O PODER AÉREO ARGENTINO NA
GUERRA DAS MALVINAS/FALKLANDS
UMA VISÃO OPERACIONAL
Dr. James S. Corum
http://www.airpower.maxwell.af.mil/apji ... /corum.htm
Quarta fase.
Período: 26 de maio a 14 de junho de 1982
No dia 26 de maio as forças britânicas estavam baseadas em terra firme na área da Baía de São Carlos e prontas para avançar sobre as posições do Exército Argentino. Nesta altura da campanha, havia muito pouco a ser feito pela Força Aérea Argentina para evitar a vitória dos ingleses. Mesmo que a FAS tivesse retirado de combate um dos navios-aeródromos, os ingleses poderiam ter (e de fato o fizeram) operado seus aviões Harrier, de decolagem vertical, de pistas não preparadas localizadas nas próprias ilhas. O General Menendez havia disposto suas forças ao longo de uma longa linha de defesa, ocupando posições nos pontos mais altos do terreno, de lado a lado, no extremo leste da ilha com o propósito de defender Port Stanley. Nenhum dos postos de defesa, tanto dos grupos quanto dos regimentos, foram dispostos em posições que pudessem prestar um apoio de defesa mútua. Embora as unidades de transporte aéreo da Força Aérea Argentina tivessem sido bastante eficazes ao levar 10.000 soldados para guarnecer as Malvinas/Falklands, elas haviam sido usadas para transportar apenas um pequeno número de veículos e de armas pesadas. As forças nas ilhas, sob o comando do General Menendez, possuíam somente 10 viaturas blindadas leves e um total de 159 veículos de todos os tipos.(22) A maioria das peças de artilharia havia sido deixada para trás, no continente, e as tropas contavam com uma reserva muito baixa de munições. No dia 28 de maio, as duas brigadas britânicas, muito bem armadas, iniciaram sua ofensiva, cercando e isolando a guarnição argentina que se encontrava em Darwin, obrigando-a a se render. Daí por diante, os ingleses, metodicamente, tomaram posição após posição, passando por cima do Exército Argentino até que, no dia 8 de junho, as últimas forças foram encurraladas em um perímetro em torno de Port Stanley.
Embora os acontecimentos tivessem sido bastante ruins para as forças argentinas e as suas unidades aéreas tivessem sofrido pesadas baixas, o moral e a combatividade de seus pilotos, que voavam contra a Armada Britânica, permaneciam bastante elevados. Uma das razões para que o moral se mantivesse tão elevado, em uma ocasião tão difícil como aquela, devia-se ao fato de que as forças argentinas, continuamente, superestimaram os danos e as baixas que eles haviam infligido às forças inglesas. O Alto-Comando Argentino anunciava, e aparentemente acreditava, que até o dia 25 de maio eles haviam afundado ou neutralizado 19 navios e abatido 14 Harrier. Na realidade, os britânicos tiveram 5 navios afundados e 3 seriamente danificados (menos da metade dos danos que os argentinos anunciavam). Esta falsa impressão tem origem na ausência de meios precisos para que uma confiável Avaliação de Danos de Batalha (BDA) pudesse ter sido feita. Em vez disso, dos 14 Harrier que as equipagens da artilharia antiaérea haviam considerado haver abatido, somente 4 foram realmente perdidos. De posse de falsas informações como estas, poderia ter parecido à Força Aérea Argentina que a Marinha Real teria, em breve, que retroceder diante de um índice de atrito tão elevado.