LeandroGCard escreveu:Túlio, uma coisa (projeto) não tem muito a ver com a outra (construção).Túlio escreveu:Pior, o argumento de "projetar navio aqui, pois gera conhecimento" já caiu por terra a sete palmos, virou "rascunhar navio aqui". Sodas isso...
Empresas do mundo inteiro (da Apple à Nike, para citar apenas algumas) desenvolvem os projetos de seus produtos localmente mas os fabricam no exterior, sem que os fabricantes em si, instalados na Malásia, na China e etc..., jamais sequer alcancem a capacidade tecnológica mínima que os permita se tornarem concorrentes da empresa desenvolvedora. Até a Embraer já fez isso com uma linha inteira de seus aviões (família 135/145), produzida por anos na China, e quando os chineses quiseram fabricar o projeto mais avançado (a linha 190/195) a Embraer simplesmente disse não e eles ficaram chupando o dedo, porque até agora, com toda a base industrial produtiva que possuem, não conseguiram desenvolver um competidor à altura. Ou seja, terceirizar a produção nunca quis dizer abrir mão da capacidade de desenvolvimento, que é o primeiro passo para uma indústria autóctone com a mínima capacidade de sobrevivência no médio/longo prazos (enquanto a capacidade de produção NÃO É, por paradoxal que isso possa parecer para as gentes tupiniquins, que no geral de todo o setor industrial só conseguem compreender o departamento de "apertamento de parafusos").
Posto muito claro e bem explicado. Vai de encontro com o que penso sobre a construção naval no Brasil, eu acrescentaria que para isto rodar seria necessária a implementação das reformas fiscais e trabalhistas.
G abraço
O nosso problema é que JÁ PERDEMOS a capacidade de CONSTRUIR no Brasil com segurança navios com conteúdo tecnológico um pouco mais elevado, e teremos que reaprender esta capacidade. Poderíamos fazer isso aos poucos e de outro jeito (por exemplo, começando com pequenos navios de patrulha, depois com OPV's maiores e quetales para só então chegar aos navios de guerra propriamente ditos), mas dado o iminente apagão de escoltas da MB a possibilidade de pular etapas passa a ser crucial, e uma das formas encontradas pode ser esta, de encomendar a construção da primeira unidade lá fora (sob nossa supervisão - santo sacrilégio, brasileiros dizendo a estrangeiros o que fazer) enquanto nossa infra-estrutura industrial sucateada é recomposta e nossos técnicos de nível mais baixo são preparados.
Esta opção ainda é melhor do que a outra disponível, de simplesmente contratar tudo lá fora e depois ter que desenvover de novo do zero não apenas a capacidade construção mas também a de concepção e projeto (quando não há nem haverá no horizonte disponível $$$ para adquirir lá fora esta capacidade como está sendo feito - de novo - no caso dos sub's, e como se desejava fazer com as escoltas de 6.000 ton do PROSUPER).
Leandro G. Card
Programa de Reaparelhamento da Marinha
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha
O Leandro já defendeu a CV03, sobrou só a parte de descer o sarrafo no Gripen.Túlio escreveu:Pois vejam só: o "nosso" naviozinho já vai virar "mais ou menos nosso", ou seja, fazem o rascunho aqui e os estrangeiros corrigem e fabricam lá fora. Só uma coisa não muda: o grosso dos insumos vem de lá mesmo! Toda essa lambança por umas mini-belonaves. Os mesmos que criticam o Gripen E deveriam estar descendo o malho igual, afinal, também é um "naviozinho pequenininho gudigudigudigudi da mamãe" - (C) Sir Talharim.
Primeiro, não, não é a mesma coisa.
Desde a ditadura militar o país vem buscando adquirir tecnologia, e a razão é que a produção de tecnologia é o filé mignon da indústria do mundo inteiro, e temos tentando em diversas áreas, na área naval tentamos pular etapas com as Niterói e depois avançamos com as Inhaúmas, Barroso e agora CV03, na aviação tivemos o AMX, e antes dele, o MB326.
A CV03 é a continuação de um programa, um programa que começou com as Niterói, que adquirimos para pular alguams etapas, depois tentamos aplicar o que aprendemos com a Inhaúmas, onde descobrimos algumas falhas e corrigimos essas falhas com a Barroso, essa, por sua vez, tem suas falhas e limitações, e a CV03 será nossa tentativa de corrigir essas falhas.
