:: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
PS: continuo achando que no Congo e Mali, muito bem poderíamos "fazer experiências" doutrinais e avaliações dos novos materiais que as ffaa's estão/estarão recebendo nestes próximos dois anos. Seria uma mais do que excelente oportunidade para expor os produtos da BID, e testar in loco, as qualidades da nossa modernização. E dos próprios requisitos que as embasam.
A ver se alguém recebe esta luz.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Esta informação não está correta, conterrâneo.Túlio escreveu:Pelo jeito só vai o General mesmo...
http://noticias.terra.com.br/mundo/afri ... aRCRD.html20 de Maio de 2013•09h25
Comandante militar é o único brasileiro em missão de paz no Congo
A partir desta semana, o general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, 60 anos, comandará a missão de paz das Nações Unidas no Congo, chamada de Monusco. Ele foi escolhido para a missão no mês passado. A designação oficial foi anunciada pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon. Santos Cruz sucede o general indiano Chander Prakash.
O brasileiro vai coordenar cerca de 20 mil militares, de 20 países. Ele será o único brasileiro das tropas. No mês passado, o ministro da Defesa, Celso Amorim, disse que a escolha de Santos Cruz é a demonstração do prestígio e respeito conquistados pelo Brasil no cenário internacional. Em entrevista à Agência Brasil, o general disse que considerava a missão "desafiadora".
"Em 44 anos de Exército, deu para aprender alguma coisa", brincou o general durante a entrevista. "Mas, sem dúvida alguma, será uma missão desafiadora. É um desafio fantástico buscar a paz em um país que tem a dimensão da Europa Central e conflitos enraizados desde sua origem", ressaltou.
Santos Cruz comandou a Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah) entre janeiro de 2007 e abril de 2009. Na ocasião, ele liderou 12 mil homens. Na reserva há cinco meses, o general estava na Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República.
A missão de paz no Congo foi aprovada pelos líderes de 11 países africanos e representantes de quatro organizações regionais e internacionais. A decisão de enviar uma missão ao país foi tomada há três meses.
O general enfrentará o desafio de tentar a paz em um país cujos conflitos têm cerca de dez anos. Desde a Segunda Guerra do Congo (1998-2003), que envolveu várias nações africanas, o país vive em clima de instabilidade. Durante a guerra, mais de 5 milhões de pessoas morreram.
Com 3,9 milhões de habitantes e um passado recente da colonização francesa, o Congo é cenário também de conflitos étnicos, políticos, econômicos e de disputas por recursos naturais. Os confrontos no país africano têm raízes em um genocídio em Ruanda, ocorrido em 1994. Rebeldes hutus, grupo étnico rival dos tutsis, agem nas florestas do Leste do Congo desde então, segundo a ONU.
Com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa.
Agência Brasil
Temos diversos oficiais, de capitão a coronel, na MONUSCO, como observadores militares, também subordinados ao Force Comander.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
FCarvalho escreveu:PS: continuo achando que no Congo e Mali, muito bem poderíamos "fazer experiências" doutrinais e avaliações dos novos materiais que as ffaa's estão/estarão recebendo nestes próximos dois anos. Seria uma mais do que excelente oportunidade para expor os produtos da BID, e testar in loco, as qualidades da nossa modernização. E dos próprios requisitos que as embasam.
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Se eu fôr, não gostaria de testar nada que já não esteja aprovado, podes crer!!
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Acho que o colega se referia a coisas aprovadas em testes e treinamentos mas não em combates REAIS, amigo Elígio...
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
A idéia é essa mesmo que o Túlio colocou, eligioep.
Tem muitas coisas aí que a BID, e outras estrangeiras, andam fornecendo às ffaa's em termos de modernização por conta dos eventos esportivos que virão, que poderiam fazer parte do equipamento do povo que eventualmente venha a integrar aquela missão.
Concordo que seria, no mínimo, contraditório, senão incoerente, se enviar material que ainda não esteja aprovado. Enfim, creio, como disse, que podemos fazer algumas "experiências" que poderiam nos servir tanto em termos de doutrina como na questão do material de emprego.
Acho que tu hás de concordar comigo que o uso de veículos como o LMV e EAGLE, que citei anteriormente, bem que poderiam ser um dessas "experiências".
abs.
