Pressões Nucleares sobre o Brasil

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

Moderador: Conselho de Moderação

Mensagem
Autor
WalterGaudério
Sênior
Sênior
Mensagens: 13539
Registrado em: Sáb Jun 18, 2005 10:26 pm
Agradeceu: 56 vezes
Agradeceram: 201 vezes

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#1381 Mensagem por WalterGaudério » Qui Jan 13, 2011 12:11 am

Centurião escreveu:
O acordo firmado há três entre Washington e Índia poderia servir de modelo para transferência
de tecnologia americana ao Brasil - isso se o governo Dilma estiver disposto a ser mais favorável a
iniciativas no âmbito da não proliferação nuclear.
Hahahahahahahahahahahahaaha! São piadistas. A Índia é aquela que aderiu ao TNP e não possui armas? Mesmo se a Índia tivesse entrado nessa eu passaria essa oportunidade, afinal os EUA têm armas também.

Vão testar a Dilma de tudo o que é jeito.




Só há 2 tipos de navios: os submarinos e os alvos...

Armam-se homens com as melhores armas.
Armam-se Submarinos com os melhores homens.


Os sábios PENSAM
Os Inteligentes COPIAM
Os Idiotas PLANTAM e os
Os Imbecis FINANCIAM...
Avatar do usuário
Andre Correa
Sênior
Sênior
Mensagens: 4891
Registrado em: Qui Out 08, 2009 10:30 pm
Agradeceu: 890 vezes
Agradeceram: 241 vezes
Contato:

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#1382 Mensagem por Andre Correa » Qui Jan 13, 2011 7:46 am

o que realmente causa tudo isso é o facto do FHC ter tido a fdp da ideia de assinar o TNP...
O Brasil é um país soberano, sempre foi de paz, e ter outros países aqui, a inspeccionar o que é nosso, ou seja, aquilo que criamos e mantemos, pra ver se somos mesmo bonzinhos, é coisas que se faz com crianças... não com uma país sério...
A reacção seria muito dura se um dia saíssemos do TNP? No que pro exemplo?




Audaces Fortuna Iuvat
Avatar do usuário
Luiz Bastos
Sênior
Sênior
Mensagens: 1842
Registrado em: Qui Out 06, 2005 12:40 pm
Localização: Rio de Janeiro
Agradeceu: 1 vez
Agradeceram: 25 vezes
Contato:

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#1383 Mensagem por Luiz Bastos » Qui Jan 13, 2011 11:56 am

alcluiz escreveu:o que realmente causa tudo isso é o facto do FHC ter tido a fdp da ideia de assinar o TNP...
O Brasil é um país soberano, sempre foi de paz, e ter outros países aqui, a inspeccionar o que é nosso, ou seja, aquilo que criamos e mantemos, pra ver se somos mesmo bonzinhos, é coisas que se faz com crianças... não com uma país sério...
A reacção seria muito dura se um dia saíssemos do TNP? No que pro exemplo?

Assino embaixo. :wink:




Avatar do usuário
Marino
Sênior
Sênior
Mensagens: 15667
Registrado em: Dom Nov 26, 2006 4:04 pm
Agradeceu: 134 vezes
Agradeceram: 630 vezes

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#1384 Mensagem por Marino » Sex Jan 14, 2011 11:44 am

Brazil’s Defense Minister Rules Out Atomic Bomb

14/01/2011

SAO PAULO – Defense Minister Nelson Jobim ruled out the construction
of an atomic bomb in the South American country as a strategy for
consolidating Brazil’s leadership in the region, local media said
Saturday.

“Don’t even think about it, that is the product of speculation by some
diplomat who came here with no knowledge of Brazil,” Jobim said in a
statement to the online edition of the daily Folha de Sao Paulo.

Since Brazil announced its nuclear plan in 2007 with the enrichment of
its own uranium and the construction of a submarine propelled by
atomic energy, the international community has been following
attentively the South American nation’s defense strategies.

About the submarine, Jobim said that Brazil needs it to guard the more
than 50,000 million barrels of oil in Brazil’s undersea deposits.

