Sávio Ricardo escreveu:Agora conseguimos diferenciar os vândalos das pessoas que realmente estão lutando por uma causa mais do que justa. Tem muito vídeo amador, de emissoras de TV, de helicópteros, que filmaram e vão conseguir identificar esses vândalos...
Quatro desses, presos no Rio de Janeiro, pertencem a um movimento supostamente de sem-tetos - detalhe: os quatro eram estudantes da Universidade Federal Fluminense... estranhos "sem-teto". Na verdade, é um grupelho de extrema-esquerda, a advogada deles, numa entrevista, dava a impressão de ter sido congelada na década de 1950 e acordado naquele dia, pela forma como cuspia jargões socialistas.
Me corrijam se estiver errado, mas me parece que o movimento se tornou uma coisa muuuuuito maior que se esperava e quem iniciou esta um pouco perdido. Não vejo reivindicações palpáveis além da redução do preço do transporte publico. Receio que no final acabe sendo uma luta apenas pelos 0,20 centavos e só. Pedir apenas o fim da corrupção, mais saúde, mais educação, mais emprego, mais qualidade de vida, são reivindicações muito fáceis do governo dizer: "Tá, vamos fazer isso, então parem com o movimento." e não se fazer nada, ou fazer muito pouco e depois para organizar outro movimento dessas proporções dinovo...
Eu vou corrigir não, porque acho que, basicamente, é isso aí. Pelo pouco que vi, isso começou com um grupo pré-existente, esse tal de grupo do "passe-livre" que é composto, sim, por membros de pequenas organizações de extrema-esquerda. Então, eles lançaram esse apelo por essas tais de "redes sociais" e encontraram o terreno fértil. Mas, porque agora o terreno estava "fértil"? Porque esse é um momento em que vários fatores se mesclaram para levarem grande número de pessoas, normalmente não ligadas à movimentos organizados a agirem.
Que fatores seriam estes? Primeiro, as notícias de aumento de inflação e custo de vida; aumento de passagens de ônibus - que foram retardadas por muitos e muitos meses, por pressão do governo Dilma Roussef, para "maquiar" os índices inflacionários.
Segundo, a crescente insatisfação com os contínuos escândalos políticos: Renan Calheiros; o pastor Feliciano; a questão da briga entre promotores e delegados policiais, apoiados por políticos.
Terceiro, as notícias dos escandalosos gastos superfaturados com a Copa do Mundo e das Confederações, que andam de braços dados com as notícias de mau-atendimento em hospitais públicos; deficiências na educação.
Quarto, as declarações cada vez mais freqüentes da passividade do povo brasileiro que não ia as ruas por grandes causas. Toda vez que eram realizadas passeatas do tipo: "Marcha das Vadias"; "Marchas LGBT", era comum ler em vários lugares, pessoas insatisfeitas porque também não se realizavam passeatas de cunho mais "sério", mas comprometido com combate à corrupção e contra os políticos. Cuidado com aquilo que deseja, você pode conseguir...
Quinto, o exemplo ocorrido recentemente com as manifestações na Turquia, que tiveram sua origem no desejo do governo turco em destruir um parque para substituí-lo por um shoping-center, contra a vontade de grande parte da população local, principalmente, jovens. Essas manifestações, inicialmente centradas neste objetivo local, acabaram por incorporar toda uma gama de insatisfações de parte da sociedade turca: a crescente islamização do país; a intromissão turca na guerra civil síria; o dito autoritarismo do atual presidente.
Quer dizer, neste momento exato - e não em outro - tudo se combinou para entornar o copo de insatisfações. Aí, veio a primeira grande manifestação paulista e, parece unânime, a polícia exagerou na dose. E como sempre acontece, a parte mais fraca - independente de suas culpas e seu erros - acabou tornado-se "mártir"; vítimas da "opressão policial" e coisa e tal. Daí, o movimento irradiou-se para todo o país, não só pelas tais das "redes sociais" mas pela grande mídia.
E o que acontece agora? Sei lá, se soubesse, seria um grande sociólogo. Como não sou, imagino apenas que esse movimento perderá o gás, com o passar dos dias, já que não aponta para saída alguma. Isso aqui não é ditadura; a Dilma Roussef não é o Hosni Mubarak que possa ser chutado do poder por um levante. Nem também o Geraldo Alckimin ou o Haddad. Pode ser conseguido alguma maquiagem nos preços das passagens - oportunistas como o governador de Pernambuco já baixaram as passagens, para pegar carona no movimento.
Outra coisa é que, talvez seja uma ingenuidade ficar pensando que isso é um movimento do "povo brasileiro" - como se pode ler em algumas mensagens de colegas do ultramar. Ontem, acompanhando a patroa no salão de beleza, eu reparei a conversa das trabalhadoras do salão, como não podia deixar de ser, moças simples. Não ouvi nenhuma simpatia especial por razões políticas, apenas a preocupação de terem de ir para o centro da cidade e ficarem presas no engarrafamento. Uma delas, aliás, queria saber se esse ano ocorreriam eleições. Nenhuma delas soube responder. É claro que elas também querem passagem mais barata, unidades de saúde eficiente, escolas melhores para os filhinhos delas. Elas e as torcidas do Flamengo e do Coríntians.
E quem não quer? (só os monstros da classe média e da burguesia. Mas estes não seres humanos mesmo, então não contam...)
As próximas eleições serão no ano que vem - claro que os foristas do DB, sendo politizados, já sabiam disso - aí vamos ver o que acontece. Eu li que, por exemplo, em Alagoas, o favorito para o governo é Fernando Collor. Não muito animador, não é mesmo?