FX: Caça de 5ª geração

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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hayes
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#136 Mensagem por hayes » Sáb Mar 24, 2007 2:26 am

rcolistete escreveu:US$10 bi !!! Não faz sentido, deve ser US$1 bi de desenvolvimento, mais US$1 bi de produção, por aí. O programa do Rafale, com desenvolvimento, industrialização, produção prevista de 294 exemplares e (parte da ) manutenção custará uns EUR 35 bi...

[]s, Roberto

Boa Noite sr. Roberto,


Creio que neste caso trata-se de valores corrigidos. Colho o ensejo de aguardar algum forista com maiores conhecimentos para esclarecer esta questão, mas acredito que trate-se disto mesmo.

alcmartin escreveu:Boa tarde, Sr. Hayes!
Antes de tudo, mil perdões pela grosseria de debater com o Sr., neste e em outros tópicos, sem cumprimentá-lo antes. É a empolgação... :D
E o Sr. merece o melhor tratamento, pela educação e cordialidade que sempre trata a todos. E pelo seu conhecimento.

Boa Noite sr. Alcmartin,


É apenas bondade sua, não sou tão inteligente quanto gostaria de ser, nem tão educado quanto gostaria. De todo modo, você não tem nenhum motivo pelo qual se desculpar. Eu é que uso - por força do hábito - tratamentos que de uma certa forma não mais condizem com o advento da Internet, onde tudo ocorre numa velocidade impressionante.

Sobre sua resposta, concordo com o sr., penso que deva existir alguma sinergia entre as tecnologias existentes em aeronaves militares e aeronaves civis, mas eu acredito que todos nós superestimamos tais sinergias. Com efeito, a Embraer é uma empresa que utiliza algumas das mais avançadas tecnologias de ambiente virtual, cálculos vetoriais, computadores avançados, tudo isto para desenhar algumas das mais competitivas aeronaves do mercado.

Por isto não consigo conceber - salvo do alto de minha ignorância - que trate-se de um desafio tão grandioso, seja do ponto de vista aerohidrodinâmico, seja do ponto de vista de estruturas aeroespaciais, estabelecer os princípios básicos do vôo supersônico.

Lembro que já fazem alguns pares de décadas que um singelo Avião-Foguete, denominado X-1, cruzou o espaço, pela primeira vez, em velocidade supersônica, e em não tendo qualquer experiência anterior, fica difícil crer que se naquela época, à par do instrumental teórico e prático respectivo, puderam colocar um engenho supersônico nos ares, nós no Século XXI não poderíamos.


Respeitosamente,




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#137 Mensagem por hayes » Sáb Mar 24, 2007 2:32 am

Carlos Mathias escreveu:Pessoal, vamos pensar um pouco. Eu, na minha ignorância(de verdade) acho que cada 1% à menos na taxa de juros deva redundar em economia de uns bons bilhões de reais por ano. Esta taxa estava nos 40% quando o Lula assumiu, agora está muito abaixo disso e caindo, o PIB vem crescendo a com ele a arrecadação, a arrecadação via aperto na fiscalização também vem aumentando. Quer dizer, as coisas estão melhorando, por mais incrível e impensável que isso possa parecer aqui no Brasil. Como aparentemente começa a sobrar umas merrecas, as FAs, abandonadas por décadas, podem ser agora contempladas em parte das suas necessidades.

Vamos ser um pouquinho mais otimistas... :wink:

Boa Noite sr. Carlos,


É sempre um prazer e uma honra tê-lo como interlocutor. Eu gostaria de fazer apenas um breve comentário. Em termos de finanças públicas, especialmente no Brasil, com seus ínumeros tributos, Fundos, vinculações, normas, leis, etc. respectivos ao tema, não podemos tratar de forma tão linear, e é bom esclarecer que ainda vivemos num país deficitário, com todas as implicações, positivas e/ou negativas, que tal questão vem à trazer.

orestespf escreveu:concordo plenamente com o senhor no que diz respeito a "declarações e homologação do ato em si (intento)".

Muito Boa Noite sr. Orestespf,


Não tenho dúvidas de que o melhor à fazer é "sentar e aguardar", para ver o que se sucede.

Mas dada a minha experiência, e mesmo o histórico recente do atual Governo (e porque não dizer, dos recentes governos?), eu - opinião estritamente pessoal, cabe lembrar - não acredito na veracidade de tais notícias.