Isso é aprendizado, é experiência, sabemos não só o que funciona, mas também o que não funciona, o que foi feito de errado nas Inhaúma e o que foi feito nas Barroso para corrigir, isso pode nos dar a capacidade de antecipar problemas em futuros navios e não repetir erros.
No caso da aviação, o que projetamos depois do AMX, onde aplicamos as lições aprendidas? O que tentamos de novo depois? Onde está a nossa lista de coisas a melhorar? Tudo parou no AMX.
No caso do Gripen, não vamos desenvolver o Gripen, não vamos aplicar nosso conhecimento nele e ver o resultado, os suecos farão isso, nossa expectativa e observar e tentar aprender, mas quando é que vamos aplicar esse conhecimento?
Do ponto de vista tecnológico para o Brasil o Gripen não representa evolução nenhuma, nada nele é desenvolvido aqui, nenhum conhecimento será criado e testado nele, e nada do que vermos os suecos fazendo tem perspectiva de ser aplicado em futuros desenvolvimentos nacionais, a CV03, ao contrário, representa um programa em evolução, em um rítmo mais lento que o ideal por "n" motivos, mas ainda assim uma evolução.
Alias, (e agora vou deixar muitos de cabelos em pé) até o IA2 é um programa melhor do que o Gripen, começamos fabrincado o FAL, ai tentamos o MD2, o MD97 e finalmente chegamos no IA2, ao desenvolver o fuzil a Imbel mostrou que aprendeu a fazer fuzis, que é capaz de fazer desenvolvimentos nessa área.
Vejo alguns aqui questionando a CV03 do ponto de vista operacional, de fato, o naviozinho escola não é a melhor opção para uma defesa naval de vanguarda, mas quando foi que tivemos uma defesa naval assim? Porque, desde quando eu me conheço por gente nossa marinha é constituída por alvos flutuantes que fingem ser escoltas, se as CV03 não derem total capacidade de combate, qual a novidade?
E vejo alguns insistirem na produção sob licença (e para piorar, as vezes licença de patentes expiradas!), bobagem, se é para apertar parafusos é só deixar as condições econômicas favoráveis como a China fez, ai as empresas vem aqui apertar parafusos sem termos que comprar nada.
E por fim, ainda chovem críticas quanto a qualquer desenvolvimento nacional, sim, basicamente tudo o que for desenvolvido aqui vai custar mais caro e ser inferior ao que comprarmos de fora, mesmo que tivéssmos feito um caça ele provavelmente seria ainda pior que o Gripen! Mas esse é o custo da tecnologia, a Suécia consegue fazer o Gripen porque pagou esse custo no passado, e aqui no Brasil se faz isso há décadas na tentativa de criar uma indústria de tecnologia.
Dava sim para comprar equipamentos melhores e mais baratos se não insistímos em desenvolver aqui, mesmo o FX, seria mais barato não exigir transferência de tecnologia alguma (ainda mais de tecnologias que não temos qualquer perspectiva de aplicar), alias, se acham mesmo que esse é o melhor caminho, estamos em uma democracia, façam lobby para mudar nossa constituição inluindo uma clausula de burrice que não estamos aptos e não devemos desenvolver nada, devemos continuar como um país puramente agrário e, no máximo, com alguns apertadores de parafusos, porque, olha, esse negócio de se começar algum desenvolvimento aqui e o resto do país torpedear esse desenvolvimento está custando muito caro.
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha
PerfeitoMarechal-do-ar escreveu:O Leandro já defendeu a CV03, sobrou só a parte de descer o sarrafo no Gripen.
Primeiro, não, não é a mesma coisa.
.
.
.
, alias, se acham mesmo que esse é o melhor caminho, estamos em uma democracia, façam lobby para mudar nossa constituição inluindo uma clausula de burrice que não estamos aptos e não devemos desenvolver nada, devemos continuar como um país puramente agrário e, no máximo, com alguns apertadores de parafusos, porque, olha, esse negócio de se começar algum desenvolvimento aqui e o resto do país torpedear esse desenvolvimento está custando muito caro.
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha
a FAB tem o Gripen e apesar de não ser uma sequencia do AMX, a Embraer traz um legado deste projeto no ALX, KC390 e outros projetos militarizados. Ela achou um nicho de mercado e podemos dizer que temos uma industria nacional neste setor.
o EB tem o Guarani como programa principal mas infelizmente pouco trouxe de legado da Engesa que ao contrario da Embraer, não sobreviveu (ao menos a Avibras e outras menores continuam vivas). Ainda assim, temos alguma coisa.
a MB tem dois programas locais, a CV-03 e os submarinos (e eram tres com o NAe até pouco atras).