Brazil’s underwater territory has a surface of 4.5 million square
kilometers (1.7 million square miles), and in the strip between the
southern state of Santa Catarina and the state of Espiritu Santo in
the southeast lie the country’s greatest underwater riches,” Jobim
said.

The enriched uranium, meanwhile, is used for nuclear medicine and for
thermoelectric projects.




"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Avatar do usuário
varj
Avançado
Avançado
Mensagens: 646
Registrado em: Qua Out 21, 2009 4:08 pm
Localização: Belo Horizonte, MG
Agradeceu: 2 vezes

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#1385 Mensagem por varj » Sex Jan 14, 2011 2:48 pm

alcluiz escreveu:o que realmente causa tudo isso é o facto do FHC ter tido a fdp da ideia de assinar o TNP...
O Brasil é um país soberano, sempre foi de paz, e ter outros países aqui, a inspeccionar o que é nosso, ou seja, aquilo que criamos e mantemos, pra ver se somos mesmo bonzinhos, é coisas que se faz com crianças... não com uma país sério...
A reacção seria muito dura se um dia saíssemos do TNP? No que pro exemplo?

Um entreguista da pior estirpe.




Avatar do usuário
Luiz Bastos
Sênior
Sênior
Mensagens: 1842
Registrado em: Qui Out 06, 2005 12:40 pm
Localização: Rio de Janeiro
Agradeceu: 1 vez
Agradeceram: 25 vezes
Contato:

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#1386 Mensagem por Luiz Bastos » Sáb Jan 15, 2011 12:02 am

varj escreveu:
alcluiz escreveu:o que realmente causa tudo isso é o facto do FHC ter tido a fdp da ideia de assinar o TNP...
O Brasil é um país soberano, sempre foi de paz, e ter outros países aqui, a inspeccionar o que é nosso, ou seja, aquilo que criamos e mantemos, pra ver se somos mesmo bonzinhos, é coisas que se faz com crianças... não com uma país sério...
A reacção seria muito dura se um dia saíssemos do TNP? No que pro exemplo?

Um entreguista da pior estirpe.
Cada vez que eu leio sobre este FDP e todas as falcatruas e traições que ele promoveu me dá uma revolta tao grande que se eu cruzar com este câncer na rua eu meto-lhe a porrada. Depois vou para a cadeia, mas de alma renovada. :mrgreen: :mrgreen:




Avatar do usuário
Marino
Sênior
Sênior
Mensagens: 15667
Registrado em: Dom Nov 26, 2006 4:04 pm
Agradeceu: 134 vezes
Agradeceram: 630 vezes

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#1387 Mensagem por Marino » Sáb Jan 22, 2011 10:08 am

Duas visões, uma de um ex-Oficial da MB, e outra de conhecido "brasileiro".
==========================================================

Leonam dos Santos Guimarães:
Para desfrutar de segurança energética
O Brasil deve investir mais em energia nuclear?

