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Re: Mundo Árabe em Ebulição

Enviado: Ter Mar 22, 2011 1:38 pm
por AlbertoRJ
Republicanos e democratas cobram explicações de Obama por decisão de ataque à Líbia

NOVA YORK - O presidente Barack Obama está enfrentando uma chuva de críticas e cobranças sobre a clareza da missão americana na Líbia. Parlamentares republicanos e democratas querem que o presidente explique qual o objetivo da intervenção militar: depor o ditador Muamar Kadafi ou proteger civis e permitir a entrada de ajuda humanitária, como diz o texto da resolução na ONU? O papel dos EUA passará a ser secundário em breve, conforme dizem as autoridades, ou o país será tragado para uma longa campanha militar, com prazos e resultados imprevisíveis?

As cobranças aumentaram no fim de semana, quando Obama estava no Brasil, com líderes do Congresso se queixando de que ele não consultara o Legislativo nem explicara à nação sua intenção ao entrar numa terceira guerra contra um país muçulmano, depois de Iraque e Afeganistão. Os assessores da Casa Branca fizeram um esforço para reforçar a imagem de Obama participando de todas as decisões à distância, mas isso não o poupou de críticas por estar ausente num momento crucial.

O presidente da Câmara, o republicano John Boehner, declarou que "o governo tem a responsabilidade de definir para o povo americano, o Congresso e nossas tropas qual é a missão na Líbia, explicar qual é o papel dos EUA nessa missão e esclarecer como ela será alcançada". O almirante Mike Mullen, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, disse que os objetivos são limitados, e que é possível que, no final, Kadafi continue no poder. No entanto, horas depois, mísseis americanos atingiram o complexo presidencial de Kadafi em Trípoli, levantando dúvidas.

Fonte:O Globo

Re: Mundo Árabe em Ebulição

Enviado: Ter Mar 22, 2011 1:40 pm
por AlbertoRJ
Sarkozy aposta alto em busca de popularidade ao tomar dianteira de ofensiva na Líbia

PARIS - Em dezembro de 2007, Nicolas Sarkozy, o presidente da França abriu os braços e as portas do Palácio do Eliseu em Paris para Muamar Kadafi, o líder da Líbia. Todos os caprichos do ditador foram atendidos: ele montou uma tenda beduína no pátio em frente ao Palácio do Eliseu, onde trabalha Sarkozy, mudou o tempo de sua estadia e fez até o governo francês organizar uma excursão para que pudesse ir a uma caça.

Kadafi, depois de um longo isolamento internacional por conta de atividades terroristas, se esforçava para reconquistar a confiança. Ele foi recebido não só pela França, como por Itália e Reino Unido - uma recompensa por ter renunciado ao programa de armas nucleares e libertado enfermeiras búlgaras acusadas de terem contaminado pacientes com o vírus HIV, episódio que teve a mediação do presidente Sarkozy.

Agora, passados três anos, a França surpreende a todos como o primeiro país a reconhecer diplomaticamente os rebeldes da Líbia e a desafiar Kadafi enviando aviões ao espaço aéreo líbio. A relação entre Paris e Trípoli virou uma guerra, não apenas no plano militar, mas também entre dois homens. De um lado, o líbio decidido a se perpetuar no poder a qualquer preço, e ameaçando revelar financiamentos comprometedores da campanha presidencial de Sarkozy. De outro, o francês , numa cruzada contra Trípoli na busca do prestígio e de uma popularidade perdida na França. Esta é a primeira guerra de Sarkozy desde que chegou ao poder, em 2007.

Dois especialistas ouvidos pelo GLOBO, Mathieu Guidère, da Universidade de Toulouse, e Karim Bitar, do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris), acham que Sarkozy pode ter se colocado ainda mais em risco no plano interno, se a intervenção na Líbia não der certo. Para Bitar, Sarkozy vai tentar se aproveitar desta aventura líbia para fazer os franceses esquecerem seu descrédito interno, em questões econômicas, sociais e políticas. Segundo Guidère, a opinião pública francesa -sensível ao apelo dos rebeldes - também teve um papel importante na decisão de Sarkozy.

