Revanchismo sem fim
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Re: Revanchismo sem fim
Deixa ver se entendi: a Constituição tem em seu texto uma MENTIRA PROPOSITAL???
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Re: Revanchismo sem fim
Então os justiçamentos dos guerrilheiros e assassinatos de inocentes CIVIS em atentados estão fora dessa revisão histórica?Brasileiro escreveu:Portanto, estamos falando sobre um conjunto de crimes, uns mais graves, outros menos, porém todos de uma mesma natureza, que não só eliminava sistematicamente pessoas (isto até um bêbado com uma faca sabe fazer), mas mediante tortura, mediante o sumiço dos cadáveres, a mentira nos atestados de óbito, a prisão seletiva e em massa de pessoas que estava fazendo algo que aos olhos do direito internacional tinham o direito de fazer: Lutar contra um regime antidemocrático.
Antes fosse apenas os "companheiros" não aceitando a auto-anistia. Só que não. Basicamente TODOS os países democráticos no mundo, por meio dos organismos de justiça internacional condenam essa aberração jurídica, tirando, claro as ditaduras. E se nós não somos uma ditadura, o que estamos fazendo afinal ao manter de pé esse monstrengo?
E porque tem vários vivos até hoje que também lutaram contra mas não pegaram em armas? Esses que pegaram em armas eram EXTREMISTAS, e em todo país que tem extremistas, eles acabam morrendo.Brasileiro escreveu:Oras, foi a esquerda que pegou em armas porque foi justamente ela quem foi proibida de existir!!! O que fazer quando se é proibido de existir???
Pode admitir, Brasileiro... Já pensou: "República Popular Socialista do Brasil"!!Brasileiro escreveu:Amanhã, se quiserem proibir a direita (ainda que fosse minoria, hipoteticamente) de existir, pode me chamar que eu vou lá dar tiro também! Me representa? NÃO! Mas quero que continue lá para quem quiser ser de direita!
Não te deu um arrepiozinho?
Cuba não, pelo tamanho seria uma China.Brasileiro escreveu:O que não cola mais é essa de cuba-brasileira..... ou será que viramos os EUA-brasileiros só porque fomos tomados por um regime de direita e capitalista?
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Re: Revanchismo sem fim
Então, na sua opinião, a lei da anistia foi aquela mentirinha que se conta em uma situação dificil e depois da uma facada nas costas?Brasileiro escreveu:A lei da anistia precisa ser interpretada tendo em mente o contexto da época. Era o que podia ser feito naquele momento, com o intuito de se dissipar o clima de violência e medo. Na época, ela foi um instrumento útil para a apaziguação e propiciar um clima para que a democracia fosse restituída. Ou seja, o governo estendeu uma mão, sabendo que aquele regime não duraria muito mais tempo, mas também providenciou um meio para que seus membros ficassem de roupa limpa a partir dali.
Porém, HOJE, em 2013, com uma democracia já bem consolidada, temos totais condições de, se for o caso, declará-la inconstitucional, ou não, mantê-la. À época foi útil, hoje não é mais, não existe mais uma ameaça institucional que justifique esta ferramenta.
Do jeito que foi aprovada, foi mais um meio (tanto para a pacificação, no que FOI útil, quanto para a livração de cara pelo regime) do que um fim.
E, se fosse revogada, ela seria revogada só para um lado?
Desculpe... Constitucional ou não a lei da anistia é menos pior do que as propostas que leio por ai...
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Re: Revanchismo sem fim
Fiquei abismado com essa de "a lei só vale quando convém", daqui a pouco se invoca esse belo "princípio jurídico" para se acabar com o Ato Jurídico Perfeito, Direitos Individuais, Cláusulas Pétreas e por aí vai, bela "refundação" do Brasil estamos vendo, 1984 está chegando mesmo, pelo jeito...
XIIII, acho que cometi CRIMIDÉIA!!!
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Re: Revanchismo sem fim
É realmente o que convém, interpretam como querem e ponto final.
E quem for contra é torturador, ditador, facista...
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Re: Revanchismo sem fim
A lei é anterior à constituição e não foi feita por causa dela ou levando-a em consideração, até porque sequer existia, então essa pergunta não faz sentido.Túlio escreveu:Deixa ver se entendi: a Constituição tem em seu texto uma MENTIRA PROPOSITAL???