Lembro à vocês de caso recente, a PNID, Política Nacional da Indústria de Defesa, anunciada à algo como dois anos, e tantas outras notícias que circularam sobre novos aportes de recursos para a Defesa, e que via de regra mostraram-se notícias errôneas.

Junto-me aos nobres colegas na torcida de que esta em especial não seja mentira, embora resguardo meu direito em ser bastante cético quanto ao sucesso de minha torcida.

Respeitosamente,




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#138 Mensagem por hayes » Sáb Mar 24, 2007 2:35 am

henriquecouceiro escreveu:Para quem gostade assuntos economicos recomendo o livro "Brasil Raízes do Atraso: As dez vacas sagradas que acorrentam o país" do Fabio Giambiagi. Realmente fantástico ver como nossos governantes não conseguem pensar em um prazo maior do que 4 anos. Para aqueles que não concordam com a teoria de um Estado menor, menos participativo na economia, eu recomendo ainda mais a leitura do mesmo.

Eu sei que já escrevi bastante nos meus últimos dois posts, srs., mas gostaria de pedir a vossa licença para mais um breve - assim esperamos - comentário.

Estou de pleno acordo com o sr. Henrique no que tange à falta de Políticas de Longo Prazo, em todos os setores, no Brasil. Não conheço o livro, mas interessei-me bastante sobre ele.




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#139 Mensagem por Marino » Sáb Mar 24, 2007 10:17 am

Só como curiosidade, o projeto de mais longo prazo no Brasil foi da MB, o levantamento cartográfico da costa brasileira, que começou no Império.
Foi não, pois perdura até hoje.
Abçs
Marino




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#140 Mensagem por Koslova » Sáb Mar 24, 2007 11:14 am

Marino escreveu:Só como curiosidade, o projeto de mais longo prazo no Brasil foi da MB, o levantamento cartográfico da costa brasileira, que começou no Império.
Foi não, pois perdura até hoje.
Abçs
Marino



A MB deve ter o segundo projeto de mais longo prazo também Marino, trata-se do SNA. Quem sabe daqui a uns 150 anos ele não ultrapasse o levantamento cartográfico da costa brasileira.... :twisted:




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#141 Mensagem por Marino » Sáb Mar 24, 2007 11:16 am

Koslova escreveu:
Marino escreveu:Só como curiosidade, o projeto de mais longo prazo no Brasil foi da MB, o levantamento cartográfico da costa brasileira, que começou no Império.
Foi não, pois perdura até hoje.
Abçs
Marino



A MB deve ter o segundo projeto de mais longo prazo também Marino, trata-se do SNA. Quem sabe daqui a uns 150 anos ele não ultrapasse o levantamento cartográfico da costa brasileira.... :twisted:

Não sei se ultrapassará, mas pode ter certeza de que ele será mantido.




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#142 Mensagem por Koslova » Sáb Mar 24, 2007 11:52 am

Marino escreveu:
Koslova escreveu:
Marino escreveu:Só como curiosidade, o projeto de mais longo prazo no Brasil foi da MB, o levantamento cartográfico da costa brasileira, que começou no Império.
Foi não, pois perdura até hoje.
Abçs
Marino



A MB deve ter o segundo projeto de mais longo prazo também Marino, trata-se do SNA. Quem sabe daqui a uns 150 anos ele não ultrapasse o levantamento cartográfico da costa brasileira.... :twisted:

Não sei se ultrapassará, mas pode ter certeza de que ele será mantido.



E qual é a vantagem na sua visão, de se manter um programa por 20, 30, 40 anos, sem que ele chegue a sua conclusão?




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#143 Mensagem por Marino » Sáb Mar 24, 2007 1:35 pm

Koslova escreveu:
Marino escreveu:
Koslova escreveu:
Marino escreveu:Só como curiosidade, o projeto de mais longo prazo no Brasil foi da MB, o levantamento cartográfico da costa brasileira, que começou no Império.
Foi não, pois perdura até hoje.
Abçs
Marino



A MB deve ter o segundo projeto de mais longo prazo também Marino, trata-se do SNA. Quem sabe daqui a uns 150 anos ele não ultrapasse o levantamento cartográfico da costa brasileira.... :twisted:

Não sei se ultrapassará, mas pode ter certeza de que ele será mantido.



E qual é a vantagem na sua visão, de se manter um programa por 20, 30, 40 anos, sem que ele chegue a sua conclusão?

