Coisas da terra (técnicas agricolas, retorno à terra, etc)
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Re: Coisas da terra (técnicas agricolas, retorno à terra, et
http://www.youtube.com/watch?v=MYKm8nA43bI&hd=1
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Re: Coisas da terra (técnicas agricolas, retorno à terra, et
http://www.youtube.com/watch?v=FFctKxdM9jM&hd=1
- LeandroGCard
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Re: Coisas da terra (técnicas agricolas, retorno à terra, et
Novidade (ou nem tanto) para os interessados na vida no campo (ou nem tanto):
Estou tralhando para colocar meu apartamento novo em condições de mudar antes do final do ano, mas dada a boa varanda que terei disponível e a quantidade de árvores e jardins ao redor uma coisa eu já decidi: Vou criar abelhas no terceiro andar de um prédio no meio da cidade!!!
Eu sei, parece maluquice, mas na verdade é uma tendência já estabelecida na Austrália e que está tomando corpo no Brasil há alguns anos, a criação de abelhas nativas sem ferrão. Depois de muito pesquisar já escolhi duas espécies, a mandaçaia e a guaraipo, e vou montar uma colméia de cada uma em cada lado de minha varanda no início do próximo ano.
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Abelha mandaçaia
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Abelha guaraipo
Ambas as espécies tem colônias pouco populosas (ao redor de mil abelhas contra as mais de 15 mil da abelha africanizada) e ferrões atrofiados, sendo absolutamente incapazes de picar. E são muito mansas, não tentando nem mesmo beliscar com as mandíbulas quando seus ninhos são abertos ou atacados. Podem ser manipuladas para verificação da colméia ou extração do mel até mesmo por crianças e sem nenhuma proteção. Mas ainda assim nas condições adequadas chegam a produzir de 3 a 4 litros de mel por colônia/ano, uma produtividade por abelha bastante alta. O mel é diferenciado, com sabor menos enjoativo e muito maior quantidade de substância anti-bacteriana (inibina) do que o encontrado no mel das abelhas européias e africanas.
As colméias racionais de criação tem o tamanho de caixas de sapato e podem ser ornamentadas, tornando-se bastante decorativas. Uma em cada lado de minha varanda ficarão muito bem instaladas, e as abelhas esvoaçando darão um toque de natureza ao apartamento. Eu mesmo vou construir as colméias, e comprarei os enxames pela internet.
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Colméia racional decorada para abelhas nativas sem ferrão.
Ainda existem alguns pontos da tecnologia de criação de abelhas sem ferrão que precisam ser aperfeiçoados para garantir a produtividade e facilitar a extração do mel, que não é armazenado nos favos e sim em potes específicos que as abelhas controem. Vou usar is dois enxames e meus conhecimentos de engenharia de projetos para tentar desenvolver sistemas que possam tornar a produção do mel destas abelhas mais fácil, produtiva e higiênica. Vamos ver no que isso dará.
Abraços a todos,
Leandro G. Card
Estou tralhando para colocar meu apartamento novo em condições de mudar antes do final do ano, mas dada a boa varanda que terei disponível e a quantidade de árvores e jardins ao redor uma coisa eu já decidi: Vou criar abelhas no terceiro andar de um prédio no meio da cidade!!!
Eu sei, parece maluquice, mas na verdade é uma tendência já estabelecida na Austrália e que está tomando corpo no Brasil há alguns anos, a criação de abelhas nativas sem ferrão. Depois de muito pesquisar já escolhi duas espécies, a mandaçaia e a guaraipo, e vou montar uma colméia de cada uma em cada lado de minha varanda no início do próximo ano.
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Abelha mandaçaia
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Abelha guaraipo
Ambas as espécies tem colônias pouco populosas (ao redor de mil abelhas contra as mais de 15 mil da abelha africanizada) e ferrões atrofiados, sendo absolutamente incapazes de picar. E são muito mansas, não tentando nem mesmo beliscar com as mandíbulas quando seus ninhos são abertos ou atacados. Podem ser manipuladas para verificação da colméia ou extração do mel até mesmo por crianças e sem nenhuma proteção. Mas ainda assim nas condições adequadas chegam a produzir de 3 a 4 litros de mel por colônia/ano, uma produtividade por abelha bastante alta. O mel é diferenciado, com sabor menos enjoativo e muito maior quantidade de substância anti-bacteriana (inibina) do que o encontrado no mel das abelhas européias e africanas.