SIM
As necessidades de geração de emprego e renda e as carências em educação, saúde, moradia,
saneamento básico e transporte de massa da sociedade brasileira, que é 80% urbana, são bem conhecidas e
se refletem nos nossos PIB e IDH.
Todas as políticas públicas para vencer esses nossos grandes desafios requerem aumento no consumo
de eletricidade.
Nosso consumo atual é de pouco mais de 2.000 kWh/ano por brasileiro e é menor que a média mundial.
Está muito abaixo do patamar de 4.000 kWh/ano que caracteriza o mínimo dos países desenvolvidos, cujo IDH
é superior a 0,9.
É bem menor do que o consumo de Chile e Argentina e é menos da metade dos países de
desenvolvimento recente, como Portugal (4.500), Espanha (5.600) e Coreia do Sul (6.400).
Esse é um sintoma da imensa demanda reprimida do nosso povo, que não existe nos países
desenvolvidos. Para eles, o grande desafio é a eficiência energética e a renovação do parque gerador para
cumprir metas de redução de CO2. O esforço de gerações de brasileiros construiu formidável parque
hidroelétrico. A maior parte dessa energia limpa, barata e renovável foi construída em regiões onde a topografia
era favorável a grandes reservatórios, minimizando o risco devido às sazonalidades do clima.
O progressivo aumento da demanda e condicionantes socioambientais cada vez mais restritivas têm feito
com que o estoque de água nos reservatórios tenha se mantido quase constante desde meados da década de
1990, trazendo a crescente necessidade de complementação térmica para garantir a segurança do
abastecimento, lição duramente aprendida no "apagão" de 2001.
Poderíamos dobrar nossa potência hidroelétrica atual tratando com muita racionalidade a questão
socioambiental. Mas essa potência adicional não irá gerar a mesma quantidade de energia do parque existente,
pois será composta por usinas "a fio d"água", com pequenos reservatórios.
Para atingir o patamar mínimo de país desenvolvido, precisaremos aproveitar todo esse potencial e
expandir muito o parque eólico e de biomassa. Entretanto, só isso não será suficiente. Complementar a geração
contínua na base do sistema e regular as sazonalidades intrínsecas às renováveis irá requerer algo como 15
usinas térmicas de 1.000 MW adicionais.
Para a parcela dessa complementação que operará na base, a geração nuclear e a carvão são aquelas
de menor custo. Mas a nuclear é a única que não implica emissão de CO2 e cujo combustível pode ser 100%
nacional. Para a outra parcela que regula sazonalidades, o gás natural e o petróleo continuarão sendo
indispensáveis.
A experiência obtida no projeto, na construção e na operação de Angra 1, 2 e 3 e uma das maiores
reservas de urânio do mundo, com potencial energético comparável ao pré-sal, somadas ao domínio
tecnológico do ciclo do combustível, fazem com que a energia nuclear no Brasil seja altamente competitiva.
Isso torna do maior interesse nacional uma ampla discussão no seio da sociedade, similar à do pré-sal,
para definição das modalidades adequadas de exploração do urânio e da geração nuclear que permitam
garantir autossuficiência e retorno social sustentável ao país.
Com investimento, planejamento, tecnologia e adequada gestão de todas as reservas nacionais,
renováveis e não renováveis, nelas incluída a energia nuclear, nosso país poderá desfrutar neste século 21 de
ampla segurança energética, gerando excedentes exportáveis e finalmente atingir o nível de desenvolvimento
que todos desejamos.
LEONAM DOS SANTOS GUIMARÃES, engenheiro, mestre em engenharia nuclear e doutor em
engenharia naval, é assistente da presidência da Eletrobras Eletronuclear e membro do Grupo
Permanente de Assessoria do Diretor-Geral da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
====================
José Goldemberg: Potencial hidroelétrico não está esgotado
O Brasil deve investir mais em energia nuclear?
NÃO
A opção de geração de eletricidade com energia nuclear foi estimulada pelos governos de vários países
que não tinham muitas outras opções, como nos casos da França, do Japão, da ex-União Soviética e dos
Estados Unidos, que desejavam se libertar da dependência da importação de gás e petróleo.
Ela teve sua época de ouro durante a década de 1970, mas, a partir de 1985, praticamente estagnou no
mundo todo; hoje, ela representa aproximadamente 15% da eletricidade usada no mundo; apenas em alguns
países, como França e Japão, representa fração maior.
Os demais 85% provêm de outras fontes, como carvão, energia hidroelétrica e, mais recentemente, as
energias renováveis (vento, energia solar e biomassa).
Quais as razões para tal? Em primeiro lugar, as preocupações com a segurança dos reatores nucleares,
que foi seriamente abalada com os acidentes de Three Mile Island (nos Estados Unidos) e Chernobyl (na ex-
União Soviética).
Com outras tecnologias para produzir eletricidade também ocorrem acidentes (como incêndios ou ruptura
de barragens em reservatórios de usinas hidroelétricas), mas acidentes nucleares que espalham radioatividade
podem ser muito mais graves, como se viu em Chernobyl, onde até hoje centenas de quilômetros quadrados
em torno da usina estão interditados.
Questões não resolvidas sobre como armazenar o "lixo nuclear" contribuem para o problema.
Em segundo lugar, custos. Energia nuclear é tecnologia complexa e cara, e ficou ainda mais cara e
deixou de ser competitiva em relação a outras fontes de energia com os gastos para melhorar o desempenho e
a segurança dos reatores nucleares. De modo geral, só empresas estatais constroem reatores nucleares, ou
empresas privadas com fortes subsídios governamentais.
Finalmente, as visões ultrapassadas do "Brasil grande" de que o domínio da energia nuclear era o
"passaporte para o futuro", como se ela fosse a única capaz de fazê-lo.
O Brasil, há 35 anos, no governo Geisel, se viu diante desses dilemas e quase embarcou num projeto de
se tornar um país "nuclear", com dezenas de reatores nucleares.
Felizmente, o bom senso prevaleceu, porque os cientistas brasileiros, por meio da Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência, alertaram o governo de que o país tinha outras opções melhores para produzir a
energia elétrica de que necessitava. Sem esses alertas, a usina hidroelétrica de Itaipu não seria construída, pois
os recursos seriam desviados para usinas nucleares, como nos confidenciou em 1992 o general Costa
Cavalcante, que, em 1975, era presidente da Eletrobras.
Passados 35 anos, a situação não mudou muito. O país ainda tem amplas oportunidades de produzir
energia elétrica a partir de fontes renováveis e não poluentes, como a energia hidroelétrica, cujo potencial ainda
está longe de estar esgotado, além de outras opções, como bagaço de cana, em São Paulo, e energia eólica,
no Norte do país.
O fato de as usinas nucleares não emitirem "gases de efeito estufa" pode ser uma vantagem na
Inglaterra, onde energia elétrica é gerada com carvão, mas não no Brasil, onde as energias renováveis também
não emitem esses gases.
Não há, portanto,razões para investir mais em energia nuclear no Brasil, a não ser para acompanhar os
desenvolvimentos tecnológicos dessa área.
JOSÉ GOLDEMBERG, 82, doutor em ciências físicas pela USP, é professor do Instituto de Eletrotécnica
e Energia da mesma universidade. Foi reitor da USP (1986-89), secretário da Ciência e Tecnologia da
Presidência da República e ministro da Educação (governo Collor) e secretário de Meio Ambiente do
Estado de São Paulo (2002-2006).