(23) No dia 30 de maio, o 2º Esquadrão realizou o seu último ataque com o Exocet, seguido por uma esquadrilha de Skyhawk, contra o navio-aeródromo Invincible. No que se refere ao alvo, as forças argentinas afirmam até hoje haver atingido e neutralizado o Invincible tanto com o Exocet quanto com as bombas lançadas pelos Skyhawk. Aparentemente, o Exocet foi abatido pelo fogo da artilharia antiaérea dos navios, e o casco do Atlantic Conveyor foi confundido com o do Invincible e atacado pelos Skyhawk. Apesar das declarações dos argentinos, nenhum dano foi causado pelo último ataque com o Exocet.(24)
A esta altura da campanha, os Harrier realizavam numerosas missões de apoio aéreo aproximado em benefício de suas tropas terrestres. Os 24 Pucará, com base nas Malvinas/Falklands, vinham sendo sistematicamente diminuídos pelos ataques ingleses ao aeródromo de Port Stanley e em combates ar-ar. Contudo, poucas aeronaves permaneciam em condições de vôo naquele aeródromo. Mesmo assim, as poucas disponíveis, atacavam incansavelmente as tropas do Exército Inglês. Os Pucará eram, de uma maneira geral, ineficazes contra o inimigo e vários foram abatidos pela artilharia antiaérea de cano (metralhadoras e canhões), pelos mísseis antiaéreos portáteis (Blowpipe) e pelos caças Harrier. Entretanto, foi um Pucará que conseguiu a única vitória argentina em um combate ar-ar, durante toda a guerra, quando abateu, com seus canhões, um helicóptero de patrulha inglês. A FAS, embora tivesse sofrido severas baixas, continuava ainda com disposição para lutar e pronta para atacar a Esquadra Britânica, sempre que as condições climáticas fossem favoráveis. No dia 8 de junho, os navios de transporte de tropa Sir Galahad e Sir Tristram estavam desembarcando tropas da Guarda Escocesa no porto de Fitzroy, próximo a Porto Stanley, quando 5 Dagger do 6º Grupo e 5 Skyhawk do 5º Grupo apareceram sobre as Malvinas/ Falklands. A fragata HMS Plymouth dava cobertura aos navios de transporte, quando os caças argentinos roncaram próximos. O Plymouth foi danificado por fogo de canhão e atingido por 4 bombas que não explodiram. Ao mesmo tempo, os Skyhawk bombardearam o Sir Galahad e o Sir Tristram, que pegaram fogo e foram abandonados, resultando na morte de 50 homens que se encontravam a bordo do Sir Galahad. No final daquela tarde, 4 Skyhawk do 4º Grupo atacaram o navio de desembarque LCU F4 quando navegava de Goose Green para Fitzroy, transportando veículos. O navio foi rapidamente afundado, resultando em seis baixas. Entretanto, a PAC de Harrier alcançou os Skyhawk, abatendo 3 deles com mísseis Sidewinder.
A FAS lutou agressivamente até o fim. À medida que a resistência das forças terrestres entrava em colapso na área de Port Stanley, os Skyhawk do 5º Grupo e os Canberra de Trelew tentavam prestar apoio aéreo aproximado ao Exército Argentino engajado na batalha. Estes ataques não foram eficazes e, em um deles, um Canberra foi abatido, provavelmente por um míssil Sea Dart. No dia 14 de junho de 1982, com sua artilharia restante muito pequena e sem mais nenhuma esperança de obtenção de reforços, o General Menendez se rendeu, com 8.000 homens, em Port Stanley. A Inglaterra havia vencido a guerra.
