Re: UCRÂNIA
Enviado: Seg Fev 17, 2025 10:08 pm
E pensar que há 80 anos havia tropas brasileiras lutando no mesmo continente... parece que não evoluíram tanto assim: sempre precisando de outros pra limpar suas cagadas.
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Mas dessa vez a cobra pode fumar plutônio.EduClau escreveu: Seg Fev 17, 2025 10:08 pm E pensar que há 80 anos havia tropas brasileiras lutando no mesmo continente... parece que não evoluíram tanto assim: sempre precisando de outros pra limpar suas cagadas.
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Difícil algum dos lados aceitar como força de paz países que estão envolvidos no conflito.EduClau escreveu: Seg Fev 17, 2025 9:33 pm US suggests Brazil, China participate in Ukraine 'peacekeeping force' — report
According to The Economist, Washington believes peace in Ukraine would be better if not only Western troops were present along a ceasefire line
https://tass.com/world/1914411
Sds
P44 escreveu: Ter Fev 18, 2025 4:20 am Parece que o Micron não foi à reunião de emergência convocada por ele próprio![]()
cabeça de martelo escreveu: Ter Fev 18, 2025 12:22 pm Ucrânia 2025: meia derrota, meia vitória e reforço da NATO na Europa
Miguel Machado Tenente-coronel PQ na reforma
A NATO, sem disparar um tiro, teve sucesso na contenção do ataque convencional da Federação Russa em direção ao Ocidente, e está hoje mais capaz de cumprir os objetivos defensivos da democracia que se vive nos Estados-Membros.
Quando a Federação Russa invadiu em larga escala a Ucrânia em Fevereiro de 2022, a generalidade dos observadores, depois de 24 horas antes não acreditarem nessa possibilidade, imaginou uma vitória rápida. As poderosas forças convencionais russas que anualmente víamos desfilar na Praça Vermelha, mostravam ao mundo profissionalismo, material moderno e determinação política no comando. Imaginei mesmo que uma nova “fronteira da liberdade” estava a ser traçada no Flanco Leste da NATO, frágil, algures pela Roménia, Moldávia, Hungria, Chéquia, Polónia e países Bálticos. A Ucrânia e o seu povo cairiam para lá desta nova “cortina de ferro”, o sonho da Europa Ocidental, terminaria. Geórgia e Moldávia, por não serem da NATO, poderiam ser as próximas vítimas a cair sob a alçada do autoritarismo russo que se julgava imparável.
Afinal, os ucranianos quiseram lutar com uma coragem que muitos pensavam impossível, suportados pelo apoio militar (sobretudo) dos países da NATO. A dimensão do empenhamento de alguns dos países da Aliança Atlântica foi enorme e nas mais diversas vertentes. De algumas destas vertentes certamente nem tão cedo saberemos detalhes, mesmo que se possam tentar adivinhar. Também o apoio financeiro do chamado Mundo Ocidental foi enorme, o que conjugado permitiu à Ucrânia sobreviver e conter as forças russas, as quais, mesmo assim, ocupam parte significativa do país, uns 20%.
Esta ocupação, como sabemos, começou em 2014 (Crimeia, Donbass), com 7% de território ocupado e uns milhões de ucranianos a viver debaixo da tutela russa. Assunto pouco referido por cá - mesmo admitindo que parte deles se sintam russos - as condições de vida destes ucranianos transformados em russos, uns há mais de 10 anos, outros desde 2022. É difícil saber, aquelas regiões estão debaixo de férreo controlo do ocupante.
Muitos consideram não ter sido suficiente o apoio militar ocidental. Poderia ser mais significativo e atempado, diz-se. Mas na realidade foram enormes quantidades de material de guerra de diferentes tipologias – dava para equipar totalmente os exércitos de vários países da NATO, o nosso incluído – milhões de toneladas de “consumíveis” e capacidades únicas em termos de informações. Muitos milhares de milhões de euros/dólares saíram do Ocidente. O impacto disso nas nossas economias não deve ser negligenciado.
O salto tecnológico nesta guerra é tremendo, segue naturalmente o padrão de muitos outros conflitos ao longo da história. Também colhem benefícios os países da NATO, as suas forças armadas e indústrias de defesa, dos veículos aéreos não tripulados à ciberguerra, muita coisa mudou, acelerou.
Mas esta guerra veio também provar, à evidência, e com uma brutalidade que no Ocidente muitos nem acreditavam fosse possível neste século, que a capacidade individual do soldado, a sua moral e rusticidade é, continua a ser, como sempre ao longo da história, o factor-chave da vitória, da resistência de um país. O “soldado tecnológico” não é um ser franzino atrás do ecrã – embora também os haja – tem de ser um combatente capaz de resistir, em 2025, a condições de vida que lembram as de Verdun ou La Lys, há mais de 100 anos!