"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Avatar do usuário
DELTA22
Sênior
Sênior
Mensagens: 5726
Registrado em: Qui Jun 26, 2008 8:49 pm

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#1388 Mensagem por DELTA22 » Qua Jan 26, 2011 10:38 am

Pensei em colocar no tópico do Wikileaks, mas creio que cabe mais aqui (não sei se já foi postado, se sim, fica as desculpas antecipadas):
===========================================

Brasil nuclear?

17/01/2011 por Natalia Viana

Diversos documentos mostrando a preocupação americana com a possibilidade do Brasil expandir seu programa nuclear já podem ser vistos no site do WikiLeaks. Estão nesta página: http://wikileaks.ch/reldate/2011-01-16_0.html

Muitos deles mostram a pressão americana para que o Barsil assinasse o protocolo adicional do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.

O último documento listado refere-se a uma empresa brasileira que estava negociando a venda de equipamentos para a firma iraniana Machine Szai Tabriz, um negócio considerado suspeito pelo Departamento de Estado Americano. O negócio acabou não se concretizando.

http://cartacapitalwikileaks.wordpress.com




"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
Rodrigoiano
Sênior
Sênior
Mensagens: 3804
Registrado em: Qua Dez 03, 2008 12:34 am
Localização: Goiânia-GO
Agradeceu: 241 vezes
Agradeceram: 84 vezes

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#1389 Mensagem por Rodrigoiano » Qua Jan 26, 2011 5:00 pm

Pensando uma coisa aqui...

Imaginem que a wikileaks começou real, com assange e tudo mais, declarações bombásticas, que afetam até a segurança nacional de muitos países, protestos e ameaça de prisão/extradição de seu criador, afinal crimes e revelações de tal gravidade, cuja natureza põe em risco vidas e segurança de países, poderiam até dar pena de morte... ... ... ...

