Na verdade acho que nem sequer chegamos até aí.GustavoB escreveu:A impressão que dá é que, sem objetivos estratégicos definidos, o governo deixa o programa em banho-maria esperando pelas PPP - Parcerias Público-Privadas. Entram aí os interesses das grandes corporações de comunicação e ficamos sem saída.
Então, se o governo não toma a frente, temos que esperar pela boa vontade da iniciativa privada. Como no setor de comunicação é dominado pelo capital estrangeiro, pode-se deduzir a situação.
Opinões pessoais de leigo.
As empresas de comunicação utilizam basicamente satélites geo-estacionários, que são a aplicação comercial mais sofisticada que existe hoje. São satélites que operam em órbitas extremamente altas e portanto tem que ter uma potência de transmissão muito grande, precisam manter sua posição e atitude no espaço com muita precisão e atualmente são construídos para durar muito tempo em operação. O resultado é que são satélites sofisticadíssimos, caríssimos, muito grandes e pesados, e para serem lançados exigem foguetes de grande porte com altíssima confiabilidade. Estamos muito, mas muito longe mesmo de termos qualquer coisa sequer próxima disso.
Então, nesta aplicação específica, nem há muito que o governo possa fazer. Ou as operadoras (sejam nacionais ou estrangeiras) compram os satélites e seus lançamentos no mercado internacional, ou o governo tem que fazê-lo, pois para desenvolver algo aqui só daqui a muitos e muitos anos (isto se o PEB começasse a funcionar maravilhosamente a partir de hoje, senão...).
O problema que eu sempre menciono da falta de um objetivo é que hoje nem sequer se discute que satélites o Brasil deveria ser capaz de lançar e em que prazos, ou mesmo se deveria lançar algum, ou se deveria fazê-lo com foguetes próprios. Dependendo dos objetivos desejados, um programa espacial autóctone, independente e completo pode nem mesmo ser desejável, veja que um monte de países muito mais avançados do que nós não possuem um (Alemanha, Inglaterra, Canadá, etc...).
Mas ao invés de pensar e discutir sobre isto e tentar chegar daí num plano concreto para primeiro definir e depois atingir os objetivos espaciais que o Brasil realmente deseja, continua-se perseguindo apenas a consecução do VLS-1, objetivo definido há mais de vinte anos e que era para ser apenas um projeto acadêmico, e todos os demais aspectos do PEB tem que se encaixar nas características deste lançador (tamanho dos satélites, motores de combustível líquido a ser desenvolvidos para seu eventual aperfeiçoamento, infra-estrutura de lançamento, etc...). E como todo mundo já está de saco cheio de ouvir falar em VLS sem que nenhum resultado prático tenha aparecido nos últimos vinte anos, e o que ele poderá realizar mesmo se vier a funcionar algum dia será pífio se comparado ao que já existe até em nações mais atrasadas do que a nossa, quem é que vai dar apoio político, liberar verba, procurar trabalhar na área, etc...?
Um grande abraço,
Leandro G. Card