Tem muitas coisas aí que a BID, e outras estrangeiras, andam fornecendo às ffaa's em termos de modernização por conta dos eventos esportivos que virão, que poderiam fazer parte do equipamento do povo que eventualmente venha a integrar aquela missão.
Concordo que seria, no mínimo, contraditório, senão incoerente, se enviar material que ainda não esteja aprovado. Enfim, creio, como disse, que podemos fazer algumas "experiências" que poderiam nos servir tanto em termos de doutrina como na questão do material de emprego.
Acho que tu hás de concordar comigo que o uso de veículos como o LMV e EAGLE, que citei anteriormente, bem que poderiam ser um dessas "experiências".
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
"... ói que por aqui nós inté tem uns rato, que até rói umas 'custelhinha' de gato na janta sô..."
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Aqui temos um calhau que nas catacumbas tem milhões de ratazanas maiores que gatos e que se saírem cobrem tudo num raio de vários quilómetros quadrados!
http://lendasdesintra.blogspot.pt/2006/ ... mafra.html
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Combates entre Exército e rebeldes no Congo deixam 19 mortos
Mais de 20 pessoas ficaram feridas nos confrontos perto de Goma. Retomada de combates ocorre às vésperas da chegada de Ban Ki-moon.
Da France Presse, Atualizado em 21/05/2013 11h54
Quinze rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) foram mortos e 21 ficaram feridos, enquanto o Exército congolês registrou quatro mortos e seis feridos em suas fileiras durante combates nesta segunda-feira (20) perto de Goma, no leste da República Democrática do Congo, anunciou nesta terça-feira (21) o governo de Kinshasa.
"O registro dos combates de segunda, 20 de maio, indica 15 elementos mortos e 21 feridos nos combates (...) entre os pseudo-insurgentes do M23, enquanto as forças governamentais registraram quatro mortos e seis feridos", declarou nesta terça o porta-voz do governo, Lambert Mende, em uma entrevista coletiva à imprensa.
A retomada dos combates entre o Exército e os rebeldes ocorre antes da chegada na quarta do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em viagem pela região dos Grandes Lagos, com uma etapa prevista em Goma, capital de Kivu Norte, antes de Kigali.
No dia 17 deste mês, o chefe da ONU anunciou a escolha do tenente-general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz como novo chefe da Missão de Estabilização da ONU na República Democrática do Congo (Monusco). Cruz substituirá o indiano Chander Prakash Wadhwa.
Segundo o porta-voz do governo, o M23 recebe o apoio de "reforços estrangeiros", vindos de um país que não teve seu nome indicado. Ele acrescentou que "armas pesadas e várias caixas com munições provenientes do exterior foram apreendidas em dois postos avançados do inimigo tomados pelas forças regulares congolesas"
Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/ ... ridos.html
Mais de 20 pessoas ficaram feridas nos confrontos perto de Goma. Retomada de combates ocorre às vésperas da chegada de Ban Ki-moon.
Da France Presse, Atualizado em 21/05/2013 11h54
Quinze rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) foram mortos e 21 ficaram feridos, enquanto o Exército congolês registrou quatro mortos e seis feridos em suas fileiras durante combates nesta segunda-feira (20) perto de Goma, no leste da República Democrática do Congo, anunciou nesta terça-feira (21) o governo de Kinshasa.
"O registro dos combates de segunda, 20 de maio, indica 15 elementos mortos e 21 feridos nos combates (...) entre os pseudo-insurgentes do M23, enquanto as forças governamentais registraram quatro mortos e seis feridos", declarou nesta terça o porta-voz do governo, Lambert Mende, em uma entrevista coletiva à imprensa.
A retomada dos combates entre o Exército e os rebeldes ocorre antes da chegada na quarta do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em viagem pela região dos Grandes Lagos, com uma etapa prevista em Goma, capital de Kivu Norte, antes de Kigali.
No dia 17 deste mês, o chefe da ONU anunciou a escolha do tenente-general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz como novo chefe da Missão de Estabilização da ONU na República Democrática do Congo (Monusco). Cruz substituirá o indiano Chander Prakash Wadhwa.