Conclusão
A Guerra das Malvinas/Falklands oferece algumas importantes lições para a condução de uma moderna guerra aérea. Os ingleses aprenderam quão importante é um sistema de alarme aéreo antecipado de longo alcance para proteger a Armada. Os ataques realizados com Exocet alertaram todas as marinhas do mundo para o perigo que os mísseis antinavios representam. As 20 vitórias ar-ar conquistadas pelos aviões Harrier, empregando os mísseis AIM-9L Sidewinder, realçam a importância de se manter uma superioridade tecnológica sobre o oponente nas áreas de tecnologia de mísseis e de sistemas de direção. Mesmo uma pequena vantagem (e os Sidewinder possuíam muito mais do que uma simples vantagem sobre os Matra 530) poderá significar uma decisiva superioridade aérea sobre o inimigo.(25)
Para os argentinos, o fato de haver aprendido uma lição foi bem mais fácil de aceitar do que o de conviver com a humilhação de uma derrota. Os altos líderes militares foram culpados por tomarem uma série de decisões erradas que resultaram nas mortes de muitos bravos e dedicados argentinos, soldados, aviadores e marinheiros, homens que mereciam ter tido líderes muito melhores do que os que realmente tiveram. O General Galtieri e a Junta Militar cometeram o imperdoável erro de haver levado a Argentina a uma guerra sem que houvesse sido feito um prévio planejamento e preparo e, mesmo, sem a existência de uma minuciosa avaliação estratégica. Desde o início, o estratagema da Junta em ordenar a invasão das Malvinas/ Falklands foi um engano. Imediatamente após a ocupação das Malvinas/Falklands pela Argentina e a posição britânica de retomá-las através de uma campanha militar, os militares argentinos solicitaram, aos Estados Unidos, um pleno apoio de inteligência no caso de um conflito com a Inglaterra. Quando as autoridades americanas negaram tal pedido, afirmando que dariam total apoio à Inglaterra, sua antiga aliada, as autoridades argentinas ficaram, inexplicavelmente, surpresas com uma posição que seria bastante óbvia e previsível.(26) Os argentinos estavam tão convencidos da nobreza de sua causa que, simplesmente, supunham que os Estados Unidos e o resto do mundo apoiariam suas ambições nacionais. A Junta Militar ficou magoada com a posição americana e, incorrendo em um grosseiro erro de avaliação, não levou em conta que os Estados Unidos jamais tomariam o partido de uma ditadura que estivesse em conflito com a Grã-Bretanha, historicamente sua maior aliada.
O General Galtieri demonstrou uma notável ausência de conhecimento de modernas operações militares, quando insistiu em que as Malvinas/Falklands deveriam ser defendidas por uma grande força terrestre composta, em grande parte, por conscritos, pouco treinados, com pouco armamento pesado, e mais, sem que pudesse contar com uma linha de suprimento por mar, tornando-se totalmente dependente de uma tênue capacidade de transporte aéreo. Galtieri e a maioria de seus chefes militares de alta hierarquia demonstraram também possuir pouco conhecimento sobre o uso de tecnologia moderna na guerra. Um exemplo desta falta de visão consistiu no fato de que o Exército Argentino e a Força Aérea poderiam ter aumentado o comprimento da pista de pouso, em Port Stanley, em 2.000 pés e desdobrado seus Skyhawk e Dagger para as ilhas. Os argentinos possuíam, no continente, engenheiros, equipamentos e placas de aço, que lhes permitiriam ter realizado este aumento em cerca de uma semana.(27) Porém, para transportar os engenheiros, o material e os equipamentos para Port Stanley seria necessário utilizar a maioria da capacidade de transporte aéreo disponível. Como a decisão do General Galtieri foi defender a ilha com uma grande força terrestre, a possibilidade de desdobrar os caças para as ilhas tornou-se impraticável. Simplesmente não foi deixada uma suficiente disponibilidade de transporte aéreo para que esta opção pudesse ter sido considerada, muito embora vários entendidos de força aérea e de marinha, nos Estados Unidos e na Europa, pensassem (em abril de 1982) que, obviamente, esta seria a correta linha de ação a ser tomada.
