Re: Artigo Brigada de Infantaria Paraquedista
Enviado: Sáb Set 21, 2013 11:25 am
Pois eis o cerne da questão como a vejo, cabeça.cabeça de martelo escreveu:As Tropas Pára-quedistas fazem parte do tipo de tropa iminentemente expedicionária, como tal podem tanto ser usadas para todo o tipo de missões já que estão melhor treinadas que a esmagadora maioria das unidades do Exército. A questão não se coloca nos cenários que se conhecem, mas sim nos que podem surgir em pouco tempo. Se dissessem-me quando eu estava a servir que poucos anos depois alguns dos militares com quem eu lidei directamente iriam estar no Afeganistão... eu iria rir!
No entanto foi o que aconteceu e apesar de a esmagadora maioria das pessoas para e simplesmente desconhecer, quantas e quantas vezes os Páras (e outras Tropas especiais), são colocadas em prontidão máxima por causa de alguma revolta em áfrica, algum atentado em algum país amigo, etc.Se for dado o sinal verde, eles vão mesmo!
Se fores ver por esse prisma, então para quê Carros de Combate e Brigadas Mecanizadas no Exército Brasileiro?
abs.Clermont escreveu:A idéia do uso de forças paraquedistas em qualquer escala maior do que batalhão, em guerra convencional moderna é, no mínimo, altamente discutível. Há casos, em operações menores como a invasão do Panamá, onde se fizeram saltos de paraquedistas, supostamente, apenas para que os oficiais e praças da unidade americana em questão pudessem receber condecorações por salto em ação de guerra. Pelo menos, esta era a opinião de um almirante integrante do alto-comando dos Estados Unidos.
Então, eu acho que há muita verdade no comentário de FCarvalho. Mas, há dois pontos a se ressaltar. Em primeiro lugar, para um país da extensão territorial do Brasil, com uma pobreza de vias de transporte de massa, parece muito importante dispor da possibilidade de lançar pelo ar uma força-valor batalhão, em curto espaço de tempo. Eu não conheço a doutrina do uso de paraquedistas na selva, mas, pelo menos como forma de reforçar guarnições isoladas nas fronteiras, talvez seja um trunfo importante para o país.
Clermont, a BgdaInfPqdt treina normalmente saltos aquáticos na região norte do país, e desenvolve doutrina sob este aspecto, já que na prática não há muitos espaços para se saltar por lá. Então como a região é entrecortada extensamente por rios, a alternativa mais factível de infiltração é por água.
Contudo, fora esta 'alternativa', com o desmatamento atual, as regiões sul do Para e o Estado de Rondônia, praticamente quase que todo desmatada, possuem enormes áreas para salto. A questão apenas é que, ao contrário do que se propagou por muito tempo por aí, a amazônia não é uma planície, mas uma região de planalto. E encontrar 'brechas' que permitam uma ZL segura para a tropa não é objetivamente uma das coisas mais fáceis.
Outra consideração é que, tal capacidade de lançamento de tropas, pelo menos ao escalão-batalhão, com reforço de elementos de artilharia e outras armas, é extremamente difícil de adquirir e manter. Portanto, seria temerário perdê-la: em caso de necessidade, seria impossível reconstituir uma formação dessas. E, para contar com a possibilidade de lançamento de um batalhão, parece obrigatório que exista pelo menos, uma brigada completa com, no mínimo, três unidades e os elementos de outras armas de apoio.
Atualmente cada um dos btls da BgdaInfPqdt forma uma FT, que dependendo da missão, pode ocupar-se da mesma contando com os auxílios necessários. Em todo caso, salvo engano, existe somente um único btl totalmente operacional, que se não estou enganado é o 26o btlPqdt, com os demais o 25o e 27o fazendo as vezes do treinamento/formação da tropa. Não sei qual o nível atual de adestramento destes, mas a julgar pelo que se fala por aí, em tese todos os três btls tem condições de pronto emprego, com prioridade para o 26o.