As colméias racionais de criação tem o tamanho de caixas de sapato e podem ser ornamentadas, tornando-se bastante decorativas. Uma em cada lado de minha varanda ficarão muito bem instaladas, e as abelhas esvoaçando darão um toque de natureza ao apartamento. Eu mesmo vou construir as colméias, e comprarei os enxames pela internet.
Colméia racional decorada para abelhas nativas sem ferrão.
Ainda existem alguns pontos da tecnologia de criação de abelhas sem ferrão que precisam ser aperfeiçoados para garantir a produtividade e facilitar a extração do mel, que não é armazenado nos favos e sim em potes específicos que as abelhas controem. Vou usar is dois enxames e meus conhecimentos de engenharia de projetos para tentar desenvolver sistemas que possam tornar a produção do mel destas abelhas mais fácil, produtiva e higiênica. Vamos ver no que isso dará.
Abraços a todos,
Leandro G. Card
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Re: Coisas da terra (técnicas agricolas, retorno à terra, et
Na verdade quando pensei em colocar abelhas na varanda a única espécie que eu conhecia adequada para isso era a jataí, e era ela que eu ia colocar.prp escreveu:vc pensou em jataí?
Só que fui pesquisar um pouco e descobri que este assunto das abelhas sem ferrão brasileiras é um verdadeiro mundo, com centenas de espécies já descobertas, muitas mais por descobrir, e pelo menos 20 ou 30 com potencial para criação em cativeiro e produção de mel, pólem e outros produtos. Entre uruçús verdadeiras, uruçús amarelas, manduris, mumbucas, canudos, jandaíras, mirins, iraís, mandaçaias, guaraipos e muitas outras as jataís são apenas mais uma possibilidade, e nem de longe a mais interessante para o que eu pretendo.
As jataís são muito pequenas, pouco maiores que mosquitos, e embora uma colônia possa ter mais de 3 mil indivíduos a produção de mel é muito baixa, dificilmente passando de 500 ml por ano (ainda que seja um mel excelente e as jataís sejam muito higiênicas, o que não se pode dizer de todas as abelhas sem ferrão brasileiras). Além disso elas reagem quando se abre a colméia para extração do mel, entrando nos ouvidos, se emaranhando nos cabelos e até beliscando com as mandíbulas, embora não tenham força para machucar. A reprodução de colônias também é mais complicada, é preciso que existam realeiras na colméia ou ela não pode ser dividida. Por estas razões pouca gente hoje se interessa pela criação de jataís, já que muitas outras espécies estão igualmente disponíveis.
Já as mandaçaias e guaraipos tem enxames menores mas alcançam quase o mesmo tamanho das abelhas européias e africanas, e tem uma produtividade por abelha até maior do que elas. São 3 a 4 litros de mel por ano, uma quantidade muito grande para colônias com menos de mil indivíduos. Também são mais fáceis de multiplicar, pois produzem zangões e princesas praticamente todo o tempo. Elas também tem o comportamento de nidificação mais parecido com o das uruçús e jandaíras, estas sim grandes produtoras de mel que passam dos 10 litros/ano. Desta forma eu posso manter estas espécies de enxames menores com mais facilidade, evitar problemas com vizinhos e visitantes (não seria muito legal ter centenas de abelhas iradas voando por aí cada vez que eu abrisse a colméia por qualquer motivo, mesmo que fossem as pequeninas jataís), obter muito mais mel e ainda pesquisar tecnologias de colméias artificiais que podem ser úteis para as espécies de maior interesse comercial.
Por isso tudo descartei completamente as jataís, pelo menos por enquanto. Mas pode ser que no futuro eu volte a elas, pois o mel de jataí é o que tem a maior concentração de inibina (substância antiséptica natural) dentre todas as abelhas , e pode ter aplicações medicinais que justifiquem algum esforço no desenvolvimneto de tecnologias para sua criação racional.
Um grande abraço,
Leandro G. Card
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Re: Coisas da terra (técnicas agricolas, retorno à terra, et
Sempre me assombro com esse tópico: bem que a EMBRAPA podia dar uma espiada, só kôza buena!!!
