UM PROCESSO LONGO Novos navios-patrulha para a Armada só vão estar prontos em 2008 Estaleiros de Viana do Castelo empenhados no projecto Carlos Varela /
http://jn.sapo.pt/2006/12/27/primeiro_plano/Os novos navios-patrulha para a Marinha de Guerra que deveriam ter começado a ser entregues em 2005 só chegarão, afinal, a este ramo das Forças Armadas em meados de 2008, segundo fontes dentro do processo adiantaram ao JN.
Primeiro, foi a questão orçamental, depois a concepção do projecto, a seguir problemas nos motores e agora a dificuldade em executar o projecto, numa catadupa de dificuldades que ameaça eternizar-se.Na prática, é um novo atraso num processo iniciado em 2002 e que se por um lado obriga a Armada a estender ainda mais a vida dos navios a substituir, as corvetas - que navegam há já mais de 35 anos; por outro, atinge igualmente a imagem dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), onde os primeiros dois navios estão em construção, de um programa total de doze, a concluir em 2014 - pelo menos de acordo com o agendado inicialmente.
É que os estaleiros navais da cidade minhota contam com a boa execução do projecto para trazer de novo a Marinha de Guerra ao seu seio como cliente, além de que o tipo de navio em construção - Navio de Patrulha Oceânico (NPO) - seria uma bandeira para os ENVC entrarem no competitivo mercado internacional da construção naval militar.
Aliás, as marinhas de Marrocos, Turquia e Argentina já mostraram interesse em conhecer o projecto do NPO e as condições da sua construção em Viana do Castelo.
A questão é de sobremaneira importante para o ENVC, que já criou uma imagem de marca internacional na área da marinha mercante. "Para nós é extremamente importante que a execução do projecto NPO se desenrole em condições", apontou a propósito ao JN o coordenador da comissão de trabalhadores do ENVC, responsável por cerca de mil postos de trabalho directos. "E acreditamos que as dificuldades vão ser ultrapassadas", acrescenta Manuel Cadilha.
A Marinha, por seu turno, refere querer que os NPO "sejam navios de grande qualidade, até porque a imagem do país tem que ser defendida", a nível da execução das missões e das próprias condições oferecidas pelo navio.
Mas além da resposta oficial, o JN sabe que a preocupação na Armada é grande, uma vez que das dez corvetas iniciais só sete estão a navegar e nunca na totalidade. A idade pesa e como são navios usados em permanência na missão de busca e salvamento - e mais recentemente no controlo da imigração ilegal - o desgaste é elevado.
"As avarias frequentes e os atrasos na construção dos NPO conduzem a reflexos negativos no planeamento", aponta uma fonte militar. É que com graves restrições no orçamento de funcionamento, os NPO são para a Armada uma garantia de mais eficácia na execução da missão, mas também de redução de gastos, em particular porque precisam de cerca de metade da guarnição, um item de peso no dia a dia das Forças Armadas.
Dinamarqueses começaram reparação de motoresAs últimas semanas foram profíquas em reuniões entre elementos do Ministério da Defesa e da Empordef - a holding estatal onde se inserem os estaleiros de Viana.
Foi na sequência dessas reuniões que foi comunicado que o fabricante de motores navais dinamarquês Wartzila iria começar a reparar os motores já fornecidos, onde tinham sido detectadas em Abril graves deficiências por falha no controlo de qualidade, reparações já iniciadas em Viana do Castelo.
Foi dessas reuniões que saiu a nova data de entrega dos dois primeiros NPO à Marinha, Abril de 2008, mas também a necessidade de os estaleiros alterarem toda uma série de items de construção, que não estariam de acordo com os requisitos para navios de aplicação militar.
Os primeiros passos foram há 30 anosEm 1976 foi criado um grupo de trabalho para produzir um anteprojecto de um navio de fiscalização para a Zona Económica Exclusiva. Em 1984 foi criado um outro grupo de trabalho mas ambos pararam por falta de financiamento.
Acordo de cooperação entre os estaleirosO processo foi retomado em 1997 e dois anos depois era assinado o acordo de cooperação envolvendo o Arsenal do Alfeite, os estaleiros de Viana e os estaleiros do Mondego.
Apoio à população e maior habitabilidade do Navio Substituiriam as corvetas e os patrulhas da classe "Cacine" e era concebido para busca e salvamento e fiscalização. O armamento foi limitado a uma peça de 40 mm e a habitabilidade saía beneficiada.
Promessa de entrega para finais de 2005Contrato de construção para dois NPO - baptizados "Viana do Castelo" e "Figueira da Foz" - é assinado em 2002 entre o Ministério da Defesa e os ENVC, num investimento de 120 milhões de euros, com as entregas previstas para finais de 2005.
Estaleiros pedem adiamentos da entrega Os ENVC pedem em 2005 o adiamento por um ano por dificuldades na execução do projecto, mas em 2006 são detectadas falhas nos motores. O administrador Fernandes Geraldes vem a público adiar a entrega para 2007 e justifica o atraso com dificuldades na adaptação à construção naval militar.
Mais problemas na execução do projecto Novos problemas são detectados na execução do projecto e no início de Dezembro é finalmente acertado o primeiro semestre de 2008 para a entrega dos dois primeiros NPO.