Túlio escreveu:FCarvalho escreveu:
Olá Túlio.
O princípio de uma boa defesa, como diria Sun Tzu, não é que tenhamos uma defesa inespugnável, mas que tenhamos capacidade militar real, crível e efetiva suficiente capaz de impor a alternativa militar como solução de nossas diferenças com alguém um custo tão alto, que se torne improvável ou reprovável no cômputo geral do balanço.
Neste aspecto, temos de considerar o seguinte: temos fronteiras com 10 países, um litoral com 8 mil kms de extensão, e uma área de defesa aérea de mais de 12 milhões de km2.
Daqueles primeiros, apenas 4 tem forças aéreas, e militares, capazes de nos proporcionar problemas reais. Acrescentaria a Guiana Francesa como um 5o elemento, se considerarmos que a França também possui capacidade de prover ameça a nossos interesses na região. Neste sentido, a meu ver, como bem disseste, não precisamos de montes de caças para resolver nossos problemas, ou eventuais problemas que surjam.
Estamos, é verdade, em um continente relativamente bem resolvido em termos de conflitos entre Estados, e particularmente em nosso caso, temos excelentes relações com todos, e não somos considerados uma ameaça(real), em todos os sentidos, por nenhum deles. Ao contrário até.
Porém, sabemos que países não tem amigos, mas interesses. Assim, como abalizar uma força aérea, sempre por baixo, acreditando que tudo o que citei acima é absolutamente capaz de definir nosso TO como sendo algo dispensável de maiores investimentos e preocupações do ponto de vista material militar em qualquer prazo que se possa pensar?
Não defendo uma mini USAF por aqui, mas convenhamos, um dos parâmetros usados para calcular o poder aéreo de um país, é justamente a sua capacidade de lidar, indistintamente, com os vetores de seus vizinhos em quantidade e qualidade suficiente para evitar-se, no mínimo, aquela nossa conhecida situação de ter de escolher, sempre, entre cobrir a cabeça ou os pés. Digo isso lembrando o exemplo dos estrategistas alemães que queriam tudo, menos ter de lutar em duas frentes para ganhar as guerras a que se propunham. É sempre bom lembrar que não temos amigos nessas horas. E no nosso caso, duvido que quem quer que seja venha aqui nos ajudar a defender-nos, a não ser nós mesmos. O exemplo argentino nas Malvinas é claro, quanto a isso.
Então, para mim, como várias vezes já expus aqui no DB, apenas 252 caças para a FAB estaria de bom tamanho, pois isso nos daria a capacidade de cobrir todo o país com apenas 7 grupos de caças -que basicamente já existem; ou seja, apenas um por COMAR. Será que isso é pedir demais para um país com a nossa envergadura político-estratégica e geográfica? Eu creio que não. Defesa não se faz, e não se pode fazer, apenas mirando os bolsos. Se assim for, é melhor não ter, ou entregar a alguém com mais competência para tanto. Claro, em termos de Brasil falar em duas centenas e meia de caças para a FAB é quase que uma ofensa moral. Quanto a isso, não merece sequer comentários, afinal, vivemos em um país de analfabetos e viciados em bolsas esmolas governamentais.
Veja que não proponho nada de medonho ou gigantesco. Não falo em números na casa dos milhares, mas da centena. Países menores que nós, mas com envergadura político-estratégica bem maior trabalham nesta faixa de números para pensar e equipar suas forças aéreas. Eu sei que é difícil hoje tentar pensar no futuro, com os olhos e mente abertos, talvez para um país diferente daqui a 10 ou 20 anos, mas, não sei se apenas aceitando os fatos de que somos medíocres, e continuaremos a sê-lo por muito tempo, é a melhor resposta que possamos dar para compor a nossa defesa.
Ao menos do ponto de vista conceitual eu creio que a FAB poderia ser uma força aérea capaz e suficiente efetiva em termos de TO latino-americano se nos dispuséssemos a atingir os números que apontei nas próximas décadas. Daria inclusive, quiçá, algum fôlego a um hipotético projeto de caça de 5a G tupiniquim como planeja a FAB.
Se nada parece dar certo neste país, ao menos os militares tem o dever de ofício de acreditar que o que eles fazem deve ser feito sempre no sentido de acreditar que amanhã pode ser melhor, e que um dia este país vai ter jeito. E quando este dia chegar, mesmo que não estejamos lá para ver, teremos uma geração de jovens militares que poderão reconhecer os esforços e a crença na grandeza deste pais lá atrás, quando tudo parecia, de novo, perdido. Teremos então, quero crer, uma FAB digna do nome, da história e do esforço dos que acreditaram nela e neste país dito abençoado por Deus.
ps: desculpe o longo post.
abs.
Nada a desculpar, gosto de posts longos, fica menos margem para dúvidas.
