Re: Fragatas FREMM franco-italianas
Enviado: Qui Abr 06, 2017 10:43 am
Sim, em CAD, porque hoje não faz mais absolutamente nenhum sentido desenvolver projeto algum fora do CAD. Seria como querer escrever livros em máquinas de escrever só porque os grandes literatos de antigamente faziam isso e ficava bom. E boa parte da viabilidade é também examinada em CAD, com simulações de resistência estrutural, interferência de sistemas, cinemática de montagem, de manutenção, etc... . É assim que engenharia séria funciona hoje, de brinquedinhos de R$1,99 a foguetes espaciais.juarez castro escreveu:No CAD, porque como nós(Graxeiros, mestres, encarregados) os que fazem a mágica do CAD virar realidade bem sabemos, entre este e a realidade dos módulos assentados nos cavaletes da doca seca, as vezes, no meio tem um cannyon chamado VIABILIDADE TÉCNICA .
De fato o pessoal da velha guarda sabia bem o que estava fazendo, afinal acumulou anos ou mesmo décadas de experiência convivendo com os bons engenheiros daquele tempo também. Mas hoje no Brasil eles são uma espécie em extinção porque o desenvolvimento e a construção de navios militares sofreu uma solução de continuidade, e EXATAMENTE POR ISSO É FUNDAMENTAL que as atividades de desenvolvimento, projeto e construção sejam retomadas o mais rapidamente possível. Na verdade é uma pena que a primeira unidade tenha que ser construída fora por conta da pressa, fazer o que, mas pelo menos as atividades de construção são as mais fáceis de se reaprender. Um soldador com um bom treinamento e programação eficiente de atividades práticas pode ser formado em menos de um ano, e um mestre soldador, se tiver oportunidade de trabalhar e ganhar experiência, em três a quatro anos. Conheci pessoalmente pelo menos dois soldadores com certificação da Nuclebrás (a mais alta possível) que trabalhavam com solda a menos de 5 anos. Já um engenheiro naval demora 5 anos só para sair da universidade, e ainda levará mais alguns anos para ter condições de produzir alguma coisa sozinho.Tenho a impressão que tu vais te surpreender ao conversar com antigos mestres e descobrir que eles sabem tanto na prática, quanto baseada na antiga lei de física daquele maluco grego do porque o navio flutua, mas te poderá te surpreender pela quantidade "doutores em engenharia" que não sabem explicar, a auma mera pergunta sobre o assunto irás ouvir as palavras mágicas: "Então, veja bem", ou ainda sairão de fininho apertando butaõazinho do celular no mister google.
Mas na verdade eu estava me referindo aos operários dos estaleiros estrangeiros e principalmente os da Coréia do Sul, que são extremamente especializados nas suas tarefas específicas mas no geral tem pouquíssimo conhecimento ou mesmo interesse em qualquer coisa além disso. Os brasileiros em geral são mais curiosos e aprendem até mais do que eles, desde que tenham a oportunidade para isso.
Como eu já mencionei, dois anos atrás o Brasil estava entre os maiores construtores de navios do mudo, à frente de França, da Itália, da Inglaterra e da Espanha, então pelo menos alguma base para a construção de navios civis existia. Ela veio de um processo de reconstrução da nossa indústria naval que começou em 2008, e que finalmente estava começando a dar frutos. Não seria assim tão absurdamente difícil estender o expertise para a área mais complicada da construção de navios militares com um pouco de esforço.Este é o nosso grande gargalo hoje, so velhos mestres com uma "tena" de pendurada, visão concentrada e principalmente, homens que sabiam fazer uma conta de raíz quadrada sem perguntar para o celular, homens que identificava o correr se uma Mig(na época era mig mesmo)o excesso de fricção e mandar refazer, e ainda a total falta de conhecimento dos engenheiros de chão de fábrica(ou de estaleiro).
Mas, como sempre, estamos jogando isso fora, e vamos de novo ter que pagar a estrangeiros para nos ensinar o que já estávamos aprendendo, enquanto o pessoal mais capacitado vai viver o resto da vida de bicos, fazendo trabalhos de manutenção doméstica e construção de portões de garagem, para conseguir arranjar pelo menos comida para a família. E assim vai-se tocando as coisas aqui na terra tupiniquim.
Leandro G. Card