Relações Sino-Brasileiras

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DELTA22
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Re: Relações Sino-Brasileiras

#16 Mensagem por DELTA22 » Ter Abr 12, 2011 11:01 am

12/04/2011 10h54
Foxconn anuncia investimentos de US$ 12 bi no Brasil, diz Itamaraty
Dilma se encontrou com o presidente da empresa em Pequim.

Do G1, em São Paulo

A empresa Foxconn, montadora de produtos eletrônicos, comunicou nesta terça-feira à presidente Dilma Roussef a intenção de investir US$ 12 bilhões no Brasil. A informação foi confirmada pelo Itamaraty. Ainda não foi detalhado o investimento.

Dilma se encontrou com o presidente da empresa durante seminário de negócios em Pequim com quase 300 empresas brasileiras e chinesas.

A Foxconn, fundada em 1974 em Taiwan, é uma das maiores fabricantes de aparelhos eletrônicos no mundo. A companhia monta computadores e aparelhos como para empresas como Apple, para a qual produz iPods, iPads e iPhones, placas-mãe para a Intel, componentes para PCs da Dell, celulares da Motorola e videogames como o PlayStation 3, da Sony, Wii, da Nintendo.




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#17 Mensagem por irlan » Ter Abr 12, 2011 4:31 pm

Pode baratear os preços dos consoles e peças de computador aqui no Brasil, boa iniciativa.




Na União Soviética, o político é roubado por VOCÊ!!
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Re: Relações Sino-Brasileiras

#18 Mensagem por Enlil » Ter Abr 12, 2011 6:17 pm

Atualizado em 12 de abril, 2011 - 10:03 (Brasília) 13:03 GMT

China se compromete com maior diversificação comercial com Brasil

Silvia Salek
Enviada especial da BBC Brasil à China

O memorando assinado pela presidente Dilma Rousseff e o presidente chinês, Hu Jintao, após uma reunião no Palácio do Povo, em Pequim, assume o compromisso de tentar atender à principal demanda do Brasil nesta viagem: a diversificação da relação entre Brasil e China.

Em dois discursos, antes de se encontrar com Hu Jintao, Dilma destacou a necessidade de se iniciar um novo capítulo na relação com a China, com investimentos em áreas que agreguem valor à cadeia produtiva brasileira e mais abertura no mercado chinês a produtos brasileiros que não sejam apenas commodities.

Em um de seus discursos, no seminário empresarial do qual participou, a presidente chegou a dizer que nenhum país pode alcançar a prosperidade à custa de outros.

O documento, assinado pelos dois presidentes, faz várias referências - menos incisivas - à questão.

“A parte chinesa manifestou disposição de incentivar suas empresas a ampliar a importação de produtos de maior valor agregado do Brasil”, diz o documento.

Na área de investimentos, o memorando diz que os dois lados “comprometeram-se a ampliar e a diversificar investimentos recíprocos em particular na indústria de alta tecnologia, automotiva, nos setores de energia, mineração, logística, sob forma de parcerias entre empresas chinesas e brasileiras”.

Brasil e China falaram da importância de “estratégias comuns para agregar valor a produtos alimentares agrícolas”.

Sem novidades

Se houve avanços na busca por mais equilíbrio na relação entre os dois países, pelo menos nas promessas expressas pelo documento, em outros pontos importantes da relação bilateral, não houve novidades.

O Brasil não reconheceu o status da China como economia de mercado, uma questão pendente desde que o governo Lula prometeu o reconhecimento do status em 2004.

Entre analistas chineses, havia expectativa de que, com uma solução para o caso da Embraer na China, o Brasil cedesse e pudesse mudar a posição de protelar o reconhecimento oficial.

Um acordo permitiu que a Embraer mantivesse sua fábrica em Harbin, na China, após conseguir licença do governo para produzir no país jatos executivos Legacy, que não competem com o objetivo do governo chinês de desenvolver seu próprio avião comercial de grande porte.

O documento, no entanto, diz que “a parte brasileira reafirmou o compromisso de tratar de forma expedita a questão do reconhecimento da China como economia de mercado”.

Do lado chinês, não houve apoio explícito à candidatura do Brasil a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU em uma eventual reforma da organização.

Bom sinal

A diplomacia brasileira, no entanto, interpretou como um bom sinal algumas palavras presentes no texto.

Um exemplo é: “A China atribui alta importância à influência e ao papel que o Brasil, com maior país em desenvolvimento do hemisfério ocidental, tem desempenhando em assuntos regionais e internacionais, e compreende e apoia a aspiração brasileira de vir a desempenhar papel mais proeminente nas Nações Unidas”.