À época da constituição, acharam por bem mantê-la. Ok. Mas se HOJE -e a qualquer momento-alguém quiser contestá-la, pode, não pode? Assim como querem mexer na maioridade penal e outras coisas, isto pode ser feito.
Para o lado que não só planejou ou tentou, mas materializou e levou a cabo (como política de Estado) a destruição física dos seres humanos que estavam do outro lado.Marechal-do-ar escreveu:E, se fosse revogada, ela seria revogada só para um lado?
A isto damos o nome de crime contra a humanidade, para os quais não existe anistia, e para a nossa lei, não há prescrição.
abraços]
Editado pela última vez por Brasileiro em Qua Mai 22, 2013 11:56 pm, em um total de 1 vez.
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Re: Revanchismo sem fim
Uma ADIN só pode ser julgada no STF, e este meu caro já declarou que a ANISTIA está valendo. Se por um acaso o STF declarasse que a lei é inconstitucional e adicionalmente declarasse que os crimes não estão prescritos , ele acabaria de vez com toda a segurança jurídica no Brasil e o Judiciário seria acometido de um suicídio coletivo. E, além disso,se tudo isso acontecesse(em hipótese) os crimes de atentados a bomba, assaltos a bancos, roubo de armas,assaltos de carga,justiçamentos, crimes de guerrilha etc,perpetrados pelos grupos terroristas de esquerda ,também deixariam de anistiados e todos seriam julgados, pois qualquer coisa diferente disso seria algo totalmente INSANO.Brasileiro escreveu:Pára tudo: Uma lei posta em votação numa casa dividida entre um partido oficial do governo, que na época representava 60% do total, e um enfraquecido partido de oposição-permitida, e queres dizer que foi um processo democrático? Estás maluco???
Ao contrário da ARENA, o MDB praticamente não conseguiu fazer emendas ao projeto de lei lei, que foi aprovado com 5 votos de diferença, mesmo com todas essas condições "democráticas" que eu citei no parágrafo acima. ERA AQUILO OU NADA! Para o governo, ótimo, dos males o menor!
E não! O projeto aprovado, com emendas majoritariamente da ARENA, tinha sido encaminhado pelo governo Figueirdo, e não pelo MDB! Nesse texto copy-paste, você citou o nome do deputado Djalma Marinho, que foi quem incluiu a emenda que trazia caráter "total e irrestrito" à lei, mas esqueceu de dizer (pois não estava no texto original) que este deputado era da ARENA! Ou seja, era um deputado de um partido oficial de um regime antidemocrático, trazendo uma emenda que viria a livrar para sempre a cara dos agentes do regime!
A lei da anistia precisa ser interpretada tendo em mente o contexto da época. Era o que podia ser feito naquele momento, com o intuito de se dissipar o clima de violência e medo. Na época, ela foi um instrumento útil para a apaziguação e propiciar um clima para que a democracia fosse restituída. Ou seja, o governo estendeu uma mão, sabendo que aquele regime não duraria muito mais tempo, mas também providenciou um meio para que seus membros ficassem de roupa limpa a partir dali.
Porém, HOJE, em 2013, com uma democracia já bem consolidada, temos totais condições de, se for o caso, declará-la inconstitucional, ou não, mantê-la. À época foi útil, hoje não é mais, não existe mais uma ameaça institucional que justifique esta ferramenta.
Do jeito que foi aprovada, foi mais um meio (tanto para a pacificação, no que FOI útil, quanto para a livração de cara pelo regime) do que um fim.
abraços]
Pelo seu pensamento, a ANISTIA acabaria, os milicos iriam pra cadeia e para os terroristas, haveria um abolitio criminis, não existindo SÓ PARA ELES(OS TERRORISTAS!!!!!!!) nenhum crime de roubo, homicídio, atentado a bomba.Isso só pode uma piada, como piada é aquela comissãozinha de merda criada por uma ex-terrorista.
Outra coisa,quando vc fala em democracia consolidada, me faz lembrar a definição de democracia/ditadura dos comunazzzzzzz(com a sua permissão Túlio)/esquerdistas no Brasil: Democracia(consolidada ) é quando nós estamos no poder, ditadura quando não estamos...Bem típico né?