Fonte:O Globo

Re: Mundo Árabe em Ebulição

Enviado: Ter Mar 22, 2011 1:42 pm
por AlbertoRJ
Índia diz não haver lugar para potências estrangeiras na Líbia

Reuters/Brasil Online

NOVA DÉLI (Reuters) - A coalizão internacional liderada pelos EUA não tem direito de interferir nos assuntos da Líbia, disse a Índia nesta terça-feira, intensificando sua condenação aos ataques militares sobre as forças de Muammar Gaddafi para aplicar uma zona de exclusão aérea.

A Índia, que se absteve de votar a autorização de ação militar no Conselho de Segurança da ONU, se juntou a seus parceiros dos BRICs, China e Rússia, na condenação dos ataques aéreos conduzidos por Estados Unidos, Grã-Bretanha e França, que enfraqueceram gravemente as defesas aéreas líbias.

"O que acontece em um país, com seus assuntos internos, nenhuma potência estrangeira deveria interferir", disse Pranab Mukherjee, ministro da Fazenda indiano e líder da câmara baixa do Parlamento, aos congressistas nesta terça-feira.

China e Rússia também se abstiveram de votar a resolução.

"Ninguém, nem um punhado de países, pode tomar a decisão de mudar um regime em particular", afirmou Mukherjee. "Se um regime irá mudar ou não dependerá do povo deste país em particular, não de forças externas."

O ministro das Relações Exteriores indiano S.M. Krishna pediu que "cesse o conflito armado" na segunda-feira, um dia depois de seu ministério divulgar um comunicado expressando "lamentar" os ataques aéreos. A terceira maior economia da Ásia, que segue uma política externa de não-alinhamento, assumiu como membro não-permanente no Conselho de Segurança em janeiro.

Nesta terça-feira a mídia local criticou Nova Déli por parecer "confusa e ingênua" em sua rejeição à ação militar após se abster do voto.

(Reportagem de Henry Foy)

Re: Mundo Árabe em Ebulição

Enviado: Ter Mar 22, 2011 2:02 pm
por Zavva
22/03/2011 - 12:22 | Marina Terra | Redação

Ordem de Obama para atacar a Líbia é inconstitucional, diz deputado democrata

O deputado democrata por Ohio, Dennis Kucinich, afirmou que o presidente norte-americano, Barack Obama, não tinha autoridade constitucional para ordenar os ataques militares à Líbia, iniciados no sábado (19/03). Segundo o congressista, que citou a Constituição dos Estados Unidos, somente o Congresso poderia autorizar os bombardeios. Para Kucinich, Obama deveria ser submetido a um impeachment pelo fato.

Os deputados Jerrold Nadler (D-NY), Donna Edwards (D-MD), Mike Capuano (D-MA), Dennis Kucinich (D-NY), Maxine Waters (D-CA), Rob Andrews (D-NJ), Sheila Jackson Lee (D-TX), Barbara Lee (D-CA) e Eleanor Holmes Norton (D-DC), se juntaram a Kucinich no rechaço à ação militar, de acordo com o site Politico.

Kucinich também publicou um comunicado em sua página na internet questionando a constitucionalidade das ações do presidente. "[Obama] não tem poder pela Constituição para autorizar um ataque militar unilateral, em uma situação que não implica em uma ameaça real ou iminente à nação", escreveu.

“Apesar de a ação ser considerada como a suposta proteção dos civis da Líbia, a proibição dos voos na zona de exclusão começou com um ataque à defesa aérea líbia e às forças de Kadafi. É um ato de guerra. O presidente fez declarações que tentam minimizar a ação dos EUA, mas aviões norte-americanos lançaram bombas e mísseis dos EUA. O país pode estar se envolvendo em um conflito com outra nação soberana. Nosso país não pode permitir outra guerra, econômica e diplomática."

Para o deputado, o Congresso deveria ser imediatamente convocado para uma sessão extraordinária para debater o ataque militar.