O documento prevê ainda a ida de uma missão empresarial chinesa ao Brasil no primeiro semestre de 2011 para, segundo o memorando, promover a diversificação do comércio bilateral e investimento recíproco.

Na viagem, o governo comemorou ainda o anúncio de investimentos de cerca de US$ 1 bilhão (R$ 1,6 bilhão) pela China no Brasil. Entre eles, está a implantação de uma fábrica de processamento de soja na Bahia, a construção de um centro de pesquisa e desenvolvimento em Campinas e um investimento em tecnologia da informação em Goiás.

Dilma e a delegação brasileira, que ficam na China até sábado, assinaram mais de 20 acordos de cooperação em diversas áreas.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... o_ss.shtml




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#19 Mensagem por J.Ricardo » Qua Abr 13, 2011 8:21 am

Apple e Foxconn montarão iPad no Brasil a partir de novembro Publicidade
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

A empresa taiwanesa Foxconn investirá US$ 12 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos para produzir displays (telas), informou nesta terça-feira a presidente Dilma Rousseff.

A empresa, que já tem cinco fábricas no país, também anunciou que montará iPads em território brasileiro a partir de novembro.

A presidente Dilma chegou ontem em Pequim, para uma visita oficial de cinco dias à China.

Reuters

iPad, da Apple, será fabricado no Brasil
O projeto da Foxconn envolve a contratação de 100 mil funcionários, do quais 20 mil serão engenheiros, explicou o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que vem negociando com a empresa há três meses. Há planos ainda para a construção de uma "cidade inteligente" para instalar a fábrica e os funcionários da empresa, fornecedora de empresas como Apple, Nokia e BMW, entre várias outras.

Mercadante disse que, se concretizado, será o investimento estrangeiro que mais terá gerado empregos na história do país.

O investimento foi anunciado pelo presidente e fundador da Hon Hai (controladora da Foxconn), o taiwanês Terry Gou, durante reunião com Dilma. O encontro deveria ter ocorrido semanas atrás no Brasil, mas acabou adiado devido ao terremoto japonês, que afetou a cadeia de produção da empresa.

A Foxconn é uma das maioras fabricantes de componentes eletrônicos do mundo. Em 2009, seu faturamento chegou a US$ 61,5 bilhões. Apenas no sul da China, tem cerca de 400 mil funcionários.

A CAMINHO

Segundo a Folha informou no sábado, a Apple já enviou ao país os primeiros lotes de componentes para montagem local do iPad.

Um carregamento com componentes já está a caminho do Brasil em contêineres embarcados a partir da Ásia, que hoje concentra a fabricação dos produtos Apple. A previsão de chegada é de até dois meses.

Estudo da Apple no país mostra que há demanda por ao menos 5.000 iPads mensais. Se combinadas com incentivos, até questões sensíveis, como mão de obra --4,5 vezes mais cara que na China--, são resolvidas.

CENTRO DE PESQUISA

Ontem, o presidente da empresa de telecomunicações da Huawei, Ren Zhengfei, informou que a empresa quer abrir um centro de pesquisa e desenvolvimento de até US$ 350 milhões na região de Campinas (SP).

"Ele disse para a presidenta com muita firmeza que a operação deles no Brasil vai se expandir e que o próximo passo é um centro de pesquisa e desenvolvimento", disse o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel.

Hoje a chinesa ZTE, empresa de telecomunicações, informou em nota que oficializou uma parceria com a prefeitura de Hortolândia (SP), cidade da região de Campinas, para a construção de um polo de produção industrial na cidade. O acordo foi assinado pelo prefeito de Hortolândia, Ângelo Perugini, em Pequim.

Dilma inaugurou hoje, na capital chinesa, o Diálogo de Alto Nível Brasil-China sobre Ciência, Tecnologia e Inovação.

Diplomatas brasileiros disseram à agência Efe que ciência, tecnologia e inovação são elementos fundamentais para o desenvolvimento, a criação de empregos e a busca de oportunidades, e que Pequim reconheceu em seu Plano Quinquenal a necessidade de mudar o modelo de crescimento, inovar e produzir qualidade para seu mercado interno e exportação.

OUTROS ACORDOS

Também ontem, a China autorizou três dos 13 frigoríficos brasileiros inspecionados a exportar carne suína para o país.

"Um começo. Esperava-se mais", afirmou à Folha o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, que viajou a Pequim.

Apesar do atual veto à importação de carne suína brasileira, o produto acaba chegando ao consumidor chinês via Hong Kong, para onde é exportado legalmente e em seguido contrabandeada por comerciantes chineses.