O Vice-Almirante Lombardo, Comandante do Teatro de Operações, não se saiu muito melhor do que o General Galtieri como comandante operacional e estrategista. Sua decisão de desdobrar 24 Pucará, 6 Aeromacchi 339 e 6 Mentor para as Malvinas/Falklands torna-se difícil para a compreensão de um profissional militar. O que se esperava de uma força composta por aviões leves, (construídos para emprego em missões de contra-insurgência), operando em um ambiente aéreo repleto de Harrier armados com Sidewinder, navios equipados com os mais modernos mísseis antiaéreos e tropas terrestres com mísseis antiaéreos Rapier e Blowpipe? Este seria um ambiente por demais letal para aquele tipo de aeronave. Muitas das operações realizadas pelas unidades aéreas argentinas baseadas nas Malvinas/Falklands assemelhavam-se, curiosamente, a uma “carga de infantaria ligeira” enfrentando uma força de blindados. Os T-34 Mentor eram aeronaves de treinamento, armadas com uma pequena metralhadora e alguns foguetes usados para marcação de alvos para a artilharia. Os Aeromacchi também eram levemente armados e inadequados para ataques a navios. Contudo, isto não evitou que um deles realizasse um ousado passe atirando com seu canhão contra a Armada, danificando levemente um navio. De fato, este foi o total de danos que 36 aviões e 19 helicópteros baseados nas Malvinas/Falklands infligiram à Armada Britânica. Os T-34 voaram poucas missões de reconhecimento administrando a sua própria sobrevivência escondendo-se dentro das nuvens. Os Pucará lutaram valentemente mas foram ineficazes e quase todos foram destruídos ou indisponibilizados ao final da batalha.
Outra “grande” decisão do Almirante Lombardo foi a de enviar o velho cruzador General Belgrano (já com 43 anos de uso e poucas defesas anti-submarino), contra a Armada Britânica. O afundamento do General Belgrano foi o evento que causou a maior perda de vidas na guerra, sem que nenhum resultado positivo tivesse sido alcançado, exceto determinar que a Marinha Argentina permanecesse em segurança nos portos pelo resto da guerra.
O General Menendez, comandante das guarnições baseadas nas Malvinas/Falklands, demonstrou um entendimento extraordinariamente limitado dos princípios básicos da arte operacional. Ele desdobrou suas unidades de infantaria, mal treinadas e mal armadas, distribuindo-as em uma linha de defesa distendida e mal situada. Os ingleses facilmente invadiram as posições de Menendez uma por uma. Na realidade, as péssimas condições atmosféricas e os problemas logísticos causaram às brigadas do Exército Inglês e aos fuzileiros navais mais problemas do que o próprio Exército Argentino. Nestas considerações, não se pode deixar de lembrar-se novamente do Presidente da Junta e Comandante do Exército Argentino: como o General Galtieri foi capaz de acreditar que uma tropa de soldados mal treinados e mal armados poderia enfrentar a melhor infantaria do mundo, composta pelos Gurkas, o Regimento de Pára-quedistas Britânicos e os Reais Fuzileiros Navais? Aparentemente Galtieri e a Junta acreditavam que o patriotismo e o heroísmo poderiam superar todas as limitações e adversidades militares.
Sem dúvida, o único Comandante Argentino de de alta hierarquia que demonstrou verdadeira competência e profissionalismo na guerra foi o Brigadeiro Crespo, Comandante da Fuerza Aérea Sur. Considerando a inferioridade tecnológica da Força Aérea Argentina e da Força Aeronaval, os problemas de raio de ação, a falta de um número suficiente de aeronaves de reabastecimento em vôo, assim como a ausência de meios de reconhecimento, o Brigadeiro Crespo realizou um magnífico trabalho com as forças que lhe foram subordinadas. Ele teve apenas três semanas para organizar e treinar uma força de ataque para entrar em combate em uma campanha aeronaval (um tipo de operação para as quais somente duas pequenas unidades aeronavais haviam sido treinadas). Crespo soube tirar lições de seus próprios erros, aparentemente o único Comandante Argentino, de alta hierarquia, capaz disto. Após o dia 1º de maio ele declinou dos ataques a grande altitude, passando a empregar a melhor tática de aproximação a baixa altura. O seu improvisado Esquadrão Fênix foi uma maneira criativa para iludir a PAC inglesa. A habilidade do seu Estado-Maior em programar o apoio de reabastecimento em vôo e planejar inúmeros ataques aéreos em operações de longo alcance demonstra o alto nível de profissionalismo e competência de um sólido trabalho de equipe.