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Re: Revanchismo sem fim
[/quote]Italo Lobo escreveu: Pelo seu pensamento, a ANISTIA acabaria, os milicos iriam pra cadeia e para os terroristas, haveria um abolitio criminis, não existindo SÓ PARA ELES(OS TERRORISTAS!!!!!!!) nenhum crime de roubo, homicídio, atentado a bomba.Isso só pode uma piada, como piada é aquela comissãozinha de merda criada por uma ex-terrorista.
Roubo, homicídio e atentado a bomba acontecem HOJE e não é preciso voltar a 70's para saber que existem. Isso dá cadeia e, concorde você ou não, prescrevem.
E a ex-guerrilheira Dilma já foi presa, já foi torturada, portanto não sei o que mais você quer dela.
Ao contrário, tortura, desaparecimento forçado e outros crimes hediondos, não são prescritíveis, e por isso mesmo, não podem ser anistiados.
Quando eu digo que a anistia é uma aberração, estou dizendo para você que a constituição tem validade universal, abrange passado, presente e futuro, de forma que não há fundamento para que um dispositivo temporal venha a impedir que crimes contra a humanidade sejam submetidos à lei.
E por falar nisso, não tenho conhecimento de crimes contra a humanidade que não tenham sido cometidos por estados ou governos, ou com a anuência dos mesmos.
abraços]
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Re: Revanchismo sem fim
Brasileiro diz:Brasileiro escreveu:Italo Lobo escreveu: Pelo seu pensamento, a ANISTIA acabaria, os milicos iriam pra cadeia e para os terroristas, haveria um abolitio criminis, não existindo SÓ PARA ELES(OS TERRORISTAS!!!!!!!) nenhum crime de roubo, homicídio, atentado a bomba.Isso só pode uma piada, como piada é aquela comissãozinha de merda criada por uma ex-terrorista.
Roubo, homicídio e atentado a bomba acontecem HOJE e não é preciso voltar a 70's para saber que existem. Isso dá cadeia e, concorde você ou não, prescrevem.
E a ex-guerrilheira Dilma já foi presa, já foi torturada, portanto não sei o que mais você quer dela.
Ao contrário, tortura, desaparecimento forçado e outros crimes hediondos, não são prescritíveis, e por isso mesmo, não podem ser anistiados.
Quando eu digo que a anistia é uma aberração, estou dizendo para você que a constituição tem validade universal, abrange passado, presente e futuro, de forma que não há fundamento para que um dispositivo temporal venha a impedir que crimes contra a humanidade sejam submetidos à lei.
E por falar nisso, não tenho conhecimento de crimes contra a humanidade que não tenham sido cometidos por estados ou governos, ou com a anuência dos mesmos.
abraços][/quote]
Minha resposta
E ex guerilheira, ex- terrorista Dilma/Vanda/Estela, não pagou nem por 1/10 dos seus crimes.Além dos processos que nem chegaram a ser transitado em julgado, ainda se for fazer uma investigação vai aparecer coisa que até vc vai duvidar da santidade da sua santinha.
Na nossa constituição só tem 2 (DOIS E SOMENTE DOIS) crimes imprescritíveis: a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;racismo. Fora isso, só mesmo choro de comunazzzz ...
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Re: Revanchismo sem fim
Sim! E serás condenado a ler o Livro Vermelho de Mao um milhão de vezes, em ESPERANTO!Túlio escreveu:Fiquei abismado com essa de "a lei só vale quando convém", daqui a pouco se invoca esse belo "princípio jurídico" para se acabar com o Ato Jurídico Perfeito, Direitos Individuais, Cláusulas Pétreas e por aí vai, bela "refundação" do Brasil estamos vendo, 1984 está chegando mesmo, pelo jeito...
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Re: Revanchismo sem fim
Governo não pedirá revisão da Lei da Anistia
Agência Estado, 22 de maio de 2013 | 19h42
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quarta-feira que o governo não pretende enviar ao Congresso projeto que reveja a Lei da Anistia. As declarações do ministro ocorrem um dia após integrantes da Comissão da Verdade sinalizarem que vão propor no relatório final mudanças no entendimento da Lei, que assegura que não serão punidas pessoas envolvidas com atos de tortura, morte e desaparecimento ocorridos no período da ditadura (1964-1985).