E pq acha que não chegará a conclusão?
Veja, a MB não ganhou nada até agora com o programa nuclear. Quem ganhou foi o país. A capacidade de enriquecimento de urânio, com a fábrica de Resende montada, a capacidade de construir reatores nucleares, o primeiro com suas partes já fabricadas, estando a MB aguardando recursos para montar um prédio para contê-lo, nada disso reverteu para a MB, mas sim para o país.
Todos esses "insumos" serão necessários caso o Brasil decida ter um submarino nuclear. Isto é o importante. O conhecimento não pode ser perdido, ou a futuro, mesmo que o país decida, não será mais possível.
A MB tem plena consciência da necessidade de um sub nuclear, e tenho certeza de que você também, cara Koslova. Por isso a Marinha mantêm o projeto, nem que seja em estado vegetativo. Não importa quantos anos, este conhecimento não pode ser perdido, ou não será retomado.
A MB não ganha hoje, quem ganha é o país. Isto já basta para nós.
Mas confiamos que o projeto será concluído. Ainda existem patriotas neste país.




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#144 Mensagem por Koslova » Sáb Mar 24, 2007 3:11 pm

Ola Marino

Deixa eu começar a responder, porem, iniciando pela sua ultima frase.

Ainda existem patriotas neste país.


Deixa eu entender. Se eu, ou qualquer outra pessoa pregássemos contra a continuidade do programa nuclear seriamos apátridas? Basta escrever frases de efeito em nome do “Brasil potencia” para ser um patriota?

Deixa eu contar uma historia que testemunhei para que forme juízo sobre gestão de tecnologia.

Durante os anos de 1980, o programa espacial soviético era dividido em 2. De um lado existia a segunda geração dos sistemas espaciais soviéticos. As estações Salyut e depois MIR, os lançadores Soyuz e Próton, alem das naves Soyuz T e Soyuz TM. Existiam os satélites militares de segunda geração, implantados nos anos 70. A idéia era que no começo dos anos de 1990, se troca-se tudo isto, pela terceira geração dos sistemas espaciais soviéticos.

Durante os anos de 1980, o que se fazia então na URSS eram duas coisa. A primeira delas era manter o programa operacional (sistemas de segunda geração) e a segunda coisa era projetar os sistemas de terceira geração.

Os anos de 1980 eram marcados pelo enorme desconhecimento do que acontecia dentro da URSS e da enorme propaganda dos sistemas do programa Guerra nas Estrelas da era Regan. Então poucos, ou quase ninguém mesmo até os dias de hoje, sabiam exatamente o que aconteceu dentro da URSS, no que tange a desenvolvimento de novos hardwares espaciais.

O fato é que os hardwares de terceira geração eram simplesmente fantásticos em qualidade e tecnologia.

· Lançador Energia - Maior foguete já construído.
· Ônibus Espacial Buran – Similar em capacidade ao Space Shuttle
· Estação de batalha Polyus – Estação tripulada com capacidade de ataque a satélites
· Estação Espacial MIR-2 – Maior e mais barata que a ISS
· Satélites Nucleares PIR’s – Destinados a acompanhar em tempo real os CVN’s americanos 24 horas por dia.
· Entre outros programas menos ambiciosos.

Em 1991 a URSS simplesmente quebrou, todos os programas espaciais continuavam em estagio de letargia, e o momento era difícil.

Então em 1993 o presidente Yeltsin fez a seguinte escolha.
“Cancelamento de toda a terceira geração de sistemas espaciais soviéticos.”

As reações não foram nada boas. Apátrida era o termo mais comumente usado, criticas e mais criticas, mais de 30.000 profissionais perderam seus empregos na industria aeroespacial diante dos cortes em vários programas não prioritários.

Hoje, 14 anos depois a situação é a seguinte.

A industria russa domina mais de 50% do mercado de lançadores
Cerca de 80% dos sistemas fundamentais da ISS são russos
A Rússia é o único sócio da ISS que tem condições técnicas de mantê-la sozinha.
A industria russa matem acordos com mais de 20 paises em mais de 100 áreas de ciência espacial.

Qual era a lógica da decisão do “Apátrida” Boris Yeltsin.

A lógica fundamental é a seguinte. Primeiro você matem a operacionalidade de um sistema. Depois em um segundo momento você a expande.

Se não fosse tomada a difícil decisão de cancelamento em 1993, provavelmente o que teríamos hoje seria um cenário de poucos lançamentos e muitos, mais muitos mesmo programas incompletos.