Os registros da FAS na Guerra das Malvinas/Falklands são bastante impressionantes. Os pilotos dos Esquadrões de Skyhawk, Dagger, Mirage e Étendard demonstraram notáveis habilidades de pilotagem e navegação durante as seis semanas de campanha. Os ataques realizados a baixa altura eram excepcionalmente perigosos e estressantes. Uma esquadrilha de Skyhawk voou a tão baixa altura para atingir a Armada Britânica que, no retorno, seus aviões tiveram que realizar uma aproximação por instrumentos, porque os pára-brisas tornaram-se por demais embaçados pelo sal da maresia. Embora os historiadores argentinos continuem a declarar que os danos à Armada Britânica foram muito superiores aos oficialmente admitidos pelos ingleses, os registros documentados pelos próprios ingleses sobre suas perdas são ainda bastante impressionantes quanto ao desempenho dos pilotos argentinos, considerando que a FAA não havia sido treinada para operações de ataque a navios. Os destróiers Sheffield e Coventry, as fragatas Ardent, Antelope, o navio de apoio Atlantic Conveyor, o navio de desembarque Sir Galahad e o barco de desembarque LCU F4 foram todos afundados por bombas e mísseis Exocet argentinos. Os destróiers Glasgow e Antrim, as fragatas Argonaut e Plymouth e o navio de desembarque Sir Tristram foram todos seriamente danificados, além de outros seis navios danificados em menor grau. Em resumo, pode-se afirmar que as maiores baixas e danos sofridos pela Força-Tarefa Britânica foram causados pela Fuerza Aérea Sur. Por estes feitos a FAS pagou um alto preço: a força de Skyhawk (4º e 5º Grupos da FAA) perdeu 19 aviões. O pequeno esquadrão aeronaval de Skyhawk perdeu 3 aviões. O 8º Grupo perdeu 2 Mirage. O 6º Grupo da FAA perdeu 11 dos seus 30 Dagger. O 2º Esquadrão de Bombardeiros perdeu 2 Canberra. No total, no decorrer das operações, a FAS perdeu 41% de suas aeronaves em combate e em acidentes operacionais. Esta é uma espantosa razão de atrito para qualquer Força Aérea; no entanto, o moral e o espírito de combate de suas equipagens nunca deixaram de existir em elevado grau.
O Comando de Transporte da Força Aérea Argentina desempenhou-se também de forma admirável. Durante o mês de abril, a pequena força de transporte mobilizou tudo aquilo que podia voar para transportar quase 8.000 soldados e 5.037 toneladas de suprimentos, armas, veículos e combustível, para as Malvinas/Falklands.28 Mesmo após a chegada da Armada Britânica e a declaração do pleno bloqueio aéreo das ilhas pelos britânicos, as aeronaves mantiveram-se voando para Port Stanley, à noite, transportando suprimentos e evacuando feridos. Até o último dia da campanha, os aviões de transporte da FAA voaram escondendo-se dos ingleses. Estas também foram operações altamente perigosas, culminando com a perda de um C-130 Hércules, abatido por um Sidewinder lançado por um Harrier.
Os artilheiros da antiaérea e os operadores de radar da FAA cumpriram suas missões com bravura e elevada competência durante toda a campanha. Sete aeronaves inglesas, incluindo 4 Harrier, foram abatidas pelas baterias de defesas antiaéreas.(29) Os operadores de radar da FAA em Port Stanley constituíam-se no único meio para a localização dos navios e aeronaves ingleses. Durante os ataques dos Skyhawk e Dagger, os operadores de radar de Port Stanley monitoravam os movimentos dos Harrier e alertavam as aeronaves argentinas de suas aproximações. Várias vidas e aeronaves da FAS foram salvas graças ao excelente trabalho de vigilância aérea realizado pelos operadores de radar em Port Stanley.
