Re: Imprensa vendida
Enviado: Sáb Dez 10, 2011 6:20 pm
Entendi. Só trabalha quem é idiota.marcelo l. escreveu:Quem está no governo seja municipal, estadual, ou federal sempre discute a corrupção como sendo uma problema ético, a teoria foi melhor sintetizada pelo Jorge Hori no artigo abaixo.
http://iejorgehori.blog.uol.com.br/gove ... 05-31.html
Para onde vai o dinheiro?
Volta e meia são apresentados estudos com contas que demonstrariam o custo da corrupção e a perda de valores para o Brasil.
Apesar do impacto que causam pelo tamanho, são contas parciais, com conclusões equivocadas.
Uma coisa é a ética. Outra é a ciência economica, aética, que trabalha com números frios, dentro de uma visão circular de oferta e demanda, ajudada pela contabilidade que trabalha com entradas e saídas, débitos e créditos.
Se o estudo tem conotação ética faz sentido. Se for econômico, as conclusões estão erradas. O Brasil ou a economia brasileira não perde isso tudo com a corrupção.
Uma coisa é o Estado, outra é o país. O primeiro é apenas uma parte do todo que é o pais, a economia como um todo, caracterizado como Brasil.
A ocorrência da corrupção dentro do Estado, causa "prejuizos" diretos ao mesmo, porque torna as suas compras mais caras. O que se reflete no prejuizo do contribuinte que poderia pagar menos tributos para ter os mesmos serviços ou benefícios, livre do ônus da corrupção. Essa, sem dúvida, aumenta a carga tributária. Sem dúvida, o contribuinte perde com a corrupção no setor público.
Para a sociedade a corrupção pode causar um prejuizo maior quando ocorre para aprovar ou licenciar ações contrárias à legislação.
Há uma cultura legisferante que na prática se transforma em criar dificuldades para vender facilidades.
Qual é o prejuizo da tolerância (mediante propinas a autoridades públicas de licienciamento e fiscalização) na ocupação de áreas de risco nas cidades? Um prejuizo pode ser estético. Mas quando há acidentes há todo um custo adicional para socorrer as vítimas. E se for necessário remover, haverá também custos adicionais.
São prejuizos que podem ser medidos, mas não compreendem todo o processo, quando analisado sob a luz da economia.
Os estudos sobre os eventuais prejuizos supõem que o dinheiro da corrupção "vá para o ralo" e saiam da economia, o que não é verdade.
Só ocorre quando o dinheiro apropriado pelos corruptos é enviado para o exterior, movimentando outras economias, com prejuizo da nacional. Mas não é o que ocorre atualmente.
O dinheiro da corrupção continua circulando dentro do país e pode, numa fase seguinte, ser utilizado em atividade produtiva e reprodutiva.
Nas capitais menores é o dinheiro da corrupção que sustenta o desenvolvimento imobiliário.
Uma autoridade pública que captura recursos ilegais, mediante o recebimento de propinas, tende a utilizar esses recursos na compra de um apartamento ou num carro de luxo.
Ao comprar o apartamento, promove a indústria da construção, com novas obras e geração de empregos.
Com isso pode alavancar o crescimento da economia local ou regional.
Esse é o lado branco da corrupção, que nunca é objeto de levantamento e estudo porque o objetivo desses não é uma analise econômica imparcial, mas a de mostrar apenas o lado negro.
Do ponto de vista macroeconômico há uma diferença de impactos quando o corrupto compra um apartamento novo, na planta ou um carro importado. No primeiro caso gera uma dinâmica positiva. No segundo transfere grande parte da renda para o exterior. Mas uma parte continua circulando nas comissões dos vendedores.
A corrupção é uma questão ética. Os prejuizos são éticos. Esses prejuizos podem afetar o funcionamento da economia e, principalmente, no atendimento à população.
Mas não devem ser confundidos com a contabilidade nacional.
Um estudo efetivamente sério e abrangente sobre os custos da corrupção devem considerar para onde vai o dinheiro e quais os impactos em todo o circuito econômico. Sem sensacionalismo.
Realmente todas as sociedades bem sucedidas foram construidas por um grupo de espertalhões que transformam o que deveria ser aplicado em beneficio de todos em capital de giro da economia.
E depois sou eu que estou desesperado. Sou eu que preciso provar algo para alguém.