Mesmo que a realidade brasileira seja diferente da realidade Russa em muitos aspectos, a lógica é a mesma.

Qual o ganho para o Brasil até agora de um programa como o VLS?

Podemos escrever linhas e linhas de retórica sobre o aço A300 que o Brasil domina, sobre a base de Alcântara ou sobre o uso dos satélites na agricultura.

Mas o fato é que até agora como resultado direto do programa temos –3 satélites, - 21 vidas e – US$ 1bi de investimento de 1979 a 2005.

Se o foco fosse o desenvolvimento de aços especiais ou de imagens de satélite na agricultura, teríamos conseguido os mesmos resultados com menos risco, menos dinheiro, investindo em outras áreas de conhecimento de maneira mais focada.

Quais os ganhos do SNA ate agora? Bem, claro que houve acréscimo de conhecimentos, isto ninguém nega, mas como objeto primário do projeto, isto é, a construção de um submarino nuclear, estamos abaixo do esperado.

O que tem que mudar então?

Primeiro, que temos que seguir a regra da operacionalidade antecedendo a expansão da mesma. Não adianta fazer reator experimental, se coisas mais simples como torpedos, mísseis, helicópteros ASW estão atrasados.
Depois que você tem uma capacidade operacional, ai sim você investe em uma decisão de expansão.

Os militares brasileiros tem a cultura do "Não temos ameaças a curto prazo então podemos nos preparar para o futuro sem pressa" Este é o maior pecado militar que um país pode cometer. Só progride quem ou esta sendado no sofá com o capeta como na Asia, Europa ou Oriente Médio, ou quem parametriza suas FA's em niveis mais mensuraveis de operacionalidade. Africa do Sul, Austrália, Chile, Espanhã, Singapura, Malásia, são exemplos deste pensamento.

Eu particularmente não tenho nada contra a idéia de um submarino nuclear no Brasil, mas ele tem que se apoiado em fortes evidencias de que um dia será concluído, e isto nunca, mesmo na época de governos militares nos tivemos.

Na França por exemplo, os submarinos nucleares eram um projeto nacional, uma estratégia de estado, acima de seus diferentes governos. Na Inglaterra, as concessões para uso de tecnologia americana que permitisse submarinos nucleares mais capazes que os franceses e a custos menores, era uma estratégia de estado, acima de retóricas politiqueiras.

Qual a consistência deste tema no estado brasileiro? O SNA não é nem um assunto de defesa, já que brancos, verdex e azuis não conseguem nem se entender quando a uma agencia de compras no MinDef, o que dirá então uma política de estado, acima do nível de governo, já que PT, PSDB, PMDB são siglas pequenas demais para entender o que a sigla SNA representa.

Portanto Marino, a minha posição pessoal não é contraria ao SNA, mas olhando um histórico de fatos, olhando uma cultura militar aquém do que um SSN representa militarmente, olhando uma cultura política muito aquém do que ter um submarino nuclear significa, eu vejo mais ou menos o dilema do presidente Yeltsin em 1993.

Ou você faz escolhas e matem alguma chance de acertar, ou você deixa que o tempo e o descaso, façam as escolhas por você, e tem a certeza de que nunca chegara a lugar algum.

Esta é a realidade militar brasileira.



Elizabeth




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#145 Mensagem por Brasileiro » Sáb Mar 24, 2007 3:32 pm

Em outras palavras: O Brasil precisa se decidir sobre o que quer das forças armadas.




abraços]




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#146 Mensagem por Koslova » Sáb Mar 24, 2007 3:44 pm

Brasileiro escreveu:Em outras palavras: O Brasil precisa se decidir sobre o que quer das forças armadas.




abraços]



Exatamente!

E é uma decisão dificil, porque temos uma sociedade cada vez mais emburrecida, que não consegue decidir nem sobre temas mais obvios e simples sobre como combater o crime por exemplo.

Do outro lado temos FA's que apesar de contarem com bons oficiais, cada vez mais se parecem com grandes DETRAN's, ineficientes, coorporativistas e atreladas a paradigmas tolos.