Segundo o porta-voz do governo, o M23 recebe o apoio de "reforços estrangeiros", vindos de um país que não teve seu nome indicado. Ele acrescentou que "armas pesadas e várias caixas com munições provenientes do exterior foram apreendidas em dois postos avançados do inimigo tomados pelas forças regulares congolesas"
Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/ ... ridos.html
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Chamem rápido a Orquestra Sinfônica de Hamelin!!! (só o Flautista não é suficiente...)cabeça de martelo escreveu:Aqui temos um calhau que nas catacumbas tem milhões de ratazanas maiores que gatos e que se saírem cobrem tudo num raio de vários quilómetros quadrados!
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Wingate escreveu:Chamem rápido a Orquestra Sinfônica de Hamelin!!! (só o Flautista não é suficiente...)cabeça de martelo escreveu:Aqui temos um calhau que nas catacumbas tem milhões de ratazanas maiores que gatos e que se saírem cobrem tudo num raio de vários quilómetros quadrados!
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Portugal é um país fértil em lendas, pessoalmente já acho uma lenda as pessoas ainda chamarem Portugal de país... mas isso são outras histórias.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
13 de Julho, 2013 - 11:36 ( Brasília )
Geopolítica
APÓS PASSAGEM PELO HAITI, CONGO IMPÕE DESAFIO A GENERAL BRASILEIRO DA ONU
Luis Kawaguti*
Desembarcar nesta semana em Goma, a principal cidade do leste da RDC (República Democrática do Congo), provocou em mim uma sensação muito parecida à de pisar em Porto Príncipe pela primeira vez em meados de 2005, durante os combates entre militares da ONU e rebeldes na capital haitiana.
As casas cinza de blocos de concreto sem acabamento, os barracos de zinco, a comida exposta ao ar livre nos mercados de rua e o letreiros das pequenas vendas e bares – todos escritos em francês (o Haiti foi colonizado por franceses e a RDC, por belgas) - tornam difícil, à primeira vista, diferenciar o país africano da nação caribenha.
Os dois países têm sérios problemas e abrigam missões de paz da ONU com a participação de brasileiros. É comum ver em ambos os veículos brancos da organização circulando pela rua.
Mas aos poucos as diferenças entre os dois países começam a surgir: no Haiti, os combates entre a ONU e os grupos armados ocorriam no coração da capital. Em Goma, estão ocorrendo nos arredores da cidade, que está cercada e protegida por uma espécie de cinturão de tropas internacionais.
'Brigada de intervenção'
Militares brasileiros vêm liderando a missão no Haiti desde 2004. Mas, desde maio, o homem que comanda os militares da ONU na RDC também é da mesma nacionalidade. Trata-se do general Carlos Alberto dos Santos Cruz.
Ele foi escolhido para o cargo pelo Conselho de Segurança pela fama e experiência adquiridas após liderar por mais de dois anos a Minustah, a missão de paz do Haiti. Atuou principalmente durante o processo de pacificação da favela de Cité Soleil - um dos últimos bastiões rebeldes no país, que caiu em 2007.
O convite a Santos Cruz ocorreu em um momento em que a missão na RDC estava em um processo de reformulação - depois que um grupo rebelde congolês conhecido como M23 invadiu e se retirou logo em seguida de Goma, em novembro de 2012. Os rebeldes não sofreram praticamente nenhuma resistência da ONU durante o episódio.
O fracasso fez o Conselho de Segurança da ONU repensar a operação e abrir um precedente na história das missões de paz, com a criação formal de uma "brigada de intervenção". A unidade tem poderes para perseguir e atacar os grupos rebeldes do leste da RDC – mesmo em caráter preventivo, sem vinculação necessária a alguma agressão específica, como ocorre nas missões de paz tradicionais.
No pouco tempo em que está na RDC, Santos Cruz já identificou dificuldades que não estavam presentes do cenário haitiano. A primeira delas é o fato do país ter mais de 27 mil quilômetros quadrados (contra 2,3 mil do Haiti) - grande parte deles cobertos por selva e sem estradas.
A extensão territorial dificulta o posicionamento dos cerca de 20 mil militares que compõe a força internacional e exige o estabelecimento de uma estrutura complexa de transportes. Para se ter ideia, a capital, Kinshasa, onde ficam as sedes da ONU e do governo no oeste do país, está a 1,5 mil quilômetros de Goma, um dos principais focos de conflitos.