Agora, em guerra de insurgência, como as do Iraque e Afeganistão, as forças da Coalizão talvez tenham perdido a oportunidade de utilizar o salto de paraquedistas como elemento de decisão. Eu já li opiniões que afirmam que, paraquedistas poderiam ter sido mais úteis do que tropas helitransportadas, em ações para surpreender e encurralar forças insurgentes. Mas tais ações não foram empreendidas por timidez dos altos-comandos e temor da possibilidade de baixas afetando a opinião pública interna.
cabeça de martelo escreveu:Leiam:
http://www.operacional.pt/operacao-hot- ... -quedista/
http://www.operacional.pt/zeus-13-teste ... -imediata/
Penso que Talharim não aprovará esse tipo de promiscuidade militar com horríveis franceses...
Paraquedista francês do 3º Regimento de Paraquedistas de Infantaria Ultramarina (esquerda) e paraquedista português do 1º Batalhão de Infantaria Paraquedista.
Aí por volta das décadas de 1970-1980, o 26º Batalhão era composto apenas por soldados engajados voluntariamente (isto é, depois de cumprirem o ano de serviço militar obrigatório), enquanto os outros dois batalhões eram compostos apenas por soldados conscritos. Isso tornava o 26º Batalhão o equivalente do Exército aos batalhões profissionalizados do Corpo de Fuzileiros Navais.FCarvalho escreveu:Em todo caso, salvo engano, existe somente um único btl totalmente operacional, que se não estou enganado é o 26o btlPqdt, com os demais o 25o e 27o fazendo as vezes do treinamento/formação da tropa. Não sei qual o nível atual de adestramento destes, mas a julgar pelo que se fala por aí, em tese todos os três btls tem condições de pronto emprego, com prioridade para o 26o.
É claro que não, mas não deixa de ser verdade que os Páras Franceses são dos melhores do mundo (segundo a reputação na minha unidade).Clermont escreveu:cabeça de martelo escreveu:Leiam:
http://www.operacional.pt/operacao-hot- ... -quedista/
http://www.operacional.pt/zeus-13-teste ... -imediata/Penso que Talharim não aprovará esse tipo de promiscuidade militar com horríveis franceses...
Paraquedista francês do 3º Regimento de Paraquedistas de Infantaria Ultramarina (esquerda) e paraquedista português do 1º Batalhão de Infantaria Paraquedista.
Eu pessoalmente não tenho qualquer problema em ter à disposição tropas com se calhar demasiadas qualificações, já o contrário tenho e muito. De qualquer maneira o que eu vejo hoje em dia na Europa é haver no seio das unidades Pára-quedistas batalhões com diferentes capacidades operacionais, um exemplo disso são os Páras Britânicos que têm 2 Batalhões de Infantaria Pára-quedista "normais" e um do que poderemos chamar "Ranger", ou seja, o tipo de missão para o qual foram treinados são missões mais sensiveis e mais vocacionados para apoiar directamente as Forças de Operações Especiais (SAS, SBS, etc). Nos Páras Espanhóis também temos Batalhões com treino e capacidades diferentes, em Portugal a BRigRR tem 2 Batalhões de Infantaria Pára-quedista, 1 de Comandos e a Força de Operações Especiais.FCarvalho escreveu: Pois eis o cerne da questão como a vejo, cabeça.
As tropas pqdt atuais estão muito mais para tropas de pronta reação, assim como se faz, também, com as inf mth, leve, aeromóvel e fuznvs, em cenários circunspectos e objetivos, do que propriamente uma tropa tal como foi pensada nas suas origens, enquanto ponta-de-lança de um conjunto maior, visando também objetivos maiores.