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#147 Mensagem por Bolovo » Sáb Mar 24, 2007 3:54 pm

Como sempre, excelente texto, Koslova! :wink:




"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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#148 Mensagem por Marino » Sáb Mar 24, 2007 5:15 pm

Cara Elizabeth
Excelente texto, como sempre, mas permita-me fazer alguns comentários.
Vou tentar explicar o que eu quis dizer com patriota, e acho que o que escrevi será melhor entendido. No início do governo Lula, um Almirante procurou em nome da Marinha a então Ministra de Minas e Energia, atual Casa Civil, e apresentou o programa nuclear da MB e um projeto de construção de usinas atômicas no país, com tecnologia e recursos financeiros nacionais, que poderiam evitar uma nova crise de energia, como a que tinha passado a pouco. A Ministra ouviu a exposição, achou espetacular o que a MB tinha conseguido, mas disse que dispunha de 4 anos para desenvolver um projeto, e perguntou se aquilo que o Almirante propunha podia ser desenvolvido em 4 anos? Com a resposta de que era um projeto de longo prazo, despediu seu visitante.
Isto é o que quero dizer com patriota, pensar nas próximas gerações e não nas próximas eleições.
Outro exemplo me foi falado na EGN por um Diplomata, que vou omitir o nome. Acho que estou me excedendo nesta conversa, mas vamos adiante. Lembra-se de quando o Brasil assinou o TNP? Pois bem, o Brasil tinha quebrado 2 vezes, ido a falência, se lembra? Se lembra que o Clinton emprestou 40 bilhões de verdes para evitar a quebra? O Diplomata, em letra maiúscula mesmo, me falou que o Chanceler da época foi chamado pelo FHC e recebeu a órdem de assinar o TNP. Não entendendo, voltou no dia seguinte com um estudo mostrando o pq do Brasil ter se recusado a assinar tal tratado durante tantos anos. A resposta foi: não pedi um estudo, mandei assinar o tratado, o que foi feito, junto com o tratado de mísseis e o de minas.
O termo apátrida não foi o melhor, pois significa alguem que perdeu a cidadania em seu país. Não patriota seria o termo, título que não acredito em absoluto que caiba em você.
Não tenha dúvida que concordo que o projeto de construção do submarino nuclear tenha que ser um projeto de país, e não da Marinha. A MB sozinha, sem apoio da sociedade, jamais conseguirá aprovar algo deste porte. Os próprios Comandantes da Marinha já falaram isso.
Quais os ganhos do projeto do SNA até agora, além de conhecimento puro? Acho que já foi mostrado por aqui: desde o mais básico, como a formação de pessoal na área nuclear, na USP, os laboratórios montados não somente em Aramar, mas também na USP, todo o processo de enriquecimento de urânio, partindo do zero, com o desenvolvimento de uma centrífuga única no mundo, já em geração posterior a da primeira, a fábrica de urânio enriquecido de Resende, que como fato consumado permitiu ao Brasil livrar-se das amarras internacionais que hoje são colocadas para todos os países na área nuclear, desenvolver projeto de reator nuclear nacional, com o primeiro já fabricado e aguardando verba para montar um prédio para fazê-lo funcionar, uma geração de doutores em sistemas, matemática, softwares, etc, capacitação de indústrias nacionais em alta metalurgia, química, etc, e aí por adiante.
De tudo o descrito acima, o que resultou para a Marinha? Conhecimento.
O projeto de dotar o país de capacidade de construir um submarino é outro, e continua a caminho, agora com o U-214. Mais um passo adiante.
Quando dissermos: temos o projeto de um submarino e temos o projeto de um reator para colocar dentro deste submarino, os políticos terão que decidir se levam adiante ou não. Simples assim.
O mesmo se aplica aos armamentos. Temos capacidade de desenvolver mísseis, p.ex? Sim, a pouco mandei uma MP para o Túlio tratando disso e autorizo o mesmo a repassar para você, se já não deletou. Basta decisão política.
Não acredite que os militares dizem que não temos ameaças pela frente. Outra posição é colocada diariamente para nossos governantes. Não posso falar mais, mas acredite.
Existem outros projetos que a MB nada ganha, só faina e custos, ex:
Projeto Antártico - a MB nada ganha, ganha o Brasil com voz no Tratado da Antártica. A MB fica mendigando verbas para continuar a apoiar o trabalho dos cientistas brasileiros;
LEPLAC - Levantamento de Plataforma Continental - o que ganhou a MB? Nada. Ganhou o Brasil, com a extensão de sua plataforma até as 350 milhas. Um trabalho da MB que todos os brasileiros deveriam se orgulhar, definindo as novas fronteiras do Brasil, no século 21;
REVIZEE - Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva - o que a MB ganhou? Nada. Ganhou o país que cumpriu com o preconizado na Conferência da Jamaica, em que os países litorâneos deveriam pesquisar a quantidade de recursos vivos que poderiam ser pescados e controlar esta pesca. Se não conhecesse essa potencialidade, outras nações poderiam ter esse conhecimento e pescar o excedente. Navios da Marinha foram usados para pescar em comissões de longa duração. Não ganhamos nada, e sim o Brasil.
Arquipélago de São Pedro e São Paulo - o que a MB ganha mantendo a estação de pesquisas? Nada. O Brasil ganha a ZEE em torno do Arquipélago.
Navios-Hospital na Amazônia - o que ganha a MB? Nada. Ganha o Brasil e principalmente as populações esquecidas pelo Poder Estatal. A Marinha ainda teve que ouvir do serra, quando Ministro da Saúde, que mantinha a ajuda à MB por ser um serviço barato, que não custava nada ao Ministério. :evil:
Isto é patriotismo. Por isso falei de patriotismo do esforço da MB em manter o conhecimento adquirido, a qualquer custo, mesmo significando corte em outras áreas. Creio firmemente que a escolha da MB é acertada. Somente o tempo dirá se estou certo ou não.
É uma satisfação debater com você, de forma tão educada e em alto nível.
Receba um abraço de um patriota para outro.
Marino