Entre os dois, o programa de submarinos faz mais sentido. Um submarino nuclear é algo que não é facil de conseguir e pode sim ter um poder dissuassivo importante. Não sou contra desenvolver navios de superficie mas temos que convir que é um programa de muito menor impacto estratégico.
o EB tem o Guarani como programa principal mas infelizmente pouco trouxe de legado da Engesa que ao contrario da Embraer, não sobreviveu (ao menos a Avibras e outras menores continuam vivas). Ainda assim, temos alguma coisa.
a MB tem dois programas locais, a CV-03 e os submarinos (e eram tres com o NAe até pouco atras).
Entre os dois, o programa de submarinos faz mais sentido. Um submarino nuclear é algo que não é facil de conseguir e pode sim ter um poder dissuassivo importante. Não sou contra desenvolver navios de superficie mas temos que convir que é um programa de muito menor impacto estratégico.
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha
só complementando: acho que falta encontrarmos um nicho de exportação para industria naval (a Embraer tem, a Avibras tem, a IVECO tem, e por aí vai).
TALVEZ, uma opção seja aproveitar o conhecimento desenvolvido em submarinos para produzir modelos diesel-eletricos pequenos e médios para o mercado internacional. Existem poucos concorrentes nesse setor (ou, pelo menos, muito menos que em navios de superficie) e a falta de produtos acessiveis para marinhas menores.
TALVEZ, uma opção seja aproveitar o conhecimento desenvolvido em submarinos para produzir modelos diesel-eletricos pequenos e médios para o mercado internacional. Existem poucos concorrentes nesse setor (ou, pelo menos, muito menos que em navios de superficie) e a falta de produtos acessiveis para marinhas menores.
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha
Mais ou menos.pmicchi escreveu:a FAB tem o Gripen e apesar de não ser uma sequencia do AMX, a Embraer traz um legado deste projeto no ALX, KC390 e outros projetos militarizados. Ela achou um nicho de mercado e podemos dizer que temos uma industria nacional neste setor.
o EB tem o Guarani como programa principal mas infelizmente pouco trouxe de legado da Engesa que ao contrario da Embraer, não sobreviveu (ao menos a Avibras e outras menores continuam vivas). Ainda assim, temos alguma coisa.
a MB tem dois programas locais, a CV-03 e os submarinos (e eram tres com o NAe até pouco atras).
Entre os dois, o programa de submarinos faz mais sentido. Um submarino nuclear é algo que não é facil de conseguir e pode sim ter um poder dissuassivo importante. Não sou contra desenvolver navios de superficie mas temos que convir que é um programa de muito menor impacto estratégico.
O programa de submarinos tem objetivos mais ambiciosos, pois poucas embarcações militares podem ser colocadas no mesmo nível, em termos militares e geopolíticos, de um submarino nuclear. Por outro lado, do projeto do casco à propulsão, sensores e armamentos, esta é uma área de aplicação extremamente específica, empregando tecnologias com bem pouco potencial de uso dual. Mesmo que ao final se consiga realmente obter a capacidade de desenvolvimento e construção autóctone de submarinos nucleares (o que sinceramente não acho que será possível, infelizmente - a ver), o programa será basicamente centrado em si mesmo, com poucos offsets possíveis para o restante do parque tecnológico industrial/militar do país.
Por outro lado, o expertise no projeto e na construção de navios é algo que pode ser aplicado imediatamente no setor civil, não só na construção de embarcações de transporte de carga em si como também em outras áreas como a de plataformas de petróleo, estruturas especiais e etc... . E os sensores e armamentos empregados nos navios (canhões, mísseis, radares e etc...) podem também ter aplicação nos outros ramos das nossas FA's, além do mercado civil (radares). Agora, onde mais se vai aproveitar torpedos de 533mm, periscópios de mastro ou sonares passivos instalados no casco? Por isso o desenvolvimento de navios de guerra de superfície e de sistemas para eles é algo que tem muito maior importância estratégica do ponto de vista tecnológico/industrial/comercial.