Ou seja, estás certo ao colocá-las como ideais para os tipo de trabalho que hoje tem, seja nas missões extra-território, como ajuda humanitária ou intervenção militar, mas creio eu que o fato é que os pqdt's em certo sentido perderam muito daquela aura toda de tropa alada estratégica, para operações "atras das linhas inimigas" em favor de uma maior e melhor capacidade de prontidão reativa pontual e específica, voltadas a cenários menos, ou nem tanto assim, complexos, mas que mal ou bem se poderia fazer, e se faz, com outras tropas e outros meios, como as citas acima.
Neste sentido, poder-se-ia dizer que a existência da capacidade de salto hoje, não é mais senão que um acessório de luxo para esta infantaria, já que na maior parte do tempo, este recurso não seria mais necessário à maior parte das missões assumidas hoje, como bem exemplificastes, ou quando e se muito, poderia se tornar mesmo um instrumento perigoso para a tropa em si e para as operações de entorno, visto que a questão da tal da "consciência situacional" dos campos de batalha hoje, ao menos no nível dos exércitos melhor equipados e situados, dificilmente se conseguiria passar em brancas nuvens qualquer salto que fosse deste tipo de tropa, ao menos no nível btl para cima, como citou o clermont.
Mas se as restrições e a funcionalidade do saltar dos pqdt's estão ficando cada vez mais restritas, e porque não dizer, raras também, há de notar-se que ela ainda assim constitui um instrumento importante, e penso, indispensável, enquanto recurso último válido para ações militares específicas e pontuais onde o seu uso possa realmente trazer alguma vantagem significativa para a alteração do cenário do TO em questão.
Exemplo disso como citei anteriormente, foi o caso francês no Mali, onde houve o salto em nível btl, presumo, e que serviu, como nas suas origens, para dar suporte em profundidade ao avanço de outras tropas que também faziam parte daquele primeiro esforço de intervenção francesa naquele país. Neste tipo de situação como a malinesa, onde a ausência de um suporte logístico local se faz sentir, o uso de pqdt's tronar-se mais do que louvável, antes indispensável. E mesmo para um país como o Brasil, que não tem querelas com vizinho nenhum a pelo menos uns duzentos anos, a manutenção da capacidade de salto de tropa pqdt constitui-se ainda em um requisito importante da reserva estratégica do comando do EB, desde que, dadas as condições de uso e apoio necessários ao seu emprego como tal. De outra forma, como tu dissestes, os o seu emprego se dará igualmente aos demais "pé-preto" existentes no resto da tropa, com a diferença de terem um pouco mais de melhores recursos e treinamento do que aqueles.
abs.
Pois sim, cabeça. Aqui no Brasil, o que vemos, é o EB investindo já desde os anos 90's na 'especialização' de suas tropas em nível de bgdas, seja transformando ou adaptando-as ao tipo de missão que cada uma deverá dispor em termos de capacidade e competência. Exemplo mais recente disso foi a transformação, enfim diga-se de passagem, da 4a BgdaInfMtz em Leve (Mth). Nada com muito semelhante com a 12a BgdaInfLv que é a nossa 'aeromóvel' e algo parecido, em termos, com os Ranges americanos. E assim sucessivamente o EB prevê outras bgdas ditas leves mas que no final continuarão sendo bdgas mtz, só que reequipadas, reorganizadas e quiçá modernizadas em seus recursos, formação e treinamento. Muda-se os nomes mas nem tanto assim as condição essencial destas.cabeça de martelo escreveu:Eu pessoalmente não tenho qualquer problema em ter à disposição tropas com se calhar demasiadas qualificações, já o contrário tenho e muito. De qualquer maneira o que eu vejo hoje em dia na Europa é haver no seio das unidades Pára-quedistas batalhões com diferentes capacidades operacionais, um exemplo disso são os Páras Britânicos que têm 2 Batalhões de Infantaria Pára-quedista "normais" e um do que poderemos chamar "Ranger", ou seja, o tipo de missão para o qual foram treinados são missões mais sensiveis e mais vocacionados para apoiar directamente as Forças de Operações Especiais (SAS, SBS, etc). Nos Páras Espanhóis também temos Batalhões com treino e capacidades diferentes, em Portugal a BRigRR tem 2 Batalhões de Infantaria Pára-quedista, 1 de Comandos e a Força de Operações Especiais.FCarvalho escreveu: Pois eis o cerne da questão como a vejo, cabeça.