Daí, imaginem a força, a "arma" que uma wikileaks "falsa" se tornaria. Explico: com a garantia da verdade assegurada pelo passado revelador e repercussões de escala global, se um país ou vários, criassem "falsas" notícias em benefício próprio, usando a "segurança" e nome da wikileaks, seria de grande utilidade na pressão em determinados governos...

Poderia ser um "acordo" com o criador, do tipo, não faremos nada grave a você e você não contradiz as "novas revelações"...?

Conspiração ou possibilidade?

Gde abraço!




Avatar do usuário
Penguin
Sênior
Sênior
Mensagens: 18983
Registrado em: Seg Mai 19, 2003 10:07 pm
Agradeceu: 5 vezes
Agradeceram: 374 vezes

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#1390 Mensagem por Penguin » Qua Jan 26, 2011 5:25 pm

Recapitulando...
DW

EUROPA & MUNDO | 03.03.2006
Acordo nuclear EUA e Índia: dois coelhos e uma cajadada
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,1922663,00.html


Imagem
Bush visita a Índia
Após 30 anos de boicote, os Estados Unidos reconhecem a Índia como potência atômica e assinam acordo de cooperação nuclear para fins civis. Deutsche Welle e imprensa européia analisam origens e fatos.


Por ocasião de sua primeira visita à Índia, o presidente norte-americano, George W. Bush, assinou em Nova Déli na quinta-feira (02/03), juntamente com o premiê indiano Manmohan Singh, um tratado de cooperação nuclear para uso civil, justificando-o com a necessidade indiana de independência energética.

A ratificação do tratado pelo Congresso americano possibilitará à Índia a importação de tecnologia e material nuclear para novas usinas atômicas. O tratado finaliza também mais de 30 anos de boicote americano ao programa nuclear indiano, após os primeiros testes atômicos realizados em maio de 1974.

Após ter assinalado como "histórico" o tratado assinado em Nova Déli, Bush comentou em Hiderabad, no segundo dia de sua visita, que "o dia de ontem foi um exemplo de que a Guerra Fria já acabou", enquanto centenas de manifestantes muçulmanos gritavam nas ruas da cidade: "Alá é a superpotência, não os Estados Unidos".

Dois policiais e três manifestantes saíram feridos nos protestos na cidade do sul da Índia, onde 40% da população é muçulmana. Os protestos em Hiderabad dirigiram-se principalmente contra a ocupação norte-americana no Afeganistão e no Iraque.

Imprensa européia comenta o acordo

Na Alemanha, o Frankfurter Allgemeine Zeitung ressalta os aspectos estratégicos e econômicos que justificam o acordo entre os dois países, salientando porém que tal acordo não seria uma "bagatela para as elites indianas, sedentas de prestígio", e que a Índia não assinou o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP).

O austríaco Der Standard afirma que realmente, em longo prazo, o tratado ajudará a Índia a tornar-se energeticamente independente. Entretanto, o jornal austríaco também citou o custo estratégico do acordo: a desconfiança sobretudo da China, do Paquistão e do Irã.

O diário Tages-Anzeiger, de Zurique, classifica o tratado bilateral como uma infração às regras do Direito Internacional, pois possibilitaria à Índia, que não assinou o TNP, o desenvolvimento de ogivas nucleares. Por seu nepotismo nuclear, o governo norte-americano estaria colocando em risco a arquitetura da segurança mundial.

O parisiense Libération classificou como histórico o tratado assinado em Nova Déli. Com ele, o presidente dos EUA teria matado dois coelhos com uma cajadada só e teria equalizado a principal revolução geopolítica do século 21: a Índia teria os mesmos trunfos da China e em poucos anos poderá tornar-se a terceira potência mundial, "com a vantagem de ser um Estado de Direito de tradição democrática, com um sistema político descentralizado e uma grande classe média".

Analista questiona Tratado de Não-Proliferação


Bush recebe explicações sobre agricultura na Universidade de Hiderabad
Para Peter Philipp, analista da Deutsche Welle, o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP) deveria ser modificado ou, até mesmo, revogado após a assinatura do acordo entre EUA, um dos maiores defensores do TNP, e a Índia, um país que até hoje se recusou a aderir ao documento.