A China já é o maior parceiro comercial do Brasil e grande investidor no país sul-americano (US$ 30 bilhões em 2010), principalmente em minerais, petróleo, soja e telecomunicações.
O mais interessante nesta notícia é a quantidade de empregos qualificados que será criados aqui 100 mil empregos sendo 20 mil engenheiros :shock: , nunca ví nada assim por aqui!!!

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/90 ... mbro.shtml




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#20 Mensagem por Wolfgang » Qua Abr 13, 2011 10:16 am

Candidato a cidade de São Bernardo para receber a fábrica e aproveitar os engenheiros formados pelas faculdades de engenharia daqui (Mauá, FEI, UFABC). :mrgreen:




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#21 Mensagem por Penguin » Qua Abr 13, 2011 7:12 pm

COLUNA NO GLOBO
Gigantes desiguais

Imagem

A China é o nosso principal parceiro comercial, mas nós somos só 2% do comércio externo chinês. Nossas exportações para eles são 83% de produtos básicos; nossas importações são 97% de manufaturados. Para cada empresa brasileira que exporta para a China, há oito que fazem importação. Quatro itens exportados pelo Brasil são 90% do total. Os 10 principais produtos chineses são 15% da pauta deles que chega ao país.

Os números contam uma história que não é favorável ao Brasil. Nós temos vocação para exportação de commodities metálicas e agrícolas, mas estamos ficando confinados a isso, pela estrutura do comércio exterior chinês. Apesar de estarem no mesmo grupo classificado de Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), as desigualdades entre os dois países no campo comercial são grandes. Analistas brasileiros não acreditam que a viagem da presidente Dilma Rousseff vá mudar este quadro: o Brasil continuará sendo exportador de commodities e importador de produtos com tecnologia. O Brasil teve superávit comercial com a China em 2010, de US$ 5 bilhões, mas porque houve forte aumento do preço das matérias-primas. Somente de minério de ferro foram US$ 13,3 bilhões de receita, ou 43% de tudo que vendemos aos chineses. Nos dois primeiros meses deste ano, a participação do minério foi ainda maior: 61,3%.

A alta dos preços das commodities levou a China a ter pela primeira vez em sete anos um déficit trimestral na balança comercial com o mundo. As importações chinesas de minério de ferro, do mundo todo, subiram 14,4% de janeiro a março, para 180 milhões de toneladas, enquanto o preço médio subiu 59,9%, quatro vezes mais. Já as importações de soja caíram 0,7%, para 10,96 milhões de toneladas, mas o preço médio subiu 25,7%. Ou seja, a conjuntura internacional beneficia o Brasil até mesmo quando há redução de compra por parte dos chineses. Mas nem sempre será assim, é isso que o Brasil tem que ter em mente.

— A visita de Dilma não vai levar à nenhuma mudança drástica nas relações comerciais entre os dois países. O Brasil continuará vendendo commodities e a China, manufaturados. Os setores que têm um lobby mais forte junto ao governo conseguem algum tipo de benefício na viagem, mas não existe varinha mágica que mude o quadro, é um problema conjuntural. O que precisamos é de estratégia de longo prazo, porque o saldo comercial do Brasil com a China tem uma margem muito estreita, não é uma viagem que vai mudar isso — disse Kevin Tang, diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China.

A diretora-executiva da consultoria Overchina, Andrea Martins, conta que têm dificuldade de encontrar empresas brasileiras com produtos de maior valor agregado que possam entrar na China. Além do preço do câmbio, dos custos trabalhistas e de infraestrutura, muitas marcas brasileiras têm pouca visibilidade fora do país.

— Tenho procurado empresas brasileiras que tenham patente própria para levar para a China. Mas não é fácil montar uma lista que possa interessá-los. Tenho tido dificuldade de enxergar produtos brasileiros de maior valor agregado que possam entrar lá. Até as marcas que poderiam ir às vezes ainda não cumpriram um ritual de comércio internacional, que é passar por outras grandes praças, como Nova York, Paris e Tóquio. Os chineses são muito preocupados com isso, por isso vender para esses lugares é importante antes de entrar na China — explicou Andrea.

Até em alguns alimentos o Brasil encontra barreiras. O caso da carne suína é um bom exemplo. Há cinco anos o Brasil tenta vender carne de porco aos chineses, que alegam questões sanitárias para não comprar do país. Há um ano, o setor apresentou uma lista de 26 frigoríficos para inspeção chinesa, mas eles só visitaram 13. Desse total, três frigoríficos foram autorizados esta semana, mas nem mesmo o presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto, sabia, até ontem, quais eram.

