Muito bom ver que ganhou!
O MPL é pelo passe livre, e sua causa é o passe livre, então sua luta, antes e a partir de agora, continuará sendo essa, estando o movimento com força ou com menos força, de todo modo, teve sua causa divulgada e conquistou mais apoiadores do que antes.
Claro, toda essa movimentação ganhou a adesão de outras pessoas, não ligadas ao passe-livre, com outras bandeiras, mas com aquele sentimento de revolta latente em todo o resto da população em relação ao estado das coisas na nossa política. Acho que os protestos organizados pelo MPL acabaram mesmo se tornando um vetor para a demonstração de insatisfação geral, em todo o espectro, tendo espaço até mesmo para o "fora Dilma". Governos, municipais e estaduais, através de medidas e do 'amansamento' da polícia, tentaram ganhar alguma coisa com o movimento, mas na minha opinião, graças a Deus, não conseguiram fazer esta compra e o povo percebeu muito bem isso. Bem como a imprensa, mudando de lado tão de repente, isto também ficou muito claro. Ela também tentou pegar carona, mas não conseguiu.
De todo modo, por mais que o calor diminua com o tempo, acho que algo ficou diferente. O povo sentiu finalmente o sabor de conquistar algo pelo seu próprio grito, ainda que pequeno perto de tudo o que queremos que mude. Agora o brasileiro conheceu melhor uma ferramenta nova, uma sensação nova.
De uma forma geral, me parece que o brasileiro agora gosta um pouco mais do seu país, gosta de dizer que é brasileiro (diferente daquelas frases, na minha opinião derrotistas, de "vergonha de ser brasileiro", "vergonha do Brasil"), ganhou um pouco de autoestima em relação a sua própria capacidade e dignidade diante das coisas, cantaram o hino, vestiram a bandeira (muito diferente daquele outro tipo de idiotice de queimar a própria bandeira).
Mas agora, é uma espécie de civismo mais legítimo, diferente daquele que é imposto de cima para baixo, quase fascista, que você não sabe de onde vem, aprende o hino na escola por obrigação, lê sobre heróis do passado que tinham pouca relação com o povo, e muitas vezes o oprimia. É um patriotismo que você canta o hino errado, não fica enfileirado com a coluna ereta, mas canta de dentro para fora, por vontade própria, fazendo você mesmo a história do país, e não idolatrando personagens e instituições.
Achei interessante esta frase, numa matéria do G1, de um professor de psicanálise da USP:
"Todos vão voltar para casa, continuar sua vida, com seu ônibus precário, com a polícia violenta. Isso não precisa ser interpretado como fracasso do movimento. Isso tudo vai voltar a acontecer, mas não somos mais quem éramos antes. Viver com essa possibilidade de mudança é diferente de viver com a ideia de que isso vai sempre continuar existindo"
A matéria completa:
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2 ... lista.html
abraços]