"A posição do governo é de não encaminhar nenhum projeto de lei revendo a Lei da Anistia porque há uma decisão judicial", afirmou Cardozo, em Brasília. A decisão citada pelo ministro foi tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2009, e definiu que a anistia vale para todos os crimes do período da ditadura militar
"A Comissão da Verdade tem se manifestado, ela atua com autonomia e liberdade. É um órgão de Estado, portanto, pode fazer as sugestões, orientações e revelações que achar devida", acrescentou Cardozo.
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/naci ... 4522,0.htm
Agência Estado, 22 de maio de 2013 | 19h42
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quarta-feira que o governo não pretende enviar ao Congresso projeto que reveja a Lei da Anistia. As declarações do ministro ocorrem um dia após integrantes da Comissão da Verdade sinalizarem que vão propor no relatório final mudanças no entendimento da Lei, que assegura que não serão punidas pessoas envolvidas com atos de tortura, morte e desaparecimento ocorridos no período da ditadura (1964-1985).
"A posição do governo é de não encaminhar nenhum projeto de lei revendo a Lei da Anistia porque há uma decisão judicial", afirmou Cardozo, em Brasília. A decisão citada pelo ministro foi tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2009, e definiu que a anistia vale para todos os crimes do período da ditadura militar
"A Comissão da Verdade tem se manifestado, ela atua com autonomia e liberdade. É um órgão de Estado, portanto, pode fazer as sugestões, orientações e revelações que achar devida", acrescentou Cardozo.
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/naci ... 4522,0.htm
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Re: Revanchismo sem fim
Brasileiro escreveu: Quando eu digo que a anistia é uma aberração, estou dizendo para você que a constituição tem validade universal, abrange passado, presente e futuro, de forma que não há fundamento para que um dispositivo temporal venha a impedir que crimes contra a humanidade sejam submetidos à lei.
Jurava que o dispositivo CONSTITUCIONAL abaixo estava em vigor:
artigo 5º, XL - A lei penal não retroagirá, salvo quando para beneficiar o réu.
Elucida Delmanto:
“Sendo as leis editadas para o futuro, as normas incriminadoras não podem ter efeito para o passado, a menos que seja para favorecer o agente”
Assim, acho muito legal o cumpanhêro Vé Diffeu ser condenado a anos de prisão pelo Mensalão (mesmo sem puxar um dia sequer de cadeia, que isso é pra POBRE!) mas acharia uma INJUSTIÇA condená-lo por seus malfeitos nas década de setenta. Isso vale para TODOS!
Editado pela última vez por Túlio em Qui Mai 23, 2013 3:04 pm, em um total de 1 vez.
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Re: Revanchismo sem fim
Muita coisa tem sido analisada de forma isolada nos dias de hoje, principalmente com a intenção de dar ênfase à opinião da esquerda sobre esses fatos. Explico: se não fosse a anistia, muitos líderes da esquerda não poderiam voltar ao Brasil, e os que estavam aqui dentro não poderiam agir com liberdade, e criar o movimento pelo retorno da democracia e de eleições livres.
Do outro lado, a anistia sinalizava à linha dura militar que o projeto do Pres. Geisel, seguido pelo Figueiredo, era irreversível e seria levado em frente, independente do retorno de lideranças de esquerda que pregavam inclusive luta armada, ou até mesmo pessoas que participaram de luta armada. Hoje é fácil, bonito e demagógico enaltecer isso, mas no início da década de 80, não havia segurança para ninguém falar nisso. O episódio do Riocentro é uma prova.
Nesse contexto, revisão de anistia é palhaçada dessa comissão ridícula, de pessoas esquecidas que querem holofotes, e prestar contas a seus grupinhos de chopp, todos muito bem remunerados com indenizações indevidas, e que a história e talvez a justiça um dia analisarão com mais isenção do que a aplicada na comissão da mentira.
Do outro lado, a anistia sinalizava à linha dura militar que o projeto do Pres. Geisel, seguido pelo Figueiredo, era irreversível e seria levado em frente, independente do retorno de lideranças de esquerda que pregavam inclusive luta armada, ou até mesmo pessoas que participaram de luta armada. Hoje é fácil, bonito e demagógico enaltecer isso, mas no início da década de 80, não havia segurança para ninguém falar nisso. O episódio do Riocentro é uma prova.