O ex-candidato à presidência Ralph Nader também criticou a ação do governo norte-americano."Por que não dizemos o que está na mente de muitos advogados e juristas, que a administração Obama está cometendo crimes de guerra e, se [George W.] Bush deveria ser submetido a um julgamento político, Obama também?", questionou ao site Democracy Now.

http://operamundi.uol.com.br/conteudo/n ... 0641.shtml

Re: Mundo Árabe em Ebulição

Enviado: Ter Mar 22, 2011 2:06 pm
por rodrigo
O deputado democrata por Ohio, Dennis Kucinich, afirmou que o presidente norte-americano, Barack Obama, não tinha autoridade constitucional para ordenar os ataques militares à Líbia, iniciados no sábado (19/03). Segundo o congressista, que citou a Constituição dos Estados Unidos, somente o Congresso poderia autorizar os bombardeios. Para Kucinich, Obama deveria ser submetido a um impeachment pelo fato.

Os deputados Jerrold Nadler (D-NY), Donna Edwards (D-MD), Mike Capuano (D-MA), Dennis Kucinich (D-NY), Maxine Waters (D-CA), Rob Andrews (D-NJ), Sheila Jackson Lee (D-TX), Barbara Lee (D-CA) e Eleanor Holmes Norton (D-DC), se juntaram a Kucinich no rechaço à ação militar, de acordo com o site Politico.
Nem o tea party faria tanto estrago! Com aliados assim, quem precisa de inimigos? Ou será que a campanha desses também foi paga por Kadafi?

Re: Mundo Árabe em Ebulição

Enviado: Ter Mar 22, 2011 2:09 pm
por AlbertoRJ
Pelo jeito, quem recebeu grana do Kadafi quer mais é acabar com ele...

[]'s

Re: Mundo Árabe em Ebulição

Enviado: Ter Mar 22, 2011 2:17 pm
por rodrigo
O F-15E que caiu na Líbia deixou os AIM-120 quase intactos:
http://edition.cnn.com/video/#/video/be ... cnn?hpt=T1

Re: Mundo Árabe em Ebulição

Enviado: Ter Mar 22, 2011 3:22 pm
por FoxTroop
rodrigo escreveu:O F-15E que caiu na Líbia deixou os AIM-120 quase intactos:
http://edition.cnn.com/video/#/video/be ... cnn?hpt=T1
Não tarda nada e uma versão Ching-Ling do AIM-120 está aí. :lol: :lol:

Re: Mundo Árabe em Ebulição

Enviado: Ter Mar 22, 2011 3:51 pm
por prp
Eu te garanto que a OTAN vai bonbardear uma embaixa qualquer por engano é claro.

Re: Mundo Árabe em Ebulição

Enviado: Ter Mar 22, 2011 3:58 pm
por romeo
Relato no blog live lybia....

Read this story of the 70 y old women in Tripoli :-) I like to meet her :-)

An old woman, in her late 70s at least, I'm told, entered the bank to collect her 500 Libyan dollars ($410; £253) in state aid announced a couple of weeks ago.

There were two long queues - one for men and one for women. She stood in the men's queue.

The men urged her to move to the women's section. "Why?" she challenged.

A man told her: "Ya haja [a term of respect for an elderly woman] this line is for men, women is the other one".

She loudly replied: "No. All the men are in Benghazi."

The room is said to have been stunned into silence and she remained in her place until her turn came and she walked out with her money.
(BBC africa)

Re: Mundo Árabe em Ebulição

Enviado: Ter Mar 22, 2011 3:59 pm
por J.Ricardo
suntsé escreveu:Não, mas é só acontecer alguma coisa com um Rafale, ja vem algum adepto da prateleira e posta aqui no fórum para todo mundo ver.
Só estamos retribuindo a gentileza. :mrgreen:
Eu heim, só faço marketing pro Rafale se receber muito bem!!! :D Tô fora dessa guerrinha do FX, por mim só espero que em contrapartida dessa compra, abram as portas para nossas exportações, pq isso sim garante meu emprego, o resto é briguinha de "ego"!!! A demais... nos voltemos para a Líbia! :wink:

Re: Mundo Árabe em Ebulição

Enviado: Ter Mar 22, 2011 4:03 pm
por FOXTROT
terra.com.br

Baterias antiaéreas voltam a ser ouvidas em Trípoli
22 de março de 2011 • 15h58

As baterias antiaéreas voltaram nesta terça-feira a abrir fogo em Trípoli, informou a correspondente da rede de televisão "Al Jazeera" na capital da Líbia.
Esta é a quarta vez desde que começaram os ataques da coalizão internacional, no último sábado, que houve relatos de disparos feitos pela artilharia antiaérea líbia.