Admitindo que as armas se podem calar, afinal quem ganhou a guerra?
tudo parece indicar que, em breve, o conflito poderá ficar congelado, mesmo que a verdadeira paz fique para…não se adivinha quando. Ucranianos e russos perderam centenas de milhares de militares, a maioria jovens. Uma terrível ferida que vai permanecer por gerações. Muitos outros estropiados para a vida. Cada um dos mortos é uma perda irreparável, neste aspecto são ambos perdedores. Muitos milhões de ucranianos tiveram de abandonar o seu país, outros dentro da Ucrânia as suas terras de sempre, são de longe os maiores perdedores neste aspeto, mesmo que na Rússia também tenha havido alguma deslocação de habitantes. Na Rússia, como na Ucrânia, dezenas (centenas?) de milhares de jovens fugiram ao serviço militar – uns antes da convocação, outros desertaram. Poderão um dia regressar, haverá amnistia ou antes perseguições? São problemas que permanecerão no tempo de ambos os lados.
Se pensarmos nos objetivos iniciais de ambos os países, perderam os dois: um porque queria a Ucrânia integrada na Federação Russa, ou no mínimo dominada; outro porque não só não admitia perder território em 2022 como pretendia voltar às parcelas que os russos já tinham ocupado antes de lançarem o ataque de Fevereiro. Na realidade, não são dois perdedores iguais, a Ucrânia “perde mais” ou mesmo “muito mais”. Vai ficar amputada de parte importante do seu território, perde população e recursos naturais, industriais e agrícolas. Muitas cidades, vilas e aldeias estão destruídas, os problemas com minas/munições e os seus efeitos vão permanecer por muitos anos. A Federação Russa aumenta o seu território com uma área importante – embora parta também com alto grau de destruição, note-se – aumenta a sua população, recursos naturais, industriais e agrícolas e até consolida espaços com real importância estratégica e mesmo historicamente simbólica, como é o caso da Crimeia.
E agora, o que se seguirá?
As Forças Armadas da Ucrânia vão certamente consolidar no futuro próximo um formidável aparelho militar, imagino dos mais competentes exércitos europeus, a sua importância na sociedade ucraniana vai seguramente ser muito relevante. Terá isto influência na democratização do país, imprescindível no seu caminho para a União Europeia? Ou a tentação autoritária poderá voltar? Será difícil tentar prever a reação da sociedade e das suas elites ao desfecho da guerra. Veremos.
A Rússia por seu lado vai continuar com o processo de rearmamento que iniciou e modernizar o seu aparelho militar. Diga o que disser a sua propaganda, esta guerra não foi de molde a deixar uma imagem de competência nas Forças Armadas da Federação Russa e certamente vão querer mudar isso. A guerra de sombras e as interferências nos vizinhos e no Ocidente serão para continuar, ninguém duvide. O regime autoritário, esse parece estar para ficar por muitos anos, mas…nunca se sabe, lembremos a URSS. Veremos.
A NATO, sem disparar um tiro, teve sucesso na contenção do ataque convencional da Federação Russa em direção ao Ocidente, e está hoje mais capaz de cumprir os objetivos defensivos da democracia que se vive nos Estados-Membros; ganha ainda em termos de conhecimento e de material de guerra disponível, o qual está a aumentar significativamente depois de décadas de perigoso desinvestimento; acolheu dois novos países-membros, democracias consolidadas com boas capacidades militares e económicas, e, no caso da Finlândia, com uma extensa fronteira com a Rússia.
Se a NATO – sobretudo os parceiros europeus mais relevantes - mantiver a postura que tem neste momento, a probabilidade da Federação Russa entrar em novas aventuras expansionistas para Ocidente é reduzida. Sabendo que vai ser travada, não avançará. Pelo contrário, se caladas as armas na Ucrânia, a Ocidente se voltar a acreditar que a Rússia é um país como qualquer outro, arriscamos novos 24 de Fevereiro de 2022. Podemos certamente lidar com a Federação Russa em paz, como lidamos com tantas outras autocracias por esse mundo, mas nunca esquecendo a sua natureza.
Estamos sem dúvida numa nova paz armada, à falta de melhor definição, mas nesses tempos que antecederam a 1.ª Guerra Mundial, entre várias outras diferenças, os principais países europeus era rivais e não havia NATO que deve continuar a ser a aliança que evita guerras internas e defesa contra agressões externas. Quanto melhores forem as suas capacidades, maior será o tempo de paz em que todos queremos viver. E isto é naturalmente mais verdade nos pequenos países e mais ainda nos que estão na “fronteira da liberdade”.
Convém ter presente – e isto devia ser matéria escolar – que a paz é sempre, goste-se ou não, um espaço de tempo entre duas guerras. Muitos apostam no desmantelamento da NATO, na sua substituição por outra coisa qualquer, justificando-se com anteriores operações desnecessárias, lideranças políticas polémicas, erros vários. Pois parece-me que o caminho mais seguro é investir na Aliança, torná-la mais capaz de continuar a cumprir a sua missão de defesa da democracia ocidental, o que feitas bem as contas, tem cumprido com sucesso há mais de 75 anos.
https://expresso.pt/opiniao/2025-02-18- ... 1739885620
O The Sunday Times apresentou um infográfico visual comparando os principais indicadores militares dos EUA, Rússia e Europa.
cabeça de martelo escreveu: Ter Fev 18, 2025 2:46 pm Sim, sim, nunca ouviste falar de Forças de manutenção da paz? O senhor Tenente-coronel Miguel Machado foi dos primeiros a ir para a Bósnia, pergunta-lhe a ele como é.
PS: Maria Vieira como fonte...