O reconhecimento da necessidade energética dos indianos, os elogios vindos de Londres e Paris e a alegria de El Baradei, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), não modificam, entretanto, o fato de que, atrás do acordo, escondem-se outras intenções.

Em primeira linha está o Irã. Com o novo tratado, os norte-americanos evitam a construção do gasoduto ligando o Irã à Índia, que soube tirar vantagem, da forma mais inteligente, da querela entre Irã e EUA.

Entretanto, para Philipp, permanecem as questões: como querem os Estados Unidos justificar agora de forma séria sua campanha contra o programa atômico iraniano? E se o Paquistão quiser assinar com os norte-americanos um igual acordo?

Justificar o tratado com o fato de a Índia ser uma democracia seria bastante demagógico, já que Washington demonstrou várias vezes que seu apoio não depende da forma de Estado, mas sobretudo de seus próprios interesses globais.

Armas e munições

Um dia após a assinatura do tratado de cooperação nuclear para fins civis, o Pentágono americano anunciou a intenção de venda de um sistema bélico de alta tecnologia à Índia. Os EUA pretendem oferecer, entre outros, jatos de caça F-16 e F-18 aos indianos. Segundo o Pentágono, seu objetivo é "apoiar a Índia a suprir a sua necessidade de defesa".

Neste sábado, Bush estará no Paquistão. Apesar do atentado ao consulado norte-americano no porto paquistanês de Karachi na quinta-feira (02/03), onde quatro pessoas morreram, Bush anunciou que não cancelará sua visita a Islamabad.

O Paquistão, tradicional rival da Índia, já anunciou que irá se esforçar, durante a visita de Bush, na consecução de um acordo semelhante ao assinado com a Índia.




Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
Avatar do usuário
varj
Avançado
Avançado
Mensagens: 646
Registrado em: Qua Out 21, 2009 4:08 pm
Localização: Belo Horizonte, MG
Agradeceu: 2 vezes

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#1391 Mensagem por varj » Qua Jan 26, 2011 6:10 pm

alcluiz escreveu:o que realmente causa tudo isso é o facto do FHC ter tido a fdp da ideia de assinar o TNP...
O Brasil é um país soberano, sempre foi de paz, e ter outros países aqui, a inspeccionar o que é nosso, ou seja, aquilo que criamos e mantemos, pra ver se somos mesmo bonzinhos, é coisas que se faz com crianças... não com uma país sério...
A reacção seria muito dura se um dia saíssemos do TNP? No que pro exemplo?

X2

Uma vergonha...um entreguista juramentado como diria Odorico Paraguassu




Avatar do usuário
DELTA22
Sênior
Sênior
Mensagens: 5726
Registrado em: Qui Jun 26, 2008 8:49 pm

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#1392 Mensagem por DELTA22 » Sex Jan 28, 2011 2:09 am

Faz um tempo... Não sei se já postaram aqui.



Esse outro é melhor! :wink:

(( Obs.: Goldeberg, fuck you!!! :evil: ))





"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
Avatar do usuário
Marino
Sênior
Sênior
Mensagens: 15667
Registrado em: Dom Nov 26, 2006 4:04 pm
Agradeceu: 134 vezes
Agradeceram: 630 vezes

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#1393 Mensagem por Marino » Sáb Jan 29, 2011 8:44 am