Além disso, os submarinos de ataque convencionais ou nucleares (e o Brasil não tem planos para construir submarinos lança-mísseis estratégicos) cumprem muito bem duas das 4 tarefas do poder naval, a de dissuasão e a de negação de uso do mar. Mas podem cumprir apenas marginalmente a de projeção de poder (eventualmente lançando alguns mísseis contra objetivos específicos) e são praticamente inúteis em missões de controle de área marítima. Já navios de superfície podem em princípio cumprir todas as 4. Então fica difícil colocar toda a ênfase estratégica apenas nos sub's (por mais avançados e poderosos que sejam) e jogar os navios de superfície para segundo plano. Veja que apesar de tudo a maioria absoluta senão todas das marinhas do planeta possuem mais embarcações de superfície do que submarinos. E isso não é mera coincidência.
Leandro G. Card
P.S.:Quanto aos motores de subs, os diesel em geral são modelos de uso amplo apenas adaptados ao emprego no submarinos, e fornecedores existem vários por aí. E os elétricos são muito específicos e tem mercado bastante restrito. SE puderem ser produzidos no Brasil de forma econômica (o que será impossível se a MB mantiver sua tradição de incorporar apenas 4 ou 5 sub's a cada 20 ou 25 anos, e uma ou duas unidades nucleares não vão mudar este quadro) poderiam talvez até ser um produto viável de exportação. Mas sempre em volumes praticamente irrisórios.
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha
um dos maiores produtores de motores eletricos do mundo é brasileiro (WEG). Bem que a MB podia trazer eles para esse setor.LeandroGCard escreveu: P.S.:Quanto aos motores de subs, os diesel em geral são modelos de uso amplo apenas adaptados ao emprego no submarinos, e fornecedores existem vários por aí. E os elétricos são muito específicos e tem mercado bastante restrito. SE puderem ser produzidos no Brasil de forma econômica (o que será impossível se a MB mantiver sua tradição de incorporar apenas 4 ou 5 sub's a cada 20 ou 25 anos, e uma ou duas unidades nucleares não vão mudar este quadro) poderiam talvez até ser um produto viável de exportação. Mas sempre em volumes praticamente irrisórios.
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha
Também acho.pmicchi escreveu:um dos maiores produtores de motores eletricos do mundo é brasileiro (WEG). Bem que a MB podia trazer eles para esse setor.
O problema é que, como qualquer empresa que tem sucesso comercial, a WEG se preocupa em investir prioritariamente naquilo que poderá lhe dar um retorno significativo em termos de ampliação do mercado e aumento de vendas. O investimento no desenvolvimento de motores elétricos para submarinos permitirá isso? Quando?
Perceba que a motorização dos 4 primeiros Scorpène-BR já está contratada desde o início e virá da França, por exigência contratual e por falta de tempo hábil e de $$$ para desenvolvimento de alternativas nacionais (veja aqui:https://www.defesaaereanaval.com.br/pro ... rint=print). Haverá encomendas de novos submarinos depois disso? Quantos e quando? Se não, pra quê a WEG desenvolveria qualquer coisa que fosse? Ninguém lá fora compraria motores de submarino de um país que nunca os produziu e nem os emprega em suas própria unidades, então de onde a WEG retiraria o retorno do seu eventual investimento?
Mas a MB não fala nada sobre unidades posteriores aos 4 Scorpène-BR e o primeiro nuclear, e o GF com certeza não vai falar sobre o assunto tão cedo. Então como a WEG entraria no esquema? Por sua própria conta e risco é que não, ela não faz este tipo de coisa sem garantias ou não seria a empresa bem administrada e lucrativa que conhecemos. Uma opção seria a própria MB ou o governo bancarem os custos de desenvolvimento, mas aí cairemos justamente no caso de se gastar dinheiro para desenvolver aqui que já existe e pode ser adquirido lá fora, e que você tanto contesta no caso das CV-3.
Como resolver o impasse então?
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha
Na Espanha a tecnologia dos navios militares é empregada na construção de grandes transatlânticos comerciais, se o conhecimento adquirido com as CV-3 ficar restrito só a MB não vai adiantar muito todo esse investimento...
Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha
Não existe solução fácil, certamente.
eu já trabalhei numa multinacional que faz motores eletricos para submarinos, mas minha especialidade é mais financeira do que técnica. A maior dificuldade não é produzir mas sim desenvolver o produto. Se a MB bancar ao menos uma parte desse custo inicial, a barreira não é tão grande.