As tropas pqdt atuais estão muito mais para tropas de pronta reação, assim como se faz, também, com as inf mth, leve, aeromóvel e fuznvs, em cenários circunspectos e objetivos, do que propriamente uma tropa tal como foi pensada nas suas origens, enquanto ponta-de-lança de um conjunto maior, visando também objetivos maiores...
Em relação ao custo, há formas de reduzir muito substâncialmente o custo da formação e manutenção dessa capacidade. Olha o exemplo Belga! O Estado-Maior da BrigRR queria fazer algo semelhante exactamente por isso, mas o governo só vê as coisas a curto prazo e não vê essa necessidade.
Pois é cabeça. Paras sempre haverão em qualquer exército do mundo por aí que se possa dar este nome. A diferença é que cada vez mais se exige especialização e foco na missão, e isto de certa forma tende a diminuir cada vez mais o número de tropas disponível para estas missões, seja porque sua manutenção é cara, seja porque não são mais tão necessárias assim como eram antigamente. O exemplo americano que citastes ilustra bem isso. Nomes e títulos de OM's poucas vezes dizem respeito a real capacidade destas. O resto, fica a saber aqueles a quem elas enfrentarão.cabeça de martelo escreveu:Pelo que escreveste não vejo de estranho, esse processo é algo que também tem acontecido em vários paises da OTAN. Neste momento o que não falta são Exércitos onde existe unidades (Brigadas, Divisões) Pára-quedistas, Aero-móveis, Montanha, etc.
É algo perfeitamente normal e compatível com qualquer Exército de alguma dimensão.
EUA: 101ª e 82ª Divisões
Espanha: BriParas e BriLat
...
Já vi unidades Pára-quedistas serem transformadas em Aero-móveis, Rangers e até de Fuzileiros Navais, tudo é possível! Mas em todos esses países com excepção da Austrália, manteve-se sempre uma unidade Pára-quedista.
Entendi, no entanto o EB considera as Bdas de Sl como especiais, tanto que todas estão em experimentação. Não existe nenhuma pronta, ou projeto acabado.FCarvalho escreveu:Jauro, este é um velho cabôco amazonense que vos fala. Na minha cabeça, talvez por ter nascido, criado e ser morador de lá, me parece estranho definir infantaria de selva como sendo especial. Porque simplesmente para a minha cabeça, seja algo tão normal, quanto trivial, ao contrário de você e de outros tantos brasileiros que tem, por assim dizer uma visão de fora e um tanto quanto que "mistica" da região. Não entendas isso como um desmerecimento aos meus conterrâneos, mas para uma amazônida, guerra na selva é algo tão comum e lógico quanto um gaúcho não conseguir descrever guerra sem cavalaria ou um nordestino falar de guerra sem tocar na caatinga.
Quanto ao BtlFE's, acredito que é mera questão de semântica Jauro, pois não se tem ali em Goiás homens em qtde suficiente para forma tal btl de FE. A não ser que o EB esteja considerando que uma OM do tamanho de um Cia possa ser entendida como um Btl. Explicações por favor.
Quanto a mecanização tudo certo que a 15a InfMec está sendo a primeira a sofrer o processo. Coloquei a 9a InfMtz por se tratar de unidade escola e de experimentação doutrinal do EB. Assim sendo, posso crer que no médio/longo prazo a lógica nos indique que ela venha a permanecer em tal condição de referência quando de sua mecanização, seja lá quando for que isto aconteça.
ps: a única OM de slv que conheço na categoria FAR-E é o 1o BIS de Manaus. A nível Bgda desconheço que qualquer das que lá estão seja identificadas desta forma pelo EB.
abs.