Pode-se concluir que a Força Aérea Argentina enfrentou inúmeras dificuldades e surpreendentemente desempenhou-se de maneira admirável. Palavras muitas vezes consideradas fora de moda, como coragem, bravura e honra, são as únicas que podem bem traduzir o desempenho em combate dos militares argentinos que lutaram na guerra, tanto da Força Aérea quanto da Força Aeronaval da Marinha. Enquanto a Junta e a maioria dos Altos Líderes Militares Argentinos apresentaram um modelo de como não iniciar uma guerra, os soldados do ar tornaram-se exemplos vivos de uma impressionante competência profissional nos níveis tático e operacional da guerra.
Notas
1. Para se ter uma visão geral das reivindicações da Argentina com relação às Malvinas/Falklands, veja-se Mariano César Bartolomé, El Conflicto Del Atlántico Sur, Buenos Aires: Círculo Militar, 1996. Veja-se também, Carlos Augusto Landaburu, La Guerra de las Malvinas, Buenos Aires: Círculo Militar, 1988.
2. Para um excelente resumo sobre a estrutura adotada pelo Comando Argentino e os problemas decorrentes, veja-se Alejandro Corbacho, “Improvisation on the March: Argentine Command Structure and its impact on Land Operations during the Malvinas/ Falklands War (1982)”, Um trabalho escrito apresentado à The Society for Military History Conference: Quantico VA April 2000.
3. Para uma história geral sobre as unidades e as aeronaves envolvidas na guerra, veja-se a história oficial: Dirección de Estudios Históricos, ed. Vcom Ruben Moro, Historia de la Fuerza Aérea Argentina, Tomo VI, Vols 1 and 2, Buenos Aires: Ejército Nacional, 1998.
4. Há vários livros que discorrem sobre detalhes da Força Aérea Argentina e suas aeronaves. Veja-se Roy Braybook, Battle for the Malvinas/Falklands; Air Forces, London: Osprey publishing, 1982; Salvador Mafe Huertas and Jesus Romero Briasco, Argentine Air Forces in the Malvinas/Falklands Conflict, London: Arms and Armour Press, 1987. Sobre as Escolas de Formação e de Treinamento da Força Aérea Argentina, veja-se José Antonio Bautista Castaño, “La Escuela de Caza y Bombardeo Argentina”, Revista de Aeronáutica y Astronáutica, Nov 2000, pp. 916– 921. Veja-se pp. 916–917.
5. Uma das melhores discussões sobre tecnologia e armamentos empregados na Guerra das Malvinas/ Falklands pode ser encontrada em Lon Nordeen, Air Warfare in the Missile Age, Washington DC: Smithsonian Institution Press, 1985 p. 191–206. Veja-se a tabela de armamentos empregados na pág. 233.
6. Grande parte destas informações foram retiradas do USAF Armaments Museum personnel, Eglin AFB, FL.
7. Victor Flintam, Air Wars and Aircraft, New York: Facts on File, 1990 pp 372–373.
8. Veja-se Corbacho.
9. Enrique Mariano Ceballos e José Raúl Buroni, La Medicina en la Guerra de Malvinas, Buenos Aires: Círculo Militar, 1992, p. 23. Este trabalho é, provavelmente, a melhor fonte que retrata a estrutura das unidades do Exército, da Marinha e da Força Aérea desdobradas nas Malvinas/Falklands.
10. A melhor história geral da guerra, sob o ponto de vista argentino, pode ser encontrado em: –– Comodoro Ruben Moro, Historia del Conflicto del Atlántico Sur, Buenos Aires: Escuela Superior de Guerra Aérea, 1985. Sobre os sistemas de armas britânicos, veja-se as páginas 157 e 158.