Esse conhecimento teria que ser aplicado em um submarino de 700-1,000t com alto nivel de conteudo nacional, desempenho modesto e preço acessivel para atender a MB e o mercado de exportação.
Exemplo: Bangladesh comprou recentemente dois submarinos Ming chineses reformados . Trata-se de um modelo teoricamente obsoleto mas ainda assim útil para uma marinha que nao tinha submarinos. Muitos países que investem em navios de ataque com misseis talvez pudessem diversificar suas marinhas se tivessem opções mais economicas de submarinos.
eu já trabalhei numa multinacional que faz motores eletricos para submarinos, mas minha especialidade é mais financeira do que técnica. A maior dificuldade não é produzir mas sim desenvolver o produto. Se a MB bancar ao menos uma parte desse custo inicial, a barreira não é tão grande.
Esse conhecimento teria que ser aplicado em um submarino de 700-1,000t com alto nivel de conteudo nacional, desempenho modesto e preço acessivel para atender a MB e o mercado de exportação.
Exemplo: Bangladesh comprou recentemente dois submarinos Ming chineses reformados . Trata-se de um modelo teoricamente obsoleto mas ainda assim útil para uma marinha que nao tinha submarinos. Muitos países que investem em navios de ataque com misseis talvez pudessem diversificar suas marinhas se tivessem opções mais economicas de submarinos.
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha
Esta idéia de desenvolver unidades menores não é de todo ruim, mesmo que não tenha aplicação para a própria MB em si. Na verdade muitos países fazem isso, tem projetos próprios com capacidades específicas para suas necessidades e modelos de exportação totalmente diferentes, em geral configuráveis segundo as necessidades dos clientes. É só Type-212 e IKL 214 de exportação.pmicchi escreveu:Não existe solução fácil, certamente.
eu já trabalhei numa multinacional que faz motores eletricos para submarinos, mas minha especialidade é mais financeira do que técnica. A maior dificuldade não é produzir mas sim desenvolver o produto. Se a MB bancar ao menos uma parte desse custo inicial, a barreira não é tão grande.
Esse conhecimento teria que ser aplicado em um submarino de 700-1,000t com alto nivel de conteudo nacional, desempenho modesto e preço acessivel para atender a MB e o mercado de exportação.
Exemplo: Bangladesh comprou recentemente dois submarinos Ming chineses reformados . Trata-se de um modelo teoricamente obsoleto mas ainda assim útil para uma marinha que nao tinha submarinos. Muitos países que investem em navios de ataque com misseis talvez pudessem diversificar suas marinhas se tivessem opções mais econômicas de submarinos.
Se através do PROSUB a MB realmente criar uma base de conhecimentos e expertise que permita autonomia em projeto e desenvolvimento de submarinos isso pode ser um caminho futuro, e que ajudaria muitíssimo a dar a necessária continuidade ao desenvolvimento e fabricação locais de submarinos para a própria MB. Mas no momento ela não fala neste assunto de projetos posteriores aos já contratados no âmbito do PROSUB, então o que quer que imaginemos por enquanto não passa de elucubração nossa.
E em geral este é o problema de todos os programas militares do Brasil: Eles são vistos e analisados sempre como a solução para algum problema já existente (e quase sempre muito urgente, pela inação nos períodos anteriores), e jamais como o início de um processo contínuo, como precisaria ser.
Leandro G. Card
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha
Mas o programa de submarinos parte de um fracasso, o nosso programa de submarinos não começou com o Scorpènè, começou com os Tupi, e já se falava em submarino nuclear muito antes do Lula assumir e muito antes do PROSUBH, não houve a evolução esperada, na verdade, meio que demos alguns passos atrás para avançar de novo, e no fim, esse programa recebe muito mais verbas do que o CV03.pmicchi escreveu:a MB tem dois programas locais, a CV-03 e os submarinos (e eram tres com o NAe até pouco atras).
Entre os dois, o programa de submarinos faz mais sentido. Um submarino nuclear é algo que não é facil de conseguir e pode sim ter um poder dissuassivo importante. Não sou contra desenvolver navios de superficie mas temos que convir que é um programa de muito menor impacto estratégico.
Se os submarinos fazem muito mais sentido não deveriam ter interrompido o desenvolvido, para começo de conversa, esse passo atrás custou e ainda vai custar caro aos cofres públicos.