Re: Mundo Árabe em Ebulição

Enviado: Ter Mar 22, 2011 4:11 pm
por Wolfgang
FOXTROT escreveu:terra.com.br

Baterias antiaéreas voltam a ser ouvidas em Trípoli
22 de março de 2011 • 15h58

As baterias antiaéreas voltaram nesta terça-feira a abrir fogo em Trípoli, informou a correspondente da rede de televisão "Al Jazeera" na capital da Líbia.
Esta é a quarta vez desde que começaram os ataques da coalizão internacional, no último sábado, que houve relatos de disparos feitos pela artilharia antiaérea líbia.
Qual artilharia a pé-propulsada daquele soldado? Sistema foot and forget. :mrgreen:

Re: Mundo Árabe em Ebulição

Enviado: Ter Mar 22, 2011 4:31 pm
por FOXTROT
terra.com.br

Petróleo líbio não deve voltar ao mercado mundial antes de 1 ano
22 de março de 2011 • 16h04

A Líbia não retomará o fornecimento de petróleo para os mercados globais por ao menos entre 12 e 18 meses, dizem analistas e gestores de fundos, acrescentando que os possíveis danos às instalações por sabotagem ou pelos ataques aéreos do Ocidente poderão resultar numa interrupção muito mais demorada.
A ausência no médio prazo do petróleo líbio já foi precificada pelos mercados, mas qualquer dano importante à infraestrutura colocará uma pressão ainda maior sobre os preços do petróleo, enquanto a expectativa é de que a demanda global atinja uma alta histórica este ano.

"Como ação derradeira de rebeldia, (o líder líbio Muammar) Gaddafi poderá sabotar intencionalmente os campos de petróleo e a infraestrutura petrolífera para frustrar a coalizão da ONU. O reparo de tais danos poderia durar vários anos, mantendo a produção de petróleo reduzida por um longo período de tempo", disse Adam Taylor, do Liongate Capital Management, que tem 600 milhões de dólares com gestores de commodities.

"A questão mais importante é a estratégia de saída da coalizão da ONU e se a Líbia entrará numa guerra civil de vários anos, o que poderia causar uma redução permanente na produção de petróleo líbia", disse.

A Líbia produzia 1,6 milhão de barris por dia antes da indústria de petróleo do país ser paralisada pelos confrontos entre rebeldes e o governo de Gaddafi. As exportações foram interrompidas por sanções internacionais.

Jeremy Charlesworth, investidor-chefe da gestora de fundos Moonraker, disse acreditar que a produção deverá permanecer interrompida por 18 meses.

Os analistas Amrita Sem, do Barclays Capital, Mike Wittner, da Societe Generale, e Simon Wardell, do IHS Global Insight, estimam que as exportações líbias serão interrompidas por ao menos 12 meses.

"Mesmo que nos livrássemos de Gaddafi na sexta-feira, levaria outros 18 meses mais ou menos para voltar com a produção", disse Charlesworth.

"Digo isso porque, se Gaddafi cair junto com todos os seus principais comparsas, não sobraria nenhuma expertise política no país para gerenciar as coisas. Imagino que será muito caótico enquanto eles resolvem."

Ele afirmou que as petrolíferas do Ocidente serão relutantes em gastar dinheiro na reconstrução enquanto houver um vácuo político e esperariam para ver que tipo de cenário político a Líbia apresentará daqui a seis a oito meses antes de colocar dinheiro lá de novo.