Nesse contexto, revisão de anistia é palhaçada dessa comissão ridícula, de pessoas esquecidas que querem holofotes, e prestar contas a seus grupinhos de chopp, todos muito bem remunerados com indenizações indevidas, e que a história e talvez a justiça um dia analisarão com mais isenção do que a aplicada na comissão da mentira.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: Revanchismo sem fim
A verdade: eu menti.
Eu, de minha parte, vou dar uma contribuição à Comissão da Verdade, e contar tudo: eu era uma subversivazinha medíocre e, tão logo fui aliciada, já caí (jargão entre militantes para quem foi preso), com as mãos cheias de material comprometedor.
Despreparada e festiva, eu não tivera nem o cuidado de esconder os exemplares d'A Classe Operária, o jornal da organização clandestina a que eu pertencia (a AP-ML, aliada ao PC do B, linha maoísta, a mesma que fazia a Guerrilha do Araguaia, no Pará).
Os jornais estavam enfiados no meio dos meus livros numa estante, daquelas improvisadas, de tijolos e tábuas, que existiam em todas as repúblicas de estudantes, em Brasília naquele ano de 1973.
Já relatei o que eu fazia como militante*(ler texto no link abaixo). Quase nada. A minha verdadeira ação revolucionária foi outra, esta sim, competente, profícua, sistemática: MENTI DESCARADAMENTE DURANTE QUASE 40 ANOS!*. (O primeiro texto fala em 30 anos. Eu fui fazer as contas, são quase 40 anos, desde que comecei a mentir sobre os 'maus tratos'. Façam as contas, fui presa em 20 de junho de 73. Em 2013, terão se passado 40 anos.)
Repeti e escrevi a mentira de que eu tinha tomado choques elétricos (por pudor, limitei-me a dizer que foram poucos, é verdade), que me deram socos e empurrões, interrogaram-me com luzes fortes, que me ameaçaram de estupro quando voltava à noite dos interrogatórios no DOI-CODI para o PIC e que eu passava noites ouvindo "gritos assombrosos" de outros presos sendo torturados (aconteceu uma única vez, por pouquíssimos segundos: ouvi gritos e alguém me disse que era minha irmã sendo torturada. Os gritos cessaram - achei, depois, que fosse gravação - e minha irmã, que também tinha sido presa, não teve um único fio de cabelo tocado).
Eu também menti dizendo que meus algozes, diversas vezes, se divertiam jogando-me escada abaixo, e, quando eu achava que ia rolar pelos degraus, alguém me amparava (inventei um 'trauma de escadas", imagina). A verdade: certa vez, ao descer as escadas até a garagem no subsolo do Ministério do Exército, na Esplanada dos Ministérios, onde éramos interrogados, alguém me desequilibrou e outro me segurou, antes que eu caísse.
Quanto aos 'socos e empurrões' de que eu dizia ter sido alvo durante os dias de prisão, não houve violência que chegasse a machucar; nada mais que um gesto irritado de qualquer dos inquisidores; afinal, eu os levava à loucura, com meu enrolation. Eu sou rápida no raciocínio, sei manipular as palavras, domino a arte de florear o discurso. Um deles repetia sempre: "Você é muito inteligente. Já contou o pré-primário. Agora, senta e escreve o resto".
Quem, durante todos estes anos, tenha me ouvido relatar aqueles 10 dias em que estive presa, tinha o dever de carimbar a minha testa com a marca de "vítima da repressão". A impressão, pelo relato, é de que aquilo deve ter sido um calvário tão doloroso que valeria uma nota preta hoje, os beneficiados com as indenizações da Comissão da Anistia sabem do que eu estou falando. Havia, sim, ameaças, gritos, interrogatórios intermináveis e, principalmente, muito medo (meu, claro).
Torturada?! Eu?! Ma va! As palmadas que dei em meus filhos podem ser consideradas 'tortura inumana' se comparadas ao que (não) sofri nas mãos dos agentes do DOI-CODI.
Que teve gente que padeceu, é claro que teve. Mas alguém acha que todos nós que saíamos da cadeia contando que tínhamos sido 'barbaramente torturados' falávamos a verdade?
Não, não é verdade. A maioria destas 'barbaridades e torturas' era pura mentira! Por Deus, nós sabemos disto! Ninguém apresentava a marca de um beliscão no corpo. Éramos 'barbaramente torturados' e ninguém tinha uma única mancha roxa para mostrar! Sei, técnica de torturadores. Não, técnica de 'torturado', ou seja, mentira. Mário Lago, comunista até a morte, ensinava: "quando sair da cadeia, diga que foi torturado. Sempre."
