cabeça de martelo escreveu: Sex Nov 24, 2023 8:08 am
FCarvalho, Portugal tem uma politica de portas abertas em que qualquer brasileiro vem e pode ficar LEGALMENTE
mesmo se for cadastrado, pode votar, pode fazer tudo o que um Português faz (incluindo ser Funcionário Público) basicamente é como se fosse cidadão Português.
Hoje em dia um casal de classe média (que representa a maioria da população portuguesa) já não consegue arranjar um apartamento porque os senhorios estão a pedir comprovativo de efectividade, 3 meses como caução e uma mensalidade muito superior a um ordenado mínimo nacional. No entanto os emigrantes vivem e conseguem, porque num apartamento vivem várias famílias.
Vê como até países tradicionalmente liberais e acolhedores aos emigrantes como a Holanda tem como partido mais votado nas últimas eleições um partido de extrema-direita. Portugal à 10 anos não tinha um único deputado de extrema-direita no Parlamento e neste momento espera-se que o Chega vá tornar-se no terceiro partido mais votado em Portugal. Porque é que achas que isto acontece?
Depois casos como o que vou deixar abaixo, não ajuda nada à festa:
Olá Cabeça.
Me parece que a recente política de portas abertas de Portugal e de outros países é algo tão novo para o velho continente que a sociedade em grande parte ainda não entendeu muito bem o que ela significa a si enquanto consequências.
Falo isso porque nós temos cá desde 1500 essa mesma política de portas abertas para todos os que aqui chegaram, escravos ou livres, mercenários e missionários, ladrões e vigaristas, intelectuais e artistas. Cada um encontrou a seu modo um jeito de viver e inculturar-se no tecido social tupiniquim.
E aí está esta sopa inimaginável aos europeus de gentes que temos aqui de tudo que é lugar do mundo, ocupando lugares comuns, tão divergentes entre si quanto o possam ser, mas nem por isso se matam, digladiam-se ou tem intenção de, como fariam de praxe em seus locais de origem.
A sociologia brasileira é um experimento que tinha tudo para dar errado, e no entanto, parece continuar em insistir a dar certo, mesmo com tudo torcendo contra, inclusive a torcida interna. E ninguém até hoje conseguiu explicar isso direito.
Talvez falte ao velho continente esta abertura de tempo, que talvez muitos não tenham, e nem queiram ter, para aprender e dispor em seu próprio meio dos experimentos sociais feitos em outras terras além mar propostos por seus ancestrais e pelos ditos intelectuais e acadêmicos de botequim, frequentemente vistos em suas esquinas como se nada estivesse a acontecer no mundo lá fora. Por o mundo real europeu ainda não transcendeu as suas fronteiras naturais, talvez, na mentalidade em geral de grande maioria.
Acho que é importante dar tempo ao tempo, a fim de ver de fato até onde a sociedade europeia suporta sobre si as analogias e suposições feitas em termos de inculturação sobre outros povos. É lícito afirmar neste sentido que talvez nós não vejamos outros resultados que a ressureição de postulados políticos ditos mortos e enterrados, e mesmo considerados contrários a tudo o que se pregou da cultura europeia até aqui, desde 1945.
Desejo boa sorte a todos nós. Aprender a conviver com o que não nos é oportuno, diferente e mesmo contrário, sem com isso partir-se para os finalmente, é um exercício de humanidade demorado e complexo. Talvez as próximas gerações tenham melhor sorte que nós.
A ver.