A CV03 ainda há esperanças de não dar esse passo atrás, apesar do programa sofrer fortes ataques por parte dos próprios brasileiros.
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha
É melhor despacharem-se...
The end of a beautiful and unique warship: JMSDF DDH-143 Shirane as a target ship
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha
O grifo é meu. Posso deduzir então que: Quem pensar diferente de ti e do teu raciocínio simplório é ser burro, é isto?????Marechal-do-ar escreveu:O Leandro já defendeu a CV03, sobrou só a parte de descer o sarrafo no Gripen.Túlio escreveu:Pois vejam só: o "nosso" naviozinho já vai virar "mais ou menos nosso", ou seja, fazem o rascunho aqui e os estrangeiros corrigem e fabricam lá fora. Só uma coisa não muda: o grosso dos insumos vem de lá mesmo! Toda essa lambança por umas mini-belonaves. Os mesmos que criticam o Gripen E deveriam estar descendo o malho igual, afinal, também é um "naviozinho pequenininho gudigudigudigudi da mamãe" - (C) Sir Talharim.
Primeiro, não, não é a mesma coisa.
Desde a ditadura militar o país vem buscando adquirir tecnologia, e a razão é que a produção de tecnologia é o filé mignon da indústria do mundo inteiro, e temos tentando em diversas áreas, na área naval tentamos pular etapas com as Niterói e depois avançamos com as Inhaúmas, Barroso e agora CV03, na aviação tivemos o AMX, e antes dele, o MB326.
A CV03 é a continuação de um programa, um programa que começou com as Niterói, que adquirimos para pular alguams etapas, depois tentamos aplicar o que aprendemos com a Inhaúmas, onde descobrimos algumas falhas e corrigimos essas falhas com a Barroso, essa, por sua vez, tem suas falhas e limitações, e a CV03 será nossa tentativa de corrigir essas falhas.
Isso é aprendizado, é experiência, sabemos não só o que funciona, mas também o que não funciona, o que foi feito de errado nas Inhaúma e o que foi feito nas Barroso para corrigir, isso pode nos dar a capacidade de antecipar problemas em futuros navios e não repetir erros.
No caso da aviação, o que projetamos depois do AMX, onde aplicamos as lições aprendidas? O que tentamos de novo depois? Onde está a nossa lista de coisas a melhorar? Tudo parou no AMX.
No caso do Gripen, não vamos desenvolver o Gripen, não vamos aplicar nosso conhecimento nele e ver o resultado, os suecos farão isso, nossa expectativa e observar e tentar aprender, mas quando é que vamos aplicar esse conhecimento?
Do ponto de vista tecnológico para o Brasil o Gripen não representa evolução nenhuma, nada nele é desenvolvido aqui, nenhum conhecimento será criado e testado nele, e nada do que vermos os suecos fazendo tem perspectiva de ser aplicado em futuros desenvolvimentos nacionais, a CV03, ao contrário, representa um programa em evolução, em um rítmo mais lento que o ideal por "n" motivos, mas ainda assim uma evolução.
Alias, (e agora vou deixar muitos de cabelos em pé) até o IA2 é um programa melhor do que o Gripen, começamos fabrincado o FAL, ai tentamos o MD2, o MD97 e finalmente chegamos no IA2, ao desenvolver o fuzil a Imbel mostrou que aprendeu a fazer fuzis, que é capaz de fazer desenvolvimentos nessa área.
Vejo alguns aqui questionando a CV03 do ponto de vista operacional, de fato, o naviozinho escola não é a melhor opção para uma defesa naval de vanguarda, mas quando foi que tivemos uma defesa naval assim? Porque, desde quando eu me conheço por gente nossa marinha é constituída por alvos flutuantes que fingem ser escoltas, se as CV03 não derem total capacidade de combate, qual a novidade?
E vejo alguns insistirem na produção sob licença (e para piorar, as vezes licença de patentes expiradas!), bobagem, se é para apertar parafusos é só deixar as condições econômicas favoráveis como a China fez, ai as empresas vem aqui apertar parafusos sem termos que comprar nada.
E por fim, ainda chovem críticas quanto a qualquer desenvolvimento nacional, sim, basicamente tudo o que for desenvolvido aqui vai custar mais caro e ser inferior ao que comprarmos de fora, mesmo que tivéssmos feito um caça ele provavelmente seria ainda pior que o Gripen! Mas esse é o custo da tecnologia, a Suécia consegue fazer o Gripen porque pagou esse custo no passado, e aqui no Brasil se faz isso há décadas na tentativa de criar uma indústria de tecnologia.