A frase de Mário Lago é citada pelo coronel Brilhante Ustra, em entrevista à Rede Genesis (NET/Canal 26, em 2008)**, e num artigo do ex-ministro, governador e senador Jarbas Passarinho, publicado no Correio Braziliense, em 2006. ***
Na verdade, a pior coisa que podia nos acontecer naqueles "anos de chumbo" era não ser preso(sic). Como assim todo mundo ia preso e nós não? Ser preso dava currículo, demonstrava que éramos da pesada, revolucionários perigosos, ameaça ao regime, comunistas de verdade! Sair dizendo que tínhamos apanhado, então! Mártires, heróis, cabras bons.
Vaidade e mau-caratismo puros, só isto. Nós saíamos com a aura de hérois e a ditadura com a marca da violência e arbítrio. Era mentira? Era, mas, para um revolucionário comunista, a verdade é um conceito burguês, Lênin já tinha nos ensinado o que fazer.
E o que era melhor: dizer que tínhamos sido torturados escondia as patifarias e 'amarelões' que nos acometiam quando ficávamos cara a cara com os "ômi". Com esta raia miúda que nós éramos, não precisava bater. Era só ameaçar, a gente abria o bico rapidinho.
Quando um dia, durante um interrogatório, perguntaram-me se eu queria conhecer a 'marieta', pensei que fosse uma torturadora braba. Mas era choque elétrico (parece que 'marieta' era uma corruptela de 'maritaca', nome que se dava à maquininha usada para dar choque elétrico). Eu não a quis conhecer. Abri o bico, de novo.
Relembrar estes fatos está sendo frutífero. Criei coragem e comecei a ler um livro que tenho desde 2009 (é mais um que eu ainda não tinha lido): "A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça", escrito pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Editora Ser, publicado em 2007. Serão quase 600 páginas de 'verdade sufocada"? Vou conferir.
http://blogdemirianmacedo.blogspot.com. ... ti_05.html
Eu, de minha parte, vou dar uma contribuição à Comissão da Verdade, e contar tudo: eu era uma subversivazinha medíocre e, tão logo fui aliciada, já caí (jargão entre militantes para quem foi preso), com as mãos cheias de material comprometedor.
Despreparada e festiva, eu não tivera nem o cuidado de esconder os exemplares d'A Classe Operária, o jornal da organização clandestina a que eu pertencia (a AP-ML, aliada ao PC do B, linha maoísta, a mesma que fazia a Guerrilha do Araguaia, no Pará).
Os jornais estavam enfiados no meio dos meus livros numa estante, daquelas improvisadas, de tijolos e tábuas, que existiam em todas as repúblicas de estudantes, em Brasília naquele ano de 1973.
Já relatei o que eu fazia como militante*(ler texto no link abaixo). Quase nada. A minha verdadeira ação revolucionária foi outra, esta sim, competente, profícua, sistemática: MENTI DESCARADAMENTE DURANTE QUASE 40 ANOS!*. (O primeiro texto fala em 30 anos. Eu fui fazer as contas, são quase 40 anos, desde que comecei a mentir sobre os 'maus tratos'. Façam as contas, fui presa em 20 de junho de 73. Em 2013, terão se passado 40 anos.)
Repeti e escrevi a mentira de que eu tinha tomado choques elétricos (por pudor, limitei-me a dizer que foram poucos, é verdade), que me deram socos e empurrões, interrogaram-me com luzes fortes, que me ameaçaram de estupro quando voltava à noite dos interrogatórios no DOI-CODI para o PIC e que eu passava noites ouvindo "gritos assombrosos" de outros presos sendo torturados (aconteceu uma única vez, por pouquíssimos segundos: ouvi gritos e alguém me disse que era minha irmã sendo torturada. Os gritos cessaram - achei, depois, que fosse gravação - e minha irmã, que também tinha sido presa, não teve um único fio de cabelo tocado).