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#149 Mensagem por alcmartin » Sáb Mar 24, 2007 7:27 pm

Marino escreveu:Cara Elizabeth
Excelente texto, como sempre, mas permita-me fazer alguns comentários.
Vou tentar explicar o que eu quis dizer com patriota, e acho que o que escrevi será melhor entendido. No início do governo Lula, um Almirante procurou em nome da Marinha a então Ministra de Minas e Energia, atual Casa Civil,...


Tinha que ser a terrorista(a ministra)!!! e o Serra...nâo tem jeito, são sempre os mesmos...




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#150 Mensagem por Booz » Dom Mar 25, 2007 12:00 am

Uma pena a propalada paralização do programa do SNA. Até porque impõe-se um paradoxo, pois afinal não se para o que há muito não se move.
De qualquer forma, cortar de vez os recursos para ARAMAR é mais do que um absurdo, beira mesmo à lesa-pátria.

A tecnologia até agora captada e que capacitou técnicos é patrimônio nacional. Muita gente supõe que somente se utilizaria (o que lá se desenvolve) para um submarino. Infelizmente, é a maioria dessas pessoas que ajudam aos tecnocratas do governo (e até alguns plutocratas retrógados da nossa elite empresarial), a manter empunhado pelo governo o bisturi que corta, ano após ano, os recuroso de tão importante projeto.
A MB já deixou claro que o desenvolvimento do reator, por si só, é de um avanço importantíssimo. Pela miniaturiedade e pela potência que gera.
Imaginem os colegas, reatores pequenos (em tese mais fáceis, mais baratos de operar e manter) gerando energia em locais emotos, cuja ausência de meios de geração de energia dificultem seu desenvolvimento?

Não é só isto. Projetar reatores com maior potência é um passo mais fácil agora. Todo um ciclo de conhecimento está em nossas mãos. É nosso! Pesquisa nossa. Tudo isto gera mais benefícios em outras tecnologias, como: materiais especiais, técnicas, métodos de produção e gerenciamento etc etc.
Não é por menos que os EUA (por trás da AIEA) vem nos observando com olhos de lince.
Se o nosso reator, hoje, é um Hypocampus, amanhã poderá ser um enorme cetáceo.

Em contrapartida a FAB também tem seu braço de pesquisa em contínuo esforço. Mas, sem "dim-dim", "bufunfa"... nada se move, como a contrariar a Galileu.
A própria Mectron, hoje as jóias da rainha da FAB, comeu o pão que o diabo amassou com o prosseguimento do programa "Piranha".
Já se foram outras empresas com este programa, que simplesmente exauriram-se pela continuada supressão e sabotagem de fornecedores estrangeiros.
Quem não se lembra das famosas "cabeças-guia" dos primeiros protótipos do Piranha?
Os americanos pintaram e bordaram com a gente. Eles, os ianques, não só não ajudam, mas sempre que podem põem o pé na frente.
Por isto é que que eu não creio em nada que tenha a palavra, "colaboração tecnológica" (mormente em tecnologia militar), quando se refere a eles.
Fugi um pouco (muito) do tópico, mas...
Desabafei.
:evil:




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