Re: Mundo Árabe em Ebulição

Enviado: Ter Mar 22, 2011 4:44 pm
por Anton
Texto interessante...
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Em defesa do livre-arbítrio

Gilles Lapouge - O Estado de S.Paulo

O início da operação sobre a Líbia foi bem-sucedido. As primeiras ações francesas, britânicas e americanas já diminuíram a terrível opressão das forças do coronel Muamar Kadafi sobre Benghazi.

Os rebeldes líbios estão aliviados: eles têm a impressão de ter sido salvos pouco antes do massacre. Salvos por quem? Pela coalizão que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, conseguiu organizar em tempo recorde.

Nas cidades líbias, agora livres do medo, ouve-se aclamar a França e gritar o nome de Sarkozy, coisas que não costumam ocorrer com frequência. E como é bom!

Entretanto, há alguns pontos pouco claros, o que é natural numa ofensiva tão complexa, montada com tanta rapidez. O primeiro-ministro francês, François Fillón, foi o idealizador da operação chamada Odisseia da Alvorada, uma expressão sofisticada, poética e menos grosseira do que "Martelo do Deserto", ou "Chumbo Fundido", como foram chamadas outras missões. Na França, é o "Harmattan", o vento muito quente que sopra no Saara.

Mas quem a dirige, na realidade? Os americanos, que já travam duas guerras contra os muçulmanos no Iraque e no Afeganistão, proclamam que não são os coordenadores do projeto. No entanto, na cadeia dos comandos, parece que sabem administrá-la muito bem. A coordenação aérea foi garantida pela base americana de Stuttgart, na Alemanha.

Não é uma tarefa simples. A única instância dotada de uma estrutura integrada para dirigir esta operação é a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). No início, a França deixou a Otan de lado. De maneira nenhuma, afirmou Sarkozy. Americanos e britânicos se curvaram.

Entretanto, se a ação se prolongar, será preciso rever o plano. A coordenação passaria, então, a ser feita a bordo do navio americano Mount Witney, pelo comandante da Marinha dos Estados Unidos na Europa, que também é o chefe do quartel-general regional da Otan em Nápoles. Então?

Não se trata de uma simples questão técnica. Existem também questões políticas. O temor de todos os membros da coalizão é a de que a ação seja entendida pelos países árabes e seus amigos como uma nova guerra dos povos do Norte contra os povos árabes (depois do Iraque e do Afeganistão). Por esse motivo a operação foi cercada de uma prudência extrema, paralisante: não haverá combates terrestres, não haverá nenhum soldado em terra, não haverá deslizes, nem bombardeios de populações, etc.

São temores bastante justificados porque, desde o primeiro dia, a Liga Árabe, que inicialmente aprovou a operação, emitiu o alarme, advertindo que os ataques iniciais já ultrapassaram o quadro previsto pela Resolução 1.973 da ONU. A Rússia e os países africanos também expressaram suas críticas.

A coalizão, por sua vez, procura envolver os países árabes. O que será difícil. Mesmo que não gostem de Kadafi, eles estão "à beira de um ataque de nervos" pela ingerência do Ocidente, dos EUA ou da Otan em seus assuntos. Até aqui, os únicos que aceitaram pôr um dedo na coalizão foram os Emirados Árabes Unidos e o Catar: modesto troféu e um troféu discutível.

Restam dois pontos de interrogação muito importantes: o que acontecerá se a decisão não for tomada muito rapidamente pela frota franco-anglo-americana, caso a batalha se prolongue? E outra interrogação relacionada à anterior: qual é o verdadeiro objetivo da coalizão? Ela pretende uma mudança de regime, a deposição de Kadafi?

Diante da indagação, todos os membros da coalizão assumem uma atitude virtuosa. "Absolutamente não", juram. "Equivaleria a intervir nos assuntos de um país soberano. Queremos apenas impedir o massacre dos civis e dos insurgentes. Nós nos limitamos a "defender certos valores", nada mais do que isso."

Um único responsável ousou falar a verdade: o ministro do Exterior da França, Alain Juppé: "Deixemos de balelas. É evidente que o objetivo é permitir que o povo líbio escolha seu regime, e tenho a impressão de que sua escolha não recairá sobre o coronel Kadafi". / TRADUÇÃO ANNA CAPOVILLA