Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
Enviado: Qui Jul 02, 2009 6:45 pm
Jacques, o assunto defesa ainda é um tabu no Brasil, o que o NJ está fazendo (e que o MU fez até agora) é muito mais do que sempre sonhamos. As críticas que ele recebe de alguns militares (muito longe da maioria) é no sentido de centralizar poderes nas mãos de civis e que antes eram de militares. Se eu fosse militar queria justamente o que o NJ está querendo, perde-se algum "poder", mas se transfere responsabilidades.Santiago escreveu:
Tb acho que o esforço do MD seja louvável e aponta na direção correta.
Qd falo em movimento nacional, estou me referindo não apenas à pasta da Defesa, mas tb à pasta da Indústria, da Ciência e Tecnologia, da Eduacação. Dos Fundos Setorias constantemente contigenciados. Da falta de incentivos às empresas para investir em inovação.
Se uma revolução no Sistema Nacional de Inovação está acontecendo neste momento, há um grave problema de comunicação dos atores deste processo com a sociedade.
Vamos aguardar os desdobramentos das recentes aquisições militares, quando então saberemos mais detalhes dos ganhos tecnológicos que cada um aportará. Haverá com certeza assunto para muito tempo de debate (para quem estava preocupado com o pós-FX).
[]s
Quanto as Pastas citadas por você, além de outras, todos sabemos que o buraco é muito mais embaixo. O orçamento é reduzido, sem falar que todo ministro faz questão de fazer prevalecer suas idéias e objetivos, portanto, não dá para imaginar que um dado ministro atenda plenamente os interesses de seu colega da Defesa sem que este injete dinheiro em sua Pasta. A maneira de fazer isso é por convencimento e conscientização, imposição não cola, nem vindo do Guru.
Veja o ministro da Educação, cheio de "idéias", como por exemplo, a substituição do vestibular tradicional pelo ENEM. O objetivo de tal idéia mirabolante (sic) não é substituir o arcaico modelo de ingresso de seleção nas IES, mas sim melhorar os indicadores sociais, permitindo a entrada (não necessariamente a saída) de estudantes das escolas públicas, aquelas detonadas por governadores de tempos atrás. Isso é um grande paliativo, algo sem sentido e que não vai melhorar em nada a qualidade dos diplomados. Bem, deixo claro que algo tem que ser feito, mas a medida é politiqueira, ingênua até.
Não citei este exemplo para debater ou criticar o assunto relacionado ao ministro da Educação, o exemplo é para mostrar que ele poderia ter pensado em algo que fizesse das universidades públicas, muito particularmente as federais, centros produtores de produtos e equipamentos viáveis, que poderiam ser absorvido pelas indústrias nos mais variados segmentos, inclusive o de defesa. Mas isso é caro, toma muito tempo e não traz lucros políticos. Sacou? Então preferiu-se optar pelo projeto pessoal, em detrimento ao projeto de Estado. Um erro, mas que não depende de outros ministros, nem do NJ.
Você fala em "revolução" no Sistema Nacional de Inovação acontecendo no momento, pergunto: quando foi que usei este termo? Não tem revolução nenhuma acontecendo, revolução é mudança drástica de postura e isso não está acontecendo nem na Defesa, visto que o orçamento continua sendo problemático, inclusive com cortes e contingenciamento constantes. O que está acontecendo é uma mudança de atitude, no sentido que o que era ignorado intencionalmente, agora está tendo portas abertas, algo que nunca existiu neste País. O começo é assim, principalmente em países com problemas orçamentários e que deseja andar com as próprias pernas.
Se você procurar por aí, verá que foram criados cursos de pós-graduação específicos ao assunto defesa, existem estímulos (inclusive financeiro) para se produzir dissertações de mestrado e teses de doutorados no tema, inclusive com premiações. Estão sendo criados cursos de graduação novos específicos para o mercado e não mais no modelo "clássico" (mas precisa-se construir pólos assim, investir em centros de excelência em cursos "pragmáticos"). CNPq, CAPES e outras agências de fomento à pesquisa estão abrindo a cada dia editais para pesquisadores voltados para estes setores, inclusive de defesa (isto não existia a mais de dois atrás, aliás é algo muito novo). E por aí vai...
Só não se pode esperar que os resultados surjam rapidamente, pois isto seria o primeiro sinal que as coisas não vão bem, visto que todos os países que trilharam este caminho, demoraram décadas para conseguir algo positivo. Uma coisa é iniciar investimentos em áreas que não existiam, principalmente em áreas que eram tabus e que se viravam as costas, outra é dizer que não está acontecendo simplesmente porque ainda não se viu os resultados práticos de tais coisas (lembrando que não tem dois anos que o processo se iniciou).
Ganhos tecnológicos relacionados ao FX-2??? Putz!! É o que eu menos espero, seria muita ingenuidade minha imaginar tal coisa. O que se busca com as tais ToT´s não é resolver nossos problemas de obsolescência tecnológica, mas sim não comprar equipamentos de terceiros (mesmo mais barato) para gerar empregos e dividendos em outro país. Basta ouvir a palestra do NJ (postada pelo Marino) para compreender o que ele quer dizer com "é um absurdo termos que comprar uniformes e coturnos dos chineses porque custam um terço do preço do nosso, mas para gerar empregos e desenvolver tecnologias pra eles" (frase adaptada, que fique claro). Esta citação é clara, não se trata de comprar porque é mais barato, temos que gerar empregos, estimular a indústria nacional e aprender com a janela de oportunidades criada.
Fica claro nas falas do NJ que não se trata de montar nada aqui, não é só gerar empregos, é criar condições para que uma empresa nacional se posicione de fato. E ele vai além quando cita o exemplo da Helibras e os hélis franceses, é isso que deve ser compreendido como as ToT´s desejadas pelo MD. O problema é que até bem pouco tempo atrás os americanos nem isso aceitavam, se mudaram, ótimo. Este papo de produzir reparo de trem de pouso, arruela (mas o parafuso e a porca, tudo lá), etc., já deu, hoje se pede muito mais do que isso, se vier, ótimo. A questão do Gripen NG é muito semelhante, está todo amarrado neste quesito, os inconvenientes são maiores do que os benefícios, mesmo sendo um caça fantástico, mesmo oferecendo a oportunidade de desenvolvimento conjunto. O Rafale? Não sei, nada se fala por aí, mas o que me sobra é apenas considerar o que os franceses fizeram com os hélis, os subs, ajuda no nuclear, e várias coisas que ainda virão, logo só me resta imaginar que o Rafale, se vier, será nos mesmos moldes, moldes estes que já foram aprovados pelo Governo (hélis, subs, etc.). Assim sendo, os franceses provaram algo, o resto ainda carece de demonstração.
Bem, pra encerrar, ToT´s pra mim é o que está acontecendo com os produtos franceses já acertados, ou seja, a metodologia proposta por eles e aceita pelo Governo. E se foi aceita é porque o Governo chegou no ponto no que ele entende por transferência de tecnologia. Se para se ter tal coisa é necessário pagar mais, entendo perfeitamente que isto é certo, o problema é quando se oferece muito a baixos custos, o que deixa muito claro que nada virá, visto que no mundo corporativo ninguém dá nada de graça, cobra-se por isso. Então São Tomé me daria razão ao desconfiar de propostas com produtos "em conta" que aparecem cheio do "já aprovados" por aí, quero ver na prática, se for verdade, terá sempre meu elogio e minha defesa (seja quem for o vencedor).
Abração,
Orestes