) e não é meu caso, sequer Cristão eu sou, me limito a acreditar em Deus por falta de explicação melhor para o porquê de existir um Universo e nele pessoas capazes de fazer esta pergunta...
1 - Exceto se não houver empresário disposto a investir em determinada área. Como exemplo, sem a ação direta do Estado não existiria EMBRAER ou CVRD; quando já atrativa$, foram corretamente privatizadas. Assim deveria ser com Petrobrás, BB, & quetales.
2 - Uma triagem bem feita mostraria que - e todo mundo aqui sabe que não falo de ler na Wikipédia - tem mais preso disposto a trabalhar do que vago "só pela pedra"; era empresário investir em cadeia bem desenhada/construída e pessoal de bom nível e ganhar por dois lados, a "mesada" do governo e os lucros do que a mão de obra prisional produziria; ações hoje executadas pelas Polícias e Guardas Municipais poderiam também ser privatizadas, como serviços de segurança patrimonial, residencial e até pessoal (que já existem, inclusive, mas esbarram na falta de
status, seu trabalho pode ser prejudicado e até impedido por qualquer um com um simples "carteiraço"). Este tipo de atividade deveria ser contemplado com legislação específica, impedindo a Polícia de atrapalhar, eis que boa parte é uma espécie de
feudo de Policiais e APs da ativa e/ou aposentados.