A Marinha Portuguesa tem neste momento como navio-museu a Fragata D. Fernando II e Glória:
A Fragata "D.Fernando II e Glória", o último grande navio à vela da Marinha Portuguesa e também a última "Nau" a fazer a chamada "Carreira da Índia" – verdadeira linha militar regular que, desde o século XVI e durante mais de 3 séculos, fez a ligação entre Portugal e aquela antiga colónia – foi o último grande navio que os estaleiros do antigo Arsenal Real de Marinha de Damão construíram para a nossa Marinha.
A Fragata recebeu o nome de "D. Fernando II e Glória" em homenagem a D. Fernando Saxe Coburgo Gota e a sua mulher, a Raínha D. Maria II, cujo nome era Maria da Glória.
O navio embora construído pelos planos duma fragata de 50 peças, foi de início preparado para receber 60 bocas de fogo, tendo em 1863 / 65 sido transformado para receber só 50, 22 no convés e 28 na bateria. A guarnição do navio variava consoante a missão a desempenhar, indo do mínimo de 145 homens na viagem inaugural ao máximo de 379 numa viagem de representação.
A Fragata tinha boas qualidades náuticas e de habitabilidade, designadamente no que se refere a desafogo das instalações, aspecto este de suma importância numa época em que ainda se faziam viagens de 3 meses, sem escala, com 650 pessoas a bordo, incluindo passageiros.
A viagem inaugural, de Goa para Lisboa, teve lugar em 1845, com largada em 2 de Fevereiro e chegada ao Tejo, em 4 de Julho. Desde então, foi utilizada em missões de vários tipos até Setembro de 1865, data em que substituiu a Nau Vasco da Gama, como Escola de Artilharia, tendo ainda, em 1878, efectuado uma viagem de instrução de Guarda-Marinhas aos Açores, que foi a sua última missão no mar, onde teve a oportunidade de salvar a tripulação da barca americana "Laurence Boston" que se incendiara.
Durante os 33 anos em que navegou, percorrendo cerca de 100 mil milhas, correspondentes a quase 5 voltas ao Mundo, a "D.Fernando", como era conhecida, provou ser um navio resistente e de grande utilidade, tendo efectuado numerosas viagens à Índia, a Moçambique e a Angola para levar àqueles antigos territórios portugueses unidades militares do Exército e da Marinha ou colonos e degredados, estes últimos normalmente acompanhados de familiares. Chegou até a transportar emigrados políticos espanhóis para os Açores.
De entre as missões que lhe foram confiadas, destacam-se a participação como navio-chefe de uma força naval na ocupação de Ambriz, em Angola, que em 1855 se revoltara por instigação da Inglaterra, e, ainda, a colaboração na colonização de Huíla em que, como navio de guerra, teve a insólita e curiosa missão de transportar ovelhas, cavalos e éguas do Cabo da Boa Esperança para Moçamedes (Angola), numa real missão de serviço público. Colaborou, ainda, com o grande sertanejo António Silva Porto, transportando, em 1855, os seus 13 pombeiros da ilha de Moçambique para Benguela, depois destes terem completado a travessia de África, de Benguela à costa de Moçambique.
Em 1889 sofreu profundas alterações para melhor servir como Escola de Artilharia Naval, substituindo-se a antiga e airosa mastreação por três deselegantes mastros inteiriços, com vergas de sinais e construindo-se dois redutos a cada bordo para colocação de peças de artilharia modernas, para instrução, utilização que cessou em 1938.
No século XX, em meados dos anos 40, não estando já em condições de ser utilizada pela Marinha, iniciou uma nova fase da sua vida, passando a servir como sede da "Obra Social da Fragata D.Fernando", criada para recolher rapazes oriundos de famílias de fracos recursos económicos, que ali recebiam instrução escolar e treino de marinharia, até que, em 1963, um violento incêndio a destruiu em grande parte.
in Site do Museu de Marinha
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Foi recuperada integralmente nos anos 90, com recurso a madeiras vindas da India, nos estaleiros de Aveiro.
A mastreação foi colocada nos estaleiros do Alfeite.
Esteve em exposição no decorrer da Expo'98.
Encontra-se actualmente em exposição no cais de Alcântara, Lisboa.
Como curiosidade, a mastreação encontra-se trancada e não tem velame.
Para navegar por meios próprios, a mastreção terá que ser "destrancada" e serem-lhe aplicadas as velas.
Mas por razões de segurança, a Marinha estabeleceu que necessitaria de um pequeno motor auxiliar.
Ora a colocaão desse motor estragaria a integridade do conjunto, que está musealizado.
Portanto, de momento, para se deslocar, só a reboque.
características:
Comprimento máximo 83,40 m
Boca no convés 12,80 m
Pontal de construção 7,07 m
Imersão máxima 6,40 m
Altura do centro vélico acima da flutuação 19,42 m
Superfície do velame 2.052,21 m2
Superfície da secção mestra mergulhada 51,78 m2
Tonelagem 1.849,16 ton.
Fundo forrado a cobre