Re: VANT ARMADO
Enviado: Dom Nov 20, 2011 9:38 pm
Túlio escreveu:Sério agora, algumas considerações:
Desconheço por inteiro qualquer UAV (nem falei UCAV) voltado especificamente ao mercado MILITAR que esteja operacional - sequer QUASE - desenvolvido aqui. É como o caso das turbinas, o pessoal pesquisa, projeta, desenvolve o DEMONSTRADOR DE CONCEITO, faz funcionar e...abandona. Simples assim.
A EMBRAER vai pular essa etapa, tanto para o civil como para o militar. Acho que até o final da decada vai estar com o monopolio no setor na região.
Desconheço ainda mais qualquer iniciativa séria NACIONAL na busca de um UAV de longa duração/alcance. Para isso existe a necessidade de muitos desenvolvimentos paralelos. Os sensores, por exemplo: de que serve uma célula com motor, servos, transceptor/data-link e sistema de pilotagem remota ou mesmo autônoma? Para voar. Só! Um UAV precisa de câmeras optrônicas com capacidade dia/noite e zoom de ótima definição, câmeras de imagem termal (FLIR, IIR), radar de abertura sintética (que produz as famosas 'fotografias de radar') para 'ver' através de nuvens, fumaça, fontes de calor, etc. Ademais, a tecnologia envolvida abrange MUITO mais do que apenas a célula - e todos os problemas resultantes da integração dos sensores - mas também questões como navegação autônoma pré-programada via satélite (repito, AINDA falo puramente em UAVs, não em UCAVs), ou seja, GPS. O INS é importante e necessário como back-up mas carece de precisão sendo, não obstante, uma alternativa mais barata, desde que os objetivos sejam modestos. Não se conte com um sistema assim para, por exemplo, obter imagens precisas de um determinado caminhão no meio de uma frota (alvo fixo) ou comboio (alvo móvel) a, digamos, umas 200 nm do ponto de onde o referido UAV foi lançado. O INS perde precisão proporcionalmente à distância percorrida e se poderia considerar muito bem sucedida a missão se simplesmente fossem obtidas algumas imagens razoáveis da referida frota/comboio. Então, INS é para back-up e não mais.
Existem empresas nacionais que estão evoluindo neste sentido (sensores oticos e eletronicos), e que se espera que sejam envolvidas em projetos de curto prazo.
O inercial sofre com erro, mas não depende de satelites!
Por ser um sistema autonomo, e considerado primordial e PRIMARIO por todas as FFAA que conheço. O GPS sim, é utilizado como back-up e para atualizar o inercial enquanto o sinal for confiavel, e não o contrario.
A logica para solucionar o problema do erro de continuidade é que o inercial pode ser "resetado" a qualquer momento. Portanto é necessário um ponto marcante no terreno que você tenha as coordenadas, dai ao passar sobre o ponto o inercial pode ser "zerado" com aquela coordenada e ter assim seu erro diminuido.
Passa-se então a naturalmente pensar em GPS. É, mas não somos PROPRIETÁRIOS de nenhuma rede satelital com essa capacidade, dependemos de redes ESTRANGEIRAS e a precisão que nos é disponibilizada está bastante aquém da que os proprietários e seus aliados dispõem. E eles podem NEGAR o serviço quando quiserem. Ou seja, mesmo sendo o UAV inteiramente desenvolvido e fabricado no Brasil ainda assim estaria encoleirado. Foi ao constatar isso que meu entusiasmo com o (passageiro) interesse demonstrado pela FAB no Bateleur Sul-Africano - eu então imaginava um Programa Conjunto nos moldes do A-Darter - deu uma bela esfriada...
O atual governo tem como prioridade ter um satelite nacional ou de propriedade nacional para utilização de comunicações seguras e testes de um sistema de navegação que abrangeria, inicilamente, todo o territorio nacional.
Bueno, resta o quê? Um UAV (Unmanned Aerial Vehicle) não tão Unmanned assim e lembrei do Predator, que nasceu como um UAV. Ele é 'pilotado' à distância por três operadores, um para a pilotagem propriamente dita e dois especialistas em equipamentos de vigilância, ou seja, os supramencionados sensores. O Bateleur foi projetado para voar de modo inteiramente autônomo, inclusive pouso e decolagem, sofrendo no entanto do 'encoleiramento por GPS' que citei acima. Como disse, foi então que pensei no PREDATOR.
Gauderio, não existe UAV inteiramente autonomo.
Ou melhor, que sabe fazer atualmente (USA e Israel) já desistiram dessa ideia por enquanto, até termos uma tecnologia de inteligencia artifical que substitua e experiencia de um profissional de inteligencia e um sistema a prova de falhas para pousos/decolagens.
Um UAV assim - na versão inicial, ao menos - decolava via rádio em linha-de-visada (CLOS). Seria relativamente simples desenvolver um modelo assim. Até pensarmos em ALCANCE...
Como você mesmo questionou, o que colocariamos nele? Porque para só voar basta comprar um aeromodelo ( que muita gente tenta vender como VANT e tem gente que acredita).
Existe um pequeno problema com comunicações assim: elas se subordinam à curvatura da terra. Isso pode ser remediado com antenas retransmissoras via satélite mas o delay vai aumentando, chega ao ponto em que o 'piloto' comanda uma curva para bombordo e apenas alguns segundos depois é que o UAV faz a curva. É o mesmo problema que vemos em reportagens de TV, quando os âncoras falam com o repórter todos percebemos que há um atraso entre o momento em que o âncora diz 'bom dia, fulano' e o fulano ali, com cara de bobo, até que ouve e responde. Isso aconteceu com os primeiros Predators...