Já no Haiti, a maioria dos combates se concentrou somente na capital, onde gangues e rebeldes controlavam favelas da região central. O deslocamento de recursos da ONU de uma área para outra podia ser feito em minutos.
Rebeldes
Antes da pacificação, o Haiti possuía como grupos hostis à ONU uma milícia formada por ex-militares do Exército extinto, um grupo armado ligado ao partido político Fanmi Lavalas, do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, e uma rede de gangues que atuava na capital Porto Príncipe. Não havia, porém, qualquer fator étnico para motivar as hostilidades.
Segundo Santos Cruz, a RDC tem hoje mais de 50 diferentes grupos armados ativos, formados por contingentes que variam entre 100 e 2 mil integrantes.
A maioria atua no leste do país e é responsável por uma série de abusos de direitos humanos, como o emprego de crianças em milícias, o uso do estupro como arma de guerra, além de mutilações e assassinatos contra a população civil.
Algumas dessas milícias lutam por motivos étnicos e chegaram a ser financiadas por países vizinhos, como Ruanda e Uganda.
Um dos grupos mais famosos e numeroso é o M23 – formado por ex-militares. “É um grupo que tem formação militar. Eles desertaram do Exército levando armamento pesado e mantêm a mesma hierarquia militar. Mas também recrutam pessoas sem formação militar, a maioria menores de idade, as crianças-soldado”, diz o general à BBC Brasil.
Também estão presentes a Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda, de formação étnica hutu, e o Exército da Resistência do Senhor.
Além deles, atuam no país dezenas de grupos conhecidos como Mai-Mai. Eles são milícias tribais armadas pelo governo no passado para se defender contra forças externas. Hoje esses grupos lutam entre si e contra o M23 e a ONU.
Deficiências do Estado
De acordo com Santos Cruz, a principal dificuldade na RDC é, no entanto, a ausência do poder do Estado em áreas remotas do país, algo que ocorre também no Haiti.
A falta de governança cria um vácuo de poder, que acaba sendo ocupado pelas milícias, orientadas por seus próprios interesses.
Além de tentar explorar os recursos minerais do país à revelia do governo e cometer abusos e crimes contra a população, esses grupos se entrelaçam em uma rede de interesses e alianças que desestabilizam todo o leste do país e a região dos Grandes Lagos.
Está agora nas mãos da ONU o desafio de desestruturar essa rede pela negociação e talvez com ajuda do uso da força.
*O repórter da BBC Brasil Luis Kawaguti esteve no Haiti sete vezes entre 2005 e 2010.
fonte: http://www.defesanet.com.br/geopolitica ... ro-da-ONU/
Geopolítica
APÓS PASSAGEM PELO HAITI, CONGO IMPÕE DESAFIO A GENERAL BRASILEIRO DA ONU
Luis Kawaguti*
Desembarcar nesta semana em Goma, a principal cidade do leste da RDC (República Democrática do Congo), provocou em mim uma sensação muito parecida à de pisar em Porto Príncipe pela primeira vez em meados de 2005, durante os combates entre militares da ONU e rebeldes na capital haitiana.
As casas cinza de blocos de concreto sem acabamento, os barracos de zinco, a comida exposta ao ar livre nos mercados de rua e o letreiros das pequenas vendas e bares – todos escritos em francês (o Haiti foi colonizado por franceses e a RDC, por belgas) - tornam difícil, à primeira vista, diferenciar o país africano da nação caribenha.
Os dois países têm sérios problemas e abrigam missões de paz da ONU com a participação de brasileiros. É comum ver em ambos os veículos brancos da organização circulando pela rua.
Mas aos poucos as diferenças entre os dois países começam a surgir: no Haiti, os combates entre a ONU e os grupos armados ocorriam no coração da capital. Em Goma, estão ocorrendo nos arredores da cidade, que está cercada e protegida por uma espécie de cinturão de tropas internacionais.
'Brigada de intervenção'
Militares brasileiros vêm liderando a missão no Haiti desde 2004. Mas, desde maio, o homem que comanda os militares da ONU na RDC também é da mesma nacionalidade. Trata-se do general Carlos Alberto dos Santos Cruz.