11. Capt Joseph Udemi, “Modified to Meet the Need: British Aircraft in the Malvinas/Falklands”, Airpower Journal, Spring 1989, pp. 51–64. Veja-se p. 58
12. O assunto de perdas e danos em combate é bastante complexo. Ambos os lados exageraram no que infligiram ao outro. Os argentinos possuem um elevado grau de exagero. As narrativas sobre ações de combate e perdas, que se seguem, foram coletadas, pelo autor, de arquivos e de historiadores oficiais argentinos. Para conhecer o ponto de vista argentino leia os trabalhos do Comodoro Ruben Moro. Para o ponto de vista britânico veja o relatório oficial pós-ação The Malvinas/Falklands Campaign: The Lessons, The Secretary of State for Defence, London, Dec 1982. Ambos os lados documentaram cuidadosamente suas próprias perdas, fornecendo, para cada aeronave perdida: circunstâncias, matrícula, unidade e o nome do piloto. Eu adotei o critério de computar as perdas pelo relato do próprio perdedor, e computei os danos pelo relato de quem os causou.
13. Os dois volumes do livro La Fuerza Aérea en Malvinas (1998) fornecem vários exemplos, completos, de ordens de missão, incluindo até os mapas, mostrando o planejamento para as aeronaves de ataque da FAS. Embora curto nas narrativas operacionais, a história oficial da Força Aérea Argentina apresenta, com riqueza de detalhes, todas as táticas de cada missão de ataque aéreo.
14. Para uma versão argentina da batalha de 1º de maio, veja-se Comodoro D. Ruben Moro, “Historia del Conflicto del Atlántico Sur”, Buenos Aires: Revista de la Escuela Superior de Guerra Aérea de la Fuerza Aérea Argentina, 1885, pp. 176–197.
15. Udemi p. 60.
16. Sobre o Super Étendard veja-se Christopher Chant, Super Etendard; Super Profile, Somerset: Winchmore Publishing, 1983.
17. Ibid., pp 48–49.
18. Moro, Historia del Conflicto… pp. 229–233.
19. Braybrook p. 24.
20. Ibid. Veja-se, também, Tulio Soto, “The T-34C Turbo Mentor in the Malvinas”, Latin American Aviation Historical Society Website, posted 2000.
21. Moro, Historia del Conflicto…pp 229–230.
22. Ceballos and Buroni, p. 22.
23. Sobre as reivindicações argentinas, veja-se “The Argentine Gazette” Part 2, Traduzido em The Royal Air Force Air Power Review, Vol. 3, No. 4, Winter 2000: 87–108. Veja-se a página 95.
24. Para uma versão argentina do confronto veja-se Moro, Historia del Conflicto, pp. 416–427.
25. The Malvinas/Falklands Campaign: The Lessons, publicado pelo the British Defence Ministry em Dez 82. Apresenta, em detalhes (302 parágrafos), a descrição das lições aprendidas na Guerra das Malvinas/Falklands, para servir de base a uma futura doutrina militar e ao necessário desenvolvimento tecnológico.
26. Entrevista com o analista sobre a América Latina Stephen Schwab, funcionário aposentado da CIA, 24 de maio de 2001.
27. Earl Tilford, “Air Power Lessons”, in Military Lessons of the Malvinas/Falklands War: Views from the United States, eds Bruce Watson and Peter Dunn, Boulder; Westview Press, 1984, pp. 37–50. Veja pp. 38–39.
28. Moro, Historia del Conflict, p. 140.
29. The Malvinas/Falklands Campaign: The Lessons Annex C. 14 helicópteros foram perdidos quando os navios, nos quais se encontravam, foram afundados. 12 aeronaves, incluindo 4 Harrier, foram perdidas em acidentes operacionais.
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Colaborador
O Dr. James S. Corum (Mestrado em Artes, Brown University; Mestrado em Literatura, Oxford University; Doutorado, Queen’s University (Canadá) é professor de estudos comparativos militares na Escola de Altos Estudos do Poder Aéreo [School of Advanced Airpower Studies] da USAF, Base Aérea Maxwell, Alabama. Major da Reserva do Exército dos EUA, já lecionou na Queen’s University do Canadá. O Dr. Corum é o autor de The Roots of Blitzkrieg: Hans von Seeckt and the German Military Reform (1992), The Luftwaffe: Creating the Operational Air War, 1918– 1940 (1997) e de numerosos artigos sobre história militar e conflito de baixa intensidade.
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