A China tem muitas artimanhas, mas não temos sabido superar as barreiras e ter uma pauta mais diversificada. A melhor hora para fazer isso é agora, enquanto ainda temos a vantagem das commodities em alta.

http://oglobo.globo.com/economia/miriam ... 374673.asp




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#22 Mensagem por Penguin » Qui Abr 14, 2011 11:14 am

Imagem
14/04

Prevaleceu a visão chinesa

Saiu ao gosto chinês o comunicado conjunto dos presidentes Dilma Rousseff e Hu Jintao. Os termos foram ditados principalmente pelos interesses da China, assim como são ditados os termos do comércio e da cooperação econômica entre os dois países. Pequim aproveitou a visita para algumas gentilezas. Oficializou a abertura de mercado à carne de porco brasileiro, aceitou conversar sobre a diversificação das trocas e confirmou uma compra de aviões da Embraer. Tudo isso é positivo, mas presidentes não viajam para vender costeleta e lombinho e raramente se envolvem na exportação de aviões - a menos, como fizeram o francês Nicolas Sarkozy e o americano Barack Obama, que se trate de concorrência para reequipar as forças armadas de um país.

Como de costume, a viagem serviu para o governo brasileiro pedir apoio à sua ambição de ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. As autoridades chinesas concordaram apenas com uma declaração vaga. China e Brasil "apoiam uma reforma abrangente da ONU, incluindo o aumento da representação dos países em desenvolvimento no Conselho de Segurança como uma prioridade". Além disso, "a China (...) compreende e apoia a aspiração brasileira de vir a desempenhar papel mais proeminente nas Nações Unidas". Essa frase é tão evasiva quanto a declaração de "apreço" à pretensão brasileira, incluída na declaração final da visita do presidente Obama a Brasília.

Mais que chocha, a referência aos direitos humanos teve um toque humorístico - e até de humor negro: "As duas partes fortalecerão consultas bilaterais em matéria de direitos humanos e promoverão o intercâmbio de experiências e boas práticas". Quais serão os temas dessas consultas e que experiências e "boas práticas" o governo brasileiro poderá aprender?

Os dois lados assumiram, como de costume, compromissos de cooperação técnica e científica. Tudo isso produzirá poucos efeitos a curto e a médio prazos. Alguns programas, como geralmente ocorre, talvez sejam esquecidos por um longo período, para serem lembrados, dentro de algum tempo, quando for marcada a primeira reunião de uma comissão bilateral.

Os entendimentos com maior significado prático correspondem aos interesses chineses de acesso a recursos naturais. "Os dois lados acolhem a crescente cooperação entre os dois países nas áreas de mineração e infraestrutura relacionada e no processamento de produtos de minérios", informa o comunicado. Os dois governos "manifestaram ainda o interesse em abrir novas áreas de cooperação em energia e mineração".

Pode haver pontos importantes de interesse comum nessas áreas. Mas a ênfase nesse tipo de cooperação atende sobretudo à estratégia chinesa de crescimento econômico e reforça o estilo de intercâmbio bilateral até agora observado. "A parte chinesa", segundo o comunicado, "manifestou disposição de incentivar suas empresas a ampliar a importação de produtos de maior valor agregado."

Essa "disposição" tem pouco ou nenhum significado prático - e o governo chinês talvez nem pudesse ir além desse ponto.

Se o governo brasileiro deseja de fato mais exportações de manufaturados para a China, o primeiro passo deve ser um exame das condições do comércio e dos obstáculos encontrados pelas empresas. Até agora, a iniciativa mais notável de Brasília, nesse campo, foi a pressão para a Vale exportar menos minérios e investir mais em siderurgia - uma ideia tão estapafúrdia em termos econômicos quanto perigosa politicamente.

Pequim cobrou, como se esperava, o cumprimento de uma promessa tola formulada há anos pelo governo brasileiro. "A parte brasileira reafirmou o compromisso de tratar de forma expedita a questão do reconhecimento da China como economia de mercado nos termos estabelecidos no Plano de Ação Conjunta 2010-2014." A palavra "expedita" vale um ponto para os negociadores chineses.

Empresas da China provavelmente aumentarão seus investimentos no Brasil. Fala-se em grandes projetos para a área eletrônica. Mas nada disso depende de entendimentos de cúpula. A Zona Franca de Manaus e o Polo de Jaguariúna são provas disso. O governo brasileiro deveria designar algum técnico talentoso para estudar esse e outros fatos da vida.