Podemos ter antenas tambem no solo, da mesma maneira que as estações de radio e televisão são retransmitidas.
Para tal podemos utilizar o mesmo sistema que temos para as imagens de RADAR dos CINDACTA.
O problema do delay está muito mais associado ao equipamento que processa o sinal, já que o sinal em si viaja praticamente na velocidade da luz.
Então, o que fazer num caso desses? Óbvio, data-link via satélite, aí sim, é o chamado 'Quase-Tempo Real'. Perfeito, não somos mais tão escravos assim do GPS, há um piloto no controle do UAV que pode, com o auxílio dos dois analistas de sensores, corrigir os erros do INS pela simples observação de pontos de referência, orientando a aeronave para o ponto correto com buena precisão. Mas...e os satélites para o data-link MILITAR? São NOSSOS ou usamos canais alugados de satélites ESTRANGEIROS? Na verdade é uma espécie de meio-termo, a antiga Brasilsat da EMBRATEL seria o caminho mas, com a privatização da citada EMBRATEL em 1998, esta passou às mãos dos EUA e, em 2004, à TELMEX Mexicana. Sim, não somos PROPRIETÁRIOS de nossas próprias comunicações, nem civis nem militares. Então, voltamos à estaca zero: coleira! O serviço que usamos nos pode ser negado ao sabor das veleidades/necessidades de ESTRANGEIROS!
O link-satelite nada mais é do que um retransmissor, se não for bem especificado voltamos ao problema que você citou acima.
Sobre o nosso satelite, já falei acima que é prioridade da Presidenta. Dita por ela mesma.
Resta o quê? Bueno, voltamos ao modo CLOS: um R/E-99 pode, ao menos EM TESE, ser equipado para orientar um engenho desses via data-link a centenas de km, voando alto e com segurança. Ah, os operadores do UAV teriam de estar a bordo, claro, para minimizar o delay no comando do engenho. Mas parece possível e relativamente seguro de operar, o E-99 receberia dados precisos e confiáveis a centenas de km de distância do alvo, sem se expor e retransmitindo-os a quem deles necessitasse. Aparentemente seria uma alternativa mais cara e menos segura do que um satélite mas seria o típico caso do 'quem não tem cão caça com gato' e creio que funcionaria, especialmente no caso do E-99, estendendo de modo bastante significativo o alcance de seus sensores a bordo. A rigor, melhor ainda seria um NOVO -99 (Q-99?), especialmente equipado para essa função, ou seja, sem os sensores de bordo mas com tripulações para operarem, digamos, uns dois ou três UAVs NO MÁXIMO, eis que TODO o Comando e Controle da Missão estaria a bordo.
Existem outras maneiras. Os proprios americanos habilitaram seus novos AH-64 para isso.
E não existirá o problema de delay na retransmissão CASO saibamos escolher o equipamento. Ele já faz isso sem atraso com um gama de dados, não seria diferente com um UAV.
Chegamos então ao UCAV (ufa!). SE resolvidos todos os problemas elencados acima, desatados todos os nós e SE se chegar a um UAV de longo alcance e duração (em Inglês, MALE - Medium Altitude Long Endurance), passa a ser apenas uma questão de, após aumentar a envergadura e potência propulsora, acrescentar sistemas de guiagem de armas e as próprias. Acrescento que - de volta ao Predator - a potência não é essa Esfinge toda, o citado MQ-1 é propelido por um singelo motor a pistão Rotax de 115 (cento e quinze) HP e conduz um par de mísseis Hellfire que, conforme a versão, pesam de pouco mais de 45 a pouco menos de 50 kg, além do designador laser. Alternativamente, pode levar quatro Stingers AAM (uma curiosidade: o Predator foi protagonista do primeiro combate aéreo entre um UCAV e um CAÇA, em 23/12/2002. O caça em questão era nada menos que um MIG-25 (
) Iraquiano na 'no-fly-zone'. Era um tipo corriqueiro de missão, os ianques mandavam Predators para atraírem aeronaves de caça do Iraque para a dita NFZ onde poderiam ser abatidos. Ao ser notado um caça inimigo, o Predator fugia. Por alguma razão o operador daquele Predator partiu direto para cima do MiG, frente a frente, disparando um Stinger quase ao mesmo tempo em que o caça disparava um dos seus próprios mísseis. Aparentemente o Stinger foi confundido pelo míssil inimigo e perdeu o alvo, enquanto o Predator foi efetivamente atingido e abatido. LINK). No nosso caso, não sei o que usaríamos mas me agrada o conceito do FOG-MPM ao invés do MSS, seja o atual 1.2, seja o possível 3.2: dispensaria a necessidade do emissor laser e sua vulnerabilidade a decoys como fumaça, neblina, etc. O conceito do FOG-MPM é de guiagem por cabo de fibra ótica orientada pelos sensores de bordo - e em caso de névoa ou fumaça, sempre haveria o SAR - sem possibilidade de interferência.
Você citou a vantagem do FOG-MPM, mas e quanto a desvantagem: ALCANCE!
Qual seria a distancia que um UAV deveria estar do alvo para acerta-lo no alcance do missil voando a 40.000/50.000ft?
Alem das restrições de manobra e velocidade para a manutenção do fio intacto durante todo o vôo.
E as imagens geradas pelo SAR não são instantaneas, necessitam de (muito) processamento para terem alguma utilização.
Dai a escolha de sensores oticos/termais quanto existe a necessidade de imagens em tempo real.