Re: Cáucaso
Enviado: Qua Set 05, 2012 10:29 pm
Le Monde: Libertação de tenente na Hungria esquenta tensões entre Armênia e Azerbaijão
Ramil Safarov, condenado por homicídio na Hungria em 2006, foi extraditado e depois libertado quando voltou ao Azerbaijão
Desde que voltou ao Azerbaijão, no dia 31 de agosto, o tenente Ramil Safarov tem sido celebrado como herói nacional. Ele foi promovido a major e ganhou um apartamento, bem como oito anos de salários acumulados. A televisão azeri mostrou o colosso de 35 anos com sua família, aliviado por ter recebido o perdão, concedido pelo presidente Ilham Aliyev.
Ramil Safarov foi entregue às autoridades azeris pelas autoridades húngaras em uma extradição. Ele cumpria uma pena de prisão perpétua na Hungria pelo assassinato de um militar armênio, em 2004. Quando foi condenado em 2006, seu destino entrou para a longa lista de tensões entre a Armênia e o Azerbaijão, ainda presa em um conflito em torno da autoproclamada República de Nagorno-Karabakh. A dimensão étnica e a crueldade do assassinato explicam o escândalo internacional provocado pela libertação de Ramil Safarov. Em fevereiro de 2004, o oficial estava em Budapeste para um estágio de inglês organizado pela Otan. Sua vítima, Gurgen Margaryan, também era um dos participantes. Na noite de 18 de fevereiro, o militar azeri entrou em seu quarto e o atacou com dezesseis machadadas. Ele tentou decapitá-lo. Ramil Safarov declarou no julgamento que seu colega havia urinado na bandeira azeri e insultado seu país. Como já era de se esperar, a libertação de Ramil Safarov atiçou o antagonismo entre os dois vizinhos. “Ainda estamos em uma semi-guerra fria, e essa é mais uma manifestação”, explica Avetik Ichkhanian, do Comitê Helsinque em Ierevan, capital da Armênia. “O clima está extremamente tenso.”
Ierevan reagiu com furor à libertação, atacando a Hungria. O presidente armênio, Serge Sarkissian, anunciou uma suspensão das relações diplomáticas com esse país e alertou o Azerbaijão. “Não queremos a guerra, mas se formos obrigados a isso, nós lutaremos e venceremos”, ele disse. Entrevistado por telefone, o vice-ministro das Relações Exteriores encarregado das questões europeias, Zohrab Mnatsakanian, afirma que Budapeste havia “dado garantias até o último momento” de que não haveria nem extradição nem libertação. O vice-ministro lamenta que Ramil Safarov seja “apresentado como um modelo para os jovens” no Azerbaijão. “Essa promoção de um assassinato com motivações étnicas é um problema no mundo civilizado, sobretudo na Europa, e não somente para a Armênia”, ele diz.
Por que a Hungria aceitou extraditar Ramil Safarov? Budapeste alega que a medida respeita as convenções internacionais. Já a libertação teria sido “inesperada”. O Ministério da Justiça azeri havia garantido que o oficial não seria posto em liberdade antes de ter cumprido pelo menos 25 anos de detenção. O embaixador azeri foi convocado a se manifestar. Mas a oposição considera pouco verossímil a ideia de que o governo tenha sido enganado por Baku.
Budapeste não podia ignorar que Ramil Safarov era tratado como herói no Azerbaijão, pois havia sido avisado diversas vezes quanto a isso pelos armênios. O embaixador da Armênia em
Viena se queixa de não ter conseguido em um ano ser reconhecido pela Hungria.
O ex-premiê socialista Ferenc Gyurcsány, que ocupava a função quando Ramil Safarov foi condenado em 2006, relatou reiteradas intervenções das autoridades de Baku para transferi-lo. “A pressão era considerável”, ele diz, mas os húngaros tinham certeza de que se eles cedessem, o desenlace era previsível e causaria um escândalo. Portanto, Baku apostava na volta ao poder de Orban, em abril de 2010. Diplomata experiente, o ministro húngaro das Relações Exteriores, János Martonyi, aparentemente foi mantido afastado das negociações secretas, iniciadas há um ano, segundo Novruz Mammadov, chefe das relações internacionais para a presidência em Baku.
Para a Hungria, o gás azeri é uma motivação a longo prazo. Foi sobretudo a redução da dívida pública para evitar que se recorresse ao FMI que contou na decisão de Budapeste: 4,7 bilhões de euros em empréstimos vencendo em 2012. No dia 23 de agosto, a revista financeira húngara “Figyelö” citava uma fonte próxima do Ministério da Economia, György Matolcsy, sobre a possibilidade de emitir obrigações húngaras em manats azeris. Fala-se em 2 a 3 milhões de euros. Desde então, um banco turco reconheceu que estava envolvido no processo.