Ele foi escolhido para o cargo pelo Conselho de Segurança pela fama e experiência adquiridas após liderar por mais de dois anos a Minustah, a missão de paz do Haiti. Atuou principalmente durante o processo de pacificação da favela de Cité Soleil - um dos últimos bastiões rebeldes no país, que caiu em 2007.
O convite a Santos Cruz ocorreu em um momento em que a missão na RDC estava em um processo de reformulação - depois que um grupo rebelde congolês conhecido como M23 invadiu e se retirou logo em seguida de Goma, em novembro de 2012. Os rebeldes não sofreram praticamente nenhuma resistência da ONU durante o episódio.
O fracasso fez o Conselho de Segurança da ONU repensar a operação e abrir um precedente na história das missões de paz, com a criação formal de uma "brigada de intervenção". A unidade tem poderes para perseguir e atacar os grupos rebeldes do leste da RDC – mesmo em caráter preventivo, sem vinculação necessária a alguma agressão específica, como ocorre nas missões de paz tradicionais.
No pouco tempo em que está na RDC, Santos Cruz já identificou dificuldades que não estavam presentes do cenário haitiano. A primeira delas é o fato do país ter mais de 27 mil quilômetros quadrados (contra 2,3 mil do Haiti) - grande parte deles cobertos por selva e sem estradas.
A extensão territorial dificulta o posicionamento dos cerca de 20 mil militares que compõe a força internacional e exige o estabelecimento de uma estrutura complexa de transportes. Para se ter ideia, a capital, Kinshasa, onde ficam as sedes da ONU e do governo no oeste do país, está a 1,5 mil quilômetros de Goma, um dos principais focos de conflitos.
Já no Haiti, a maioria dos combates se concentrou somente na capital, onde gangues e rebeldes controlavam favelas da região central. O deslocamento de recursos da ONU de uma área para outra podia ser feito em minutos.
Rebeldes
Antes da pacificação, o Haiti possuía como grupos hostis à ONU uma milícia formada por ex-militares do Exército extinto, um grupo armado ligado ao partido político Fanmi Lavalas, do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, e uma rede de gangues que atuava na capital Porto Príncipe. Não havia, porém, qualquer fator étnico para motivar as hostilidades.
Segundo Santos Cruz, a RDC tem hoje mais de 50 diferentes grupos armados ativos, formados por contingentes que variam entre 100 e 2 mil integrantes.
A maioria atua no leste do país e é responsável por uma série de abusos de direitos humanos, como o emprego de crianças em milícias, o uso do estupro como arma de guerra, além de mutilações e assassinatos contra a população civil.
Algumas dessas milícias lutam por motivos étnicos e chegaram a ser financiadas por países vizinhos, como Ruanda e Uganda.
Um dos grupos mais famosos e numeroso é o M23 – formado por ex-militares. “É um grupo que tem formação militar. Eles desertaram do Exército levando armamento pesado e mantêm a mesma hierarquia militar. Mas também recrutam pessoas sem formação militar, a maioria menores de idade, as crianças-soldado”, diz o general à BBC Brasil.
Também estão presentes a Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda, de formação étnica hutu, e o Exército da Resistência do Senhor.
Além deles, atuam no país dezenas de grupos conhecidos como Mai-Mai. Eles são milícias tribais armadas pelo governo no passado para se defender contra forças externas. Hoje esses grupos lutam entre si e contra o M23 e a ONU.
Deficiências do Estado
De acordo com Santos Cruz, a principal dificuldade na RDC é, no entanto, a ausência do poder do Estado em áreas remotas do país, algo que ocorre também no Haiti.
A falta de governança cria um vácuo de poder, que acaba sendo ocupado pelas milícias, orientadas por seus próprios interesses.
Além de tentar explorar os recursos minerais do país à revelia do governo e cometer abusos e crimes contra a população, esses grupos se entrelaçam em uma rede de interesses e alianças que desestabilizam todo o leste do país e a região dos Grandes Lagos.
Está agora nas mãos da ONU o desafio de desestruturar essa rede pela negociação e talvez com ajuda do uso da força.
*O repórter da BBC Brasil Luis Kawaguti esteve no Haiti sete vezes entre 2005 e 2010.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
15 de Julho, 2013 - 13:54 ( Brasília )
Geopolítica
COMBATES NA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO DEIXAM 130 MORTOS
Os combates em curso desde domingo em Mutaho, perto de Goma (leste da República Democrática do Congo), fizeram 130 mortes, incluindo 120 rebeldes e 10 soldados, declarou nesta segunda-feira o porta-voz do governo congolês.
