LeandroGCard escreveu:wagnerm25 escreveu:O avião caiu como um míssil.
Provavelmente muito cedo para dizer isso, mas parece erro do piloto.
Já li um artigo uma vez sobre acidentes com aviões menores, e neste o autor dizia que a maior causa de queda era justamente a perda de controle da aeronave durante manobras de pouso, causada não necessariamente por erros dos piloto mas por rajadas de vento incidindo sobre a aeronave justamente quando ela está manobrando em baixa velocidade e altitude e com elevado ângulo de ataque, próximo ao estol.
Nestas condições, principalmente quando se está efetuando uma curva, uma rajada em direção desfavorável pode fazer com que ocorra estol em apenas uma das asas, o que leva o avião a girar, entrar em parafuso e cair de bico. O piloto até consegue depois parar o giro acionando os ailerons no sentido contrário, mas não há altura suficiente para a recuperação do mergulho e o avião acaba batendo no chão. No caso de um jatinho, que voa mais rápido, provavelmente nem daria mesmo tempo de tentar levantar o nariz, e o avião atingiria o solo exatamente na atitude mostrada no vídeo.
A possibilidade de isso ter ocorrido é grande. Um colega na empresa onde trabalho agora mora em Santos, a poucas quadras de onde o avião caiu. Segundo ele, ao chegar no seu apartamento em um andar elevado naquela noite a sua área de serviço estava inundada de água da chuva, carregada para dentro justamente por um vendaval como ele jamais havia presenciado igual na cidade. Um jatinho fazendo uma curva ascendente após uma arremetida e portanto voando em condição limite dentro deste vendaval todo (e ainda por cima tentando ficar abaixo do teto de visibilidade, que estava bem baixo) estaria muito suscetível a este tipo de perda de controle, independentemente do que fizesse o piloto.
Leandro G. Card
Tenho que discordar Leandro, principalmente da parte do teu texto que destaquei.
A tendência de estol de uma das asas em jatos de alta performance durante o pouso é real, porém não é em qualquer condição de tempo ruim, e em qualquer direção de vento.
Agora, não discordo por isso, mas pelo fato do PR-AFA ter se acidentado a quilômetros da pista da Base Aérea de Santos, onde tentava o pouso. Este "fenômeno" descrito por você ocorre em uma fase crítica do voo, durante a aproximação na rampa para o pouso, onde a aeronave voa muito próxima da velocidade de estol. Em caso de uma aproximação perdida, é aplicada potência e o
gradual ganho de altura, o que tira quase que instantaneamente a aeronave desta fase crítica, e a distancia da velocidade de estol, não sendo mais possível que esse fenômeno ocorra.
E isso se da ainda sobre o eixo da pista, ou seja, quando a aeronave realiza uma arremetida e livra a vertical da pista (sai da área do aeroporto) ela já está mais rápida e com sustentação suficiente para subir e fazer curvas. A carta utilizada pelo piloto, a ECHO 1, indica como procedimento de arremetida uma curva ascendente a esquerda até 4 mil pés, a fim de aproar o NDB Santos e efetuar nova tentativa ou entrar na órbita da base, e o PR-AFA estava fazendo exatamente isso quando caiu, ele já estava quase no meio do caminho para o NDB Santos, com a proa já na direção contrária em que ele tentou o pouso. O que significa que ele foi capaz de realizar a arremetida e a curva a esquerda normalmente, ganhou altura, mas algo drástico aconteceu no meio do caminho.
Este é um trecho da carta ECHO 1, com o procedimento de arremetida destacado abaixo e com o trajeto de arremetida ilustrado na carta com a linha pontilhada:
Essa é a sobreposição do procedimento de arremetida da carta, com uma foto de satélite de Santos, com o local do impacto do PR-AFA marcado com o balão vermelho:
Percebe que ele teve um voo controlado após a arremetida até o meio do caminho previsto na carta?
Então, ele já estava neste ponto com o trem de aterrissagem recolhido e provavelmente flaps também recolhidos, e em uma atitude de voo completamente diferente de uma aproximação para pouso, que é quando este estol a que se referiu acontece.
Porém, entretanto, todavia, isso não significa de forma alguma que ele não estolou, culminando na queda. Existem inúmeros fatores que podem ter levado o PR-AFA a uma velocidade incompatível com o voo controlado naquele momento do voo. Só não se compara a um estol de uma aeronave em perfil de pouso, quando se está "suja" (com Flaps e trens de pouso estendidos) e nariz levemente levantado.
Enfim, qualquer coisa além disso, o CENIPA é quem vai dizer.
É aguardar o relatório.
Um abraço!