Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha
Enviado: Ter Mar 21, 2017 8:49 pm
LeandroGCard escreveu:Túlio, uma coisa (projeto) não tem muito a ver com a outra (construção).Túlio escreveu:Pior, o argumento de "projetar navio aqui, pois gera conhecimento" já caiu por terra a sete palmos, virou "rascunhar navio aqui". Sodas isso...
Empresas do mundo inteiro (da Apple à Nike, para citar apenas algumas) desenvolvem os projetos de seus produtos localmente mas os fabricam no exterior, sem que os fabricantes em si, instalados na Malásia, na China e etc..., jamais sequer alcancem a capacidade tecnológica mínima que os permita se tornarem concorrentes da empresa desenvolvedora. Até a Embraer já fez isso com uma linha inteira de seus aviões (família 135/145), produzida por anos na China, e quando os chineses quiseram fabricar o projeto mais avançado (a linha 190/195) a Embraer simplesmente disse não e eles ficaram chupando o dedo, porque até agora, com toda a base industrial produtiva que possuem, não conseguiram desenvolver um competidor à altura. Ou seja, terceirizar a produção nunca quis dizer abrir mão da capacidade de desenvolvimento, que é o primeiro passo para uma indústria autóctone com a mínima capacidade de sobrevivência no médio/longo prazos (enquanto a capacidade de produção NÃO É, por paradoxal que isso possa parecer para as gentes tupiniquins, que no geral de todo o setor industrial só conseguem compreender o departamento de "apertamento de parafusos").
Posto muito claro e bem explicado. Vai de encontro com o que penso sobre a construção naval no Brasil, eu acrescentaria que para isto rodar seria necessária a implementação das reformas fiscais e trabalhistas.
G abraço
O nosso problema é que JÁ PERDEMOS a capacidade de CONSTRUIR no Brasil com segurança navios com conteúdo tecnológico um pouco mais elevado, e teremos que reaprender esta capacidade. Poderíamos fazer isso aos poucos e de outro jeito (por exemplo, começando com pequenos navios de patrulha, depois com OPV's maiores e quetales para só então chegar aos navios de guerra propriamente ditos), mas dado o iminente apagão de escoltas da MB a possibilidade de pular etapas passa a ser crucial, e uma das formas encontradas pode ser esta, de encomendar a construção da primeira unidade lá fora (sob nossa supervisão - santo sacrilégio, brasileiros dizendo a estrangeiros o que fazer) enquanto nossa infra-estrutura industrial sucateada é recomposta e nossos técnicos de nível mais baixo são preparados.
Esta opção ainda é melhor do que a outra disponível, de simplesmente contratar tudo lá fora e depois ter que desenvover de novo do zero não apenas a capacidade construção mas também a de concepção e projeto (quando não há nem haverá no horizonte disponível $$$ para adquirir lá fora esta capacidade como está sendo feito - de novo - no caso dos sub's, e como se desejava fazer com as escoltas de 6.000 ton do PROSUPER).
Leandro G. Card