Dava sim para comprar equipamentos melhores e mais baratos se não insistímos em desenvolver aqui, mesmo o FX, seria mais barato não exigir transferência de tecnologia alguma (ainda mais de tecnologias que não temos qualquer perspectiva de aplicar), alias, se acham mesmo que esse é o melhor caminho, estamos em uma democracia, façam lobby para mudar nossa constituição inluindo uma clausula de burrice que não estamos aptos e não devemos desenvolver nada, devemos continuar como um país puramente agrário e, no máximo, com alguns apertadores de parafusos, porque, olha, esse negócio de se começar algum desenvolvimento aqui e o resto do país torpedear esse desenvolvimento está custando muito caro.
Bem, independente da tua resposta, eu concordo com varias afirmações que o Leandro fez, mas discordo desta "fobia" com o "aqui", parece que vocênão aprenderam nada com o passado recente, explico:
O que a MB está fazendo no projeto CV 03 não tem nada de mais e nem lá tão diferente em relação ao NG, pelo simples fato de que os sistemas mais complexos do navios ligados a eletrônica embarcada, radarização, sistemas de armas, diretores de tiro e provavelmente alças optrônicas virão tão pacotinho fechado quanto o NG.
Agora vamos ver o resto, ahhh, o centro de projetos da minha desenvolveu, ou está desenvolvendo o caso, a superestrutura, os sistemas de despiste, lançadores de de torpedo, e et....mutio bem, mas qual é o peso disto em relação aos demais sistema que virão de fora, exatamente quase nada.
A culpa é da MB?
Claro que não, ela está fazendo o que pode com o nível do pessoal que tem, e porque não faz mais???
Ora bolas, porque nesta merd...de país, aonde hoje a pelagada sindical do período paleolítico acaba de boicotar a votação da flexibilização das contratações de mão de obra, fator predominante para este país voltar a andar e gerar empregos, e também importante para que a MB possa tocar a reforma e a modernização do AMRJ, a fim de que este possa ser um embrião de construção naval militar, junte-se a isto a completa e total ausência de pessoal qualificado tanto de nível médio, quanto de engenheiros das mais diversas áreas, cujas as universidades cospem aos milhares a cada semestre sem saber fazer uma fórmula de báscara, verdadeiros analfabetos funcionais , e ainda a própria inépcia do meio acadêmico em participar de projetos em forma de parceria, porque hoje, principalmente nas universidades públicas os professores estão mais preocupados em formar "soldados partidários" do que ´profissionais para o mercado, e ainda por cima tudo com a chancela daquela bichona mal currada do STF.
É neste quadro da dor que vocês querem empurrar goela abaixo o faz aqui, só se for o faz de conta aqui, vai custar dez vezes mais caro, porque ainda temos que fazer a reforma tributária para que se taxe lucro e não produção,e se retira todos os impostos em cascata dos produtos para que possamos ter um mínimo de competitividade.
vocês falam como se a CV 03 fosse a última bolachinha do pacote, e não é, é um projeto meia boca, que nem perto se aproxima dos conceitos modernos de furtividade que os estaleiros mundo afora estão produzindo, mas é o que sem ppara hoje, e eu compreendo isto, só dourem a pílula demais, pois construtir navios militares deste porte nós fizemos a quarenta anos atrás com as Niterói, e quando tentamos replicar os "tales TOTS" fizemos a cagada chamada Inhaúma, e tomamos no c.....de alto e abaixo.
E sabem o que é pior, não vai sair, vide o que aconteceu com os Mururus que lá estão os cascos inacabados a enferrujar.
Sabe o que eu acredito que se deveria trabalhar muito forte hoje para se desenvolver??
Os sistemas de combate dos navios, a capacidade dos técnicos de integrarem eles a diversos sistemas de armas e de sensores, desenvolver por exemplo um radar de navegação, um diretor de tiro, quiça até um radar de busca combinada, uma evolução do M 200, ou seja como se chama, procurar junto a fornecedora de motores nacionalizar ítens de desgaste constante do motores principais, do grupos geradores, do alternadores, isto sim são de coisas de peso, de importância, de redundância e que trazem valor agregado.
G abraço
- Carlos Lima
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha
Tenho que concordar com muito do que foi dito pelo Juarez!
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