Brasil e Argentina terão reator conjunto
Visita de Dilma ao país vizinho terá parceria nuclear como resultado
Presidente brasileira inicia na segunda-feira sua primeira visita internacional desde que assumiu o
cargo
DO RIO
DE BRASÍLIA
Brasil e Argentina assinarão nesta segunda, na visita a Buenos Aires da presidente Dilma Rousseff, um
acordo para a construção de dois reatores nucleares de pesquisa. O projeto intensifica a cooperação na área de
engenharia nuclear.
Com fins pacíficos, o reator servirá para testes científicos e produção de elementos usados na medicina.
Como explicou o subsecretário-geral de América do Sul do Itamaraty, Antonio Simões, ele não pode ser usado
para enriquecimento de urânio.
O acordo será entre a CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e sua contraparte argentina, a
CNEA. O país vizinho tem mais experiência na área, uma vez que já fabrica reatores na estatal Invap. Feito o
projeto, cada país o usará para a construção do seu próprio reator -o brasileiro pode vir a ser fabricado pela
Invap.
O Brasil quer ser autossuficiente na produção de isótopos usados em exames de imagem e no
tratamento de doenças como câncer.
Segundo Simões, o reator deve levar cinco anos para ser construído. A CNEN estima os custos em R$
850 milhões. "A indústria nuclear não é barata, mas é agregadora", disse o diplomata.
NÃO DAR AS COSTAS
Em uma fala que relembrou as críticas que seu antecessor fazia aos governos passados, Dilma afirmou
ontem que o Brasil não "vira mais as costas" para a Argentina para olhar apenas para a Europa e EUA.
O país vizinho é considerado pelo governo um aliado vital na América do Sul e uma das prioridades na
política externa brasileira. Tanto que foi escolhido como destino da primeira viagem internacional da presidente
como chefe de Estado.
"A Argentina é esse parceiro para o qual, no passado, o Brasil dava as costas e olhava só para a Europa
e para os Estados Unidos. Hoje, sem ser em detrimento da Europa e dos Estados Unidos, a gente tem de
perceber que o desenvolvimento do nosso país implica necessariamente em nós fortalecermos o
desenvolvimento da região", disse ela, em Porto Alegre.
Os temas a serem tratados entre Dilma e a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, na segunda-feira,
vão desde as relações comerciais entre os dois países até acordos nas áreas de energia e social.
Além da cooperação nuclear, serão assinados acordos para construção da Usina Hidrelétrica de Garabi.
(CLAUDIA ANTUNES, JULIANA ROCHA E ANA FLOR)




"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Avatar do usuário
DELTA22
Sênior
Sênior
Mensagens: 5726
Registrado em: Qui Jun 26, 2008 8:49 pm

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#1394 Mensagem por DELTA22 » Ter Fev 01, 2011 12:06 am

Do site do Itamaraty:
ACORDO DE COOPERAÇÃO ENTRE CNEN E CNEA SOBRE PROJETO DE NOVO REATOR DE PESQUISA MULTIPROPÓSITO

Considerando:

Que a República Federativa do Brasil irá construir um novo reator de pesquisa,

Que a República da Argentina irá construir um novo reator de pesquisa,

Que o Governo da República Federativa do Brasil, por meio da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), e o Governo da República Argentina, por meio da Comisión Nacional de Energía Atómica (CNEA), definiram as funções e as especificações técnicas dos seus respectivos reatores de pesquisa com base em consulta aos grupos correspondentes de futuros usuários,

Que os dois reatores de pesquisa serão do tipo multipropósito e possuem os mesmos objetivos gerais de “produção de radioisótopos, testes de irradiação de combustíveis e materiais, e pesquisas com feixes de nêutrons”,

Que, cumprindo as orientações da COBEN, foi realizada uma visita de representantes da CNEN e da CNEA ao reator OPAL, bem como foi realizado um workshop no Centro Atômico Bariloche, da CNEA, para discutir as características conceituais comuns aos dois reatores de pesquisa,

Que ficou definido que os projetos dos dois reatores serão fortemente baseados no reator OPAL da Austrália, projetado e construído pela empresa INVAP, da Argentina,

Que ficou definido que são similares as especificações técnicas estabelecidas para os sistemas do reator propriamente dito, para a instrumentação e controle, e para os feixes de nêutrons,

O Acordo de Cooperação entre o Governo da República Argentina e o Governo da República Federativa do Brasil para o Desenvolvimento e a Aplicação dos Usos Pacíficos da Energia Nuclear, firmado em Buenos Aires, em 17 de maio de 1980 (anexo 1),

O Protocolo Adicional ao Acordo de Cooperação para o Desenvolvimento e a Aplicação de Energia Nuclear para Fins Pacíficos em Matéria de Reatores, Combustíveis Nucleares, Abastecimento de Radioisótopos e Radiofármacos, e de Gestão de Resíduos Radioativos (anexo 2),