"Nossas forças infligiram pesadas perdas aos rebeldes do M23: 120 foram mortos e 12 capturados", assegurou o porta-voz Laurent Mende, durante coletiva de imprensa em Kinshasa, acrescentando que 10 soldados do Exército da RDC morreram.
Estes confrontos começaram domingo à tarde em Mutaho, cerca de dez quilômetros ao norte de Goma, e prosseguem nesta segunda. Disparos de morteiros eram ouvidos dos arredores de Goma, segundo fontes locais.
Os confrontos envolveram, até o momento, apenas rebeldes do Movimento de 23 de Março (M23) e soldados do Exército congolês. As forças da ONU não interviram, segundo o porta-voz. "Os FARDC têm respondido com coragem e eficácia à agressão" dos rebeldes, disse Mende. Segundo ele, "as forças do regime recuperaram algumas posições do inimigo, que fugiu para Kilimanyoka, perto de Kibati".
O M23 é formado por ex-soldados congoleses que se amotinaram e encontraram, de acordo com a RDC e as Nações Unidas, apoio em homens e munições dos governos de Uganda e de Ruanda. Ambos os países negam qualquer assistência ao M23. "Durante várias semanas, os rebeldes e seus aliados ruandeses reforçaram suas posições nos arredores de Kibati, perto de Mutaho", assegurou Mende.
O movimento rebelde, que chegou a ocupar Goma durante dez dias em novembro de 2012, deixou a cidade sob pressão dos países da região em troca de negociações com o governo. As discussões estagnaram com o avanço do M23 e a integração de seus homens nas forças armadas (FARDC). O porta-voz do governo não quis especificar o número de soldados envolvidos nos combates. De acordo com fontes locais, três batalhões das FARDC - cerca de 2 mil homens - estariam lutando.
fonte: http://www.defesanet.com.br/geopolitica ... 30-mortos/
Geopolítica
COMBATES NA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO DEIXAM 130 MORTOS
Os combates em curso desde domingo em Mutaho, perto de Goma (leste da República Democrática do Congo), fizeram 130 mortes, incluindo 120 rebeldes e 10 soldados, declarou nesta segunda-feira o porta-voz do governo congolês.
"Nossas forças infligiram pesadas perdas aos rebeldes do M23: 120 foram mortos e 12 capturados", assegurou o porta-voz Laurent Mende, durante coletiva de imprensa em Kinshasa, acrescentando que 10 soldados do Exército da RDC morreram.
Estes confrontos começaram domingo à tarde em Mutaho, cerca de dez quilômetros ao norte de Goma, e prosseguem nesta segunda. Disparos de morteiros eram ouvidos dos arredores de Goma, segundo fontes locais.
Os confrontos envolveram, até o momento, apenas rebeldes do Movimento de 23 de Março (M23) e soldados do Exército congolês. As forças da ONU não interviram, segundo o porta-voz. "Os FARDC têm respondido com coragem e eficácia à agressão" dos rebeldes, disse Mende. Segundo ele, "as forças do regime recuperaram algumas posições do inimigo, que fugiu para Kilimanyoka, perto de Kibati".
O M23 é formado por ex-soldados congoleses que se amotinaram e encontraram, de acordo com a RDC e as Nações Unidas, apoio em homens e munições dos governos de Uganda e de Ruanda. Ambos os países negam qualquer assistência ao M23. "Durante várias semanas, os rebeldes e seus aliados ruandeses reforçaram suas posições nos arredores de Kibati, perto de Mutaho", assegurou Mende.
O movimento rebelde, que chegou a ocupar Goma durante dez dias em novembro de 2012, deixou a cidade sob pressão dos países da região em troca de negociações com o governo. As discussões estagnaram com o avanço do M23 e a integração de seus homens nas forças armadas (FARDC). O porta-voz do governo não quis especificar o número de soldados envolvidos nos combates. De acordo com fontes locais, três batalhões das FARDC - cerca de 2 mil homens - estariam lutando.
fonte: http://www.defesanet.com.br/geopolitica ... 30-mortos/
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