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“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Coisas da terra (técnicas agricolas, retorno à terra, et
jogando embrapa abelhas sem ferrão no google, sai muitos links.
- cabeça de martelo
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Re: Coisas da terra (técnicas agricolas, retorno à terra, et
Muito interessante, desconhecia por completo a existência dessas abelhas.
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Re: Coisas da terra (técnicas agricolas, retorno à terra, et
Há alguns anos (se não me engano na década de 80 passada) foram enviadas algumas colônias de mandaçaias para Portugal, para pesquisas. As colméias foram instaladas nas regiões de Lisboa e do Porto. Após algum tempo os do Porto pereceram, pois não conseguiram se adaptar ao clima e à vegetação, mas puderam ser observados enxames livres na natureza na região de Lisboa. Mas não sei se ainda sobrevivem por aí.cabeça de martelo escreveu:Muito interessante, desconhecia por completo a existência dessas abelhas.![]()
Leandro G. Card
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Re: Coisas da terra (técnicas agricolas, retorno à terra, et
xien, também dá mel, mas são bravas que nem o capeta, apesar de não ter ferrão, e elas soltam um cheiro forte quando atacam e embaraçam no cabelo.
O mel é escuro.
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Re: Coisas da terra (técnicas agricolas, retorno à terra, et
Eu sou da região Oeste (região que abastece Lisboa com muita da fruta e legumes que por lá se come) e nunca tinha ouvido falar dessas abelhas. Os anos 80 já foram à muito e a população de abelhas e outros insectos está em franco decréscimo por causa dos quimicos usados na agricultura "convencional".
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Re: Coisas da terra (técnicas agricolas, retorno à terra, et
Este é um problema em muitas regiões do Brasil também, existem áreas como nas grandes plantações de cana ou de soja onde todas as espécies de abelha simplesmente desapareceram. E em regiões de produção de verduras e legumes as poucas que sobrevivem tem seu mel contaminado com defensivos agrícolas.cabeça de martelo escreveu:Eu sou da região Oeste (região que abastece Lisboa com muita da fruta e legumes que por lá se come) e nunca tinha ouvido falar dessas abelhas. Os anos 80 já foram à muito e a população de abelhas e outros insectos está em franco decréscimo por causa dos quimicos usados na agricultura "convencional".
Outro problema sério é a ação dos "meleiros", pessoas que vão atrás das colméias ainda existentes na natureza e as destroem para extração do mel que é muito valorizado em algumas regiões do país, principalmente no norte-nordeste, por seus efeitos medicinais. O desmatamento também é um sério problema, pois muitas espécies controem seus ninhos em ôcos de árvores, e sem árvores velhas que tenham estas cavidades, nada de abelhas. Algumas espécies que eram muito comuns como a guaraipo, a mandaçaia e a uruçu amarela praticamente desapareceram de diversas regiões por conta disso. Espécies muito promissoras para a produção de mel como a manducão (que produz mel de boa qualidade e forma enxames tão grandes quanto os das abelhas européia e africana, mas são muito mansas) já são hoje bastante difíceis de encontrar, e nem chegaram a ser pesquisadas de forma mais cuidadosa para permitir sua exploração efetiva.
Por estas razões é que hoje quem conhece este tipo de abelhas está incentivando a criação em cativeiro, geralmente usando colméias racionais, em uma tentativa de salvar as espécies que ainda subsistem. Muitos criadores, chamados meliponicultores (estas abelhas são da tribo Meliponini, e não do gênero Apis, então seus os criadores não são apicultores e sim meliponicultores), mantêm diversas espécies diferentes ao mesmo tempo, em verdadeiras coleções com os mais variados tipos de abelhas, mesmo as que produzem pouco mel (algumas como a mirim são minúsculas e mal produzem 200 ml de mel por ano, mas ainda assim tem muitos criadores, interessados basicamente em manter a espécie viva).
Parte do meu interesse em criar estas abelhas vem daí também. Se eu tivesse mais espaço e mais acesso à floresta, e não apenas uma varanda em um condomínio no centro da cidade, também criaria o maior número de espécies que conseguisse obter.
Leandro G. Card
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Re: Coisas da terra (técnicas agricolas, retorno à terra, et
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