Que o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Argentina, através do item B.7 da Declaração Conjunta de seus respectivos presidentes, de 22 de fevereiro de 2008, determinaram aos órgãos competentes dos dois países a constituição de uma Comissão Binacional de Energia Nuclear (COBEN) para discutir a estratégia da cooperação futura no campo nuclear, bem como para identificar projetos concretos de cooperação bilateral, incluindo o levantamento das capacidades mútuas necessárias em matéria de recursos humanos, tecnológicos e financeiros, assim como em matéria da complementação industrial (anexo 3),

Que o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Argentina, através do item 7 da Declaração Conjunta sobre Cooperação Nuclear, de seus respectivos presidentes, de 3 de agosto de 2010, instruíram a Comissão Binacional de Energia Nuclear (COBEN) para intensificar os esforços de implementação de projetos de cooperação e integração por ela identificados como prioritários para o avanço da cooperação bilateral no campo dos usos pacíficos da energia nuclear, em particular projetos emblemáticos da relação estratégica bilateral e de alta visibilidade, como o desenvolvimento conjunto de um reator de pesquisa multipropósito (anexo 4),

Que com base nas semelhanças identificadas na concepção dos dois reatores de pesquisa, estima-se que a execução do projeto básico de engenharia das partes comuns irá proporcionar uma economia da ordem de 20% para cada país, com base nos custos correspondentes ao reator OPAL.

A CNEN e a CNEA, representadas por seus respectivos Presidentes, acordam o seguinte:

Artigo 1º

Os reatores de pesquisa do Brasil e da Argentina se destinam às mesmas aplicações de “produção de radioisótopos, testes de irradiação de combustíveis e materiais, e pesquisas com feixes de nêutrons”.

Artigo 2º

Os dois reatores de pesquisa terão a mesma potência de 30 MW e projetos similares dos sistemas do reator propriamente dito, da instrumentação e controle, e dos feixes de nêutrons.

Artigo 3º

O modelo OPAL será tomado como planta de referência para o projeto básico de ambos os reatores de pesquisa.

Artigo 4º

As autoridades competentes do Brasil e da Argentina envidarão esforços para desenvolver os respectivos projetos em parceria, estendida às futuras contratações, visando redução de custos, redução de esforços e maior eficiência no processo.

Artigo 5º

A CNEN e a CNEA manterão suas independências técnica e econômica.

Artigo 6º

Uma vez concluídos os projetos básicos, nas suas etapas posteriores ambos os empreendimentos serão conduzidos de forma independente.

Artigo 7º

A CNEN e a CNEA manifestam a sua disposição para explorar outras oportunidades de cooperação nas etapas posteriores de ambos empreendimentos.

Artigo 8º

Um Comitê Diretor, constituído por dois representantes da CNEN e dois representantes da CNEA supervisionarão a implementação e a execução das atividades deste convênio.

Artigo 9o

Na ocorrência de desacordos no Comitê Diretor, as questões em discussão serão conduzidas aos presidentes da CNEN e da CNEA para resolução.

Feito em Buenos Aires, em 31 de janeiro de 2011, em dois originais, nos idioma português e espanhol, sendo ambos igualmente autênticos.

http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imp ... ro-de-2011
:arrow: Para quem se interessar, aqui o site da INVAP sobre o reator OPAL: http://www.invap.com.ar/es/proyectos/re ... ralia.html

[]'s a todos.




"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
Avatar do usuário
rodrigo
Sênior
Sênior
Mensagens: 12891
Registrado em: Dom Ago 22, 2004 8:16 pm
Agradeceu: 221 vezes
Agradeceram: 424 vezes

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#1395 Mensagem por rodrigo » Ter Fev 01, 2011 4:21 pm

Brasil e Argentina terão reator conjunto
O desenvolvimento, e a fiscalização recíprocas, entre Brasil e Argentina, são os maiores garantidores na natureza pacífica do programa nuclear brasileiro. E um tremendo afirmador de paz e investimentos corretos na região.




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
Responder