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#23 Mensagem por joao fernando » Qui Abr 14, 2011 11:36 am

"Se o governo brasileiro deseja de fato mais exportações de manufaturados para a China, o primeiro passo deve ser um exame das condições do comércio e dos obstáculos encontrados pelas empresas. Até agora, a iniciativa mais notável de Brasília, nesse campo, foi a pressão para a Vale exportar menos minérios e investir mais em siderurgia - uma ideia tão estapafúrdia em termos econômicos quanto perigosa politicamente"

Oras, que mal há nisso? Uma iniciativa pratica para agregar valor ao minério. Alias, essas privatizações do FFHHCC, com metade de grana da viuva (na parte ruim) e metade na parte privada (com a parte boa) nunca me caiu bem




Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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Re: Relações Sino-Brasileiras

#24 Mensagem por DELTA22 » Qui Abr 14, 2011 12:35 pm

Agora, chegou a hora da imprensa desconstruir a viagem (vide este editorial do Estado)... Deixa a nossa "ótima" imprensa trabalhar, pô! :twisted: :lol: :lol: :lol:




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#25 Mensagem por Penguin » Sex Abr 15, 2011 8:10 am

J.Ricardo escreveu:
Apple e Foxconn montarão iPad no Brasil a partir de novembro Publicidade
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

A empresa taiwanesa Foxconn investirá US$ 12 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos para produzir displays (telas), informou nesta terça-feira a presidente Dilma Rousseff.

A empresa, que já tem cinco fábricas no país, também anunciou que montará iPads em território brasileiro a partir de novembro.

A presidente Dilma chegou ontem em Pequim, para uma visita oficial de cinco dias à China.

Reuters

iPad, da Apple, será fabricado no Brasil
O projeto da Foxconn envolve a contratação de 100 mil funcionários, do quais 20 mil serão engenheiros, explicou o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que vem negociando com a empresa há três meses. Há planos ainda para a construção de uma "cidade inteligente" para instalar a fábrica e os funcionários da empresa, fornecedora de empresas como Apple, Nokia e BMW, entre várias outras.

Mercadante disse que, se concretizado, será o investimento estrangeiro que mais terá gerado empregos na história do país.

O investimento foi anunciado pelo presidente e fundador da Hon Hai (controladora da Foxconn), o taiwanês Terry Gou, durante reunião com Dilma. O encontro deveria ter ocorrido semanas atrás no Brasil, mas acabou adiado devido ao terremoto japonês, que afetou a cadeia de produção da empresa.

A Foxconn é uma das maioras fabricantes de componentes eletrônicos do mundo. Em 2009, seu faturamento chegou a US$ 61,5 bilhões. Apenas no sul da China, tem cerca de 400 mil funcionários.

A CAMINHO

Segundo a Folha informou no sábado, a Apple já enviou ao país os primeiros lotes de componentes para montagem local do iPad.

Um carregamento com componentes já está a caminho do Brasil em contêineres embarcados a partir da Ásia, que hoje concentra a fabricação dos produtos Apple. A previsão de chegada é de até dois meses.

Estudo da Apple no país mostra que há demanda por ao menos 5.000 iPads mensais. Se combinadas com incentivos, até questões sensíveis, como mão de obra --4,5 vezes mais cara que na China--, são resolvidas.

CENTRO DE PESQUISA

Ontem, o presidente da empresa de telecomunicações da Huawei, Ren Zhengfei, informou que a empresa quer abrir um centro de pesquisa e desenvolvimento de até US$ 350 milhões na região de Campinas (SP).

"Ele disse para a presidenta com muita firmeza que a operação deles no Brasil vai se expandir e que o próximo passo é um centro de pesquisa e desenvolvimento", disse o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel.

Hoje a chinesa ZTE, empresa de telecomunicações, informou em nota que oficializou uma parceria com a prefeitura de Hortolândia (SP), cidade da região de Campinas, para a construção de um polo de produção industrial na cidade. O acordo foi assinado pelo prefeito de Hortolândia, Ângelo Perugini, em Pequim.

Dilma inaugurou hoje, na capital chinesa, o Diálogo de Alto Nível Brasil-China sobre Ciência, Tecnologia e Inovação.

Diplomatas brasileiros disseram à agência Efe que ciência, tecnologia e inovação são elementos fundamentais para o desenvolvimento, a criação de empregos e a busca de oportunidades, e que Pequim reconheceu em seu Plano Quinquenal a necessidade de mudar o modelo de crescimento, inovar e produzir qualidade para seu mercado interno e exportação.

OUTROS ACORDOS

Também ontem, a China autorizou três dos 13 frigoríficos brasileiros inspecionados a exportar carne suína para o país.