Isso posto, devo dizer que uma coisa é o que
queremos e outra bem diferente é o que
podemos. Tipo realidade x utopia.
Notes, nosso País está indo barranco abaixo, tu mesmo vives repetindo isso, cupincha, e notes que cada vez menos gente discorda deste FATO! Daí, de onde tirar dinheiro para fazer os tales de 252 caças? É precisamente aí que a realidade bate de frente com a utopia.
Ademais, dada a relativa ausência de conflitos potenciais com a vizinhança, e somando-se isso à fraqueza política, militar e econômica deles, é
Trabalho de Sísifo convencer alguém da necessidade de tantos meios de Defesa (internacionalmente o Brasil seria provavelmente condenado como instigador de uma corrida armamentista na AS).
Sobre ataques por coalizões e superpotências, a nossa melhor defesa se chama
Princípio da Incerteza, não exatamente o de Heisenberg, mas sua versão aplicada à política. Exemplo:
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Há alguns anos, o Físico Cearense
Dalton Girão Barroso desenvolveu um modelo matemático para simulação computacional de um moderno e compacto explosivo nuclear, que coincidia certinho com o que se sabe da ogiva chamada W87¹, uma das nukes mais modernas dos EUA. Deu o maior furdunço pelo mundo, até que o EB disse algo como "VOSMEÇÊS num têm nada com isso, vão sifu" e a kôza acabou esfriando.
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Também rolou muita confusão quando o Brasil coinfirmou ter desenvolvido ultracentrífugas tão boas ou mesmo melhores que as do resto do mundo. A AIEA (leia-se AI-EUA) queria direitos até para pedalar a porta dos Cientistas no meio da noite. Novamente se contornou tudo e ficou por isso mesmo.
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Por fim, o vetor: AV-TM 300 Matador! Na versão original, alcance de 300 km e ogiva de uns 200 kg. Isso por causa do MCTR, mas notemos que o Tratado se refere à EXPORTAÇÃO, nada nos impede de aumentar a carga e/ou o alcance para nosso próprio uso. Ou uma versão aerolançada. Notar que a versão de exportação já foi lançada algumas vezes, o que nos leva a crer que o programa está nos trilhos, com contingenciamentos e tudo.
Assim, levando em conta que temos nossas próprias minas de urânio, dominamos o ciclo de processamento, sabemos como fazer um sofisticado dispositivo termonuclear e um vetor para ele e tudo isso sem importar um único componente embargável, bueno:
A - Duvido que algum Serviço de Inteligência do mundo não leve em conta que TALVEZ até não tenhamos produzido nada; TALVEZ sequer tenhamos algum interesse em fazer isso; TALVEZ, mesmo com a integridade/soberania da Nação em jogo, sigamos o preceito Constitucional de não fazer nukes. TALVEZ! E eis aí o
Princípio da Incerteza, pois
SABER ninguém sabe. Com base nisso, quem se atreveria a arriscar tudo e mandar uma baita frota para acabar conosco ou desdobrar centenas de milhares de tropas na Guiana Francesa, diante do RISCO de serem todos pulverizados por nukes? Notem, a Coréia do Norte deteve um ataque tido como quase certo ao simplesmente detonar um xabú nuclear feito a marreta e pontapé! Ademais, qual vizinho permitiria o desembarque de tropas em seu território diante de um RISCO assim? Notem ainda, está tudo em termos dubidativos, e deve ser assim:
Princípio da Incerteza!
B - E aí voltamos ao começo do teu post, cupincha: SUN TZU! Ser forte enquanto se parece fraco; ser fraco mas parecer forte. Sob a ótica de uma grande potência, somos militarmente fraquíssimos mas, dadas as capacidades que
comprovadamente temos, PODEMOS ser muito fortes. Novamente,
Princípio da Incerteza.
C - A simples possibilidade de já termos algo pronto - ou pré-pronto - tiraria o sono de qualquer Planejador interessado em vir encher o saco. Péssimo custo-benefício, afinal, quando se planeja algo, deve-se contar tanto com o melhor quanto com o pior cenário possível. E o pior é o citado...
¹ -Em linhas gerais, a W87 pesa até 270 kg e mede cerca de 1,75 m de comprimento por 55 cm de diâmetro. Mas isso não é a medida nem o peso da carga de 300 Kt, e sim do RV que a conduz. Podemos contar como certo que o artefato puro e simples é bem menor e mais leve. Ademais, os ianques chegaram a bolar uma versão melhorada, capaz de chegar a uns 475 Kt, cujo peso "puro" (sem RV) ainda ficaria abaixo de 200 kg. Assim, pode perfeitamente ser vetorada por um AV-TM comum ou mesmo um derivado especial para este uso, maior, mais pesado e com alcance
bem aumentado.
Assim, qual a necessidade REAL de sete bases com 36 caças cada uma?