Viktor Orban tem enfrentado intensas críticas internas. A oposição de esquerda fazia apelo por uma manifestação, na terça-feira (4). O chefe da Igreja Católica húngara, o cardeal Peter Erdö, pediu desculpas aos armênios. Os líderes das Igrejas calvinistas e luteranas publicaram uma declaração condenando as “consequências” da extradição.http://codinomeinformante.blogspot.com. ... te-na.html
Ramil Safarov, condenado por homicídio na Hungria em 2006, foi extraditado e depois libertado quando voltou ao Azerbaijão
Desde que voltou ao Azerbaijão, no dia 31 de agosto, o tenente Ramil Safarov tem sido celebrado como herói nacional. Ele foi promovido a major e ganhou um apartamento, bem como oito anos de salários acumulados. A televisão azeri mostrou o colosso de 35 anos com sua família, aliviado por ter recebido o perdão, concedido pelo presidente Ilham Aliyev.
Ramil Safarov foi entregue às autoridades azeris pelas autoridades húngaras em uma extradição. Ele cumpria uma pena de prisão perpétua na Hungria pelo assassinato de um militar armênio, em 2004. Quando foi condenado em 2006, seu destino entrou para a longa lista de tensões entre a Armênia e o Azerbaijão, ainda presa em um conflito em torno da autoproclamada República de Nagorno-Karabakh. A dimensão étnica e a crueldade do assassinato explicam o escândalo internacional provocado pela libertação de Ramil Safarov. Em fevereiro de 2004, o oficial estava em Budapeste para um estágio de inglês organizado pela Otan. Sua vítima, Gurgen Margaryan, também era um dos participantes. Na noite de 18 de fevereiro, o militar azeri entrou em seu quarto e o atacou com dezesseis machadadas. Ele tentou decapitá-lo. Ramil Safarov declarou no julgamento que seu colega havia urinado na bandeira azeri e insultado seu país. Como já era de se esperar, a libertação de Ramil Safarov atiçou o antagonismo entre os dois vizinhos. “Ainda estamos em uma semi-guerra fria, e essa é mais uma manifestação”, explica Avetik Ichkhanian, do Comitê Helsinque em Ierevan, capital da Armênia. “O clima está extremamente tenso.”
Ierevan reagiu com furor à libertação, atacando a Hungria. O presidente armênio, Serge Sarkissian, anunciou uma suspensão das relações diplomáticas com esse país e alertou o Azerbaijão. “Não queremos a guerra, mas se formos obrigados a isso, nós lutaremos e venceremos”, ele disse. Entrevistado por telefone, o vice-ministro das Relações Exteriores encarregado das questões europeias, Zohrab Mnatsakanian, afirma que Budapeste havia “dado garantias até o último momento” de que não haveria nem extradição nem libertação. O vice-ministro lamenta que Ramil Safarov seja “apresentado como um modelo para os jovens” no Azerbaijão. “Essa promoção de um assassinato com motivações étnicas é um problema no mundo civilizado, sobretudo na Europa, e não somente para a Armênia”, ele diz.
Por que a Hungria aceitou extraditar Ramil Safarov? Budapeste alega que a medida respeita as convenções internacionais. Já a libertação teria sido “inesperada”. O Ministério da Justiça azeri havia garantido que o oficial não seria posto em liberdade antes de ter cumprido pelo menos 25 anos de detenção. O embaixador azeri foi convocado a se manifestar. Mas a oposição considera pouco verossímil a ideia de que o governo tenha sido enganado por Baku.
Budapeste não podia ignorar que Ramil Safarov era tratado como herói no Azerbaijão, pois havia sido avisado diversas vezes quanto a isso pelos armênios. O embaixador da Armênia em
Viena se queixa de não ter conseguido em um ano ser reconhecido pela Hungria.
O ex-premiê socialista Ferenc Gyurcsány, que ocupava a função quando Ramil Safarov foi condenado em 2006, relatou reiteradas intervenções das autoridades de Baku para transferi-lo. “A pressão era considerável”, ele diz, mas os húngaros tinham certeza de que se eles cedessem, o desenlace era previsível e causaria um escândalo. Portanto, Baku apostava na volta ao poder de Orban, em abril de 2010. Diplomata experiente, o ministro húngaro das Relações Exteriores, János Martonyi, aparentemente foi mantido afastado das negociações secretas, iniciadas há um ano, segundo Novruz Mammadov, chefe das relações internacionais para a presidência em Baku.
Para a Hungria, o gás azeri é uma motivação a longo prazo. Foi sobretudo a redução da dívida pública para evitar que se recorresse ao FMI que contou na decisão de Budapeste: 4,7 bilhões de euros em empréstimos vencendo em 2012. No dia 23 de agosto, a revista financeira húngara “Figyelö” citava uma fonte próxima do Ministério da Economia, György Matolcsy, sobre a possibilidade de emitir obrigações húngaras em manats azeris. Fala-se em 2 a 3 milhões de euros. Desde então, um banco turco reconheceu que estava envolvido no processo.
Viktor Orban tem enfrentado intensas críticas internas. A oposição de esquerda fazia apelo por uma manifestação, na terça-feira (4). O chefe da Igreja Católica húngara, o cardeal Peter Erdö, pediu desculpas aos armênios. Os líderes das Igrejas calvinistas e luteranas publicaram uma declaração condenando as “consequências” da extradição.http://codinomeinformante.blogspot.com. ... te-na.html