Marechal-do-ar escreveu:E os franceses resolveram o problema, não foi?
Quanto ao problema ser discutido, por mais que os engenheiros deem risada do problema ele será discutido na esfera comercial, isso não quer dizer nada.
Não, não resolveram, e os árabes usaram isso como um dos argumentos para não fechar com a Dassault até hoje. Os engenheiros não devem ter rido muito com isso não.
Eu acho que o espaço disponível no Gripen NG é suficiente.
Claro que é suficiente. A questão é: Suficiente pra quê? tente isatalar algo similar a um Spectra no Gripen e veja o que acontece. E os sistemas do F-18 são ainda mais sofisticados e presumivelmente maiores.
Não, a USN queria um avião com mais alcance e mais capacidade de carga, mas não queria um F-15 naval e nem os custos de um F-22 naval então mandou estender o F-18, foi um processo MUITO polêmico, e a principal razão para o SH ter um desempenho dinâmico sofrível é porque o projeto original é muito antigo e foi estendido até não dar mais.
A simples extensão não implicaria em ter um peso vazio mais elevado que o de outro avião maior ainda do que ele. E nem o fato de ser naval, como já discuti. Evidentemente ele carrega algo mais além de combustível que reforços estruturais que impacta o seu peso vazio.
Pense um pouquinho para descobrir o quê será, e porque está instalado
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O Rafale tem motivos para ser maior e mais pesado que o Gripen que vão muito além de sensores embarcados e geração de energia, ele tem uma capacidade de carga muito maior, melhor relação empuxo/peso e, na maior parte do envelope de vôo, melhor desempenho.
Das 2,5 tons que o Rafale tem a mais que o Gripen 1 ton é só o motor extra, mais uns quilo de todo o reforço estrutural que o maior peso e empuxo precisam, mais uns quilos para as superfícies maiores e, com sorte, sobra uns 500 kg para equipamento a mais, esse peso extra não vai afetar tanto assim o desempenho do Gripen, os eletrônicos hoje não pesam tanto quanto pesavam na guerra fria.
ps: Sim, eu disse explicitamente que o Rafale tem desempenho melhor que o Gripen, que é exatamente o que eu espero de um caça maior, mais pesado e mais caro, se esse custo a mais do Rafale fosse equivalente ao tamanho extra eu consideraria os dois caças empatados na relação custo/benefício, o caça que não tem espaço na comparação é o famoso Super Hornet que não cumpre o que se espera de um caça desse porte.
É claro que o Rafale tem mais motivos para ser maior além da capacidade de carregar sistemas. Na verdade esta maior capacidade é praticamente um "subproduto" do maior tamanho. Mas o fato é que ela existe e está lá, porque aconteceu faz pouca diferença. Agora, imagine o que podem fazer 500 Kg de eletrônica moderna (que não pesa tanto quanto a da guerra fria
) e dá para ter uma idéia das vantagens que pode ter o Rafale nesta seara. E não esqueça, os sistemas aos quais a França tem acesso estão em nível mais alto do que os que podemos comprar no mercado.
Luís Henrique escreveu:Não concordo com o termo avião de defesa.
E não concordo que o Gripen E possua grande desvantagem em missões ofensivas por conta de equipamentos eletrônicos e sensores.
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Ou seja, eu acredito que exista diferenças de capacidades quando se consegue um mesmo nível tecnológico, porém o sistema é maior. Mas no caso dos sistemas, o Gripen possui sensores e sistemas com tamanho bem próximo do utilizado no Rafale, por exemplo.
Luís, veja que o exemplo de sistema que você citou é exatamente o radar, um dos itens principais para o combate aéreo. Agora veja se está previsto para o Gripen NG carregar algo como o SPECTRA, que integra sensores de radar, laser, IIR e capacidade de integrar todos estes dados e mostrá-los de forma adequada ao piloto, além de tomar medidas autônomas de defesa contra todo tipo de ameaça. Ou como a suíte de contra-medidas que o F-18 carregava externamente e que agora está integrada ao avião.
Veja nas imagens abaixo quanta "tranqueira" vai DENTRO do Rafale para compor as capacidades do Spectra, bem como o número de sensores instalados, e pense na geração de energia e na refrigeração de tudo isso (perceba que não estão mostrados os dispersadores de iscas nem decoys, apenas eletrônica e sensores):
Agora compare com a imagem do Gripen e perceba quantos ítens deste último são instalados fora do avião, inclusive em pods, afetando a aerodinâmica e a capacidade de carga. Pense também que a eletrônica envolvida nos sistemas do Rafale é a melhor que a França pode desenvolver, e que a do gripen NG será o que estará disponível para o Brasil comprar no mercado (sem falar na também na quantidade de iscas que os dispensadores instalados em um avião maior podem transportar), e dá para começar a se ter uma ideia da diferença de capacidade nesta seara entre os dois aviões:
E, é claro, os sistemas do F-18F são no mínimo tão sofisticados quanto os do Rafale.
Não existe mágica, desde que começaram a embarcar eletrônica nos aviões os modelos menores sempre ficaram em desvantagem neste campo, e não vejo nenhuma razão para que isso mude justamente agora, só porque escolhemos o Gripen. Mas veja bem, não é que sejam "aviões de defesa" ou "de ataque", o fato é que não dá para o Gripen querer igualar em tudo as capacidades de aviões maiores e que ainda por cima tem acesso a sistemas mais sofisticados, então em alguma campo ele vai perder mesmo, é a vida (e nem é mais no alcance, o que já é uma melhoria). O que estou colocando é que será menos mal se ele não perder em capacidade de combate aéreo, mesmo se isso implicar em menor desempenho em ataques profundos sobre território hostil. E com isso em vista é importante não cair na tentação de sobrecarregá-lo.
Leandro G. Card