As mais profundas e reconhecidas regras democraticas, implicam que seria necessário que houvesse informação livre antes da votação.LeandroGCard escreveu:OK.
Suponhamos então que se faça um novo referendo totalmente controlado por órgãos internacionais e com as mais profundas e reconhecidas regras democráticas (o Brasil pode até emprestar umas urnas eletrônicas ). Aí o resultado seria realmente diferente? Ou a coisa ia ficar assim, ao invés de mais de 95% de aprovação para a união com a Rússia o índice iria ficar em pouco menos de 90% ou seja, para qualquer fim prático seria a mesma coisa ? Afinal, ninguém perguntou aos habitantes da Criméia em 1954 se eles realmente queriam passar a ser ucranianos, a pergunta está sendo feita só agora.
Ainda hoje, a população da Crimeia, afirma às estações internacionais que a Crimeia está a evitar o genocidio dos russos, porque o governo de Kiev afirmou que ou a Crimeia seria da Ucrânia, ou então todos seriam mortos e a Crimeia não seria de ninguém.
Essa é a primeira regra.
Você não pode votar sem que exista garantia de liberdade de expressão.
Depois há uma questão curiosa:
Os russos representam 55% da população. Como a população russa é mais idosa que a tártara e ucrâniana, os russos com mais de 18 anos devem representar até 60% do eleitorado.
Em 1991, aquando do referendo da independência da Ucrânia, embora na Crimeia houvesse na altura pelo menos 58% de russos e 63% de eleitores russos, a votação contra a independência chegou a apenas 42%.
Isto quer dizer, que mesmo entre os russos étnicos da Crimeia, pelo menos um terço deles não queriam fazer parte da Russia, e isto, quantoa URSS ainda estava viva.
Um referendo seria válido numa questão de tão grande importância como a separação de um país, se o número de votos expressos fosse superior a 60% dos eleitores inscritos, ou se a votação a favor da independência fosse igual ou superior a 2/3 dos votos expressos, quando votasse mais de 50% da população.
Estas regras seriam internacionamente dificeis de contestar.
A regra dos 50% +1 não pode ser aplicada em questões desta relevância.
Eu acredito que, sem uma votação na ponta das armas e numa região ocupada, onde os boletins de voto nem sequer eram dobrados (podia-se ver em quem se votava) tudo seria diferente.
Quanto ao voto electrónico, acho que era melhor nem pensar. Numa questão desta importância, o melhor é mesmo o sistema tradicional de voto em papel, como se faz em Portugal.
Cada mesa de voto tem um presidente e delegados de todos os partidos. Quem conta os votos é o pessoal da mesa. Se houver dúvidas chama-se o presidente da junta (equivalente ao distrito no Brasil), se houver dúvida, os votos são colocados num envelope lacrado e enviados para o Tribunal, onde são contados sob a supervisão de um Juiz.
Desta forma evita-se o problema do transporte dos votos para um centro de contagem, porque isso dá azo à possibilidade de fraude.