"Um começo. Esperava-se mais", afirmou à Folha o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, que viajou a Pequim.

Apesar do atual veto à importação de carne suína brasileira, o produto acaba chegando ao consumidor chinês via Hong Kong, para onde é exportado legalmente e em seguido contrabandeada por comerciantes chineses.

A China já é o maior parceiro comercial do Brasil e grande investidor no país sul-americano (US$ 30 bilhões em 2010), principalmente em minerais, petróleo, soja e telecomunicações.
O mais interessante nesta notícia é a quantidade de empregos qualificados que será criados aqui 100 mil empregos sendo 20 mil engenheiros :shock: , nunca ví nada assim por aqui!!!

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/90 ... mbro.shtml

Dono da Foxconn falou mal do Brasil
Em setembro, Terry Gou disse que salários são altos demais e que pessoas param de trabalhar quando ouvem a palavra 'futebol'
14 de abril de 2011 | 0h 00

Renato Cruz - O Estado de S.Paulo
Quanto a opinião de alguém pode mudar em sete meses? Na terça-feira, a presidente Dilma Rousseff saiu de uma reunião com Terry Gou, presidente da Foxconn, anunciando que a empresa taiwanesa planeja investir US$ 12 bilhões em uma fábrica de telas digitais no Brasil, criando 100 mil empregos.


Roberto Stuckert Filho/PR-12/4/2011
Após críticas. Terry Gou, da Foxconn, com Dilma, anteontem: mudança de opinião sobre o Brasil
O entusiasmo de Gou com o País, retratado nos planos anunciados pelo governo brasileiro, contrasta fortemente com o que o bilionário taiwanês havia dito em setembro ao jornal The Wall Street Journal. Um trecho de uma entrevista em que falou sobre o Brasil foi recuperado pelo blog China Real Time Report, do próprio jornal.

Na entrevista, Gou reclamou dos salários "muito altos" dos brasileiros e, segundo o blog, "ridicularizou" a ideia de que o País possa fazer frente ao poder industrial da China: "Os brasileiros, assim que ouvem a palavra "futebol", param de trabalhar. E tem também toda a dança. É loucura".

Ele elogiou o potencial hidrelétrico do País e a produção de minérios, mas disse que as condições de produção são corretas somente para atender ao mercado local. "Se você quiser exportar coisas para os Estados Unidos, precisa de mais tempo e de mais dinheiro para enviar do Brasil (quando comparado com a China)."

O anúncio do governo foi recebido com ceticismo pela indústria brasileira. A própria Foxconn não confirmou o investimento.

"Guiada pela estratégia de "estar onde o mercado está", estamos há bastante tempo estudando oportunidades de investimento no Brasil", disse a empresa, em comunicado. "Estamos atualmente no processo de explorar oportunidades nesse mercado importante e conduzindo uma análise substantiva do ambiente geral de investimento do País."

Sobre os números divulgados pelo governo brasileiro, a empresa informou: "A respeito da confirmação de qualquer projeto de investimento, a política da Foxconn é de fazer anúncios somente depois de receber as aprovações relevantes de nosso conselho de administração e de qualquer autoridade relevante".

Desconfiança. O problema dos números anunciados pelo governo brasileiro é que estão bem além das dimensões do mercado eletroeletrônico brasileiro. Todo o setor emprega 175 mil pessoas no País. A Foxconn estaria disposta a contratar 100 mil funcionários, incluindo 20 mil engenheiros. Não existe gente treinada suficiente para preencher essas vagas.

O valor de US$ 12 bilhões equivale a quatro fábricas de semicondutores, que o Brasil tenta atrair há mais de uma década, sem sucesso. Uma fábrica completa de telas de cristal líquido exigiria um investimento semelhante a uma fábrica de chips.

O temor das empresas instaladas no Brasil é que o anúncio possa ser usado para barrar qualquer tentativa de proteger a produção local contra a invasão de produtos chineses. Apesar de taiwanesa, as principais unidades de produção da Foxconn, maior fabricante de eletrônicos do mundo, estão na China.

No Brasil, o setor tem defendido elevação de impostos de importação, para reduzir o déficit do eletroeletrônico que, em 2010, chegou a US$ 27,5 bilhões. Pelo que temem algumas fontes da indústria, o anúncio de investimento serviria para impedir a imposição de barreiras ao produto chinês.

Crise. A história recente da empresa foi marcada pela crise causada por suicídios de funcionários em suas unidades chinesas. Desde 2007, 17 empregados da Foxconn teriam se matado ao pular das janelas dos prédios da companhia. Isso levou a empresa a instalar redes de proteção em volta de seus edifícios.




