Só para ficar claro, o gap ao qual eu me referia não era o dos equipamentos das forças armadas (que por sinal concordo ser mesmo um grande problema), mas ao tempo necessário para que um sistema de armas qualquer entre em operação após ter sido concebido.sapao escreveu:Leandro,
realmente se formos falar em seriedade de paises em relação a defesa não tem nem como argumentar, concordo que estamos muito aquem disso.
Mas tem algums pontos que gostaria de comentar. Por exemplo, a questão de melhorar os meios atuais se deve ao fato de que estamos sempre tentando tampar o corpo com uma fronha, por isso o GAP criado em areas especificas. Quando fechamos esse se abrem outros, e por ai vai. Até hoje voamos o H-1H na mesma configuração da decada de 70, e vai ser esse vetor que vai resgatr o piloto de F-5M; estamos recebendo uma das versões mais modernas do P-3 do mundo enquanto os outros esuqdrões de Patrulha voam P-95, e por ai vai.
Para se ter noção, ja existe ha algums anos um estudo para upgrade do E-99 que não sai da gaveta pois a lista de prioridades a frente dele é enorme.
Ao iniciar os estudos para a definição de qualquer novo sistema a ser adquirido os responsáveis precisam ter em mente que ele não estará disponível no dia seguinte, mas que em geral se passarão anos até que esteja (mesmo no caso de simples aquisições ou upgrades, veja o caso do F-X, dos sub´s, dos novos escoltas, da modernização dos aviões da FAB e da MB, etc...). O sistema então tem que ser idealizado visando a realidade operacional que se puder prever para o futuro, e não o que se possui no momento (e que foi concebido no passado). E se o que se possui for um sistema muito antigo como você mencionou, então este cuidado se torna mais importante ainda.
Sem dúvida o feedback dos operadores dos sistemas mais antigos é um parâmetro importantíssimo na definição das especificações dos sistemas que irão substituí-los. Mas tem-se que manter em mente que ele é apenas mais um parâmetro, e nem sequer o principal. Al Ries e Jack Trout já ensinavam em “Marketing de Guerra” (um livro que NÃO é sobre assuntos militares e sim sobre marketing estratégico) que a principal consideração é “O QUE ESTÁ FAZENDO A CONCORRÊNCIA”?Sobre o merito sobre o A-29 acho que a EMBRAER tem merito tambem, mas não mais do que a FAB que repassou para ela os requisitos com qualidades e defeitos que a aeronave deveria ter, alem de ter comprado o lote inicial que garantiu a linha de produção com 99 aeronaves; talvez dai tenha vindo a economia dos nossos em relação aos vendidos para o exterior. Deu tão certo que estão ai de novo com o KC-390, que foi concebido mais ou menos da mesma maneira.
Concordo com a rapidez das mudanças, mas ainda acho que esta troca de ideias entra engenheiros e pilotos seja a chave do sucesso dos dois projetos acima.
Aqui está um ponto importante. Bom saber que dentro das forças esta discussão existe, mas se os argumentos dois lados estão equilibrados então ainda falta um longo caminho a percorrer. Em engenharia a especificação não é um limitante para a obtenção de um resultado, ela determina apenas o nível de investimento (em tempo e dinheiro), o custo final e as características do resultado (o sistema em si). Para ficar no exemplo do MAA-1, se desde o princípio as especificações tivessem solicitado um alcance maior, mais capacidade de manobra e um sensor mais capaz, ou o míssil sairia mais caro, ou em maior tempo, ou em tamanho maior. Este é o trade-in que se deve ter em mente. Imaginemos que ao invés das especificações do AIM-9B se tivesse optado por algo bem mais avançado, poderia ser que o desenvolvimento do míssil tivesse custado mais caro (pois é claro que muito mais coisa teria que ter sido desenvolvida do zero). Mas o programa custou cerca de US$ 20 ou 25 milhões em duas décadas, um valor evidentemente insuficiente para obter algum produto útil. Tanto que foram necessários mais dez anos e muito mais dinheiro para torná-lo algo que se pudesse realmente colocar em nossos caças, mesmo que ainda abaixo do ideal. Ou quem sabe teria demorado mais tempo para terminar o primeiro modelo (que na verdade apareceu uns 9 ou 10 anos após os primeiros estudos). Isso poderia ter demorado mais tempo, digamos 15 ou vinte anos, porém ele já poderia ter se tornado operacional desde então, o que com a política de “correr atrás do prejuízo” levou a 30 anos de qualquer forma. Ou ainda ele poderia ter saído muito maior, impossibilitando seu uso nos pilones de ponta de asa do F-5 e do AMX, mas ainda permitindo que ele fosse empregado por estes aviões à partir de outros pilones e normalmente pelos Mirage. Tudo isso eram opções no início do desenvolvimento do programa, e teriam colocado um míssil ar-ar brasileiro operacional na FAB mais cedo (talvez BEM mais cedo), permitindo que se iniciasse a tão útil troca de informações entre os operadores e os engenheiros.Sobre a mentalidade voltada para o passado, essa dicussão tambem ocorre dentro da força e os dosi lados tem argumentos fortes. Se por um lado vamos ter um produto obsoleto no fim do processo, a garantia de TER um produto é maior do que partir para outro mais avançado, e tendo um basico ja operando torna mais facil a atualização; no caso do MAA estamos vendo que vamos partir direto para o MAA-1B que ja é bem superior ao A, sendo que muito do seu desenvolvimento foi feito em cima de erros do primeiro.
E tenho minhas ressalvas de que ele sera preterido pelo A-DARTER.
É assim que se faz em todo o resto do mundo desenvolvido ou em desenvolvimento. Das nações importantes apenas a China ainda tenta reproduzir exatamente os sistemas já existentes em outros lugares (para eles a cópia exata parece ser uma espécie de esporte nacional), mas aí eles sempre miram no que há de melhor disponível no mundo (o AIM-9B era o melhor míssil de sua categoria quando o Piranha foi imaginado, ou era apenas o melhor disponível nos inventários da FAB?). E mesmo isso já está mudando rapidamente. Até a Índia partiu para soluções com o Brahmos quando ainda não operava nada nem sequer parecido.
É mesmo melhor deixar o F-X pra lá, já se fala demais sobre ele.Sobre o F-X fica até dificil de falar, mas vamos lembrar que na epoca, o F-5 ia ser modernizado e o caça seria comprado para substituir o M-III e posteriormente poderia ou não substituir os F-5 e A-1.Porque sem pensou so em 12 e não em toda a aviação de combate da FAB? Voltamos ao começo do post e vamos lembrar que na epoca se voava H-1H, AVRO e C-P-95, e que o C-97 era o mais moderno no transporte.
Um grande abraço,
Leandro G. Card