Eu também menti dizendo que meus algozes, diversas vezes, se divertiam jogando-me escada abaixo, e, quando eu achava que ia rolar pelos degraus, alguém me amparava (inventei um 'trauma de escadas", imagina). A verdade: certa vez, ao descer as escadas até a garagem no subsolo do Ministério do Exército, na Esplanada dos Ministérios, onde éramos interrogados, alguém me desequilibrou e outro me segurou, antes que eu caísse.
Quanto aos 'socos e empurrões' de que eu dizia ter sido alvo durante os dias de prisão, não houve violência que chegasse a machucar; nada mais que um gesto irritado de qualquer dos inquisidores; afinal, eu os levava à loucura, com meu enrolation. Eu sou rápida no raciocínio, sei manipular as palavras, domino a arte de florear o discurso. Um deles repetia sempre: "Você é muito inteligente. Já contou o pré-primário. Agora, senta e escreve o resto".
Quem, durante todos estes anos, tenha me ouvido relatar aqueles 10 dias em que estive presa, tinha o dever de carimbar a minha testa com a marca de "vítima da repressão". A impressão, pelo relato, é de que aquilo deve ter sido um calvário tão doloroso que valeria uma nota preta hoje, os beneficiados com as indenizações da Comissão da Anistia sabem do que eu estou falando. Havia, sim, ameaças, gritos, interrogatórios intermináveis e, principalmente, muito medo (meu, claro).
Torturada?! Eu?! Ma va! As palmadas que dei em meus filhos podem ser consideradas 'tortura inumana' se comparadas ao que (não) sofri nas mãos dos agentes do DOI-CODI.
Que teve gente que padeceu, é claro que teve. Mas alguém acha que todos nós que saíamos da cadeia contando que tínhamos sido 'barbaramente torturados' falávamos a verdade?
Não, não é verdade. A maioria destas 'barbaridades e torturas' era pura mentira! Por Deus, nós sabemos disto! Ninguém apresentava a marca de um beliscão no corpo. Éramos 'barbaramente torturados' e ninguém tinha uma única mancha roxa para mostrar! Sei, técnica de torturadores. Não, técnica de 'torturado', ou seja, mentira. Mário Lago, comunista até a morte, ensinava: "quando sair da cadeia, diga que foi torturado. Sempre."
A frase de Mário Lago é citada pelo coronel Brilhante Ustra, em entrevista à Rede Genesis (NET/Canal 26, em 2008)**, e num artigo do ex-ministro, governador e senador Jarbas Passarinho, publicado no Correio Braziliense, em 2006. ***
Na verdade, a pior coisa que podia nos acontecer naqueles "anos de chumbo" era não ser preso(sic). Como assim todo mundo ia preso e nós não? Ser preso dava currículo, demonstrava que éramos da pesada, revolucionários perigosos, ameaça ao regime, comunistas de verdade! Sair dizendo que tínhamos apanhado, então! Mártires, heróis, cabras bons.
Vaidade e mau-caratismo puros, só isto. Nós saíamos com a aura de hérois e a ditadura com a marca da violência e arbítrio. Era mentira? Era, mas, para um revolucionário comunista, a verdade é um conceito burguês, Lênin já tinha nos ensinado o que fazer.
E o que era melhor: dizer que tínhamos sido torturados escondia as patifarias e 'amarelões' que nos acometiam quando ficávamos cara a cara com os "ômi". Com esta raia miúda que nós éramos, não precisava bater. Era só ameaçar, a gente abria o bico rapidinho.
Quando um dia, durante um interrogatório, perguntaram-me se eu queria conhecer a 'marieta', pensei que fosse uma torturadora braba. Mas era choque elétrico (parece que 'marieta' era uma corruptela de 'maritaca', nome que se dava à maquininha usada para dar choque elétrico). Eu não a quis conhecer. Abri o bico, de novo.
Relembrar estes fatos está sendo frutífero. Criei coragem e comecei a ler um livro que tenho desde 2009 (é mais um que eu ainda não tinha lido): "A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça", escrito pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Editora Ser, publicado em 2007. Serão quase 600 páginas de 'verdade sufocada"? Vou conferir.
http://blogdemirianmacedo.blogspot.com. ... ti_05.html
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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- J.Ricardo
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Re: Revanchismo sem fim
fonte: http://tools.folha.com.br/print?url=htt ... cimadahora04/11/2013 - 03h00
Eu acuso
Muitos alunos de universidade e ensino médio estão sendo acuados em sala de aula por recusarem a pregação marxista. São reprovados em trabalhos ou taxados de egoístas e insensíveis. No Enem, questões ideológicas obrigam esses jovens a "fingirem" que são marxistas para não terem resultados ruins.