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#26 Mensagem por DELTA22 » Sex Abr 15, 2011 8:33 am

CQD. :roll: :roll:




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#27 Mensagem por Wolfgang » Sex Abr 15, 2011 12:00 pm

E daí que falou mal? O Brasil, em diversos setores, fala mal da China e compramos e vendemos com eles cada vez mais. Isso é muito conversinha tosca de ginásio: "Nossa, você vai ficar com ela? Mas ele disse que odeia corintiano". E daí, ela tem uma bunda gostosa pacas!




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#28 Mensagem por suntsé » Sex Abr 15, 2011 12:36 pm

Wolfgang escreveu:E daí que falou mal? O Brasil, em diversos setores, fala mal da China e compramos e vendemos com eles cada vez mais. Isso é muito conversinha tosca de ginásio: "Nossa, você vai ficar com ela? Mas ele disse que odeia corintiano". E daí, ela tem uma bunda gostosa pacas!
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Re: Relações Sino-Brasileiras

#29 Mensagem por LeandroGCard » Sex Abr 15, 2011 1:26 pm

Penguin escreveu:Sobre os números divulgados pelo governo brasileiro, a empresa informou: "A respeito da confirmação de qualquer projeto de investimento, a política da Foxconn é de fazer anúncios somente depois de receber as aprovações relevantes de nosso conselho de administração e de qualquer autoridade relevante".

Desconfiança. O problema dos números anunciados pelo governo brasileiro é que estão bem além das dimensões do mercado eletroeletrônico brasileiro. Todo o setor emprega 175 mil pessoas no País. A Foxconn estaria disposta a contratar 100 mil funcionários, incluindo 20 mil engenheiros. Não existe gente treinada suficiente para preencher essas vagas.

O valor de US$ 12 bilhões equivale a quatro fábricas de semicondutores, que o Brasil tenta atrair há mais de uma década, sem sucesso. Uma fábrica completa de telas de cristal líquido exigiria um investimento semelhante a uma fábrica de chips.

O temor das empresas instaladas no Brasil é que o anúncio possa ser usado para barrar qualquer tentativa de proteger a produção local contra a invasão de produtos chineses
. Apesar de taiwanesa, as principais unidades de produção da Foxconn, maior fabricante de eletrônicos do mundo, estão na China.
Se o cara falou mal do Brasil ou não é irrelevante, o risco está na frase grifada.

Os chineses (e quem trabalha no esquema deles) são tremendamente espertos, e com certeza já perceberam que o governo brasileiro adora promessas, e quanto mais mirabolantes melhor, e que se depois não acontecer nada fica simplesmente tudo por isso mesmo. Como os japoneses, que prometeram a fábrica de semi-condutores se o Brasil adotasse o padrão deles de TV digital, e agora não se fala mais em fábrica nenhuma (eles disseram que era economicamente inviável, o que já sabiam antes de prometer). Ou as vans da KIA, que entraram no país com alguma facilidade em impostos que não me recordo agora pela promessa da montagem de uma fábrica no Brasil, e depois nada.

A jogada neste caso pode ser a mesma, promete-se este um pólo industrial fabuloso que produziria muito mais do que o próprio país pode absorver, e em troca continua-se inundando o mercado de produtos chineses a preços artificialmente baixos. E se algum dia alguém vier perguntar onde está o tal polo industrial
é só desconversar com referências à burocracia, licença ambiental, falta de mão de obra, etc.... .

E nós, muito espertos, caímos de novo.


Leandro G. Card




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#30 Mensagem por Penguin » Dom Abr 24, 2011 10:17 am

Foxconn procura sócio brasileiro
Empresa taiwanesa planeja bancar de 40% a 50% do projeto de US$ 12 bilhões no País e estuda buscar recursos no BNDES
23 de abril de 2011 | 19h 09


Cláudia Trevisan, correspondente de O Estado de S.Paulo

PEQUIM - A Foxconn pretende bancar de 40% a 50% do projeto de investimento de US$ 12 bilhões no Brasil anunciado na semana retrasada, durante visita da presidente Dilma Rousseff à China. O restante viria de parceiros brasileiros e de financiamento ou participação no projeto do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), disse ao ‘Estado’ uma fonte que acompanhou as conversas com a empresa.

Apesar do ceticismo com que o anúncio foi recebido no Brasil, analistas acreditam que o movimento faz sentido dentro da estratégia da Foxconn. Os custos de produção na China estão subindo e continuarão em alta por muitos anos. O governo anunciou há poucos dias que pretende dobrar a remuneração dos trabalhadores até 2015 e a moeda continuará a se apreciar, ainda que em ritmo mais lento que o desejado por outros países.