Estamos entrando numa época de trevas no país. O bullying ideológico com os mais jovens é apenas o efeito, a causa é maior. Vejamos.
No cenário geral, desde a maldita ditadura, colou no país a imagem de que a esquerda é amante da liberdade. Mentira. Só analfabeto em história pensa isso. Também colou a imagem de que ela foi vítima da ditadura. Claro, muitas pessoas o foram, sofreram terríveis torturas e isso deve ser apurado. Mas, refiro-me ao projeto político da esquerda. Este se saiu muito bem porque conseguiu vender a imagem de que a esquerda é amante da liberdade, quando na realidade é extremamente autoritária.
Nas universidades, tomaram as ciências humanas, principalmente as sociais, a ponto de fazerem da universidade púlpito de pregação. No ensino médio, assumem que a única coisa que os alunos devem conhecer como "estudo do meio" é a realidade do MST, como se o mundo fosse feito apenas por seus parceiros políticos. Demonizam a atividade empresarial como se esta fosse feita por criminosos usurários. Se pudessem, sacrificariam um Shylock por dia.
Estamos entrando num período de trevas. Nos partidos políticos, a seita tomou o espectro ideológico na sua quase totalidade. Só há partidos de esquerda, centro-esquerda, esquerda corrupta (o que é normalíssimo) e do "pântano". Não há outra opção.
A camada média dos agentes da mídia também é bastante tomada por crentes. A própria magistratura não escapa da influência do credo em questão. Artistas brincam de amantes dos "black blocs" e se esquecem que tudo que têm vem do mercado de bens culturais. Mas o fato é que brincar de simpatizante de mascarado vende disco.
Em vez do debate de ideias, passam à violência difamatória, intimidação e recusam o jogo democrático em nome de uma suposta santidade política e moral que a história do século 20 na sua totalidade desmente. Usam táticas do fascismo mais antigo: eliminar o descrente antes de tudo pela redução dele ao silêncio, apostando no medo.
Mesmos os institutos culturais financiados por bancos despejam rios de dinheiro na formação de jovens intelectuais contra a sociedade de mercado, contra a liberdade de expressão e a favor do flerte com a violência "revolucionária".
Além da opção dos bancos por investirem em intelectuais da seita marxista (e suas similares), como a maioria esmagadora dos departamentos de ciências humanas estão fechados aos não crentes, dezenas de jovens não crentes na seita marxista soçobram no vazio profissional.
Logo quase não haverá resistência ao ataque à democracia entre nós. A ameaça da ditadura volta, não carregada por um golpe, mas erguida por um lento processo de aniquilamento de qualquer pensamento possível contra a seita.
E aí voltamos aos alunos. Além de sofrerem nas mãos de professores (claro que não se trata da totalidade da categoria) que acuam os não crentes, acusando-os de antiéticos porque não comungam com a crença "cubana", muitos desses jovens veem seu dia a dia confiscado pelo autoritarismo de colegas que se arvoram em representantes dos alunos ou das instituições de ensino, criando impasses cotidianos como invasão de reitorias e greves votadas por uma minoria que sequestra a liberdade da maioria de viver sua vida em paz.
Muitos desses movimentos são autoritários, inclusive porque trabalham também com a intimidação e difamação dos colegas não crentes. Pura truculência ideológica.
Como estes não crentes não formam um grupo, não são articulados nem têm tempo para sê-lo, a truculência dos autoritários faz um estrago diante da inexistência de uma resistência organizada.
Recebo muitos e-mails desses jovens. Um deles, especificamente, já desistiu de dois cursos de humanas por não aceitar a pregação. Uma vergonha para nós.
Luiz Felipe Pondé
Luiz Felipe Pondé, pernambucano, filósofo, escritor e ensaísta, doutor pela USP, pós-doutorado em epistemologia pela Universidade de Tel Aviv, professor da PUC-SP e da Faap, discute temas como comportamento contemporâneo, religião, niilismo, ciência. Autor de vários títulos, entre eles, "Contra um mundo melhor" (Ed. LeYa). Escreve às segundas na versão impressa de "Ilustrada".
Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!