Além disso, a produção no Brasil reduziria o preço final dos produtos, que não estariam sujeitos ao Imposto de Importação que encarece eletrônicos e computadores fabricados em outros países. O desktop da Apple de 21,5 polegadas, por exemplo, custa US$ 2,5 mil no Brasil, US$ 1,5 mil na China e US$ 1,2 mil nos Estados Unidos.

Com o aumento da renda e da demanda por produtos de alta tecnologia, faria sentido investir na produção de componentes e equipamentos acabados dentro do Brasil. "As companhias de eletrônicos estão começando a repensar suas estratégias globais de manufatura, produzindo em locais mais próximos do consumidor final, para reduzir os riscos na cadeia de fornecedores e o tempo e custo de transporte", disse Pamela Gordon, presidente da empresa de consultoria Technology Forecast, especializada em estratégias de produção para a indústria de eletrônicos.

Segundo Pamela, a reestruturação em andamento também tem o objetivo de reduzir as emissões de gases que provocam efeito estufa, o que tem peso para as grandes marcas globais que estabelecem metas de poluição dentro de suas estratégias de sustentabilidade ambiental.

Na avaliação de Pamela, a cifra de US$ 12 bilhões é compatível com o tamanho do projeto. Segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, a intenção da Foxconn é produzir displays digitais utilizados na fabricação de celulares, tablets, computadores e TVs.

Prazo. Os investimentos seriam realizados ao longo de cinco anos, divididos em duas etapas. Na primeira, que abrangeria o período 2011-2013, seriam fabricadas telas pequenas e médias. A outra etapa seria implantada em 2014 e 2015, para produção de telas grandes, destinadas a aparelhos de TV de alta definição.

Jamie Wang, analista da Gartner em Taiwan, também acredita que o investimento no Brasil se enquadra dentro da estratégia da Foxconn, mas questionou o valor de US$ 12 bilhões. Na sua avaliação, caso o projeto se concretize, a cifra será inferior a US$ 1 bilhão no primeiro ano e subirá nos anos seguintes, de acordo com a demanda dos clientes da companhia.

A cifra também foi recebida com ceticismo por Vincent Chen, analista da taiwanesa Yuanta baseado em Hong Kong. Em sua avaliação, US$ 12 bilhões é muito dinheiro, mesmo se for investido em dez anos.

Mercadante não confirmou o porcentual do investimento que caberia à Foxconn, mas disse que a empresa iniciou negociações com potenciais parceiros brasileiros, alguns dos quais já teriam visitado suas instalações na China.

A responsabilidade pela análise das condições para a implantação do projeto está a cargo de um grupo de trabalho integrado pelo BNDES e os ministérios da Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento e Fazenda. Quando anunciou a intenção da Foxconn em Pequim, a presidente Dilma afirmou que o projeto envolverá a discussão de "vantagens tributárias" para o investimento.

A Foxconn está presente no Brasil desde 2003, com quatro fábricas que empregam 5,7 mil pessoas e produzem equipamentos para Sony, Dell, HP e Sony Ericsson.

Loucura. A experiência no País não parece ter impressionado o fundador da companhia, Terry Gou. Em entrevista ao Wall Street Journal publicada há sete meses, Gou disse que os salários locais eram "muito altos" e a infraestrutura, precária. "Os brasileiros, assim que ouvem a palavra futebol, param de trabalhar. E tem também toda a dança. É loucura". De acordo com ele, enviar mercadorias do Brasil para os Estados Unidos é mais demorado e caro do que despachar os mesmos produtos da China, apesar da distância.

À presidente Dilma, Gou disse que está atraído pelo mercado doméstico brasileiro e as oportunidades que serão criadas pela Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada de 2016. Também ressaltou que sua estratégia de expansão passou a privilegiar os integrantes do Brics, composto por Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul.

Mesmo que os planos de investimento no Brasil venham a se concretizar, a China continuará a ser por muito tempo o principal polo de produção da Foxconn. A empresa é a maior exportadora do país asiático e respondeu no ano passado por 5,5% de seu comércio internacional, com embarques de US$ 86 bilhões e importações de US$ 82 bilhões. Muitos dos componentes utilizados em suas linhas de montagem vêm de outros países e regiões, como Japão e Taiwan.

A companhia é a segunda maior exportadora da República Tcheca, onde iniciou operações em 2000, mesmo ano em que adquiriu a fábrica de placas-mãe que a Intel possuía em Porto Rico.




Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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